AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA ALFABETIZAÇÃO: 5° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE BARRA DO GARAÇAS – MT

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202409191634


Mônica Rosa da Cruz
Kenia Maria da Silva Filsner
Renia Maria da Silva Azanki
Aldenice de Sousa Franco
Odirlene Maria da Silva
Maria de Fátima da Silva
Nilma Mariana de Oliveira Abud
Ana Flávia Castilho de Souza Vitorino


RESUMO 

 Este trabalho tem o objetivo de apresentar os resultados de uma Pesquisa-ação realizada numa Escola Municipal da cidade de Barra do Garças – MT. Trata-se de pesquisa exploratória desenvolvida pela metodologia qualitativa, a intervenção pedagógica foi executada durante a regência de aulas no Estágio Supervisionado III do curdo de Pedagogia Licenciatura,  com carga horária de 20 horas – no período de março a junho do ano de 2018;  tendo como público alvo uma turma de turma do 5º ano do Ensino Fundamental, da qual foi selecionado um aluno para objeto da pesquisa. Este estudo se justifica pela necessidade de formação docente sob o crivo da pesquisa científica e pelos desafios inerentes ao processo de escolarização e alfabetização. 

PALAVRAS-CHAVE:  

Sala de aula, Ensino Fundamental, Alfabetização. 

ABSTRACT  

This paper aims to present the results of an Action Research carried out in a Municipal School of the city of Barra do Garças – MT. It is an exploratory research developed by the qualitative methodology, the pedagogical intervention was performed during the course of classes in Supervised Stage III of Kurdish Pedagogy Degree, with a 20-hour workload – from March to June of 2018; having as target audience a class group of the 5th year of elementary school, from which a student was selected for the purpose of the research. This study is justified by the need for teacher training under the scrutiny of scientific research and the inherent challenges to the process of schooling, literacy. 

KEYWORDS:  

Classroom,    Elementary School, Literacy. 

1 INTRODUÇÃO 

Considerando as propostas presentes nos documentos oficiais do Ministério da Educação e Cultura (MEC), principalmente, o de orientação para a Alfabetização na Idade Certa (PNAIC); o qual apresenta um compromisso formal assumido pelos governos  do Distrito Federal, dos Estados e Municípios de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas  até aos oito anos de idade, ao final do 3° ano do Ensino Fundamental ( BRASIL, 2017). 

 Em vista disso, surge a necessidade de compreender como se aplica, de fato, tal compromisso na rotina de alfabetização do aluno, no Ensino Fundamental I. Assim, esta 

Pesquisa-ação visa retratar os principais fatores que provocam as dificuldades de aprendizagem, na leitura e na escrita, de alunos do 5º ano do Ensino Fundamental de uma Escola Municipal de Barra do Garças – MT. 

Trata-se de pesquisa exploratória, desenvolvida pelo  método qualitativo;  por meio da técnica de observação de aulas,  entrevista a professor e aplicação de intervenção pedagógica. 

2 PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL 

A alfabetização de crianças no Ensino Fundamental é um processo que atende a inúmeros critérios e que se sustenta numa base legislativa estabelecida por parâmetros e normas  que determinam o “caminho” a ser seguido, conforme os documentos oficiais de educação. 

 O Conselho Nacional de Educação – Câmara de Educação Básica, através da Resolução nº 3, de 3 de agosto de 2005, define normas nacionais para a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos. No seu artigo 2º explicita: Art.2º A organização do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos […]  Etapa de ensino – Ensino Fundamental de nove anos – até 14 anos de idade. Anos iniciais – Faixa etária de 6 a 10 anos de idade – duração 5 anos (BRASIL, 2006). 

Ainda segundo tais documentos, o Ministério de Educação recomenda que jogos, danças, contos e brincadeiras espontâneas sejam usados como instrumentos pedagógicos, respeitando o desenvolvimento cognitivo da criança. Sendo assim, a alfabetização está relacionada com a formação integral do aluno,  deve ser concebida como um processo que tem o início estabelecido pela faixa etária, porém, sua conclusão depende de diferentes fatores, ou seja, não se pode estabelecer um  tempo específico para determinar que o aluno está alfabetizado. 

