APORTE DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL DIRECIONADA AO PLANEJAMENTO DE CARREIRA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8309983


Noemi Fróes Corrêia
Nidileia Carvalho de Oliveira Souza


RESUMO

O presente artigo aborda sobre a relevância da orientação profissional direcionada ao planejamento de carreira, em que ambos os processos, orientação profissional e planejamento de carreira, podem influenciar decisivamente nas trajetórias  profissionais dos indivíduos. Para a elaboração desse trabalho foram utilizadas as metodologias bibliográficas, fazendo especialmente o uso de artigos científicos em plataformas online no idioma da língua portuguesa, utilizando principalmente o Google Acadêmico, SCIELO, Revistas de Psicologia entre outros. Quanto aos resultados podemos perceber que  atuação do psicólogo na avaliação profissional se torna imprescindível,  e ainda relevante que o mesmo tenha conhecimento amplo sobre as técnicas e instrumentos psicológicos que serão utilizados de acordo com a demanda referente à escolha de uma profissão, considerando que se trata de um momento delicado, geralmente envolvido por incertezas, insegurança, medo e dúvidas, onde a orientação profissional organiza os conteúdos e informações enredadas nesse processo. Concluindo,a orientação profissional em conjunto com a avaliação psicológica se torna um importante recurso, visto que direciona o orientando com base no perfil e em suas preferências, aptidões, entregando ao cliente um resultado dentro das diretrizes propostas.

Palavras-chave: Orientação profissional, Tomada de decisão, Avaliação Psicológica. Planejamento de Carreira.

Abstract

This article discusses the relevance of professional guidance aimed at career planning, in which both processes, professional guidance and career planning, can decisively influence the professional trajectories of individuals. For the elaboration of this work, bibliographic methodologies were used, especially using scientific articles on online platforms in the Portuguese language, using mainly Google Scholar, SCIELO, and psychology magazines, among others. As for the results, we can see that the role of the psychologist is fundamental and still relevant that he has extensive knowledge about the techniques and psychological instruments that will be used according to the demand regarding the choice of a profession, considering that it is a delicate moment, usually surrounded by uncertainties, insecurity, fear and doubts, where professional guidance organizes the contents and information entangled in this process. In conclusion, the assessment in conjunction with professional guidance is an important resource, as it directs the advisee based on the profile and their preferences, skills, delivering a result within the proposed guidelines to the client.

Keywords: Professional guidance, Decision making, Psychological Assessment. Career Planning.

INTRODUÇÃO          

A escolha profissional geralmente está relacionada com a chave para a realização pessoal, mas em algumas circunstancias  acaba sendo marcada por uma grande pressão social sobre o indivíduo quanto a escolha da carreira profissional, independente de ser na fase da adolescência, como também a públicos de vários contextos entre, estudantes de faculdades evadidos,  indivíduos que não fazem parte destes públicos e que não se identificaram com nenhuma profissão, também pode ser direcionada para adultos em mudança de carreira e até mesmo pessoas que se prepararam para a aposentadoria. Pois se trata de uma etapa de autodescoberta e mudanças em relação à construção da identidade, que muitas vezes é influenciada por aspectos interpessoais, intrapessoais e culturais do meio onde  o indivíduo está inserido.

Diante disto, o conhecimento da realidade profissional é uma etapa importante no processo de orientação profissional. Após o autoconhecimento e a identificação de interesses e habilidades pessoais, é fundamental que o indivíduo compreenda melhor a realidade do mercado de trabalho e das diferentes carreiras disponíveis. Infelizmente ocorre em determinadas situações de algumas pessoas serem induzidas a seguir uma carreira que não se enquadram em seu perfil profissional e/ou habilidades, por ser considerada  uma profissão vista como bem reconhecida e com uma melhor remuneração, isso pode trazer a alguns  transtornos e até mesmo uma grande decepção por seguir uma carreira profissional em que não sente nenhum prazer ou desejo, somente uma suposta ilusão de se dar bem diante da família ou até mesmo da sociedade.

 Essa etapa da orientação profissional visa fornecer informações relevantes sobre as opções que podem ser encontradas no mercado de trabalho ajudando o cliente a fazer escolhas mais significativas e realistas.  

