AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS DE LEITURA E ESCRITA

ACQUISITION AND DEVELOPMENT OF READING AND WRITING SKILLS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202410131301


Nathália Gonçalves Sales


RESUMO

O processo de aquisição e desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita constitui uma etapa fundamental e de extrema relevância para a inserção social e o sucesso acadêmico do aluno, especialmente em sociedades que valorizam a língua escrita. Este estudo tem como objetivo contribuir para o aprofundamento do conhecimento acerca dos métodos de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita em crianças durante o processo de alfabetização. Enfatiza-se a importância deste conhecimento na formação de novos educadores, bem como os desafios associados ao processo educativo. O propósito deste artigo é compreender o processo de aquisição e desenvolvimento das competências de leitura e escrita. Para tal, foi adotada uma abordagem metodológica qualitativa, que incluiu uma revisão exploratória e criteriosa da literatura, selecionando obras relevantes que permitiram a organização e síntese das ideias de acordo com sua importância, visando a fixação das ideias centrais para a solução do problema de pesquisa. Nesse contexto, a discussão não se limita a escolher entre alfabetização ou letramento, mas sim a harmonização desses dois processos, garantindo aos alunos a apropriação do sistema alfabético-ortográfico e a capacidade de utilizar a língua em práticas sociais de leitura e escrita. Observa-se, portanto, que a ação pedagógica mais eficaz e produtiva é aquela que integra, de maneira simultânea e articulada, a alfabetização e o letramento.

Palavras-chave: Escrita. Leitura. Alfabetização. Letramento.

ABSTRACT

The process of acquiring and developing reading and writing skills constitutes a fundamental and extremely relevant stage for the student’s social insertion and academic success, especially in societies that value written language. This study aims to contribute to deepening knowledge about the methods of acquiring and developing reading and writing in children during the literacy process. The importance of this knowledge in the training of new educators is emphasized, as well as the challenges associated with the educational process. The purpose of this article is to understand the process of acquiring and developing reading and writing skills. To this end, a qualitative methodological approach was adopted, which included an exploratory and careful review of the literature, selecting relevant works that allowed the organization and synthesis of ideas according to their importance, aiming to establish the central ideas for solving the research problem. In this context, the discussion is not limited to choosing between literacy or literacy, but rather the harmonization of these two processes, guaranteeing students the appropriation of the alphabetic-spelling system and the ability to use the language in social practices of reading and writing. It is observed, therefore, that the most effective and productive pedagogical action is the one that integrates, in a simultaneous and articulated way and literacy.

Keywords: Writing. Reading. Literacy.

INTRODUÇÃO

O processo de aquisição e desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita constitui uma fase de extrema importância e fundamental para a integração social e o sucesso acadêmico do aluno, especialmente em sociedades que valorizam de forma significativa a língua escrita. Historicamente, a aprendizagem da leitura e escrita restringia-se à capacidade de decifrar símbolos e posteriormente combiná-los até formar um texto coerente. Entretanto, na contemporaneidade, as demandas sociais em torno das competências de leitura e escrita se intensificaram, resultando em uma preocupação crescente entre educadores, políticas públicas e instituições escolares. Nesse contexto, a alfabetização tornou-se uma questão central, exigindo métodos de ensino que não apenas assegurem a competência dos alunos em leitura e escrita, mas também promovam o seu desenvolvimento integral.

Este artigo tem como objetivo aprofundar o entendimento dos métodos utilizados na aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita em crianças durante o processo de alfabetização. Enfatiza-se a importância desse conhecimento tanto para a formação de novos educadores quanto para a análise dos desafios que caracterizam o processo educativo. O estudo é direcionado também a profissionais responsáveis pela concepção e implementação de novas metodologias pedagógicas, considerando que a alfabetização — o estágio inicial da aquisição das habilidades de leitura e escrita — é uma questão de grande relevância, especialmente no contexto do fracasso escolar. O fracasso escolar, por sua vez, está intimamente ligado aos elevados índices de analfabetismo. Dessa forma, é crucial a realização de investigações que visem compreender essa problemática, com o intuito de contribuir para seu enfrentamento e propor soluções eficazes.

