APOSENTADORIA RURAL: UMA ANÁLISE ACERCA DO ACESSO DA COMUNIDADE RURAL A ESSE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11528063


Artur Jeferson Spindula Vieira
Orientação: Esp. Eder Raul Gomes de Sousa


RESUMO 

O papel crucial da Previdência Social no Brasil, especialmente para os trabalhadores rurais, tem sido marcado por desafios persistentes. Apesar das reformas legislativas, a obtenção da aposentadoria por idade permanece uma batalha devido à informalidade e à falta de documentação. Este estudo visa investigar essas dificuldades, analisando causas da informalidade e da falta de documentos, além de avaliar mudanças legislativas. Objetiva-se também avaliar o conhecimento dos trabalhadores rurais sobre seus direitos previdenciários. O estudo busca não apenas compreender esses desafios, mas também propor medidas para melhorar o acesso à aposentadoria rural, visando garantir a seguridade social no campo. A análise dos requisitos documentais, o impacto das mudanças legislativas e o nível de conhecimento da comunidade rural são focos deste estudo. Espera-se que este trabalho forneça insights valiosos para aprimorar políticas públicas previdenciárias, promovendo a efetivação dos direitos sociais e a proteção dos trabalhadores do campo diante das contínuas mudanças econômicas e sociais. 

Palavras-chave:  aposentadoria; previdência Social; trabalhadores rurais. 

ABSTRACT 

The crucial role of Social Security in Brazil, especially for rural workers, has been marked by persistent challenges. Despite legislative reforms, obtaining retirement benefits based on age remains a battle due to informality and lack of documentation. This study aims to investigate these difficulties by analyzing the causes of informality and lack of documentation, as well as assessing legislative changes. It also aims to evaluate rural workers’ knowledge of their pension rights. The study not only seeks to understand these challenges but also to propose measures to improve access to rural retirement, ensuring social security in rural areas. The analysis of documentary requirements, the impact of legislative changes, and the level of knowledge among the rural community are the focus of this study. It is hoped that this work will provide valuable insights to enhance public pension policies, promoting the realization of social rights and the protection of rural workers amidst ongoing economic and social changes. 

Keywords: Retirement; Social Security; Rural Workers. 

1. INTRODUÇÃO 

A previdência social sempre desempenhou um papel fundamental nas políticas públicas do Brasil, especialmente no que se refere aos direitos dos trabalhadores rurais. Desde a promulgação da Lei nº 8.213/1991, diversas reformas têm sido propostas e debatidas, refletindo a busca constante por equidade e proteção social em meio a mudanças demográficas e econômicas. No entanto, apesar dos avanços legislativos, persistem desafios significativos que afetam diretamente a vida dos segurados especiais. 

Durante os períodos dos governos Temer e Bolsonaro, a questão previdenciária foi amplamente discutida, destacando a necessidade de ajustes no sistema para garantir sua sustentabilidade a longo prazo. Dentro dessas reformas, a revisão das regras de concessão e cálculo de aposentadorias e pensões emergiu como um tema central, com implicações profundas para os trabalhadores rurais e suas famílias. Um dos principais desafios nesse contexto é a dificuldade enfrentada pelos trabalhadores rurais na comprovação de sua condição de segurados, especialmente no que diz respeito à obtenção da aposentadoria por idade. 

A informalidade predominante nas atividades rurais, aliada à falta de instrução e acesso a recursos documentais, torna o processo de comprovação de vínculo laboral um verdadeiro desafio para milhões de brasileiros que dependem da previdência para garantir sua subsistência na terceira idade. 

Diante desse cenário, surge a necessidade de investigar e compreender as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores rurais na obtenção da aposentadoria por idade. É essencial analisar as causas da informalidade e da falta de documentação entre esses trabalhadores, além de avaliar as alterações legislativas relacionadas à aposentadoria por idade para os segurados especiais. A falta de acesso à previdência social por parte dos trabalhadores rurais não só compromete sua segurança financeira na terceira idade, mas também representa uma questão de justiça social e equidade. 