Algumas das atividades envolvidas nessa etapa é o conhecimento da realidade profissional que vem incluir, pesquisa de carreiras onde o cliente é incentivado a pesquisar diferentes profissões, requisitos educacionais, oportunidades de emprego e projeções futuras, esses primeiros passos são fundamentais para que seja dado um norte para o cliente, pois será a partir desse momento que acontecerá a escolha por uma profissão e possivelmente o seu seguir um plano de carreira.

 Neste contexto, a orientação profissional tem como intuito proporcionar ao orientado um auxílio para a tomada de decisão e retirada de dúvidas no que se refere à carreira profissional, isso ocorre por meio das ferramentas psicológicas que possibilitará autoconhecimento, das habilidades, capacidades e interesses do orientado.  

Mello (2002), faz uma observação referente a atuação do orientador vocacional, trazendo que o mesmo orienta o processo, mas não o cliente, dessa forma, auxilia o orientando a orientar-se em si mesmo, se informando, analisando e interpretando os dados e fatos. O autor vem acrescentar que:

(…) é ele, cliente que se posiciona, se direciona, escolhe e decide uma preferência, uma carreira, numa opção responsável. O processo vocacional é um procedimento dinâmico de autodeterminação gradual e crescente por parte do cliente. MELLO (2002)  (p. 30).

 Entretanto, cabe ao cliente à decisão de escolha, depois de orientado acredita-se que seja dado um direcionamento onde ele possa encontrar uma opção e fazer uma escolha que possa condizer com suas características e habilidades. 

Destarte, é relevante ressaltar o trabalho de Frank Parsons na área de Orientação Profissional, pois foi inovador e fundamental para o desenvolvimento dessa disciplina. Ele foi um dos primeiros a reconhecer a importância de ajudar as pessoas a fazerem escolhas vocacionais mais conscientes, controladas e direcionadas, buscando combinar os interesses pessoais dos indivíduos e suas habilidades, com as oportunidades do mercado de trabalho. Algumas das principais contribuições e características do trabalho de Frank Parsons incluem: Ênfase no Autoconhecimento: Parsons acreditava que o autoconhecimento era crucial para tomar decisões vocacionais adequadas. Ele incentivava as pessoas a refletirem sobre suas habilidades, interesses, valores e personalidade para identificar carreiras  com suas características.  

Sendo assim, o autoconhecimento nos remete a um olhar mais critico para dentro de nós mesmos, em busca de entender ou saber quem sou eu, quem fui, quem serei, qual o meu projeto de vida, como eu me vejo no futuro, ao desempenhar o meu trabalho, necessário ainda ter conhecimento das profissões e nesse sentido varias questões devem ser levantadas, como por exemplo: o que são, o que fazem, como fazem, as políticas de trabalho também são um fator relevante, possibilidades de atuação, como é o mercado de trabalho e isso implica fazer visitas técnicas a locais de trabalho a laboratórios entre outros.

METODOLOGIA

Para a elaboração dessa pesquisa utilizou-se uma abordagem exploratória e  bibliográfica em plataformas online, Google Acadêmico, SCIELO, revistas de psicologia, livros relevantes sobre a temática. O objetivo desse trabalho se aplica em como se deve classificar e aplicar os testes psicológicos na orientação profissional e e a sua relevância para a orientação quanto à escolha/decisão mais assertiva de uma profissão. 

Através desse estudo pôde se verificar a relevância da aplicação de testes psicológicos através de profissionais especializados para esse direcionamento na vida das pessoas que buscam e necessitam desse apoio quanto à orientação profissional. 

 Quanto ao público-alvo, a razão para a escolha dessa temática se dá  pelas grandes dúvidas e dificuldades encontradas por muitas pessoas frente essa decisão de escolher uma profissão, independente em qual momento e fases da vida se encontrem, pois pode ocorrer quando adolescentes entrando para uma universidade, universitários, alunos evadidos, profissionais em transição de carreira, profissionais no fim de carreira em fase de aposentadoria,  indivíduos que ainda não se encontraram e não conseguem ter audácia necessária frente a esse momento de transição com mais segurança, responsabilidade e assertividade. 