As razões que motivaram a escolha desta temática residem no interesse intrínseco pelo assunto e na necessidade de aprofundamento teórico e prático, considerando a formação como futuras educadoras. Compreende-se que a aquisição e o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita são conhecimentos fundamentais para a atuação na profissão de pedagoga, seja na função de docente ou na gestão escolar. Nesse sentido, buscou-se aprimorar a compreensão do processo de aquisição da leitura e escrita por meio da análise de artigos acadêmicos e obras de autores renomados, que proporcionaram um entendimento mais profundo sobre o tema. O direito à leitura é entendido como o direito ao desenvolvimento das potencialidades intelectuais e espirituais, promovendo a aprendizagem e o progresso individual.

Observa-se que o debate sobre esse tema é de grande relevância para os profissionais da educação, pois permite uma análise aprofundada e uma compreensão mais ampla, possibilitando o surgimento de novas discussões que poderão contribuir para a construção de conhecimentos e reflexões acerca da aquisição e desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita no processo de alfabetização e letramento. Nesse contexto, surge a seguinte questão: de que maneira é possível promover o desenvolvimento da leitura e da escrita durante o processo de alfabetização e letramento? Quando uma criança é inserida em uma turma de alfabetização, é essencial que ela seja introduzida de forma contínua e eficaz no sistema alfabético. Dessa forma, o professor deve assumir um compromisso integral com o processo de ensino e aprendizagem, estimulando ativamente a aquisição e o desenvolvimento das competências de leitura e escrita.

O objetivo deste artigo é compreender o processo de aquisição e desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. Para alcançar esse propósito, foi adotada uma metodologia de pesquisa qualitativa, que envolveu uma leitura exploratória e a seleção criteriosa de materiais, com base na análise de obras relevantes que permitiram a organização das ideias por ordem de importância e a sua subsequente síntese, visando à identificação e fixação das ideias essenciais para a resolução do problema de pesquisa. A pesquisa fundamentou-se em métodos teóricos e bibliográficos, complementados pelo uso de fontes documentais acessadas em sites, revistas acadêmicas, documentários, livros, entre outros recursos.

DESENVOLVIMENTO

De acordo com Santos (2016), a leitura é um processo de compreensão que envolve diversos aspectos, incluindo fatores naturais, econômicos, neurológicos e políticos. A relação entre os sinais gráficos e os sons, utilizada para decodificar o código linguístico e captar a ideia ou conceito transmitido, constitui uma busca pela correspondência entre o texto e a linguagem falada, além da interpretação dos símbolos e seus significados.

Conforme Abud (2018), a leitura constitui uma forma de comunicação através de textos impressos, transmitindo informações que enriquecem a interação entre o leitor e o texto, promovendo a exploração, identificação, aprendizado e uso dos sinais linguísticos.

Na perspectiva de Martins (2008), a escrita serve como uma representação da linguagem oral, sendo relacionada à expressão de significados, conceitos, ideias e emoções por meio de símbolos gráficos, em oposição à comunicação baseada em sons.

De acordo com Soares (2010), a transição da linguagem auditiva para a linguagem visual ocorreu com o surgimento dos primeiros sistemas de escrita. Portanto, é plausível que estudos conclusivos sobre a evolução de uma forma de linguagem em relação a outra reconheçam a transformação da linguagem auditiva em visual, como ilustrado pela escrita.

Abud (2018) aponta que a necessidade de comunicação humana remonta ao período pré-histórico, quando as mensagens eram registradas nas cavernas por meio de pinturas e formas rudimentares. Esses registros garantiam a transmissão de informações através de imagens e dos significados atribuídos a cada representação.

Nesse contexto, os estudos sobre a linguagem, no âmbito do desenvolvimento evolutivo, indicam que a autonomia intelectual está intimamente vinculada à prática da escrita. Para que o aluno alcance essa autonomia, é essencial que compreenda tanto a leitura quanto a escrita, empregando atividades gráficas para adquirir conhecimento por meio da linguagem oral. É relevante destacar que a compreensão da leitura e da escrita é uma preocupação estatal, funcionando como um indicador significativo do progresso social.