Nesse contexto, o objetivo geral deste estudo é analisar o acesso da comunidade rural à aposentadoria rural, identificando os principais desafios e impactos socioeconômicos, e propor medidas para aprimorar esse acesso, visando garantir a seguridade social no campo. Para alcançar esse objetivo, os seguintes objetivos específicos foram delineados: analisar os requisitos de documentação necessários para a solicitação da aposentadoria rural, avaliar o impacto das mudanças legislativas recentes na legislação previdenciária brasileira e avaliar o nível de conhecimento da comunidade rural acerca dos direitos previdenciários. 

Esse estudo não apenas fornecerá insights valiosos sobre os desafios enfrentados pelos trabalhadores rurais na obtenção da aposentadoria por idade, mas também contribuirá para o aprimoramento das políticas públicas relacionadas à previdência social no Brasil, buscando garantir a efetivação dos direitos sociais e a proteção dos trabalhadores do campo em um contexto de mudanças econômicas e sociais contínuas. 

CAPÍTULO 1  

1.1 A EVOLUÇÃO DA PREVIDÊNCIA RURAL NO BRASIL 

A previdência rural no Brasil constitui um capítulo essencial na história da proteção social do país. Desde suas origens, ela reflete um processo complexo e multifacetado, moldado por desafios estruturais, conquistas progressistas e persistentes desigualdades. 

Inicialmente, a inclusão dos trabalhadores rurais no sistema previdenciário enfrentou significativas barreiras, com sua efetivação ocorrendo de forma tardia em comparação a outras categorias laborais. Tal atraso evidencia não apenas uma lacuna na cobertura social, mas também uma falta de reconhecimento dos direitos previdenciários dos trabalhadores do campo. 

A evolução da previdência rural no Brasil, reflete uma trajetória marcada por desafios, conquistas e desigualdades. Inicialmente, a inclusão dos trabalhadores rurais na previdência social foi tardia em relação a outras categorias de trabalhadores, como ressaltado por Teixeira, Zuleide Araújo et al (1994). Essa tardia inclusão revela um histórico de negligência nas políticas de proteção social voltadas para o meio rural. 

Ao longo do tempo, períodos de concessão de benefícios aos trabalhadores rurais foram impulsionados tanto por ações estatais quanto por mobilizações sociais, conforme destacado por Malloy (1986). Essa alternância entre ação do Estado e pressão da sociedade civil demonstra as complexas dinâmicas políticas e sociais envolvidas na construção e garantia dos direitos previdenciários no meio rural. 

A previdência social é um importante componente do sistema de proteção social de um país, proporcionando aos indivíduos ou seus dependentes compensação financeira pela perda total ou parcial da capacidade laborativa. Integrada com políticas de saúde e assistência social, forma a base da seguridade social. 

No Brasil, a história da previdência social remonta a 1923, com a Lei Eloy Chaves, que instituiu as Caixas de Aposentadorias e Pensões nas empresas ferroviárias. Inicialmente, a vinculação ao sistema era institucional, sendo cada empresa responsável por sua própria caixa previdenciária, sem a participação do Estado na administração. 

A partir dos anos 1930, a cobertura previdenciária expandiu-se, passando a incluir quase todos os trabalhadores assalariados urbanos e parte dos autônomos, sob a gestão estatal. Entretanto, algumas categorias profissionais, como trabalhadores rurais, empregadas domésticas e autônomos, ficaram excluídas da proteção previdenciária devido a dificuldades de organização e à conformidade rural até meados do século XX. 

Na década de 1960, surgiram as primeiras iniciativas para incluir os trabalhadores rurais na previdência social, com a criação do Estatuto do Trabalhador Rural e do Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural (FUNRURAL). No entanto, a efetivação dessas medidas enfrentou obstáculos financeiros e administrativos. 