Diante da discussão sobre a alfabetização de crianças torna-se necessária a apresentação de conceitos para que possibilitem uma ampla compreensão deste momento de aquisição da linguagem escrita. Para fundamentar a questão cita-se Soares (1985, p. 20) que  define alfabetização como  sendo o processo de aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e de escrita. Assim, as competências de ler e escrever são indissociáveis. 

De acordo com Carvalho (2009), as práticas de alfabetização estão sendo questionadas a partir de resultados considerados  pouco satisfatórios, estes  são vistos como frutos de um processo de ensino aprendizagem extremamente tradicional, que perdurou por muito tempo na educação brasileira. Adotando tais métodos, os alfabetizadores  trabalhavam  orientados  simplesmente pela memorização e  meras repetições descontextualizadas, de forma que as crianças aprendiam, apenas, codificar e decodificar símbolos, ou seja, não era repeitado o contexto sociocultural do aluno. Para isso, um dos principais recursos pedagógicos utilizados era a cartilha, eleita como o melhor método de alfabetização, até boa parte do século XIX. Segundo CAGLIARI  (1998, p.82): 

A maneira como as cartilhas lidam com a fala e a escrita confunde as crianças, uma vez que passa a ideia de que a linguagem é uma ‘soma de tijolinhos’ representados pelas sílabas e unidades geradoras. Ora, as crianças aprenderam a falar de outra maneira e, portanto, para elas a linguagem apresenta-se como um todo organizado de maneira muito diversa daquela que a escola lhes mostra. No fundo, as cartilhas deixam de lado toda a trama da linguagem, ficando apenas com o que há de mais superficial. 

Para uma compreensão sobre o processo de alfabetizar, Lopes (2010, p.10), reforça o pensamento de  que alfabetização é a aquisição do código da escrita e da leitura. Enquanto  Magda Soares, chama a atenção para fato de que  o processo de desenvolvimento de tais habilidades abrange uma ampla dimensão, isto é, não é simplório,  se faz pelo domínio de uma técnica: grafar e reconhecer letras, usar o papel, entender a direcionalidade da escrita, pegar no lápis, codificar, estabelecer relações entre sons e letras, de fonemas e grafemas; sendo um processo no qual a criança percebe as unidades menores que compõem o sistema de escrita  – palavras, sílabas, letras.  

Segundo Freire (2001), a alfabetização não deve acontecer de forma automatizada, sem a leitura de mundo do alfabetizando. Tal educador questionou, na década de 1960, os métodos tradicionais de alfabetização desprovidos de sentido, conforme seu pensamento, o analfabetismo é uma condição imposta pelas elites para manter as pessoas em estado de ignorância e assim determinar o domínio sobre elas (FERNENDES, et al, 2011). 

2.1 MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO 

A abordagem acerca da alfabetização não pode avançar sem se estabelecer os métodos que se aplicam para desenvolver as habilidades dos alunos mediante o processo de alfabetização. Santos (2007, p. 11) pontua que a alfabetização é considerada como o ensino das habilidades de “codificação” e “decodificação”, foi transposta para a sala de aula, no final do século XIX, a partir da criação de diferentes métodos de alfabetização – métodos sintéticos: silábicos ou fônicos x métodos analíticos ou global –, que padronizaram a aprendizagem da leitura e da escrita.  

A partir disso, a alfabetização é pautada em diferentes tendências, nas quais são adotados  métodos:  sintético – é aplicado para o aprendizado, partindo  da unidade “letra” para formar silaba, da silaba para formar a palavra e sucessivamente. Madri (2014),  ressalta que durante a aquisição do sistema de escrita alfabética o indivíduo deve compreender que a escrita é uma representação da fala. Aos poucos, ele precisa perceber que as palavras são formadas por pequenas unidades de som, como as sílabas e os fonemas. A percepção de que as palavras são divididas em sílabas e fonemas é denominada consciência fonológica (CF). 

Pelo método analítico trabalha-se com partes completas de linguagem para depois dividi-las  em partes menores; são utilizados também, os métodos globais em que a alfabetização  se dá pela leitura de histórias ou orações,  de  contos,   iniciando-se pelo o ensino da leitura a partir de pequenos textos. 