De acordo com Santos (2016), os indivíduos não nascem completamente formados; eles precisam ser desenvolvidos não apenas no ambiente escolar, mas em todos os aspectos do comportamento humano. A aprendizagem da leitura e da escrita deve ser iniciada desde o momento em que a criança começa a formar suas primeiras palavras.

Abud (2018) ressalta que a leitura é fundamental para a aquisição de conhecimento cultural e escolar, enquanto a escrita atua como um meio de comunicação. Dessa forma, ao utilizar a leitura e a escrita, o ser humano tem a capacidade de compartilhar suas ideias e expressar seus pensamentos.

Smolka (2013) e Soares (2009) argumentam que o ensino da língua deve ser estruturado em torno do exercício discursivo, englobando textos orais e escritos em diversos formatos e tipos. Esse processo é influenciado pela natureza da produção de quem fala ou escreve, bem como pelo público, o contexto e o local da comunicação. Santos (2016) enfatiza que o estudo da leitura e da escrita são processos contínuos e essenciais ao longo da vida. Estas habilidades são componentes fundamentais e indispensáveis para o desenvolvimento do indivíduo na sociedade, sendo a escola um dos ambientes onde as crianças têm acesso à leitura sistemática por meio de livros e outros recursos.

Segundo Soares (2015, p. 3), a concepção de letramento não considera a língua apenas como um meio de comunicação ou ferramenta de julgamento, mas como um processo de influência recíproca, no qual o interlocutor constrói significado e definição ao longo das interações linguísticas, desenvolvendo significados com base na relação que estabelece com a língua e com o tema abordado.

De acordo com Santos (2016), a proficiência em leitura e escrita, assim como o sucesso acadêmico dos alunos, está profundamente relacionada à alfabetização realizada nos primeiros cinco anos da educação básica. Nesse cenário, é essencial adotar uma abordagem diferenciada para a alfabetização, proporcionando aos alunos diversas modalidades de leitura que atendam a seus interesses individuais, coletivos e faixas etárias.

Ferreiro (2013) esclarece que o conceito de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita visa constantemente a busca por sentido, estrutura e eficiência em sua aplicação. Esse conceito é frequentemente caracterizado por deficiências historicamente reconhecidas. A capacidade de segmentar palavras em sílabas representa um avanço substancial no enriquecimento do vocabulário. O acompanhamento das transformações exige que os educadores desenvolvam novas estratégias para tornar o processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita mais dinâmico e envolvente.

Dando continuidade às investigações, o artigo de Aguiar e Pelandre (2010) aborda o processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita a partir de dois eixos principais: a organização dos ambientes de alfabetização e a sistematização teórico-metodológica da língua escrita. Em consonância com a necessidade de refletir em sala de aula o que a criança já conhece do mundo real, as autoras enfatizam a importância de posicionar a criança e suas experiências no centro dos processos de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita.

Melo e Magalhães (2013) ocasionam, já no principal tópico do artigo, a diferença entre os conceitos de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita, apontando a importância dos referidos processos caminharem simultaneamente, conforme sinalizou Soares (2015). As autoras pesquisam uma turma de 2º ano do ensino fundamental, observando as atividades de aquisição e desenvolvimento da escrita e leitura em sala de aula, destacando o trabalho com a leitura, a produção de texto, a oralidade e com o sistema de escrita alfabética (SEA).

Enfatizam a importância da implementação de atividades estruturadas de forma uniforme para a reflexão sobre palavras, considerando essas práticas como um recurso essencial no início da alfabetização, o que contribui para a revisão dos métodos tradicionais de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita. Observam que o papel do professor como mediador é crucial.

A mediação eficaz envolve a criação de técnicas de aprendizagem que promovam a inclusão dos alunos, considerando as diversas abordagens no processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita. Nesse contexto, Correia (2013) destaca que o processo inicial de leitura deve incluir a intervenção do professor como um elemento fundamental para que as crianças se adaptem a práticas pedagógicas significativas.