Ao longo dos anos 1970, a cobertura previdenciária foi progressivamente ampliada, incluindo empregados domésticos, trabalhadores autônomos e trabalhadores rurais. A criação do Programa de Assistência Rural (PRORURAL) proporcionou benefícios e serviços de saúde aos trabalhadores do campo, marcando avanços significativos na inclusão previdenciária. 

A década de 1980 trouxe mudanças institucionais importantes, com a unificação e centralização dos órgãos responsáveis pela assistência social. A Constituição de 1988 estabeleceu o acesso universal à previdência social, incluindo idosos e inválidos do setor rural em regime especial. 

As leis complementares posteriores, como os Planos de Custeio e Benefícios de 1991, consolidaram e expandiram os direitos previdenciários, garantindo uma proteção mais abrangente e igualitária para todos os cidadãos brasileiros. A evolução da previdência social no país reflete não apenas transformações legislativas, mas também lutas sociais e avanços na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. 

Ademais, como apontado pelos autores, a previdência social rural enfrenta um déficit estrutural, onde o montante das contribuições é inferior ao valor dos benefícios concedidos. Essa situação sugere uma redistribuição de renda do setor urbano para o rural, evidenciando desafios financeiros e questões de equidade na sustentabilidade do sistema previdenciário rural. 

Portanto, a evolução da previdência rural no Brasil é marcada por um processo complexo de inclusão tardia, lutas sociais pela conquista e melhoria dos benefícios, e desafios estruturais relacionados à sua sustentabilidade financeira. Essa evolução reflete não apenas questões econômicas e políticas, mas também as desigualdades sociais e a busca por justiça e inclusão no campo brasileiro. 

1.2 REQUISITOS DE DOCUMENTAÇÃO PARA APOSENTADORIA RURAL:  

Este capítulo aborda uma análise minuciosa dos documentos necessários para requerer a aposentadoria rural, abrangendo uma compreensão completa dos requisitos documentais, conforme delineado por estudiosos do Direito Previdenciário. 

Conforme ressaltado por Hermes Arrais Alencar em “Benefícios Previdenciários” (2009), a obtenção da aposentadoria rural está intrinsecamente ligada à apresentação de uma série de documentos que comprovem a atividade laboral no campo, bem como o cumprimento dos requisitos legais estabelecidos. 

Um dos principais documentos exigidos para a concessão da aposentadoria rural, como indicado por Carlos Alberto Pereira Castro e João Batista Lazzari em “Manual de Direito Previdenciário” (23ª ed., 2020), é a prova da atividade rural exercida pelo beneficiário. Essa prova pode ser constituída por uma variedade de documentos, tais como contratos de arrendamento, declarações de sindicatos rurais, registros de imóveis rurais e notas fiscais de produtos agrícolas, os quais têm como objetivo demonstrar inequivocamente o exercício da atividade rural pelo requerente. 

Além da prova da atividade rural, como destacado por Ivan Kertzman em “Curso Prático de Direito Previdenciário” (18ª ed., 2020), é necessário apresentar documentos que atestem o tempo de contribuição previdenciária, quando aplicável. Nesse sentido, os registros de contribuições previdenciárias, como o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), são fundamentais, pois contêm informações sobre os períodos de trabalho e as contribuições realizadas pelo segurado ao longo de sua vida laboral. 

Outro aspecto essencial a ser considerado são os documentos pessoais do requerente, tais como RG, CPF, comprovante de residência, certidão de nascimento ou casamento, entre outros. Esses documentos são indispensáveis para a identificação do segurado e para a instrução do processo de aposentadoria. 

Dada a complexidade burocrática envolvida na obtenção da aposentadoria rural, é crucial que o requerente esteja devidamente orientado e informado sobre os documentos necessários e os procedimentos a serem seguidos. Nesse contexto, a assistência de profissionais especializados e o acesso a informações claras e precisas são imprescindíveis para garantir o êxito no processo de solicitação da aposentadoria rural. 