A psicogênese de Emília  Ferreira (1991, p. 09) apresenta uma contribuição para o trabalho dos professores alfabetizadores, a autora destaca que  tradicionalmente, a alfabetização inicial é considerada em função da relação entre o método utilizado e o estado de “maturidade” ou de “prontidão” da criança. Os dois polos do processo de aprendizagem, quer dizer: quem ensina e quem aprende  têm sido caracterizados sem que se leve em conta o terceiro elemento da relação: a natureza do objeto de conhecimento envolvido nessa aprendizagem, em outras palavras, a linguagem que é ensinada ao aluno não pode diferir das relações sociais de comunicação e interação  as quais pertencem às suas vivências, assim,  é de suma importância a adequação do ensino à aprendizagem e do conteúdo à realidade do aluno; ainda, é possível promover momentos de interação e comunicação para o aluno vivenciar outras possibilidades de uso da linguagem. 

Pensando assim, a alfabetização é um processo de construção de hipóteses sobre o funcionamento e as regras de geração do sistema alfabético de escrita, seu objeto de estudo trata-se de um conteúdo extremamente complexo que demanda procedimentos de análise, também considerados complexos por parte de quem aprende. Para Carvalho (2009, p.17), a partir do construtivismo repensou-se o modo como se aprende: 

Trabalhar com os nomes das crianças, ensinar o alfabeto associado a esses nomes, ser mais tolerante com os erros dos aprendizes e classificar as crianças em fases: silábicas, silábicas-alfabética ou alfabética. Isso é pouco para dar conta da tarefa da alfabetização. 

A autora apresenta um questionamento a respeito dos métodos de alfabetização, explicando que não há receita pronta ou milagrosa para garantir sucesso nesse processo; ou seja,  a metodologia não é vista como a questão mais importante. Pois, o alfabetizador pode adotar um método ou criar seu próprio “caminho”, adaptando ou inovando os métodos que já existem, de acordo com sua experiência ou habilidade. “Os métodos analíticos-sintéticos são apontados como opção para orientar o trabalho do alfabetizador, tendo em vista que combinam aspectos de ambos os métodos” (CARVALHO, 2009 p.18). 

Na atualidade, muitos educadores passaram a usar o construtivismo,  utilizando os significados das palavras, textos e histórias; conduzindo a criança a produção do conhecimento significativo. Emília Ferreiro, retomando estudos realizados com alunos em fase de alfabetização, explica que os métodos  que passaram a ser usados arriscando os paradigmas de alfabetização da época deram resultados, considerando  que o processo de alfabetização ficou mais fácil e prazeroso, tanto para o alfabetizador quanto para as crianças. 

O desenvolvimento ocorre, sem dúvida, em um ambiente social. Mas as práticas sociais, assim com as informações sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças. Quanto tenta compreender, elas transformam o conteúdo recebido. Além do mais, a fim de registrarem a assimilação, elas  transformam. Este é o significado profundo da noção de assimilação que Piaget colocou no âmago de sua teoria  ( FERREIRO 1991, p.22-23).  

Considerando os postulados da autora, citada, o processo de desenvolvimento cognitivo se dá em inúmeras etapas. E uma delas é a assimilação do conteúdo aprendido pelas crianças, as crianças transformam o conteúdo em aprendizagem quando elas tentam compreender. MOLL (1996) afirma que a criança que vive num ambiente estimulador vai construindo prazerosamente seu conhecimento do mundo, nesse paradigma, a escrita faz parte de seu universo cultural e favorece o conhecimento sobre a escrita e a leitura. 

Nesse sentido, os maiores teóricos da alfabetização e letramento advertem que a leitura deve ser incentivada desde muito cedo na vida do indivíduo, tanto pela família quanto pela escola. Para isso, o professor deve diariamente tomar a leitura em voz alta para se inteirar se a criança desenvolveu uma compreensão do texto. Entretanto,  Segundo Kleiman (1989),  as práticas mais comumente usadas em sala de aula são inibidoras do desenvolvimento da capacidade de compreensão dos alunos: 

a leitura em voz alta para verificar se houve compreensão a leitura sem orientação previa e sem objetivos definidos, as práticas de leitura que visam a automatismos e não criam condições para que a criança reconstrua o sentido global do texto, a escolha de livros didáticos cujos textos são falhos em matéria de coerência e legibilidade; as aulas centradas no ensino de vocabulário (um dos objetivos mais enfatizados da leitura escolar), obedecendo a princípio metodológicos inadequados e inconsistentes com o modelo de leitura como interação entre leitor e autor via texto (KLEIMAN 1989, p.151-155). 