Por meio de um estudo realizado com professoras especializadas em aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita em uma escola municipal de São Luís, no Maranhão, a autora examina as concepções de leitura que fundamentam as práticas pedagógicas dessas profissionais. Ao observar os métodos de leitura empregados em sala de aula, Correia (2013) conclui que a pesquisa revelou uma carência de percepção entre as professoras quanto ao processo de aquisição da leitura, o qual é abordado de maneira que confere diferentes significados ao texto.

Dado o papel crucial da aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita na formação dos alunos, é imperativo iniciar o processo de ensino e aprendizagem o quanto antes. A escola deve servir como o ambiente primário para o início da alfabetização, e este processo deve ser conduzido de forma sistemática durante os primeiros quatro anos da escolarização.

Conforme Cruz (2015), a proficiência em leitura e escrita constitui um desafio que demanda compreensão e dedicação por parte do educador. Essa competência influencia diretamente a formação analítica e crítica dos alunos, podendo determinar seu sucesso ou fracasso acadêmico e assegurar seus direitos ao desenvolvimento dessas habilidades essenciais. A autora enfatiza que a escola deve focar prioritariamente no desenvolvimento das competências de leitura e escrita dos alunos, consolidando assim o processo de alfabetização.

Por outro lado, Steupp (2011), em sua pesquisa, buscou integrar as percepções sobre a aquisição e o desenvolvimento da leitura e escrita para os professores especializados em alfabetização. O estudo visa entender a organização da prática escolar e enfatiza a importância de um diálogo multicultural. Este diálogo não se limita a expressões culturais de prestígio das camadas sociais dominantes, mas também inclui as manifestações culturais das camadas populares da sociedade, tornando-as objetos de estudo. No processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita, o papel dos livros didáticos e de outros materiais impressos continua sendo alvo de críticas no contexto de letramento e alfabetização em sala de aula.

De maneira semelhante, Macedo (2007) investiga como os professores dos ciclos iniciais se adaptam às novas concepções de ensino e aprendizagem. Em sua pesquisa, conduzida em duas escolas distintas, a autora observa que as práticas de letramento e leitura dos textos selecionados, a organização da sala de aula e, especialmente, os modos e momentos de utilização dos livros didáticos influenciam significativamente as práticas pedagógicas de alfabetização.

Por sua vez, Vieira (2015) examina o uso de recursos impressos no processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita. Neste estudo, a autora realiza uma investigação documental, analisando duas fontes distintas: cadernos de planejamento de uma professora alfabetizadora e livros destinados ao ensino inicial da leitura e da escrita, abrangendo o período de 1970 a 2000.

O estudo revela que os livros de apoio utilizados pela professora na preparação de suas aulas são as cartilhas. Observa-se claramente que as concepções de conhecimento, aprendizagem e ensino da leitura e escrita são fundamentadas em uma abordagem mecanicista da alfabetização, alinhada aos métodos tradicionais de aquisição e desenvolvimento dessas habilidades.

As atividades propostas para leitura e escrita estão restritas à codificação e decodificação de palavras, indicando que o processo de alfabetização observado é inteiramente mecanicista. Atividades que exigem um nível mais profundo de reflexão não foram incluídas. Essas práticas foram identificadas por meio da análise dos cadernos de planejamento das aulas, evidenciando que o processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita é exclusivamente técnico, baseado em repetição e memorização.

Aguiar (2017), ao analisar documentos oficiais, observar aulas e conduzir entrevistas com professores alfabetizadores do 1º ano de escolarização da rede municipal, fez reflexões significativas sobre os desafios enfrentados com a entrada de crianças de seis anos no 1º ciclo do Ensino Fundamental.

Para a autora, a exigência legal e legítima impõe muitos desafios, especialmente no que se refere à diversidade das infâncias, frequentemente negligenciada pelos sistemas de ensino na implementação da legislação. Aguiar ressalta as inconsistências entre as diretrizes estabelecidas nos documentos oficiais e as práticas efetivamente adotadas nas redes de ensino, particularmente em relação à formação dos professores, à prática pedagógica em sala de aula e às metodologias empregadas. A autora também expressa uma preocupação constante com a necessidade de antecipar um processo sistemático de apropriação do sistema de escrita alfabética.