DESENVOLVIMENTO

Na segunda metade do século XX resultou em um declínio no uso dos testes psicológicos na orientação profissional isso ocorreu por uma grande mudança de paradigma (Brown & Brooks, 1996; Sparta, 2003a). Enquanto nas teorias do Traço e Fator e Tipológica a definição das características do indivíduo ocorria pelos resultados dos testes psicológicos e o processo de orientação era diretivo, com o surgimento das teorias evolutivas da escolha profissional, principalmente a Teoria do Desenvolvimento Vocacional de Donald Super (Super, 1957; Super, Savickas & Super, 1996) e do aconselhamento psicológico não-diretivo, proposto inicialmente por Rogers (1942), o processo de orientação profissional passou a valorizar menos o uso de testes e voltou a trabalhar com a noção de autoconhecimento

A Teoria do Desenvolvimento Vocacional de Donald Super foi publicada em 1953 e postulou a escolha profissional como um processo que ocorre ao longo de toda a vida, da infância à velhice, atravessando diferentes etapas, cada uma com distintas tarefas de desenvolvimento a serem realizadas (Sparta, 2003).

O processo de avaliação psicológica trata-se de uma prática que engloba a utilização de técnicas e instrumentos psicológicos, de modo que proporciona a obtenção de dados comportamentais e situacionais através da realização das entrevistas, observação e/ou testes psicológicos com embasamento teórico. 

De acordo com os autores como Crites (1974) e Savickas (2000), 

É imprescindível dizer, contudo, que a avaliação psicológica não é uma prática em si mesma, independente de conexões teóricas que a direcionem. Quando se discute modelos de avaliação, é preciso identificar os enquadres teóricos responsáveis, em última instância, pela definição do que deve ser avaliado, como deve ser avaliado e que uso deve ser feito dos resultados obtidos pela avaliação. CRITES (1974) e SAVICKAS (2000).

Diante disso, os orientadores profissionais têm se preocupado em focalizar tanto o conteúdo das escolhas relacionadas à carreira quanto ao modo como são realizadas essas escolhas.

Existem diversos tipos de testes psicológicos utilizados na orientação profissional para ajudar a descobrir suas habilidades, interesses, aptidões e valores, bem como explorar diferentes carreiras que dependem de suas características individuais. 

Diante disto, na orientação profissional, os testes de personalidade comumente usados são baseados em outras escalas e inventários amplamente conhecidos, como o Teste de Personalidade Myers-Briggs (MBTI), o Inventário de Personalidade NEO (NEO PI-R), a Escala de Personalidade de Eysenck (EPQ), entre outros. 

O Teste de Personalidade Myers-Briggs (MBTI) é uma ferramenta psicométrica amplamente utilizada por empresas para avaliar e classificar diferentes traços de personalidades. Desenvolvido por Isabel Briggs Myers e Katharine Cook Briggs, com base nas teorias do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung. O MBTI se baseia na premissa de que as pessoas têm efeitos naturais em quatro dimensões da personalidade. Myers-Briggs Type Indicator, é um guia fundamental para compreender os resultados do teste MBTI e explorar os diferentes tipos de personalidade, bem como suas características, preferências e interações. Ele oferece informações valiosas sobre como as diferentes combinações de preferências psicológicas podem influenciar o comportamento, a comunicação e as escolhas na vida das pessoas.

Dessa forma, as autoras ao desenvolver o teste “MBTI” tinham como objetivo principal orientar e ajudar as pessoas a descobrir suas características, para então ter uma escolha mais assertiva em suas profissões que se adequassem mais a seu perfil profissional.  Quanto a validação do teste, importante ressaltar que as autoras não o identificaram como sendo o melhor ou pior dentre os testes  e sim que sua principal finalidade seria o autoconhecimento.

 Os testes de personalidades são projetados para avaliar os traços de um  indivíduo, como extroversão, introversão, abertura a novas experiências, conscienciosidade, amabilidade e estabilidade emocional. Eles ajudam a compreender como o individuo interage com o mundo ao seu redor e quais ambientes de trabalho podem ser mais adequados para suas características.