A autora propõe que a leitura em sala de aula deve ter o auxílio do professor, para que o aluno construa um repertório de leitura mais amplo e diversificado, o professor deve intervir de maneira eficaz  para a formações de leitores, selecionando textos e aplicando estratégias de leituras para atingir os objetivos da competência linguística em consonância com a realidade  da turma. Nesse sentido,  precisa-se  levar em conta as formações dos professores e a falta de leitura proveniente da própria cultura de boa parte da população, bem como, da desmotivação com as propostas didáticas que não condizem com a própria experiência de tais  leitores. 

3 METODOLOGIA  

A pesquisa-ação para elaboração  do trabalho de conclusão de curso (TCC) foi desenvolvida durante o período de Estágio Curricular Supervisionado III e trata-se de pesquisa  do tipo exploratória.  

As pesquisas exploratórias têm como propósito proporcionar maior familiaridade com o  problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Seu planejamento tende a ser bastante flexível, pois interessa considerar os mais variados aspectos relativos ao fato. A coleta de dados pode ocorrer de diversas maneiras, mas, geralmente, envolve primeiro um levantamento bibliográfico, segundo entrevistas com pessoas envolvidas e por último  análise de exemplos que estimulem a compreensão. (GIL 2010, p.41). 

Assim, para aplicar a pesquisa exploratória foi realizada uma pesquisa bibliográfica  em materiais impressos ou arquivos virtuais, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e canais de eventos científicos   publicados sobre o tema abordado. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura ampla do que poderia pesquisar diretamente, sendo indispensável aos diversos estudos  de abordagem científica.  

Em virtude do objeto de estudo, a sala de aula, foi utilizada a técnica de pesquisa – ação que é uma modalidade de pesquisa,  que proporciona a aquisição de conhecimentos claros, precisos e objetivos. Pode ser definida como “um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação, ou ainda, com a resolução de um problema coletivo, em que  pesquisadores e participantes estão envolvidos de modo cooperativo’’ (THIOLLENT, 1985, p.14).  

Sob a concepção de Severino, (2007, p.120), a pesquisa – ação é aquela que além de possibilitar a compreensão do fenômeno estudado, ela visa uma intervenção  na situação, com vistas a modificar tal realidade, aplicando o conhecimento científico para  uma finalidade intencional de alteração da situação pesquisada.  

Em face do estudo aqui apresentado, efetivou-se  a análise dos resultados  pelo método qualitativo, conforme estabelece o Manual de Normas Técnicas da ABEC  

Elaborando Trabalhos Científicos (2008, p.67)  citando Richardson (1999), tal método pode ser caracterizado como uma tentativa de  compreensão detalhada dos significados e características apresentados pelos públicos envolvidos na pesquisa. 

No contexto de preparação do acadêmico, futuro pedagogo, A  Instituição de Ensino Superior IES Faculdades Unidas do Vale do Araguaia fez a  junção do Estágio Curricular Supervisionado III com o desenvolvimento da pesquisa-ação, com o intuito  de ressignificar a regência em sala de aula e a pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso. 

Esta  pesquisa foi realizada com a turma do 5.º ano do Ensino Fundamental, a qual era composta por 19 alunos com idade entre nove a onze anos de idade. A  pesquisa-ação foi realizada em 20 horas de carga horária, das quais, duas horas foram reservadas para aplicação da intervenção pedagógica, que se deu por meio de conversa com o aluno objeto de estudo desta pesquisa e aplicação de três atividades: contação de história, leitura e compreensão do texto e prática de escrita, ações desenvolvidas para identificar o nível de alfabetização do aluno em questão e avaliar o desempenho dele diante dos estímulos pedagógicos dessa intervenção.     