Ao compreender os requisitos de documentação para a aposentadoria rural, estamos contribuindo para a promoção da justiça social e para a garantia dos direitos dos trabalhadores do campo, assegurando-lhes o acesso a uma aposentadoria digna e condizente com sua trajetória laboral e contributiva. 

CAPÍTULO 2  

2.1 IMPACTO DAS MUDANÇAS LEGISLATIVAS NA PREVIDÊNCIA RURAL:  

Aqui, seria examinado como as mudanças recentes na legislação previdenciária brasileira, especialmente aquelas relacionadas à reforma rural, têm afetado os trabalhadores do campo e seu acesso à aposentadoria. Neste segmento, exploraremos o impacto das mudanças legislativas recentes na previdência rural, examinando como essas alterações têm influenciado o sistema previdenciário brasileiro, especialmente no que diz respeito aos direitos e benefícios dos trabalhadores do campo. 

As mudanças na legislação previdenciária, conforme enfatizado por Kertzman (2020), têm sido objeto de análise e debate constante no contexto da seguridade social. Estas mudanças, muitas vezes, refletem ajustes necessários para garantir a sustentabilidade do sistema previdenciário, bem como para adequá-lo às demandas e desafios socioeconômicos contemporâneos. 

Marisa Ferreira Santos, em suas obras “Direito Previdenciário, Esquematizado” (2017, 2020), oferece uma visão abrangente das implicações das mudanças legislativas na previdência rural, destacando os impactos sobre os direitos e benefícios dos segurados. Essas mudanças podem abranger desde ajustes nos requisitos para a concessão de benefícios até alterações nos critérios de cálculo e regras de transição. 

A Lei nº 8.213/1991, como mencionado, é uma das bases legais que regem os planos de benefícios da previdência social no Brasil. Mudanças nessa legislação, como emendas e atualizações, têm um impacto direto nas regras e condições para a aposentadoria rural, bem como para outros benefícios previdenciários. 

Vaz (2009), em seu estudo sobre o princípio do equilíbrio financeiro atuarial no sistema previdenciário brasileiro, ressalta a importância de políticas que buscam garantir a sustentabilidade econômica do sistema, o que pode influenciar diretamente nas mudanças legislativas e suas repercussões sobre a previdência rural. 

É crucial analisar essas mudanças sob uma perspectiva ampla, levando em consideração não apenas seus efeitos imediatos, mas também suas implicações a longo prazo para os trabalhadores do campo e para a seguridade social como um todo. A compreensão desses impactos é fundamental para garantir que o sistema previdenciário atenda adequadamente às necessidades e direitos dos segurados rurais, promovendo assim a justiça social e o bem-estar coletivo. 

2.2 A EVOLUÇÃO DA PREVIDÊNCIA RURAL NO BRASIL: 

A evolução da previdência no Brasil, especialmente no contexto rural, foi marcada por mudanças significativas ao longo do tempo. Segundo Santos (2017, 2020), as transformações legislativas desempenharam um papel fundamental nesse processo, moldando os direitos e benefícios dos segurados. A autora ressalta que as emendas e atualizações na legislação previdenciária refletem os ajustes necessários para garantir a sustentabilidade do sistema e adequá-lo aos desafios contemporâneos. 

Kertzman (2020) complementa essa análise, destacando a influência direta das mudanças legislativas nas regras e condições para a aposentadoria rural e outros benefícios previdenciários. O autor salienta a importância de políticas que visam assegurar a sustentabilidade econômica do sistema, o que tem impacto direto nas mudanças legislativas e suas repercussões sobre a previdência rural. 

Ambos os autores oferecem uma visão mais centrada sobre a evolução da previdência no Brasil, proporcionando uma compreensão mais abrangente dos aspectos legais, sociais e econômicos envolvidos nesse processo. Suas análises contribuem significativamente para entendermos o panorama histórico e as dinâmicas que moldaram a previdência rural brasileira ao longo dos anos. 