Extroversão: A extroversão é uma dimensão do modelo de personalidade que está relacionada à forma como as pessoas obtêm energia, interagem com o ambiente e se envolvem em atividades sociais. Pessoas com um alto nível de extroversão tendem a ser sociáveis, enérgicas e animadas por interações sociais e estímulos externos. As pessoas com traços extrovertidos geralmente são atraídas por experiências novas e estimulantes. Eles podem estar mais propensos a assumir riscos e explorar ambientes desconhecidos. É importante observar que a extroversão não implica necessariamente em estar constantemente em situações sociais ou ser extrovertido o tempo todo. As pessoas têm diferentes níveis de extroversão, e alguns indivíduos podem ser mais introvertidos em certas circunstâncias.

Introversão: Indivíduos com uma inclinação para a introversão tendem a se sentir mais confortáveis em ambientes mais calmos e muitas vezes buscam um tempo sozinhos para refletir e recarregar suas energias. Eles geralmente são percebidos como mais reservados e orientados para o interior. Esses momentos de solitude permitem que eles processem seus pensamentos e sentimentos, tendem a ser reflexivos e contemplativos. Eles podem preferir explorar tópicos em profundidade e podem ter uma rica vida interior de pensamentos e ideias. Embora possam não ser tão abertos em ambientes sociais amplos, os introvertidos muitas vezes valorizam relações mais profundas e significativas com um círculo mais restrito de amigos e familiares. Introversos podem ser mais cautelosos ao entrar em interações sociais, preferindo observar antes de participar ativamente. Eles podem não expressar suas emoções tão abertamente e podem ser mais seletivos em compartilhar informações pessoais. Muitos introvertidos trazem profundidade, reflexão e criatividade para o mundo de maneiras valiosas.

Conscienciosidade: A conscienciosidade é um traço de personalidade que se relaciona com a maneira como uma pessoa aborda suas tarefas, obrigações e metas. Indivíduos com um alto grau de conscienciosidade tendem a ser organizados, disciplinados e orientados para a realização de suas responsabilidades. Eles valorizam a ordem, a eficiência e a persistência em alcançar seus objetivos. Pessoas conscientes são geralmente organizadas em suas abordagens à vida. Elas tendem a planejar suas atividades, estabelecer metas e criar rotinas para otimizar sua produtividade. Indivíduos com alto nível de conscienciosidade são responsáveis por suas ações e compromissos. Eles são confiáveis e têm uma forte ética de trabalho, cumprindo suas obrigações de maneira consistente. A conscienciosidade está associada à persistência e determinação em alcançar objetivos. Pessoas conscientes tendem a trabalhar de forma constante para superar obstáculos e alcançar sucesso a longo prazo. É importante observar que a conscienciosidade não implica necessariamente em ser perfeccionista ou excessivamente rígido. As pessoas têm diferentes níveis de conscienciosidade e expressam essa característica de maneiras variadas.

Amabilidade: A amabilidade é um traço de personalidade que descreve como as pessoas se relacionam com os outros e lidam com as interações sociais. Indivíduos com um alto grau de amabilidade tendem a ser empáticos, compassivos e preocupados com o bem-estar dos outros. Eles valorizam relacionamentos harmoniosos e muitas vezes buscam resolver conflitos de maneira pacífica. Pessoas amáveis tendem a ser sensíveis aos sentimentos e necessidades dos outros. Elas demonstram empatia e compaixão, buscando entender e apoiar emocionalmente aqueles ao seu redor. Indivíduos amáveis muitas vezes priorizam as necessidades coletivas sobre as individuais e podem estar dispostos a oferecer ajuda mesmo sem esperar algo em troca. Pessoas com alto nível de amabilidade geralmente preferem resolver conflitos de maneira pacífica e harmoniosa. Elas tendem a evitar confrontos diretos e podem estar mais inclinadas a ceder ou comprometer em nome da paz, se esforçam para criar um ambiente de apoio e positividade em suas interações, têm diferentes níveis de amabilidade e podem expressar essa característica de maneiras variadas.

As pessoas podem se identificar em diferentes pontos dessa escala, contribuindo para a diversidade e complexidade das personalidades humanas. A diversidade de traços contribui para a riqueza das interações humanas.

Não há um único “melhor” teste para orientação profissional, pois cada teste tem objetivos específicos e avalia diferentes aspectos da personalidade, habilidades e interesses dos indivíduos. O processo de orientação profissional é geralmente atendido por uma combinação de testes, entrevistas e outras técnicas que permitem ao psicólogo obter uma visão abrangente do cliente.