Magalhães e Muller (2015) investigam a organização do tempo escolar destinado ao ensino de língua portuguesa nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Por meio de uma pesquisa realizada em seis turmas de 1º ano de escolas públicas, as autoras analisam as práticas dos professores em relação à organização do tempo escolar e às bases curriculares.

As autoras concluem que os currículos apoiam a implementação de práticas voltadas para a aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita, incluindo os “direitos de aprendizagem” correspondentes a cada ano de escolaridade, tanto no 1º ciclo quanto no 2º ciclo. Elas destacam que a organização adequada do tempo é fundamental para o processo de ensino-aprendizagem, proporcionando práticas pedagógicas significativas ao longo do desenvolvimento escolar.

Concluem que as práticas pedagógicas observadas enfrentam desafios significativos, com vários aspectos ainda a serem investigados. No entanto, também destacam a presença de práticas extremamente eficazes que favorecem um processo significativo de apropriação da leitura e escrita.

Souza e Cardoso (2012) realizam uma análise de uma pesquisa de Mestrado em Educação conduzida em escolas municipais de Várzea Grande – MT. Essas instituições estão situadas em bairros periféricos, predominantemente frequentadas por estudantes de camadas populares. Ao abordar inicialmente as questões relacionadas ao insucesso escolar no ensino e aprendizagem da leitura e escrita no Brasil, as autoras buscam identificar e documentar práticas bem-sucedidas para a aquisição e desenvolvimento dessas habilidades nas escolas analisadas.

A partir da observação e análise das experiências profissionais e dos conhecimentos orientadores expressos pelos professores alfabetizadores incluídos na pesquisa, as autoras destacam que os resultados positivos são decorrentes de práticas pedagógicas fundamentadas nas abordagens teóricas do Construtivismo e do Interacionismo.

As atividades consideradas significativas para os professores que conduzem o processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita contribuem para um aspecto positivo da aprendizagem. Nesse contexto, Fritzen e Silveira (2009) investigam esses conhecimentos a partir da percepção infantil e da compreensão que a criança tem do ambiente escolar, enfatizando a importância da relação entre letramento e alfabetização. Contudo, as autoras afirmam que as experiências e conhecimentos adquiridos através da percepção da criança podem favorecer significativamente a aquisição e o desenvolvimento da leitura e escrita nas salas de aula.

Soares (2015) destaca que o conhecimento sobre o contexto familiar das crianças pode ser valioso no ambiente escolar, pois pode ser integrado nas atividades de produção de textos e leitura. O professor desempenha um papel crucial na formação da relação positiva que a criança desenvolve com a leitura e a escrita.

Aguiar (2017) argumenta que o suporte adequado a essas atividades é fundamental para o progresso contínuo no processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita ao longo da trajetória escolar da criança. Dada a escola como o principal ambiente onde os alunos têm amplas oportunidades de interação com a leitura e a escrita, especialmente para aqueles socialmente desfavorecidos, é imperativo que se ofereça aos professores ambientes e recursos diversificados que favoreçam um trabalho eficaz e comprometido com a alfabetização e o letramento.

Entre as práticas destacadas no processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita, a narração de histórias infantis surgiu como uma atividade particularmente significativa. Esta prática gerou uma série de outras atividades, incluindo a criação e narração de histórias pelas crianças, bem como a realização de desenhos, jogos e a leitura e escrita de pequenos textos. O trabalho com a literatura infantil é crucial para engajar as crianças no processo de leitura e escrita.

O papel do educador, no desenvolvimento das habilidades leitoras da criança, deve ser especialmente influente, refletindo sua própria abordagem como leitor, particularmente de textos literários. Além disso, o educador atua como mediador no processo de formação dos alunos como leitores. Segundo Paiva (2015), é fundamental que o educador reconheça a leitura literária como uma “fonte essencial” para a educação da sensibilidade e a compreensão do mundo, valorizando sua linguagem, mesmo que não seja acessível a todos. Essa confiança na prática do educador como leitor pode propiciar experiências genuínas de letramento literário em sala de aula.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo possui relevância fundamental para a formação acadêmica, destacando a necessidade de aprofundar o estudo sobre a aquisição e o desenvolvimento da leitura e escrita. Há um consenso de que o trabalho com a linguagem deve ser imerso em contextos culturais ricos e diversificados. A prática do letramento desempenha um papel crucial em tornar o processo de leitura uma experiência envolvente e gratificante.