 A análise dos resultados da pesquisa está descrita neste trabalho e ressalta-se que esta  deixa margem para outros estudos,  que podem contribuir para melhorar o trabalho dos professores alfabetizadores e provocar um novo olhar sobre a apropriação do sistema de escrita na alfabetização de alunos no Ensino Fundamental I.  

4RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A pesquisa-ação que deu origem a este trabalho foi realizada num Centro Municipal de Educação Básica CMEB – cidade de Barra do Garças – MT; na turma do 5° ano do Ensino Fundamental, no período matutino, envolvendo 19 alunos – 10 meninas e 9 meninos e a professora titular, este público cooperou com a pesquisa de forma voluntária.  

A intervenção pedagógica foi executada durante a regência de aulas no Estágio Supervisionado III, numa carga horária de 20 horas – no período de março a junho do ano de 2018. Durante o planejamento das ações identificou-se a necessidade de uma conversa com a professora titular sobre as práticas de leitura na sala – registrando-se as obras literárias ou histórias que havia  sido utilizadas, recentemente, naquela sala; indagou-se também, sobre  as preferências da turma, em relação à leitura de literatura; a partir disso, elegeu-se os gêneros literários para a intervenção pedagógica.  Na etapa seguinte foi realizada uma pesquisa na biblioteca da escola e na internet para reunir as obras e textos apontados pelos alunos: literatura infantil, poemas, contos. As atividades pertinentes à pesquisa foram  organizadas em: observação em sala de aula; roda de conversa com os alunos, contação de história, leitura deleite em dupla de alunos, atividade de escrita, leitura individual acompanhada pela pesquisadora e escrita individual.  

Durante a pesquisa e regência de aulas foi possível perceber que alguns alunos apresentavam dificuldade na escrita, especialmente, ao elaborar as respostas nas atividades escritas. Mas, de forma geral, a maioria acompanhou bem os conteúdos ensinados; muitos conseguiram interpretar os textos e resolver as situações problemas, ou seja, não dependeram muito da ajuda da pesquisadora.  

Logo nas primeiras horas de regência a turma começou a ter mais interação em sala de aula e apresentou-se bem cooperativa e nos  últimos dias da pesquisa foram alcançados os objetivos da pesquisa, houve bastante avanço no desempenho dos alunos, algumas crianças que apresentavam muita dificuldade passou a interagir na sala de aula, considerando a realidade delas. Pois, em alguns momentos elas se mostravam desmotivadas e resistentes aos incentivos de participação ofertados pela pesquisadora. 

Em decorrência das atividades foram utilizados como  recursos pedagógicos : lousa, pincel, caderno, lápis, borracha, livros de literatura infantil, recorte de revistas, cola, papel cartão, material concreto e jogos pedagógicos, computador e data show. Então, foram planejadas as atividades de intervenção pedagógica, as quais foram aplicadas, primeiramente com a turma completa do 5º ano, para cada atividade foi realizado um diagnóstico geral e um individual dos alunos. No final, foram apontados dois alunos, um menino e uma menina não alfabetizados, deles dois, foi escolhido o menino, ao qual foi dado um nome fictício de “Pedro”. 

O aluno “Pedro” tinha 11 anos de idade, era repetente do 5º ano, por evasão escolar. Segundo informações colhidas na secretaria da escola, esse aluno residia no Abrigo Municipal e a professora titular informou que tal criança às vezes não interagia na sala e apresentava resistência diante da aprendizagem, portanto, não apresentava desempenho escolar satisfatório. 

Diante dessa realidade, a pesquisadora voltou à escola e solicitou autorização para aplicar as atividades de intervenção pedagógica para o “Pedro”, em uma sala reservada; ou seja, de forma individual. Nessa estratégia foram aplicadas as seguintes atividades: uma breve conversa de abordagem pedagógica com o aluno, foram apresentados diferentes textos, de diferentes gêneros textuais, foi realizada uma contação de historia, foi realizada uma tentativa com atividade escrita. Durante esse processo foi confirmado que o aluno em questão não estava alfabetizado, mas ele se revelou um bom copista; tendo em vista que registrava as letras, mas não formava sílabas nem identificava as letras no teste de reconhecimento. Por conseguinte, foi testado a linguagem oral dele, ao recontar a história curta, o aluno salteou algumas partes; já na atividade com figuras, o aluno imitou o que seria o registro das palavras, mas trocava bastante as letras empregadas. 

Por fim, pode-se dizer que o aluno “Pedro” estava no nível 1 da alfabetização, visto que apresentava na escrita a quantidade mínima de letras na formação de palavras simples e de forma  desordenada. Conforme Ferreiro e Teberosky (1999, p.193) “Escrever é reproduzir os traços típicos da escrita que a criança identifica como forma básica da própria escrita. Para as autoras, ” a interpretação da escrita  ocorre mesmo que a escrita tenha similaridade, sendo considerada  a intenção da criança, ou seja, porque a leitura de uma palavra é diferente da outra. 

Considerando esses preceitos, o caso do aluno “Pedro” é atípico,  no que se refere ao fato de que ele já estava no 5º ano do ensino fundamental e com idade de 11 anos. Porém, vale ressaltar que não houve uma investigação sobre a vida extra escolar do aluno, da mesma forma, foi dito pela secretaria da escola que o aluno não era portador de laudo médico que atentasse alguma deficiência ou transtornos de aprendizagem. 

 No tocante à Turma, a maioria dos alunos  acompanhou bem os conteúdos ensinados; muitos conseguiram interpretar os textos e resolver as situações problemas, ou seja, não dependeram muito da ajuda da professora. Mesmo assim,  a educadora titular da sala adotava um Plano de Ação, voltado para aulas de reforço escolar  contra turno, das quais, o “Pedro” era participante.  A professora destacou que  o aluno “Pedro” apresentava-se, na maioria das vezes, de forma agressiva com os colegas e indisciplinado com a professora e ela disponibilizava bastante tempo para persuadi-lo a adotar um comportamento adequado diante dos colegas e da aprendizagem. 

A respeito do desempenho escolar do Pedro, ele apresentou habilidade com os números na disciplina de matemática; na  Língua Portuguesa, “Pedro” ainda confundia bastante as letras consoantes, porém, copiava sem dificuldade os textos da lousa, dos livros e dos cadernos dos colegas. 

Quanto à postura da professora titular, ela apresentou-se  muito paciente com as crianças, mantinha a sala sempre em ordem e se empenhava para atender às necessidades dos alunos. Sua metodologia em sala de aula incluía momentos de leitura com os alunos e atividades escritas, da lousa ou do livro didático; porém, ela não obtinha sucesso com o aluno  “Pedro” na maioria das atividades que desenvolvia com a turma. Para os alunos que apresentaram desânimo e dificuldades na leitura e escrita, foram orientadas as atividades e acompanhadas individualmente. Dessa forma, a pesquisa no 5º ano ocorreu de forma satisfatória e não houve fatos negativos a relatar.  

A partir do desenvolvimento da pesquisa-ação na sala de aula é importante registrar que as atividades da intervenção pedagógica foram de muita valia para a aprendizagem e formação profissional da pesquisadora, o contato com os alunos e a professora titular resultou em experiências que servirão de base para o exercício profissional da pedagoga, no campo da educação formal, do ensino fundamental. 

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A realidade do processo de alfabetização no Brasil, em muitos casos, ainda apresenta fatores que fogem a um contexto dito favorável para a aprendizagem do aluno. Então, mesmo na perspectiva de muitas mudanças implantadas para priorizar os direitos de aprendizagem do aluno, muito se tem negligenciado esse direito, por conta de questões sociais e financeiras, principalmente. Nesse contexto, surgem muitas críticas sobre as práticas de alfabetização que supostamente geram resultados considerados pouco satisfatórios, esses resultados são atribuídos, preterivelmente, a um processo de ensino aprendizagem extremamente tradicional, que perdurou por muito tempo.  

Porém, considerando a formação do indivíduo, no que se trata da escolarização, percebe-se que, apenas, a escola não dá conta de garantir tal direito a todos, pois, um aluno é antes de tudo um indivíduo que carrega consigo as marcas de uma família, seja ela bem estruturada ou não. Assim, pode dizer que isso torna-se determinante para o desempenho escolar do aluno; ou seja, pode a escola ofertar os melhores recursos ou promover as melhores estratégias, e o professor aplicar uma “santa” didática, todavia,  se o aluno não teve um bom acompanhamento escolar, se ele foi matriculado de forma tardia, se pulou etapa por conta de sua idade e não do seu conhecimento, dificilmente haverá progresso escolar e formação de cidadão, em casos assim. 

Em face disso, a escola é campo de experimentos, no qual não há  receitas prontas para solucionar ou minimizar os diversos problemas que surgem diariamente e a diversidade de desafios que ela oferece deve instigar em cada educador a vontade de desenvolver pesquisas para contribuir com a superação das muitas adversidades que se apresentam no cotidiano escolar. Sendo assim, não se pode subestimar os desafios que circundam a sala de aula, dando a eles um tratamento padronizado, que não atende às reais necessidades do aluno.  

Ademais, repetir o discurso de que o professor, solitariamente, é responsável pelo sucesso ou o fracasso de uma sala de aula, torna-se apenas uma forma de mascarar a realidade e engrossar os pseudos índices de educação de qualidade no Brasil. Isso não quer dizer que não se deve avaliar e reavaliar o processo de ensino aprendizagem, mas, que muitas realidades são atípicas e não estão retratadas nas literaturas de sucesso. 

6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

ABEC – UNIVAR – FACULDADES UNIDAS DO VALE DO ARAGUAIA. Elaborando Trabalho Científico – Normas para apresentação e elaboraçãoBarra do Garças  (MT): Editora ABEC, 2015. 

BRASIL. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa PNAIC, 2017. Disponível em <http://pacto.mec.gov.br .  Acesso em : 16 fev 2018. 

BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. A criança no ciclo de alfabetização. Brasília: MEC, SEB, 2015. Disponível em :<http://pacto.mec.gov.br>. Acesso em 10 mar 2018. 

BRASIL. Ensino Fundamental de Nove Anos. Disponível em:< http://portal.mec.gov.br/ensino-fundamental-de-nove-anos>. Acesso em: 02 jul 2018. 

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o ba-be-bi-bo-bu. Ed. Scipione. São Paulo. 1998. 

CARVALHO R.E. A nova LDB e a Educação Especial. São Paulo: WVA, 2007. 

CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática Petrópoles, RJ:Vozes,2009. 

FERREIRO, Emília. Alfabetização em processo – São Paulo: Cortez,2009. 

FERREIRO, E. ; TEBEROSKY, A. Psicogênese da Língua Escrita. 20. ed. Porto Alegre: Artmed, 1999. 

________________. Com todas as letras. Editora Cortez. São Paulo. 1993. 

________________. Reflexões sobre alfabetização. Editora Cortez. São Paulo. 1991. 

FERNANDES, Cássia Leticia. Alfabetização hoje: Teorias, Concepções Vigentes e Práticas Docentes dos Professores Alfabetizadores. Disponível em: <http://www.unisalesiano.edu.br>. 

LOPES, Janine Ramos. Caderno do educador : alfabetização e letramento 1. – Brasília : 

Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2010. Disponível em:http://portal.mec.gov.br.Acesso em: 28 mar 2018. 

MADRI, Liliana Fraga dos Santos. Consciência fonológica, sistema de escrita alfabética e letramento: sequências Didáticas na alfabetização. Disponível  em: < http://xanpedsul.faed.udesc.br>. Acesso em: 28 mar 2018. 

MOLL, Jaqueline. Alfabetização possível: reinventando o ensinar e o aprender. Porto Alegre: Ed. Mediação, 1996. 

MORTATTI, M. R. L. História dos Métodos de Alfabetização no Brasil. Departamento de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental da Secretaria de Educação Básica do Brasília, DF: Ministério da Educação, 2006. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 03 mar. 2018. 

PIAGET, Jean. Problemas de psicologia genética.São Paulo: Abril Cultural, 1983. 

SANTOS, Carmi Ferraz.Alfabetização e escolarização: A instituição do letramento escolar. In: SANTOS, C.F.; MENDONÇA, M. (Org.). Alfabetização e letramento: Conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.p.23-36. 

SHIMAZAKI, Elsa Midori.et .al. Causas das dificuldades na leitura  e escrita. Disponível em: <http://wwwgestaoescolar.diaadia.pr.gov.br . Acesso em : 17 fev 2018.