 Alguns dos testes mais comuns usados na orientação profissional incluem: Testes de Interesses Profissionais: Esses testes buscam identificar áreas de interesse do cliente em relação a diferentes profissões e campos de atuação. Eles ajudam a mapear e ainda como motivar o indivíduo em relação a atividades e ambientes de trabalho.

No que tange os testes psicológicos para uma melhor compreensão cito abaixo a resolução do Conselho Federal de Psicologia.

CAPÍTULO III

DOS TESTES PSICOLÓGICOS

Art. 7º Os testes psicológicos têm como objetivos identificar, descrever, qualificar e mensurar características psicológicas, por meio de procedimentos sistemáticos de observação e descrição do comportamento humano, nas suas diversas formas de expressão, acordados pela comunidade científica.

Art. 8º O uso profissional dos testes psicológicos é privativo da psicóloga e do psicólogo, conforme estabelece o art. 13, da Lei 4.119, de 27 de agosto de 1962.

Art. 9º O teste psicológico e o seu respectivo manual técnico constituem tecnologia profissional da Psicologia.

Art. 10. Os testes psicológicos abarcam os seguintes instrumentos:

  1. – testes;
  2. – escalas;
  3. – inventários;
  4. – questionários;
  5. – métodos projetivos e expressivos.

Art. 11. A aplicação, correção e interpretação dos testes psicológicos devem seguir rigorosamente as orientações, padronização e normatização contidas no manual técnico aprovado no SATEPSI.

MODELO DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL CENTRADO NO PROCESSO

O modelo de orientação profissional centrado no processo é uma abordagem que coloca o foco na jornada do indivíduo em busca de autoconhecimento e descoberta das opções de carreira, em vez de apenas fornecer respostas prontas ou testes pontuais. Esse modelo é baseado na ideia de que o processo de orientação é tão importante quanto o resultado final. Aqui está um esboço do modelo de orientação profissional centrado no processo. Estabelecimento de vínculo o orientador estabelece uma relação de confiança com o cliente, criando um ambiente seguro para que o indivíduo possa expressar seus sentimentos, preocupações e expectativas em relação à carreira.

Um modelo multidimensional de maturidade vocacional com base no  repertório de comportamentos necessários para a realização das tarefas  evolutivas do estágio de exploração, que corresponde à adolescência  (cristalização, especificação e implementação de preferências vocacionais), foi  desenvolvido na década de 1950. Este modelo é constituído por cinco dimensões: orientação para a escolha profissional (preocupação com a questão da escolha e empenho para solucioná-la); informação e planejamento sobre as ocupações preferidas; consistência das preferências vocacionais; cristalização dos traços; e pertinência da escolha (relação da profissão escolhida com as características psicossociais). Internacionalmente, o Career Development Inventory (CDI) (Super, Thompson, Lindeman, Jordaan & Myers, 1979, 1981), instrumento para mensuração da maturidade vocacional, foi desenvolvido com base neste modelo (Super & cols., 1996). Sua última versão é composta por duas dimensões afetivas (planejamento de carreira e exploração de carreira) e duas cognitivas (tomada de decisão e informação sobre o mundo do trabalho). 

Na década de 1960, Crites aprofundou o conceito de maturidade vocacional de Super (Neiva, 2002a). Também definiu a maturidade vocacional como um  construto multidimensional, composto por quatro dimensões: consistência, realismo, competência e atitude; as duas primeiras relativas ao conteúdo e as duas últimas ao processo de escolha. A partir deste modelo de maturidade vocacional foi construído o Career Maturity Inventory (CMI) (Crites & Hansen, 1974), que enfatizou estas duas últimas dimensões. O CDI e o CMI foram instrumentos largamente utilizados em pesquisas e intervenções de carreira no âmbito internacional, embora atualmente não estejam mais sendo comercializados.

Dessa forma, o modelo de orientação profissional centrado no processo tratase de uma abordagem que valoriza o desenvolvimento do indivíduo ao longo de sua jornada de autoconhecimento e exploração de carreira. Diferente de uma abordagem mais direta e focada apenas em resultados, esse modelo se concentra na importância do próprio processo como um meio para auxiliar o cliente na tomada de decisões relacionadas à carreira.