Nesse contexto, a linguagem exige uma abordagem atenta e interpretativa. É imperativo empregar uma variedade de estratégias para introduzir o universo linguístico aos estudantes. A eficácia desse processo está intimamente relacionada à forma como o educador estrutura e implementa seu conteúdo, tanto dentro quanto fora da sala de aula, e à sua interação com os alunos. As intervenções pedagógicas, o uso de materiais variados e as abordagens diferenciadas são essenciais para um processo de ensino e aprendizagem eficaz. Assim, é vital que a educação considere e valorize o contexto social dos alunos, promovendo um ambiente de aprendizagem que reflita e respeite suas realidades e necessidades.

A aquisição e o desenvolvimento da leitura e da escrita não devem ser considerados meramente como a aplicação de uma grafia convencionalmente correta, mas sim como um processo complexo que requer a intervenção cuidadosa do educador para facilitar o avanço dos alunos em suas compreensões. Esse processo é essencialmente mediado por meio de intercâmbio e interações contínuas.

A pesquisa evidencia que existem múltiplas abordagens para o ensino da escrita. A alfabetização envolve a criação de condições que permitem à criança ler e escrever de forma adequada, com uma orientação direcionada ao domínio do processo de escrita. Atualmente, o campo educacional está evoluindo para aprimorar a aquisição e o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, refletindo um compromisso com práticas pedagógicas mais eficazes e abrangentes.

No processo de alfabetização e letramento, é crucial que os educadores compreendam com precisão os critérios envolvidos. A alfabetização é um método especializado e essencial para a assimilação do sistema de escrita, que inclui a aquisição das habilidades alfabéticas e ortográficas necessárias para que o aluno possa ler e escrever com autonomia. A literacia é um mecanismo fundamental para a inclusão e o conhecimento dentro da tradição da escrita. Esse processo inicia-se quando a criança começa a familiarizar-se com as diversas formas de escrita presentes na sociedade e continua ao longo de sua vida, aumentando sua participação nas práticas sociais que envolvem a linguagem escrita.

A aquisição e o desenvolvimento da leitura e da escrita são processos interdependentes. Portanto, é imperativo que se implementem técnicas inovadoras que valorizem a atuação do educador alfabetizador. Este profissional deve estar em contínuo processo de formação para reconhecer plenamente sua responsabilidade como formador de cidadãos críticos e comprometidos com a sociedade.

Esta pesquisa postula que a aquisição e o desenvolvimento da leitura e da escrita são processos distintos, porém inter-relacionados e essenciais para a proficiência dos alunos nessas habilidades. Cada um desses processos possui suas especificidades, mas ambos são indispensáveis para a completa assimilação da leitura e da escrita pelos educandos.

No presente contexto, não se trata de optar entre alfabetização e letramento, mas de integrar esses dois processos de forma harmoniosa, garantindo aos alunos a apropriação efetiva do sistema alfabético ortográfico e as competências necessárias para o uso da língua nas práticas sociais de leitura e escrita. Observa-se que a abordagem pedagógica mais eficaz e produtiva é aquela que, de maneira abrangente e simultânea, considera tanto a alfabetização quanto o letramento.

É fundamental compreender que o processo de estudo é complexo e demanda um tempo considerável, não ocorrendo de forma imediata. Esse processo exige a integração de múltiplos fatores, muitos dos quais transcendem o ambiente escolar, incluindo aspectos sociais, econômicos, tecnológicos e políticos, os quais frequentemente influenciam os objetivos educacionais. O papel da escola contemporânea reside em sua capacidade de apoiar a redefinição dos conhecimentos e valores, os quais são cruciais para a construção de novos cenários em um mundo simultaneamente pleno e intercultural.

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