REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11621563
Marise Morais Ximenes Frota1
Prof. Dr. Fabio Antunes do Nascimento2
RESUMO: Este estudo examina a Teologia Moral de Santo Afonso Maria de Ligório à luz do relativismo moral e da revolução cultural contemporânea. Destaca-se a relevância da consciência moral como guia para uma vida virtuosa, baseada na lei moral divina. A obra de Santo Afonso oferece insights significativos para compreender os desafios éticos da sociedade atual, enfatizando a busca pela verdade e o compromisso com a vontade de Deus. Em meio à crise de valores e paradigmas, a reflexão teológica se mostra crucial para orientar escolhas éticas em um mundo em constante transformação. As reflexões do autor convidam a repensar a interação entre moralidade, cultura e espiritualidade, ressaltando a importância da ética fundamentada em uma consciência bem formada. Nesse contexto, a Teologia Moral de Santo Afonso oferece uma abordagem sólida para enfrentar os dilemas éticos contemporâneos.
PALAVRAS-CHAVE: 1 Teologia moral. 2 Santo Afonso. 3 Relativismo moral. 4 Consciência moral.
1 INTRODUÇÃO
Para entendermos a crise moral atual, é preciso levar em consideração o contexto global de profundas transformações em todas as esferas: social, moral, cultural, religioso etc.
Há uma grande quantidade e intensidade de mudanças que põem em processo de mutação o projeto civilizacional moderno. São diversas as leituras do contexto atual.
Não há que negar a sensível crise de valores e de paradigmas que permeiam os vários extratos sociais.
Se hoje existe um problema de moralidade de recomposição moral na sociedade, leva-nos a pensar que resulta da ausência de Deus na nossa vida. A ideia segundo a qual Deus pode existir, mas não entra em nossa vida, está fortemente presente neste mundo chamado secularizado. Deus tornou-se um Deus distante, um Deus abstrato.
O projeto civilizacional moderno provocou uma revolução na esfera da racionalidade. Tanto o movimento racionalista como o processo de secularização vão contribuir para uma maior descristianização da sociedade.
O processo de secularização impulsionou a pluralidade de religiões. Essa realidade plural, de busca por sentido à vida, se intensifica na atualidade.
Não é de hoje que o questionamento sobre a existência de Deus acontece. Desde os primórdios, o homem tenta responder a esta questão, buscando razões satisfatórias para continuar acreditando em um ser transformador, criador. Com o período moderno, o questionamento sobre a existência de Deus começa a exigir respostas mais racionais e elaboradas.
Baseado nesse ponto de vista, o presente trabalho se propõe a fazer uma correlação entre a Teologia Moral de Santo Afonso Maria de Ligório e o relativismo moral fortemente presente no mundo atual, mostrando aspectos que venham ampliar a nossa compreensão sobre a Teologia Moral.
Diante das diversidades de culturas, não podemos descuidar da Teologia Moral. Uma Teologia Moral fraca não pode discutir com o mundo hoje. O pluralismo ético da sociedade contemporânea obriga a Teologia Moral a elaborar sua síntese ético-teológica baseada nos padrões científicos.
O pensamento moral em época moderna aparece marcado pelo projeto de buscar para a moral um fundamento mais seguro e consistente.
Na busca de novas respostas, impõe salvaguardar a experiência fundante em Deus.
A Teologia Moral tem que ser fiel ao sentido sobrenatural da Fé, tomando em consideração a vocação do cristão ao amor divino.
Nesta linha de pensamento, destacamos o Concílio Vaticano II quando diz que “A Teologia Moral é útil a todo o batizado que pretende viver segundo o Evangelho de Jesus Cristo e construir o Reino de Deus”.
O interesse em recorrer ao Tratado de Teologia Moral de Santo Afonso Maria de Ligório está em conhecer melhor as virtudes que o cristão deve incorporar em sua vida na busca de contribuir ainda na vida terrena, o Reino de Deus.
É notório que a transformação civil já iniciada no século XVI, produziu efeitos profundos e devastadores nas formas da consciência e da conduta moral. De uma concepção teocêntrica passa-se gradualmente a uma concepção antropocêntrica.
O interesse deste estudo surgiu da necessidade entre a Teologia Moral de Santo Afonso e o relativismo na sociedade atual.