MODELO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA CENTRADO NO RESULTADO

O modelo de avaliação psicológica centrado no resultado é uma abordagem que enfatiza a importância de obter informações objetivas e mensuráveis para a tomada de decisões e a compreensão dos aspectos psicológicos dos indivíduos. Nesse modelo, o foco principal é coletados dados precisos e controlados que permitiam uma avaliação mais precisa das características, comportamento e habilidades do cliente. Alguns princípios-chave do modelo de avaliação psicológica centrado no resultado incluem: Objetividade e buscar dados mensuráveis, influenciando julgamentos subjetivos e preconceitos. Isso envolve a utilização de instrumentos sensíveis, como testes psicológicos, emoções e escalas de avaliação.

Diante disto, a orientação profissional centrada no resultado, visa dentro de um processo aumentar o autoconhecimento do cliente a respeito de características pessoais necessárias para escolher uma profissão. 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

 Os resultados obtidos a partir da analise meticulosa, nos remete a reflexão da importância das referramentas propostas no referido trabalho na orientação profissional, na avaliação psicológica,  no direcionamento e planejamento de carreira e a aplicação de testes. Importante ressaltar que para esse resultado essas ferramentas devem ser aplicadas por um profissional qualificado, responsável. 

 Dessa forma, pode-se inferir que com a aplicação correta dessas ferramentas através de profissionais especializados é possível chegar a um melhor direcionamento na escolha de uma profissão diante da proposta apresentada neste trabalho. As pessoas que são acompanhadas e orientadas corretamente em seu planejamento de carreira com ações que permeiam o seu desenvolvimento pessoal com aplicação de ferramentas de avaliação psicológica no direcionamento de carreiras estão propensas a entenderem melhor suas habilidades, interesses, valores e personalidades, a fim de tomar decisões sobre suas trajetórias profissionais. Essas ferramentas podem fornecer objetivos que ajudam a combinar os traços individuais com as opções de carreiras mais adequadas, onde permite ao individuo a tomar decisões mais assertivas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluindo, devemos considerar que em um projeto de vida o individuo deve antes de tudo ter conhecimento de si mesmo. Este autoconhecimento está  relacionado com a empreitada de sua construção de carreira profissional, começando com suas potencialidades e dificuldades.  

No entanto, a avaliação em conjunto com a orientação profissional é um importante instrumento, que visa direcionar o orientado com base no seu perfil e em suas preferências, aptidões, com resultado satisfatório. 

Sendo assim, os modelos de testes e avaliação psicológicos para o desenvolvimento de carreiras e orientação profissional, tem o intuito de direcionar o

orientando e o mesmo deve ter conhecimento de todas as ferramentas propostas para a elaboração e ou execução das avaliações, logo vê-se o foco dos profissionais em sua área de criação de testes específicos no contexto vocacional.

Diante disto, os dois  modelos acima citados tanto o de avaliação psicológico centrado no resultado, quanto o modelo de avaliação psicológico centrado no processo, e os testes citados, são relevantes para a orientação profissional e de certa forma são bases para planejamento de carreira, pois as etapas desse processo são fundamentais no desenvolvimento tanto da orientação profissional/planejamento de carreira.

Assim, podemos inferir que  as ferramentas descritas no decorrer do referido trabalho podem ser consideradas como recurso  fundamental ainda basilar no trabalho do profissional psicólogo no tocante a orientação profissional.  Não podemos ignorar a importância da entrevista como uma das principais ferramentas utilizadas na orientação psicológica, sendo um instrumento valioso para a coleta de informações sobre o cliente e para o estabelecimento de uma relação de confiança entre o orientador e o orientado. Ela permite ao profissional obter informações diferenciadas sobre os interesses, habilidades, valores, motivações, desafios e metas do orientado, que são fundamentais para a compreensão de sua posição e seus objetivos.

Sendo assim, o estabelecimento de vínculo é fundamental para que a partir da entrevista inicial possa ser  criada uma relação de confiança com o cliente. O orientador precisa ser empático, acolhedor e demonstrar interesse genuíno pelo cliente, permitindo que ele se sinta à vontade para expressar suas emoções, dúvidas e inseguranças relacionadas à orientação profissional. 

REFERÊNCIAS 

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