AS DIFICULDADES ENFRENTADAS NA LOGÍSTICA DE MATERIAIS CIRÚRGICOS EM UMA EMPRESA DO SETOR DE DISTRIBUIÇÃO HOSPITALAR EM MANAUS.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8169933


¹Andreza da Silva Costa
²Iago Marcelo Tavares Canto
³Tatiana Lima Monteiro
4Luciana Oliveira do Valle Carminé
5Sistina Pereira Souto


RESUMO   

A logística de materiais cirúrgicos em uma empresa de distribuição hospitalar em Manaus enfrenta desafios significativos devido a localização geográfica da cidade, pois além, de estar distante de grandes centros de produção e distribuição, há dificuldades no transporte e na entrega eficiente dos materiais cirúrgicos. A infraestrutura de transporte limitada, a alta demanda, a gestão de estoques, a armazenagem adequada e a coordenação entre os atores envolvidos são os principais obstáculos. Portanto, para contribuir com a temática, este artigo tem por objetivo identificar e analisar as dificuldades enfrentadas na logística de materiais cirúrgicos em uma empresa do setor de distribuição hospitalar em Manaus, apresentando estratégias logísticas adaptadas à região amazônica para garantir a disponibilidade e qualidade dos materiais cirúrgicos nos hospitais. Faz-se necessário uma análise detalhada da situação logística dos materiais cirúrgicos, através de entrevistas com profissionais da empresa de distribuição hospitalar em Manaus, como gerentes, assistentes de logística e motoristas de entrega, utilizando um questionário de entrevista com perguntas abertas para permitir respostas detalhadas e capturar insights significativos. Assim, identificamos os desafios mais relevantes e sugerimos estratégias personalizadas para superá-los. Em conclusão, a logística de materiais cirúrgicos em uma empresa de distribuição hospitalar em Manaus enfrenta desafios significativos. No entanto, ao adotar boas práticas de gestão de estoque, transporte, armazenagem e seleção de fornecedores, é possível superar essas dificuldades e garantir que os materiais sejam entregues de forma adequada e satisfatória aos clientes. A busca constante pela excelência logística é essencial para o sucesso da empresa e a satisfação dos clientes no setor de distribuição hospitalar. 

Palavras-chave: Logística, Transporte, Materiais Cirúrgicos, Distribuição Hospitalar. 

1. INTRODUÇÃO 

A logística é a gestão responsável pela administração dos recursos materiais, financeiros e das informações relativas ao transporte, desde a entrada de materiais, planejamento da produção, armazenamento, transporte e distribuição de produtos. A logística de materiais cirúrgicos hospitalares consiste no deslocamento de vários produtos como medicamentos, agulhas e equipamentos do fornecedor até o hospital (cliente). Trata-se de um serviço essencial, pois, em geral, os hospitais não possuem estoques muito grandes e dependem do transporte contínuo desses materiais para a realização dos procedimentos cirúrgicos. É uma operação integrada para cuidar de suprimentos e distribuição de medicamentos e materiais médicos de forma racionalizada, o que significa: Planejar, Organizar, Coordenar e Executar. Vale ressaltar, que os centros cirúrgicos são responsáveis por boa parte da receita dos hospitais, é necessário garantir a segurança do paciente em todos os momentos do atendimento para o sucesso da cirurgia, inclusive durante a execução de processos de logística de materiais cirúrgicos, visando a redução de custos, a eficiência e agilidade na entrega. A logística e o transporte de material médico hospitalar são um desafio para todas as empresas que atuam neste segmento, desde fabricantes, distribuidores até transportadoras terceirizadas. A empresa em estudo nesta pesquisa, atua no mercado desde 2013, dedicando-se à distribuição de alta tecnologia em produtos para a saúde (Órteses, Próteses e Materiais Especiais – OPMEs), possui veículos apropriados para realizar o transporte de produtos hospitalares, máquinas e equipamentos. Em resumo, compreender as dificuldades enfrentadas na logística de materiais cirúrgicos em uma empresa de distribuição hospitalar em Manaus é essencial para garantir a saúde dos pacientes, melhorar a eficiência operacional, reduzir custos, aumentar a satisfação do cliente e fortalecer a competitividade e a reputação da empresa no mercado. 