Nosso objetivo como futura teóloga é a discussão de que o cristão como seguidor de Jesus e cujo compromisso moral está condicionado pelos fatos da história salvífica, sofre de uma nova experiência religiosa, eclética e difusa que tende a fazer de Deus um objeto dos próprios desejos. Deus emerge como quem vem ao encontro de nossas necessidades materiais, psíquicas e espirituais.
A Igreja enquanto instituição divina historicizada no humano, deve lutar para que a salvação não seja reduzida às contingências temporais.
Por fim, não podemos separar a moral cristã da Aliança feita no Antigo Testamento, que é uma moral que se dá de forma dialogal, baseada na iniciativa amorosa de Deus e na resposta responsável e fiel do homem.
2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E TEOLÓGICA
O entendimento profundo da Teologia Moral de Santo Afonso Maria de Ligório requer uma imersão no contexto histórico e teológico no qual essa obra foi concebida. Neste capítulo, será traçado um panorama histórico e teológico, fornecendo as bases necessárias para compreender a influência e o desenvolvimento do pensamento moral de Santo Afonso.
A Teologia Moral de Santo Afonso foi moldada por diversas influências teológicas e filosóficas de sua época. Destacam-se a escolástica, especialmente a tradição moral tomista, e os escritos dos Padres da Igreja, que forneceram as bases para sua reflexão sobre a lei moral, a consciência e a relação entre graça e livre-arbítrio.
Apesar das mudanças culturais e intelectuais em curso durante o século XVIII, a Teologia Moral de Santo Afonso manteve-se firmemente ancorada na tradição católica, oferecendo respostas claras e acessíveis aos desafios éticos e morais de sua época.
Santo Afonso Maria de Ligório, nascido em 27 de setembro de 1696, em Marianella, próximo a Nápoles, Itália, foi um dos teólogos e moralistas mais influentes da Igreja Católica. Desde cedo, demonstrou uma devoção profunda à fé católica, influenciado pelo exemplo de seus pais, que o educaram na piedade e nos preceitos cristãos.
Após uma educação esmerada em casa, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Nápoles, onde se destacou por sua inteligência e erudição. No entanto, após uma experiência espiritual profunda aos 27 anos, decidiu abandonar sua carreira jurídica promissora para se dedicar inteiramente à vida religiosa.
Ordenado sacerdote em 21 de dezembro de 1726, Ligório logo se destacou por sua pregação eloquente e seu zelo apostólico, dedicando-se especialmente à evangelização dos pobres e abandonados. Sua profunda devoção à Virgem Maria e ao Santíssimo Sacramento moldou sua espiritualidade e sua obra teológica.
Em 1732, fundou a Congregação do Santíssimo Redentor, mais conhecida como Redentoristas, com o objetivo de pregar o Evangelho aos mais necessitados, especialmente nas áreas rurais e periferias das cidades. A missão dos Redentoristas tornou-se uma parte integral da vida e do ministério de Ligório, que dedicou grande parte de sua vida à formação e orientação espiritual dos membros da congregação.
Ao longo de sua vida, Santo Afonso Maria de Ligório escreveu numerosas obras teológicas, pastorais e devocionais, incluindo sua obra-prima, “Teologia Moral”, que se tornou uma referência fundamental no campo da moral católica. Sua abordagem pastoral, marcada pela misericórdia e compaixão, atraiu milhares de fiéis e influenciou gerações posteriores de teólogos e moralistas.
Santo Afonso faleceu em 1º de agosto de 1787, na Casa dos Redentoristas em Pagani, Itália, deixando um legado duradouro de santidade, sabedoria e serviço à Igreja Católica. Canonizado em 1839, é venerado como padroeiro dos confessores e moralistas, sendo reconhecido como um dos grandes santos e doutores da Igreja. O desenvolvimento é a parte principal do artigo e divide-se em seções e subseções, contendo a exposição ordenada do assunto. No desenvolvimento, o autor descreve, explica e argumenta sobre a abordagem do tema e o que deseja demonstrar e defender.
O tratado de Teologia Moral de Santo Afonso Maria de Ligório foi escrito durante o século XVIII, um período marcado por profundas mudanças sociais, políticas, e intelectuais na Europa. Este contexto histórico e cultural é fundamental para entender a influência e o desenvolvimento do pensamento moral de Santo Afonso.
No século XVIII, a Europa estava passando por um período de transição e questionamento das estruturas tradicionais de poder e autoridade. A influência do Iluminismo, um movimento intelectual que enfatizava a razão, a ciência e a liberdade individual, estava crescendo. O Iluminismo desafiava as ideias e instituições estabelecidas, incluindo a autoridade da Igreja Católica e seus ensinamentos morais.
Além disso, a Reforma Protestante, que começou no século XVI, ainda exercia influência na Europa, especialmente em áreas onde o catolicismo e o protestantismo coexistiam. A Reforma havia questionado muitos dos dogmas e práticas da Igreja Católica Romana, levando a uma fragmentação religiosa e a conflitos religiosos em toda a Europa.
Em resposta à Reforma, a Contrarreforma Católica, destacada pelo Concílio de Trento (1545-1563), procurou reafirmar e defender os ensinamentos e instituições da Igreja Católica. A Contrarreforma desempenhou um papel importante na definição da ortodoxia católica e na resistência aos desafios do Protestantismo.
Neste contexto de mudança e conflito religioso, a Teologia Moral de Santo Afonso Maria de Ligório emerge como uma tentativa de oferecer respostas claras e acessíveis aos desafios éticos e morais de sua época. Inspirado na tradição católica, mas também influenciado pelo pensamento moralista contemporâneo, Santo Afonso procurou oferecer uma visão equilibrada da moralidade cristã, fundamentada na lei divina e na tradição da Igreja, mas também sensível às necessidades e preocupações da sociedade em transformação.
Além dos aspectos mencionados, também é importante considerar o contexto político e econômico da época em que o tratado de Teologia Moral foi escrito. Durante o século XVIII, muitas nações europeias estavam passando por mudanças significativas em seus sistemas políticos e econômicos. O surgimento do mercantilismo e a ascensão das potências coloniais, como Inglaterra, França e Espanha, trouxeram consigo questões éticas relacionadas ao comércio, à exploração colonial e à distribuição de riquezas.
Além disso, o século XVIII testemunhou o surgimento da Revolução Industrial em algumas partes da Europa, o que teve impactos profundos na vida das pessoas, nas estruturas sociais e nas relações de trabalho. As condições nas fábricas e o crescimento das cidades levantaram questões morais sobre justiça social, direitos dos trabalhadores e responsabilidade dos empregadores.
Portanto, ao considerar o contexto histórico e cultural em que o tratado de Teologia Moral foi escrito, é importante também refletir sobre as questões políticas, econômicas e sociais da época, que influenciaram as preocupações morais e éticas abordadas por Santo Afonso Maria de Ligório em sua obra.
As obras de Santo Afonso Maria de Ligório foram influenciadas por uma variedade de tradições teológicas e filosóficas, refletindo sua formação intelectual e espiritual. Sua teologia moral foi especialmente moldada por:
- Tradição Moral Católica: Profundamente enraizado na tradição moral da Igreja Católica, Santo Afonso incorporou os ensinamentos dos Padres da Igreja e dos grandes teólogos medievais, como São Tomás de Aquino, em sua abordagem da moralidade cristã.
- Escolástica: Influenciado pela escolástica medieval, Santo Afonso aplicou métodos analíticos e argumentativos à sua teologia moral, buscando uma compreensão sistemática e lógica dos princípios éticos.
- Espiritualidade Redentorista: Como fundador dos Redentoristas, Santo Afonso enfatizou a misericórdia de Deus e a redenção por meio do sacrifício de Cristo. Sua teologia moral reflete essa ênfase na graça divina e no amor redentor de Cristo.
- Devoção Mariana: Santo Afonso nutria uma profunda devoção à Virgem Maria, cujo papel na vida espiritual dos fiéis ele destacava em sua obra. Sua teologia moral frequentemente incluía referências à devoção mariana e à intercessão da Virgem.
- Diálogo com o Pensamento Contemporâneo: Apesar de sua fidelidade à tradição católica, Santo Afonso também dialogou com as ideias morais e filosóficas de seu tempo, procurando integrá-las à sua visão da moralidade cristã.
Essas influências se combinaram para formar uma abordagem distintiva da teologia moral, caracterizada pela sua ênfase na misericórdia divina, no amor redentor de Cristo e na aplicação prática dos princípios éticos à vida cotidiana dos fiéis.
Além das influências mencionadas, também é importante destacar a influência das Escrituras Sagradas na obra de Santo Afonso Maria de Ligório. Como teólogo e moralista católico, Santo Afonso baseava suas reflexões e ensinamentos em uma profunda compreensão das Sagradas Escrituras, especialmente do Novo Testamento, onde encontrava os fundamentos da moralidade cristã e da vida espiritual.
A abordagem de Santo Afonso em sua teologia moral frequentemente fazia referências diretas às passagens bíblicas, como os Evangelhos, as Epístolas de São Paulo e outros livros do Novo Testamento. Ele buscava não apenas interpretar esses textos, mas também aplicá-los à vida cotidiana dos fiéis, fornecendo orientações práticas para viver uma vida cristã autêntica e virtuosa.
Além disso, Santo Afonso valorizava profundamente a tradição da Igreja em sua interpretação das Escrituras, reconhecendo a importância dos Padres da Igreja, dos concílios ecumênicos e da liturgia na compreensão do significado e da aplicação das Sagradas Escrituras. Portanto, a influência das Escrituras Sagradas é uma parte essencial da abordagem teológica de Santo Afonso Maria de Ligório e permeia toda a sua obra, incluindo seu tratado de Teologia Moral.
3 FUNDAMENTOS DA TEOLOGIA MORAL DE SANTO AFONSO
A Teologia Moral de Santo Afonso Maria de Ligório é construída sobre uma sólida base de princípios éticos e espirituais, derivados da tradição católica e da reflexão teológica. Esses fundamentos são essenciais para compreender sua abordagem da moralidade cristã e sua aplicação à vida cotidiana dos fiéis.
Em primeiro lugar, a Teologia Moral de Santo Afonso é fundamentada nas Escrituras Sagradas e na tradição da Igreja Católica. Ele recorre aos ensinamentos contidos na Bíblia e à interpretação da tradição eclesiástica para estabelecer os princípios éticos que guiam a conduta humana.
Um dos pilares centrais dessa abordagem é a ética da lei divina, que se manifesta nos Dez Mandamentos e nos ensinamentos de Jesus Cristo. Santo Afonso enfatiza a importância da obediência aos mandamentos de Deus como o caminho para uma vida virtuosa e santificada.
Além disso, a Teologia Moral de Santo Afonso é fundamentada no princípio do amor de Deus e do próximo. Ele ensina que todas as ações morais devem ser inspiradas pelo amor a Deus e pelo amor ao próximo como a si mesmo, conforme ensinado por Jesus Cristo.
A consciência e o discernimento moral também desempenham um papel crucial na abordagem de Santo Afonso. Ele reconhece a importância de uma consciência bem formada, iluminada pela lei divina e pela graça de Deus, na tomada de decisões éticas.
Por fim, a espiritualidade sacramental e a vida de oração são aspectos fundamentais da Teologia Moral de Santo Afonso. Ele destaca a importância dos sacramentos, especialmente da Confissão e da Eucaristia, como meios de graça para fortalecer a vida moral e superar o pecado.
É fato que os tempos e os lugares mudaram e com isso novos problemas e circunstâncias surgiram. Contudo, há situações e problemas estruturais e comportamentais que tendem a se repetir. Vale a pena ver como as comunidades antigas enfrentavam tais problemas, para que nós também enfrentemos os nossos, claro, isso tudo numa relação de significado proporcional. Aquelas comunidades responderam de tais modos a seus problemas, assim, como nós devemos responder aos nossos.
Santo Afonso, serve-se de suas referências literárias com muita precisão para iluminar o mundo e interpretar a realidade que descreve. Os dados literários nos permitem que ele foi um santo e zeloso sacerdote, um sábio que iluminou o seu tempo. Um pastor que soube corresponder sempre bem aos dons que Deus lhe outorgara.
Está cada vez mais difícil para o cristão se situar no ambiente cultural pós-moderno. Praticamente tudo aquilo com que interagirmos hoje é fruto de concepções filosóficas anticristãs, surgidas em movimentos anticristão em sua essência, que tentaram estabelecer uma visão da realidade e do ser humano, bem como uma cultura apartada de Deus e da revelação cristã, rejeitando toda a tradição cultural que fundamentou a civilização em que vivemos.
A moral cristã tem suas bases na história da salvação do povo de Israel e de todos os povos da humanidade. O compromisso moral de um cristão está condicionado pelos fatos da história salvífica. Está determinado, sobretudo pelo acontecimento central: Jesus Cristo. Logo, o coração da moral cristã encontra-se no seguimento a Jesus Cristo e no Reinado de Deus, em buscar acima de tudo a vontade de Deus.
Agenor (2004) afirma que a modernidade acabou por transferir a ética para o campo da razão prática – a religião e está para a esfera do privado. Da legítima autonomia da razão diante da fé, passou-se uma radical separação que desembocou no relativismo ético: “Bom é aquilo que é bom para mim; mau é aquilo que é mau para mim”. Do subjetivismo moral na vida privada, passou-se à ausência de uma ética pública na economia, na política, na técnica, na biologia etc. O tema da ética retorna, com força, na esteira da irrupção do religioso, no seio da sociedade secularista.
Nesta linha de pensamento, Jordán (2022), destaca que a propagação de males no seio das frágeis sociedades modernas, como o relativismo moral, visa a promover o caos social e a desagregação de agrupamentos retamente organizados segundo os preceitos da fé católica na formação da civilização ocidental.
Ainda citando, Jordán, o mesmo afirma que a estrutura ética da pessoa humana se reflete ampliada nas estruturas sociais e políticas, onde se desenvolve a convivência e se converge para fins comuns.
O que percebemos hoje, é que os secularistas, as instituições sociais são feitas por pessoas, portanto, se não gostarmos mais dessas visões de mundo, poderemos altera-las a qualquer momento, inclusive baseando-nos no relativismo moral que eles mesmo cultivam.
Na concepção dos progressistas, passando por cima dos padrões morais e seguindo os nossos próprios instintos, somos tomados por uma sensação prazerosa e reconfortante de felicidade, é isto que importa.
Em outras palavras, o mundo está em ruínas, o mundo perdeu sua alma, isto é, tudo que é divino, sagrado tornou-se obsoleto.
As palavras culturais da nossa civilização que são a moral judaico-cristã, a filosofia grega e o direito romano estão sendo deixados de lado. Existe uma estratégia cultural de dissolução desses três pilares.
O indiferentismo do século XVIII levou à tolerância liberal do século XIX, que levou a infidelidade modernista. Após dois mil anos de cristianismo, fomos capazes de perceber uma perversa apostasia que pagão nenhum jamais conheceu.
O Papa Bento XVI, assinala que nessa crise humana, precisa-se dar novamente um sentido compreensível à nação de cristianismo.
Na antropologia bíblica, Deus fez o homem com livre arbítrio, mesmo que na sua onisciência já soubesse que o homem usaria a sua liberdade contra Ele.
Em Gn 2, 16-17, Deus diz ao homem: “De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. E assim foi para que, desde o início, soubéssemos que liberdade requer responsabilidade. Se Deus é o parâmetro de tudo o que é bom, afastado d´ele, e dotados de livre-arbítrio, podemos perverter o que é bom. Se nos distanciamos d´Ele, somos levados para o abismo do nada.
Nesta linha de pensamento, está a reflexão de Jonh Senior (2022) que diz que a liberdade no imaginário popular significa fazer o que quiser. Um homem tem o direito de fazer o que quiser, desde que não machuque nem prejudique outrem.
O mesmo Jonh Senior, afirma que se a liberdade significa fazer o que quer, uma sociedade livre pode existir sempre que os homens estão de acordo em relação ao que querem.
A este respeito, Jordán (2022), assinala que não tem sentido falar da liberdade fora do conhecimento da verdade. É a verdade que torna livre o homem. O homem existe para a Verdade. Seu bem próprio e seu melhor ser, consiste em possuir e operar a Verdade.
Santo Afonso buscava salientar o valor da liberdade humana, entendida em seus justos e razoáveis limites, contra o rigorismo legalista do jansenismo que grassava em seu tempo.
O caminho da libertação inicia com a renovação interior em Cristo crucificado, Ele é o único e verdadeiro libertador.
A Lei contida nos Dez Mandamentos, ditada a moisés no Monte Sinai, é uma versão expressa da Lei Natural impressa pelo próprio Deus no coração do homem.