No tocante à complexidade das mudanças na legislação previdenciária, Castro e Lazzari (2020) oferecem uma análise abrangente em seu “Manual de Direito Previdenciário”. Os autores destacam os desafios enfrentados na adaptação das normativas previdenciárias, enfatizando a necessidade de compreensão e acompanhamento das atualizações legais para garantir a efetivação dos direitos dos segurados. 

Em contrapartida, ao discutir as dificuldades de implementação de mudanças, Dias (2010) examina o caso específico da previdência, ressaltando os obstáculos encontrados no processo de reformulação das políticas previdenciárias. O autor aborda as questões institucionais, políticas e sociais que contribuem para a resistência às mudanças, fornecendo uma visão crítica e reflexiva sobre o tema. 

CAPÍTULO 3 – CONSCIENTIZAÇÃO DA COMUNIDADE RURAL SOBRE DIREITOS PREVIDENCIÁRIOS:  

Este tópico envolveria uma avaliação do nível de conhecimento da comunidade rural acerca de seus direitos previdenciários, destacando a importância de campanhas de conscientização e programas educativos para orientar os trabalhadores do campo sobre seus direitos previdenciários. 

O conceito de trabalhador rural abrange diferentes categorias de segurados previdenciários, cada um com suas características específicas. Segundo Fagnani (2008), trabalhadores rurais podem ser classificados como segurados empregados, contribuintes individuais, trabalhadores avulsos e segurados especiais, cada qual com suas atribuições e responsabilidades distintas no âmbito da Previdência Social. 

Os segurados empregados rurais são aqueles subordinados a um empregador habitualmente, desempenhando suas atividades em propriedades rurais ou prédios rústicos, conforme mencionado por Fagnani (2008). Por outro lado, os contribuintes individuais rurais trabalham sem vínculo empregatício, podendo prestar serviços para mais de uma empresa rural, sendo responsáveis por suas próprias contribuições ao INSS. 

Os trabalhadores avulsos, segundo o mesmo autor, prestam serviços para diversas empresas, sem vínculo empregatício direto, sendo obrigatoriamente intermediados por cooperativas de trabalho ou sindicatos de categoria. Já os segurados especiais, de acordo com Fagnani (2008), são os trabalhadores rurais que exercem atividades de forma individual ou em regime de economia familiar, englobando uma variedade de categorias, como produtores rurais, pescadores artesanais, indígenas, entre outros. 

Essa diversidade de categorias reflete a complexidade do cenário rural brasileiro, onde diferentes formas de trabalho coexistem, desde proprietários rurais e suas famílias até arrendatários, temporários, permanentes, posseiros e parceiros, como descrito por Fagnani (2008). Cada uma dessas categorias possui suas particularidades e formas de contribuição para o sistema previdenciário, sendo essencial compreendê-las para garantir uma proteção social adequada aos trabalhadores rurais. 

Segundo Oliveira (1999), a reforma previdenciária trouxe significativas mudanças na legislação dos benefícios, tornando essencial que os cidadãos compreendam seus direitos e deveres previdenciários para garantir o acesso aos benefícios de forma adequada. 

No contexto constitucional, Silva (1996) ressalta a importância da educação para a efetivação dos direitos fundamentais, incluindo os direitos previdenciários. A conscientização da comunidade rural sobre seus direitos se torna, portanto, um aspecto crucial para promover a justiça social e a inclusão previdenciária. 

A falta de conhecimento sobre direitos previdenciários pode resultar em prejuízos significativos para os trabalhadores rurais, que muitas vezes desconhecem seus direitos ou não sabem como acessá-los. Nesse sentido, campanhas de conscientização e programas educativos, conforme destacado por Temer (1998), são ferramentas essenciais para informar e capacitar essa população, garantindo que possam usufruir plenamente de seus direitos previdenciários. 

Essas iniciativas devem ser direcionadas não apenas para informar sobre os direitos existentes, mas também para orientar sobre os procedimentos necessários para requerer benefícios previdenciários, como aposentadorias, pensões e auxílios. Além disso, é fundamental que tais programas considerem as peculiaridades do contexto rural, levando em conta as dificuldades de acesso à informação e de comunicação enfrentadas por essa população. 

Para além disso, o envelhecimento da população e a diminuição da fecundidade têm impactado a estrutura demográfica brasileira, influenciando diretamente a Previdência Social. Conforme observado por Dias (2010), o aumento da idade média na População Economicamente Ativa (PEA) poderia ser considerado positivo para os ganhos de produção. No entanto, a baixa produtividade do trabalho aliada ao envelhecimento da população levanta preocupações sobre a sustentabilidade do sistema previdenciário. 

Essa preocupação é reforçada por Fagnani (2008), que destaca a necessidade de ajustes fiscais diante do desequilíbrio potencial das contas previdenciárias. A falta de arrecadação adequada, especialmente no setor rural, conforme apontado por Giambiagi (2013), ressalta a importância de reformas na legislação previdenciária para incluir critérios mais objetivos e incentivar a formalização das relações de trabalho no campo. 

É evidente que a conscientização sobre os direitos previdenciários se torna essencial nesse contexto. Os trabalhadores rurais precisam compreender a importância de contribuir para a Previdência Social e entender os benefícios a que têm direito. Como ressaltado por Giambiagi (2013), a inclusão da contribuição dos segurados especiais na reforma da previdência pode ser uma medida relevante, desde que leve em consideração as desigualdades socioeconômicas existentes no meio rural, principalmente em regiões como o Nordeste brasileiro. 

Além disso, como sugere Dias (2010), é crucial separar previdência de assistência e promover políticas públicas que estimulem o aumento da produtividade no campo, como investimentos em educação e assistência técnica. A transferência de recursos para essas áreas pode não apenas elevar a escolaridade média da população rural, mas também contribuir para o crescimento econômico e a sustentabilidade do sistema previdenciário. 

Portanto, a conscientização sobre direitos previdenciários deve ser acompanhada de medidas estruturais que visem à formalização do trabalho no campo, à inclusão socioeconômica e ao aumento da produtividade, garantindo assim a viabilidade e a sustentabilidade do sistema previdenciário brasileiro no longo prazo. 

CONCLUSÃO 

Após uma análise detalhada da evolução da previdência rural no Brasil, dos requisitos de documentação para a aposentadoria rural e do impacto das mudanças legislativas na previdência rural, fica evidente a complexidade e a importância desse tema para a sociedade brasileira. 

Primeiramente, compreendemos que a trajetória da previdência rural é marcada por desafios históricos, conquistas progressivas e persistentes desigualdades. Desde sua inclusão tardia no sistema previdenciário até as mudanças legislativas recentes, observamos uma luta contínua pela justiça social e pela garantia dos direitos dos trabalhadores do campo. 

Além disso, ao explorar os requisitos de documentação para a aposentadoria rural, percebemos a complexidade burocrática envolvida no acesso a esse benefício, bem como a necessidade de conscientização e orientação adequadas para os requerentes. 

As mudanças legislativas recentes na previdência rural também destacam a importância de análises abrangentes sobre o impacto dessas alterações nos direitos e benefícios dos trabalhadores do campo. É crucial considerar não apenas os efeitos imediatos, mas também as repercussões a longo prazo para garantir a sustentabilidade do sistema previdenciário e a proteção social dos segurados rurais. 

Diante disso, a relevância deste estudo reside na sua contribuição para a compreensão das complexidades e desafios enfrentados pela previdência rural no Brasil, bem como para a promoção da justiça social e da inclusão previdenciária. Recomenda-se que estudos futuros se aprofundem na análise dos impactos das mudanças legislativas na previdência rural, bem como na eficácia das campanhas de conscientização e programas educativos para os trabalhadores do campo.  Além disso, investigações sobre medidas estruturais que visem à formalização do trabalho no campo e ao aumento da produtividade podem contribuir para garantir a viabilidade e a sustentabilidade do sistema previdenciário brasileiro a longo prazo. 

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