2. REVISÃO DE LITERATURA 

2.1. Logística e Cadeia de Suprimentos 

Segundo Gorni Neto (2022), logística de suprimentos é uma ramificação da logística empresarial que tem por responsabilidade o planejamento, aquisição e controle de fluxo, movimentação e armazenagem de materiais e insumos. Tem como propósito disponibilizar itens para atender às necessidades, assegurando a qualidade e prazo de entrega do produto final. 

Segundo Christopher (2022), os conceitos de logística e cadeia de suprimentos não são só pensamentos. Desde o início da construção das pirâmides para combater a fome na África, os fundamentos logísticos mantem os fluxos das informações e materiais para suprirem os requisitos dos clientes, não tiveram mudanças significativas. 

Como a gestão de logística é compreendida atualmente? Existe uma variedade de conceitos sobre logística. Mas o conceito mais apropriado pode ser: Logística é o processo de gestão estratégica de aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e os estoques finais (fluxos de informações relacionados), por meio de organização e seus canais de comercialização, de tal forma que as rentabilidades atual e futura sejam maximizadas através da execução de pedidos, visando o custo-benefício (CHRISTOPHER, 2022). 

Segundo Christopher (2022), a cadeia de suprimentos é uma definição mais abrangente do que a logística. Sendo que a logística é por origem uma direção e processo de planejamento de desenvolvimento e criação de fluxos de produtos e informação por meio de um negócio. A cadeia de suprimentos tem como base essa estrutura para coordenação e articulação com outras organizações, seja, fornecedores, cliente ou a empresa em si. 

Segundo Christopher (2022), a gestão da cadeia de suprimentos é o gerenciamento de vínculos à montante e jusante com fornecedores e clientes, com propósito de entregar ao cliente com maior valor e ao menor custo á toda cadeia. Sendo assim, o foco está nas relações para encontrar um resultado excelente para todos os elos da cadeia.  

A importância de uma boa gestão da logística e da cadeia de suprimentos é a posição estratégica superior duradoura diante dos concorrentes em termos de preferências dos clientes (CHRISTOPHER, 2022). 

2.1.1. Distribuição Física 

O movimento dos produtos e materiais na cadeia de suprimentos segue o fluxo do fornecedor, entre as unidades, em seguida para o centro de distribuição e por fim até o cliente final, dependendo do modelo adotado pela empresa. Todo o processo pode acontecer em um local só. Existem outros modelos mais complexos que podem apresentar várias plantas produtivas, centros de distribuição, intermediários, operadores logísticos e até chegar no cliente final (BERTAGLIA, 2020).    

Existem formas complexas e simples para distribuição física de materiais e produtos. A distribuição física tem o papel importante nas empresas não somente nos custos, como na qualidade de serviços e prazos de entregas (BERTAGLIA, 2020). 

2.1.2. Gestão de Estoques 

Segundo Paoleschi (2019), considera-se estoque todo material de forma qualitativa para suprir a necessidade de demanda produtiva de uma indústria ou serviço. 

Uma organização deve enxergar a gestão de estoque de forma relevante para seu planejamento estratégico e operacional, com uma boa gestão é possível eliminar desperdícios e atender o cliente quando desejar (PAOLESCHI, 2019). 

A gestão de estoque requer cautela pois os materiais podem ser armazenados em diversas etapas do processo como: matéria-prima, semiacabado e acabado. Se observarmos de forma agrupada ou segmentada pode oferecer ressalvas para percepção do volume real do existente. Desta maneira, o controle de estoque abrangente é imprescindível para redução do nível de capital investido. A percepção e qualidade de informações ligadas ao estoque tem sido uma incessante busca das empresas atrás de vantagem competitiva e melhor atendimento das exigências dos clientes e consumidores (BERTAGLIA, 2020). 

A gestão de estoque compreende a estratégica adotada para suprir as demandas e variações, isso está relacionado à realidade de vendas (preços, concorrentes etc.). Também estão ligadas com as entregas de materiais e embalagens pelo fornecedor e com as ameaças no suprimento, como por exemplo: atrasos, faltas etc. Esses aspectos podem influenciar na disponibilidade e nível do serviço ao cliente (SALGADO TITO, 2023). 

2.1.3. A Importância do Transporte na Logística 

Segundo Goulart e Campos (2018), na logística tem o fluxo de informações interligadas ao recebimento, armazenagem, estoque, embalagem e transporte de materiais e produtos. É fundamental o sincronismo desses processos para o consumidor não ser afetado pela não eficiência da logística.  

Dentro das operações logísticas, o transporte é peça fundamental, dada a sua relevância e visibilidade. Sendo no início ou no final da Cadeia de Suprimentos, uma falha pode parar um país, gerar um desabastecimento do fluxo produtivo como pela ruptura e nível de serviço ao cliente (GOULART e CAMPOS, 2018). 

Para Goulart e Campos (2018), o deslocamento de materiais, produtos e serviços entre as regiões são realizadas através do transporte. Com isso, é indispensável para a logística e significa que a infraestrutura de transporte é fundamental para o desenvolvimento e progresso econômico e social.  

Referente à produção, a eficiência no transporte diminui os custos. No que compete ao consumo, a diminuição de custos logísticos reduz os preços dos bens e serviços que aumenta o poder de compra da população. Sendo assim, aumenta a demanda, cresce a atividade produtiva (GOULART e CAMPOS, 2018). 

A maneira como o material ou produto será transportado necessita das vantagens ou desvantagens vinculadas à infraestrutura de transporte, a quantidade a ser transportada, aos canais logísticos existentes, à credibilidade da entrega e aos custos de mobilidade, entre outros (BERTAGLIA, 2020). 

O transporte é importante elemento de custo em todo o processo comercial e industrial. No Brasil cerca de 60% das mercadorias são transportadas via modal rodoviário, a fundamentação dessa operação passou a ser imprescindível para a estrutura econômico-financeira das organizações (DIAS, 2022). 

2.1.4. A Importância dos Sistemas de Informação e a TI nas Empresas 

A mudança tecnológica é um dos mais importantes condutores da concorrência, além disso, ela exerce um papel imprescindível na transformação estrutural da indústria, bem como na criação de novas indústrias. Também é um grande equalizador, colocando fim na vantagem competitiva de organizações estabelecidas solidamente e encorajando outras a tomarem a frente. Uma parcela importante das grandes organizações de hoje surgiu a partir de mudanças tecnológicas (CAXITO, 2019). 

Segundo Caxito (2019), a Tecnologia da Informação (TI) estar solidamente definida entre as empresas. É nítido que os processos das organizações dependem da TI, suas ferramentas proporcionam facilidades.  

Conforme o dicionário on-line (Revisto em 2020), o conceito de TI são os recursos usados no fluxo e processamento de informações (software, hardware, tecnologia de comunicação etc.) especialmente na esfera das soluções tecnológicas das organizações.  

A TI está presente nos processos empresariais na disposição de um agrupamento de elementos que amparam a alcançar padrões altos de confiabilidade das operações, propiciando a automação de atividades de rotina, ganho em produtividade e facilidade para adequação às constantes transformações demandadas do mercado (CAXITO, 2019). 

2.2. Introdução à Logística e a Gestão de Suprimentos Hospitalar 

      Segundo Correia, Cruz e Silva (2020, pag.2), na logística hospitalar o controle de estoque, previsão de demanda e nível de atendimento tem relevância crucial, assim como em qualquer organização. Uma expressiva quantidade dos materiais utilizados nos hospitais tem propriedade em junção com características como criticidade, custo, urgência, além disso a impressibilidade do estado clínico dos pacientes. 

De acordo com Barbieri e Machline (2017), mesmo com as distinções de cada organização, todas elas usam materiais, independente do seu porte ou ramo. No que se refere aos hospitais, os materiais desempenham um papel fundamental, independentemente da sua complexidade. Compreende-se que a logística é uma área da administração geral, bem como refere-se profissionais que trabalham focados em entregar os materiais certas, aos usuários corretos, nas quantidades exatas e com as condições exigidas pelos clientes. Para isto, é indispensável que seja determinado um planejamento, controle, organização, mais algumas, como o fluxo de informações e materiais interno e externamente das organizações.  

Para Barbieri e Machline (2017), a logística age em toda a cadeia de suprimentos, do fornecedor ao cliente externo das empresas, englobando o pós-venda, pós-entrega, assistência técnica e a prestação de serviço garantia. Tipicamente o que se chama de suprimento corresponde aos processos relacionados esse fluxo.  

Segundo Burmester, Hermini e Fernandes (2017), O maior desafio das organizações a ser vencido é a gestão de suprimentos. Sem ter a ciência do que produzir, de quanto, quando e como entregar, o que foi exigido sempre será insuficiente. 

O pontapé é desvendar se sua área é percebida ou apenas de apoio (non core bussiness), ou como setor estratégico da atividade fim (core bussiness). Se a resposta for de apoio, o caminho é árduo, mas com excelentes e um vasto leque de oportunidades. Mas se ela for estratégica, excelente também. Pois o objetivo será o de aprimorar o aperfeiçoamento na busca de mais resultados (BURMESTER, HERMINI e FERNANDES, 2017). 

De acordo com (BURMESTER, HERMINI e FERNANDES, 2017), com um bom gerenciamento da cadeia de suprimentos, o capital investido em aquisições, armazenamento e na distribuição será transformado em lucro. Em outras palavras, na prática, significa dizer que um dos propulsores para lucratividade de uma organização é o Supply Chain. 

Para Barbieri e Machline (2017), nas empresas industriais e comerciais é indispensável saber a diferença entre suprimentos e distribuição, pois os usuários são diferentes e seus objetivos são distintos. Os responsáveis pelas atividades produtivas são clientes internos, com isso os suprimentos são destinados a eles. Enquanto a distribuição física trata-se do produto acabado que atende as demandas dos clientes externos. Nas organizações hospitalares, essas diferenças são desnecessárias, pois só existem clientes internos (os solicitantes ou usuários dos materiais). Os materiais, mesmo quando se destinam aos pacientes e seus acompanhantes, sempre percorrem em uma base de intermediação realizada por profissionais do hospital. 

De acordo com Barbieri e Machline (2017), os processos tradicionalmente executados pelo suprimento são: seleção de materiais, aquisição, recebimento de materiais, gestão de estoque, armazenamento, distribuição e atendimento aos clientes internos. Em um hospital, os principais processos são os mesmos, com as particularidades que exigem as questões hospitalares. Esses processos podem ser incorporados formando famílias de processos com resultados comuns ou interligados. São eles:  

  • Seleção de materiais: envolve especificação de materiais, definição de critérios e padronização para adquirir novos materiais, para substituir o que são utilizados. O objetivo é responder a seguinte pergunta: quais materiais devem ser usados na organização? 
  •   Gestão de estoques: tendo como principais processos, as realizações de previsões de demandas, a montagem de uma operação de sistemas e reposição de estoque. Após realizados esses processos, a pergunta é que tem de ser respondida: quando e quanto comprar? 
  • Compras de materiais: nessa família, os processos são voltados para selecionar, avaliar e desenvolver, negociar, fazer o follow-up de compras etc. As perguntas a serem respondidas são: de quem e como devo comprar? 
  • Armazenagem: as atividades básicas desta família se trata de realizar recebimento, guarda, conservação, segurança e distribuição para os clientes internos. As questões a serem respondidas por esta família são: onde alocar os materiais alocados, como estocá-los e como entregar aos requisitantes? 

2.2.1. Materiais cirúrgicos 

Para Brandli et al. (2021, pag. 1), os materiais cirúrgicos exigem um grande investimento financeiro por partes das organizações de saúde, desta maneira se torna essencial a durabilidade e funcionalidade. Sendo que são produtos reprocessados pelos centros de materiais e esterilização, os quais podem se localizar no interior do hospital ou pode ser terceirizado. O processamento desses materiais é de responsabilidade do profissional enfermeiro, o que se estabelece como responsável técnico, de acordo com Resolução do Conselho Federal de Enfermagem, número 424/2012. Essa atividade é executada em etapas de recebimento, limpeza, preparo e embalagem, esterilização, armazenamento e distribuição, das quais são relevantes para assegurar boas práticas no controle de infecções. E, por consequência, abrangem parte significativa do capital dos serviços de saúde. 

2.2.2. Órteses e Materiais Especiais (OPME’s) 

De acordo Ballardin e Silva (2020, pág. 529), órteses e materiais especiais são insumos empregados na assistência à saúde e vinculada a uma intervenção médica, odontológica, reabilitação e terapêutica.  O assunto OPME é complexo com diversos agentes e objetivos envolvidos que se interligam: pacientes, médicos, outros profissionais da área da saúde, fabricantes, fornecedores e cada um assumem sua responsabilidade na cadeia de abastecimento. 

Com a evolução da medicina e seus métodos, o Ministério da Saúde, em parceria com diversos centros médicos especializado em média e alta complexidade, sugeriram a elaboração do manual de boas práticas de gestão de órteses e materiais especiais. Tem objetivo de constituir diretrizes e propor soluções para questões vinculadas à compra, solicitação, recebimento, à armazenagem, distribuição, utilização e ao controle de OPME, nas unidades de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). 

Implante é o dispositivo inserido por intervenção cirúrgica no corpo, total ou parcialmente, com durabilidade de permanente ou temporariamente. Qualquer material médico produzido para ser inserido por meio de cirurgia para substituir totalmente ou parcialmente uma superfície epitelial ou ocular, e destinado a permanecer após o procedimento cirúrgico. Também é considerado um produto implantável qualquer produto médico destinado a ser parcialmente introduzido no corpo humano por meio de cirurgia e permanecer após a intervenção por longo prazo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). 

Materiais especiais são quaisquer dispositivos e produtos de uso individual que auxiliam em procedimento de diagnóstico ou terapia e que se não enquadram nas características de órteses e próteses, implantáveis ou não, podendo ou não ser reprocessado de acordo com as regras estabelecidas pela Anvisa (MINISTÉRIO DA SAÚDE,2016). 

Material permanente se configura como todos os bens e materiais que, em razão de sua aplicação, não perdem sua identidade física ou característica, mesmo quando agregado a outros bens, tendo durabilidade acima de 2 anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). 

Órtese é qualquer peça ou aparelho de reparação ou complementação de membros ou órgãos do corpo. Pode ser definida também como qualquer material permanente e provisório que ajudam nas funções de um membro, tecido ou órgão, sendo ou não vinculados ao procedimento cirúrgico os materiais cuja inserção ou retirada dependam ou não de cirurgia (Resolução Normativa da ANS – RN n º 338, 21 de outubro de 2013, publicada na seção 1, do DOU de 22 de outubro de 2013). 

Prótese é a peça ou aparelho de substituição de órgãos ou membros do corpo. Entende-se por qualquer material permanente ou provisório que substitua total ou parcialmente um membro, órgão ou tecido do corpo (Resolução Normativa da ANS – RN nº 338, 21 de outubro de 2013, publicada na seção 1, do DOU de 22 de outubro de 2013). 

De acordo com Ministério da Saúde (2016), os objetivos de uma instituição de saúde referente à gestão de OPME’s devem ser: 

  • Segurança do paciente; 
  • Competência operacional; 
  • Atenuação de desperdícios e variabilidade; 
  • Vínculos comerciais e métodos equilibrados; 
  • Proposta de uma boa correlação de custo-benefício para os produtos; 
  • Supressão do risco de cancelamentos/ atrasos nos faturamentos; 
  • Alcance de resolução e de confiança. 

Para que consiga apreciar todos os objetivos da boa gestão é indispensável uma organização da instituição de saúde com o gerenciamento dos materiais aplicados no estabelecimento, evitando, assim a escassez quando requisitados, bem como mantendo um estoque mínimo, sendo que demandam um alto fluxo de caixa (MINISTÉRIO DA SAÚDE,2016). 

2.2.3. Utilização das OPME’s 

Os pacientes que passarão por intervenções que utilizam OPME’s precisarão ter registro no AIH, BPA-I ou Apac válidos, possuindo comprovação técnica de sua necessidade justificada por profissional responsável e registrado no prontuário do paciente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).  

As OPME’s utilizadas devem ser inscritas pelos profissionais de Saúde no procedimento no documento de registro de consumo da sala, na descrição cirúrgica e no prontuário do paciente. Deve ser identificado o tamanho e a quantidade, tornando-se obrigatória a fixação de etiquetas de rastreabilidade contida na embalagem do produto em cada documento e na nota fiscal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). 

 3. MATERIAL E MÉTODOS 

Os materiais e métodos utilizados nesta pesquisa sobre as dificuldades enfrentadas na logística de materiais cirúrgicos em uma empresa do setor de distribuição hospitalar em Manaus foram a coleta de dados, utilizando diversas técnicas, tais como questionários, entrevistas e observações diretas. Essas técnicas foram empregadas com oito colaboradores da empresa, de forma a obter informações relevantes para esta pesquisa.  

Foram adotadas abordagens de pesquisas qualitativas para explorar em detalhes as dificuldades logísticas. Por meio de entrevistas individuais ou em grupo, foi possível obter percepções e opiniões dos profissionais-chave da empresa de distribuição hospitalar em Manaus. Essa abordagem permitiu uma compreensão holística das questões enfrentadas, levando em consideração os contextos e as experiências dos participantes. As entrevistas foram realizadas com os gerentes, assistentes de logística e motoristas de entrega, através de encontros presenciais de acordo com a disponibilidade dos participantes para que não comprometesse o horário de expediente. Além das entrevistas, também foram distribuídos questionários estruturados para ampliar a abrangência das respostas. Os questionários foram aplicados presencialmente, permitindo a coleta de informações quantitativas. 

 As respostas das entrevistas e dos questionários foram transcritas e organizadas para uma análise de conteúdo, identificando temas recorrentes, padrões e insights relevantes relacionados às dificuldades logísticas enfrentadas na empresa. Essa análise permitiu uma interpretação dos dados qualitativos e quantitativos coletados, auxiliando na compreensão global dos resultados. 

Foi realizada uma pesquisa extensiva de literatura existente, incluindo artigos científicos, livros, relatórios e publicações relevantes sobre logística hospitalar, distribuição de materiais cirúrgicos e desafios logísticos específicos. Esses materiais forneceram uma base sólida de conhecimento para embasar a pesquisa e identificar lacunas na literatura. Além disso, foram realizadas comparações de informações para identificar relações e tendências relevantes.  

É importante ressaltar que a pesquisa foi conduzida com o consentimento informado dos participantes, e medidas de confidencialidade e proteção de dados foram adotadas em conformidade com as diretrizes éticas e regulamentações aplicáveis. 

Durante toda a pesquisa, foram observadas as questões éticas relacionadas ao estudo. A legislação aplicável foi considerada, garantindo-se a privacidade e o anonimato dos participantes, quando necessário. Essas técnicas foram empregadas de forma a obter informações relevantes para a pesquisa. 

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A logística é uma área em constante evolução, e existem diversas melhorias que podem ser implementadas para aprimorar a eficiência e a eficácia dos processos logísticos de materiais cirúrgicos. A gestão de estoque é uma preocupação constante nesse setor. É necessário manter o equilíbrio entre a disponibilidade dos materiais cirúrgicos e evitar escassez ou excesso de estoque. A demanda por esses materiais pode ser variável, exigindo sistemas e processos eficientes para monitorar e controlar o estoque com precisão. 

Conforme Gráfico 1, os colaboradores do setor logístico de uma empresa de distribuição de materiais hospitalar em Manaus, procuram realizar com segurança e de forma adequada, o transporte dos equipamentos e materiais cirúrgicos, visto que se trata de materiais com alto custo. 

Gráfico 1 – Os cuidados necessários para um transporte seguro dos equipamentos e materiais cirúrgicos são feitos adequadamente de forma correta para acomodação.

  Alguns materiais cirúrgicos sensíveis exigem condições específicas de temperatura para preservar sua eficácia e segurança. De acordo com os colaboradores, conforme o Gráfico 2, o transporte é realizado em veículos com controle de temperatura adequado, quando necessário, dentro de recipientes próprios, dentro dos parâmetros adequados.

Gráfico 2 – O transporte dos materiais que necessitam de temperatura adequada dentro dos recipientes próprios para manuseio, é feito da forma correta. 

  Conforme o Gráfico 3, o transporte dos materiais cirúrgicos é feito manualmente e requer cuidados especiais para garantir a segurança e a integridade dos produtos durante o processo logístico.

Gráfico 3 – O Transporte dos materiais cirúrgicos são totalmente feitos de forma automatizada. 

O colaborador desloca-se até o Centro de Material e Esterilização e realiza a conferência dos kits e equipamentos médico-hospitalares na presença de um funcionário do hospital. Em seguida, é fornecido um “Vale Instrumentais” com tudo que foi deixado no local.
Após a cirurgia, mais uma vez, um colaborador treinado faz a conferência de itens com um funcionário do hospital. São verificadas todas as quantidades e os tipos de materiais utilizados e não utilizados na cirurgia através do “Vale instrumentais”. Os produtos que não foram utilizados pelo médico são retirados do hospital e levados de volta para a empresa.

Tanto no serviço de transporte de material para cirurgia, como também no transporte de produtos médicos é necessário utilizar veículos especiais e que estejam habilitados pela vigilância sanitária e pelo município de Manaus. Isso porque é necessário dispor de isolamento térmico, máquina de refrigeração, monitoramento de temperatura.

As regulamentações e requisitos específicos do setor também devem ser considerados. Documentação adequada e necessária para o transporte, armazenagem e distribuição dos materiais cirúrgicos, garantindo o cumprimento das normas de qualidade e segurança.

A adoção de tecnologias como sistemas de gerenciamento dos materiais cirúrgicos, rastreamento por código de barras, identificação por radiofrequência e automação de tarefas repetitivas pode aumentar consideravelmente a eficiência e a precisão dos processos logísticos. 

Otimização de rotas utilizando softwares de roteirização e planejamento de transporte, permitindo assim a otimização das rotas de entrega, reduzindo a distância percorrida, os custos com combustível e o tempo de entrega. 

A integração e a colaboração entre os diferentes parceiros da cadeia de suprimentos, como fornecedores, fabricante e distribuidores, são fundamentais para melhorar a visibilidade e o compartilhamento de informações, o que reduz atrasos e estoques desnecessários. 

A gestão de estoque eficiente implementando práticas como o just-in-time (JIT) e o reabastecimento contínuo auxilia na redução dos níveis de estoque, minimizando o risco de obsolescência e reduzindo os custos associados. 

Por fim, é fundamental contar com uma equipe capacitada. A complexidade das operações logísticas exige conhecimento especializado em áreas como gestão de estoque, rastreamento de produtos, controle de qualidade e processos de transporte. Uma equipe treinada ajudará a enfrentar esses desafios logísticos de forma eficiente. 

5. CONCLUSÕES 

A logística de materiais hospitalares exige uma estrutura organizada e eficiente para garantir a entrega adequada dos materiais cirúrgicos. No entanto, existem alguns erros comuns que podem prejudicar esse processo em uma empresa do setor de distribuição em Manaus, tais como: atrasos nas entregas, um problema significativo na logística hospitalar, pois compromete a disponibilidade dos materiais cirúrgicos e equipamentos médicos nos hospitais. Além disso, pode gerar desperdício de recursos, aumentar os custos e até mesmo comprometer a qualidade dos produtos entregues. A falta de materiais necessários para cirurgias é um erro grave que pode resultar em atrasos nos procedimentos e colocar em risco a vida dos pacientes. A falta de um item essencial pode levar a cancelamentos de cirurgias ou à utilização de alternativas inadequadas, comprometendo a segurança e eficácia dos procedimentos. A conferência de materiais é uma etapa crucial para garantir que os produtos corretos sejam entregues aos hospitais de forma correta. Erros nesse processo podem resultar em envio de produtos errados, o que pode causar sérios problemas, incluindo atrasos adicionais, insatisfação dos clientes e até mesmo riscos à saúde dos pacientes. A falta de organização no armazenamento de equipamentos e medicamentos hospitalares pode levar à dificuldade de localização, perdas de itens, vencimento de prazos de validade e até mesmo danos aos produtos, resultando em atrasos e gastos desnecessários com reposição de estoque e impactar negativamente a eficiência da logística. 

Em relação à gestão de estoque, é fundamental manter um controle preciso dos materiais disponíveis, garantindo que haja um suprimento adequado para atender à demanda dos hospitais. Além disso, é importante estabelecer parcerias sólidas com fornecedores confiáveis, que possam fornecer os materiais de forma consistente e dentro dos prazos estabelecidos. No que diz respeito ao transporte, é essencial contar com uma frota de veículos adequada e com motoristas capacitados, que possam realizar as entregas de forma segura e ágil. Também é importante planejar rotas eficientes, considerando as peculiaridades do trânsito em Manaus e buscando evitar atrasos desnecessários. Quanto à armazenagem, é crucial contar com instalações adequadas, que garantam a integridade dos materiais cirúrgicos. É necessário estabelecer um sistema de organização eficiente, de modo que os materiais estejam sempre acessíveis e em condições ideais de uso. É preciso garantir um transporte seguro dos equipamentos e materiais cirúrgicos adotando medidas adequadas como um planejamento cuidadoso, embalagens apropriadas, identificação clara dos produtos, controle e monitoramento rigorosos da temperatura, segurança no transporte, investimento em tecnologias de rastreabilidade e automação, além de treinamento adequado da equipe envolvida. Enfim, a área da logística de materiais hospitalares desempenha um papel crucial dentro da empresa, sendo responsável por garantir que os materiais cirúrgicos cheguem aos hospitais de forma eficiente e oportuna. Infelizmente, uma má gestão logística pode resultar em atrasos na entrega, o que os clientes não toleram. Por essa razão, é imprescindível adotar boas práticas em todas as etapas do processo logístico.    

É fundamental que a empresa do setor de distribuição hospitalar em Manaus siga as práticas e diretrizes específicas relacionadas ao transporte de materiais cirúrgicos, além de observar as regulamentações locais e os requisitos individuais de cada produto.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

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NETO, F.G. Gestão de Suprimentos e Logística. Rio de Janeiro, Editora Freitas Bastos, 2022. 

PAOLESCHI, Bruno. Almoxarifado e Gestão de Estoques. 3ª ed. São Paulo: Érica, 2019. 

SALGADO, T.T. Logística: Prática, Técnicas e Processos de Melhorias. 4ª ed. atualizada. São Paulo: Senac, 2023. 


1Pós-Graduanda em MBA em Gestão de Logística e Suplly Chain pelo
Centro Universitário FAMETRO  
E-mail: admandreza2015@gmail.com 
ORCID: https://orcid.org/0009-0005-0764-4460 

2 Pós-Graduanda em MBA em Gestão de Logística e Suplly Chain pelo
Centro Universitário FAMETRO 
E-mail: tatianalimont@gmail.com 
ORCID: https://orcid.org/0009-0006-7556-1103  

3Pós-Graduando em MBA em Gestão de Logística e Suplly Chain pelo
Centro Universitário FAMETRO 
E-mail: marcelo_iago16@hotmail.com 
ORCID: https://orcid.org/0009-0008-0025-6125   

4Orientadora: Professora do Centro Universitário Fametro e Mestre em Engenharia de Produção  
E-mail:lucianadovalle@hotmail.com 
ORCID: https://orcid.org/0009-0008-3525-8278 

5Co-Orientadora: Especialista em Docência do Ensino Superior 
E-mail: sistinasouto@gmail.com 
ORCID: https://orcid.org/0009-0006-7857-9296