O cristão não deve conformar-se a nada que seja lesivo à ordem natural cujo autor é o Verbo que nos criou e redimiu. O cristão deve reconhecer a Soberania de Deus na pessoa de Cristo, o Verbo encarnado, a quem “todo poder foi dado no céu e sobre a terra”. Cristo é o autor e restaurador da ordem natural. O Senhorio de Jesus Cristo restabelece, confirma e santifica a ordem natural. Sem a graça de Cristo, a própria natureza humana se debilita.
Santo Tomás (2017), diz que a promulgação da lei natural não se dá de modo humano, mas, pela luz natural que Deus inculta na mente humana. A promulgação da lei natural consiste no fato de que Deus a inseriu na mente dos homens a fim de que fosse naturalmente conhecida. A lei natural é a participação da lei eterna.
Neste sentido, Santo Tomás, diz que a lei é certa regra e medida dos atos, segundo a qual uma pessoa é induzida ou desestimulada a agir.
Nessa mesma direção, Santo Tomás apresenta uma célebre sentença: “Ninguém está vinculado por nenhum preceito senão mediante a ciência de tal preceito”.
A este respeito, Jordán diz que a desobediência às leis naturais é causadora da separação do homem e de Deus, do próximo e de si mesmo.
Tendo sido criado à imagem e semelhança de Deus, o ser humano sente-se tocado em sua consciência pelo próprio Criador, que se chama a fazer o bem e evitar o mal, dado que lhe é fundamental para o crescimento moral.
A consciência é marcada por condicionamentos, por manipulações e pela força das grandes estruturas sociais. Uma consciência bem formatada é reta e verídica.
Agenor (2004) assinala que hoje, a intensificação das comunicações entre todos os setores da sociedade provocou em todos, uma tomada de consciência da diversidade de modos de vida que leva cada grupo humano a interrogar-se sobre sua própria identidade.
Em sua obra, Santo Afonso, define que a consciência é o juízo ou ditame prático da razão pelo qual julgamos o que se deve fazer aqui e agora como um bem ou evitar como um mal.
O mesmo autor, Santo Afonso, afirma que quem tem a consciência vencivelmente errônea sempre peca, quer aja de acordo com ela, quer aja contra ela.
Nessa linha de pensamento, Santo Tomás, assinala que embora a consciência deva se adequar à lei divina em todas as coisas, a bondade ou a malícia dos atos humanos tornam-se perceptíveis para nós conforme são apreendidas pela própria consciência. Em outro trecho, Santo Tomás, escreve de modo mais claro: o ato humano é julgado virtuoso ou vicioso segundo o bem aprendido, a qual a vontade se dirige por si mesma, e não segundo o objeto material do ato.
Na obra Uma estrada de salvação, Santo Afonso, afirma que a experiência nos mostra que o trato com o mundo e a preocupação em adquirir os bens temais, nos fazem esquecer de Deus. Mas, na hora da morte, o que nos restará de todas as fadigas e do tempo gasto nas coisas da terra senão tormentas e remorsos da consciência?
Na hora da morte encontraremos apenas aquele pouco que fizemos e que sofremos por Deus.
O mesmo autor, Santo Afonso, em sua obra o Retiro Espiritual, assinala que quando as pessoas estão ocupadas nas atividades do mundo, não pensam nas coisas da alma, mas quando ficam livres dessas atividades e se recolhem procurando apenas se encontrar com Deus, imediatamente vêm sobre elas os remorsos de consciência e, então, não acham descanso no recolhimento, mas tédio e desconforto.
Sabemos que a causa primeira e o fim último de cada pessoa humana é Deus. Separado de Deus, o homem se separa do próximo e de si mesmo. O esquecimento de Deus é o perigo mais iminente de nosso tempo.
O Papa Emérito Bento XVI afirmou certa vez que o homem moderno se acha muito bom para merecer o inferno.
Nesta linha de pensamento, caminha a reflexão de Jordán (2002) que afirma que a desobediência às leis naturais é causadora da separação do homem e de Deus, do próximo e de si mesma e que conduz incontáveis almas á perdição eterna.
Os secularistas atuam em duas vertentes: ou dizem que Deus não existe ou que a crença na existência de Deus é irrelevante. Criam histórias para justificar aquilo que eles querem que o mundo seja, isto é, um mundo sem Deus. Para eles, mesmo que Deus exista, isso não tem importância.
Santo Tomás diz que a lei natural só é promulgada e aplicada aos homens pela luz da razão. