REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202507181724
Carolina Bilich Queiroz
José Carlos Nogueira Naccer
Ioannis Piantavinha Sakulis
Gabriel Iure Ribeiro de Freitas
INTRODUÇÃO
A média de vida dos brasileiros vem crescendo de forma acentuada nas três últimas décadas. À medida que avança o número de idosos, os riscos de doenças dos membros inferiores aumentam de forma considerável. Dentre os problemas mais frequentes da fraqueza natural dos ossos e da perda de força muscular, fez-se opção pela fratura do colo do fêmur, ou seja, a fratura do quadril.
A anatomia do fêmur e do quadril é fundamental para a compreensão dos riscos que um problema no colo do fêmur pode acarretar, sobretudo por sua importância na articulação do quadril. Do ponto de vista anatômico, o fêmur é o maior e mais volumoso osso do corpo humano, sendo considerado também o mais forte, localizado na região da coxa, estando ligado ao joelho na extremidade inferior e a pelve na extremidade superior. Nesse ponto, o fêmur apresenta uma projeção óssea, que se encontra dividida nas seguintes partes: cabeça do fêmur, colo do fêmur e trocanter maior. (PINHEIRO, 2018).
O fêmur apresenta uma cabeça que tem um formato de esfera e se encaixa no osso da pelve, no “locus” denominado de acetábulo. Essa região, que é composta pela parte lateral do osso da pelve e pela extremidade superior do osso, é chamada de “quadril” ou “anca”; a junção da alça do fêmur com acetábulo é chamada de articulação do quadril.
O presente artigo, ao priorizar a fratura do colo do fêmur como objeto de suas análises na área da Anatomia, destaca um dos problemas mais graves e frequentes entre as pessoas em processo de envelhecimento e aquelas já consideradas idosas no seu processo de evolução da vida.
O objetivo deste estudo é realizar uma pesquisa bibliográfica, com ênfase no cuidado com idosos, sobremaneira na parte óssea, mais notadamente o colo do fêmur, de modo a enfatizar o diagnóstico, formas de prevenção e tratamento.
A hipótese que sustenta as discussões dessa revisão é a de que os idosos estão sujeitos aos problemas das fraturas no colo do fêmur, por se tratar de um grupo de risco, motivo pelo qual precisam de prevenção e reposição de cálcio, a partir dos primeiros sintomas de envelhecimento, sobretudo em função das quedas comuns na velhice.
ANAMNESE E EXAME FÍSICO
Fraturas deslocadas do colo do fêmur impossibilitam o paciente de andar e causam muita dor, já as fraturas não deslocadas, ainda que com dor, alguns pacientes conseguem deambular. No início do tratamento, é preciso obter todos os dados do paciente, investigando toda e qualquer patologia que possa o impedir de realizar tratamento operatório médico e anestésico. (Bucholz; Heckman, 2006).
Para melhor tratamento cirúrgico e de reabilitação, devem ser investigadas todas as condições do paciente que antecederam a queda, como a deambulação, atividades de vida diária, cognitivo e dores relacionadas ao quadril. Hipersensibilidade e edema podem ser encontrados na região afetada, a inspeção visual de tecidos moles é importante para identificar úlcera de decúbito. Em alguns casos pode ser feito um completo exame motor, sensorial e vascular da extremidade afetada, sendo classificado o mesmo como “inviável” quando não há colaboração e cooperação do paciente. (Bucholz; Heckman, 2006).
Quando não se tem por exato o diagnóstico de fratura, e durante a palpação o paciente refere dor, deve ser feita uma movimentação suave do quadril em todo o plano de movimento com grande atenção aos pontos máximos de rotação. Com o aumento da dor, pode haver a possibilidade de fratura. (Bucholz; Heckman, 2006).
A compressão axial do pé e do joelho em extensão, também pode ser uma medida para diferenciar a hipersensibilidade devido à lesão dos tecidos moles, da fratura. (Bucholz; Heckman, 2006)
ANÁLISE DOS SINTOMAS, DIAGNÓSTICO E ETIOLOGIA DO COLO DO FÊMUR.
O foco nos fatores de risco aponta que as fraturas no colo do fêmur dependem basicamente do traumatismo da região do quadril, na maior parte dos casos provenientes de quedas da própria altura e de ossos fracos. Por tal razão, os idosos passam a ser o principal grupo de risco (PINHEIRO, 2018).
Segundo Coutinho (2002), entre os fatores de risco mais comuns, citados pela literatura em seu estado de arte, estão: uso crônico de medicamentos que enfraquecem os ossos, tais como glicocorticoides, heparina, varfarina e fenitoína, dentre várias que favorecem o surgimento de osteoporose; uso de drogas que causam sonolência, que baixam pressão arterial e diminuem reflexos; sedentarismo; deficiência de vitamina D; menopausa, que ocasiona perda de massa óssea; tabagismo e alcoolismo que, associados à perda de massa óssea, por menor que seja o impacto, pode causar fratura até em pessoas jovens quando o impacto é forte.
São vários os tipos de fratura do colo do fêmur, como mostram as figuras abaixo:
Conforme os diferentes tipos, as fraturas intracapsulares costumam ter maiores taxas de complicações, devido a pouca vascularização do colo e da cabeça do fêmur; quanto às fraturas extracapsulares, a principal complicação é a hemorragia, por tratar-se de região altamente vascularizada. (FRAÉS, 2007).
O diagnóstico é feito com base nos sintomas, como dor aguda na região do quadril ou coxa, que, associada à incapacidade de mobilizar a perna e a radiografia do quadril, é a forma de evidenciar a patologia, bem como a tomografia computadorizada.
SINTOMAS DA FRATURA DO COLO DO FÊMUR
Nos idosos, quedas simples, aparentemente sem maiores danos, podem ser suficientes para partir o colo do fêmur. O paciente cai e passa apresentar intensa dor na região do quadril e da coxa, associada à incapacidade de mobilizar a perna. Se a fratura for completa e partir o osso em duas partes, o membro inferior acometido passa a ter menor comprimento que o membro sadio. A perna acometida também tende a fazer uma rotação externa ou interna.
As complicações da fratura do colo do fêmur costumam ser derivadas do longo período de recuperação necessárias para a cicatrização da lesão. Muitos pacientes ficam acamados e, por serem idosos e previamente portadores de várias outras doenças, acabam não conseguindo mais voltar a andar. Isso facilita a surgimento de complicações devido à imobilização crônica, como a trombose venosa profunda, a embolia pulmonar, as úlceras da pele, a pneumonia e as infecções urinárias. Quanto mais idoso e debilitado o paciente era antes da fratura, maior é o risco dele não conseguir uma recuperação completa.
O diagnóstico é habitualmente feito de forma clínica, através dos sintomas e pela história de queda. A radiografia do quadril serve para confirmar o diagnóstico e mostrar o local da fratura. Se a suspeita clínica de fratura do colo do fêmur for muito forte, mas a radiografia não mostrar uma imagem muito clara, uma tomografia computadorizada ou uma ressonância magnética podem ser solicitados para esclarecer a dúvida.
TRATAMENTO
O tratamento das fraturas do quadril, na maioria dos casos com diagnóstico de fratura/lesão no colo do fêmur, deve ser cirúrgico. Segundo especialistas, como Ibrahim e Meleppuram (2017), esta é a forma melhor de recuperação para aqueles pacientes que podem fazer a cirurgia, pois a pessoa que vai se submeter ao procedimento deve estar clinicamente estável, sendo que a cirurgia ideal é a que ocorre nas primeiras 45 horas da fratura. Quanto mais tarde for feita a cirurgia, piores serão os resultados.
O tratamento cirúrgico pode ser feito com a fixação do osso com parafusos, pinos ou placas, dependendo do tipo de fratura. Se a cabeça do fêmur estiver bem danificada, ou se houver risco de falta de perfusão sanguínea, o ortopedista pode remover parte do quadril e substituí-lo por uma prótese artificial. (FRÉS, 2003).
O paciente é estimulado a andar logo no dia seguinte da cirurgia, mesmo que com ajuda de muletas, para evitar que sua musculatura enfraqueça por longos períodos de imobilização na cama. A fisioterapia também deve ser iniciada precocemente. O ponto crucial do tratamento da fratura do quadril é impedir que o paciente não consiga voltar a andar.
A classificação anatômica que melhor esclarece esse tipo de fratura em que o colo do fêmur apresenta uma espécie de rotação interna e externa, que ocasiona sofrimento ao paciente, foi feita por Garden (1961), após análise de múltiplos casos que ofereceram um perfil anatômico das fraturas do fêmur.
Segundo Schwartsmann et al. (2006), é comum aparecer em pacientes idosos lesões nos membros e no fêmur, sobretudo naqueles que têm osteoporose e estão sujeitos a quedas triviais. Essas fraturas ocorrem muitas vezes na região intertrocantérica, exigindo que se coloque uma placa no osso.
Muitos idosos que custam a se recuperar de uma fratura no colo do fêmur e ficam acamados podem desenvolver trombose profunda, embolia pulmonar, pneumonia e infecções urinárias. Por isso, é tão importante haver outros tratamentos complementares, como a fisioterapia, que deve ser fruto de análises prévias dos exames, de anamnese, apalpação por meio de técnicas até alcançar o planejamento adequado.
Atualmente, existem fármacos que ajudam a amenizar a dor, mas esses são considerados, segundo os especialistas, como paliativos, visto não resolverem as fraturas.
CONCLUSÃO
A média de vida entre brasileiros aumentou de forma significativa nas últimas décadas. Com isto, os riscos de doenças ortopédicas aumentaram, sendo as fraturas do quadril, por conta de lesão no colo do fêmur, consideradas mais comuns. Por todas essas questões, a relevância deste paper evidencia um alerta à necessidade de prevenção desses problemas, principalmente a partir dos 60 anos.
As fraturas de fêmur são muito comuns, e atingem em grande maioria dois públicos alvo, pacientes jovens, devido a traumatismo por acidentes ou quedas, porém esse público é acometido em pequena porcentagem de 3 a 5%, já nos pacientes idosos, o acometimento é bem maior, sendo 90% dos casos de fratura de fêmur, podendo ser causada por queda simples da posição ortostática.
REFERÊNCIAS
FRÉS, Anderson Ricardo. Fratura do Fêmur em Pacientes Idosos: estudos epidemiológicos. UEOP – Campus Cascavel. Dissertação de Fisioterapia: Cascavel, 2013.
CARVALHO, A. M.; COUTINHO, E. S. Demência como fator de risco para fratura grave em idosos. REVISTA SAÚDE PÚBLICA, v. 36, nº 4, ago 2002. Disponível em http://:www.scielo.br-arttexepid>.
COUTINHO, E.S.F; SILVA, S.D. Uso de Medicamentos como fator de risco para fratura grave decorrente de queda de idosos. Cadernos Saúde Pública. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, V. 18, nº 5, set/ou/, 2002 <http:// www.scielo.br-arttexepid>.
GARDEN, R.S, J. Bone Joint Surg, nº 43 (3), 1961 – Preston, England The Structures and funcion of the proximal end of the fêmur.
HERBERT, S; XAVIER, R. Ortopedia e Traumatologia: Princípios e Práticas. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.
IBRAHIM, Suyed e MELLE PPURAM, Joseph. Uma análise retrospectiva de fraturas complexas do fêmur proximal tratadas cirurgicamente com placa de compressão bloqueada. Revista do SBOT, nº 52 (6), 2017.
SCHWARTSMANN, Carlos Roberto et.al. A verdadeira fratura do colo do fêmur. – Bucholz e Heckman, 2006 – Disponível em https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/fisioterapia/fratura-de-femur-tratamento-fisioterapeutico/58412 > Acesso em outubro de 2018
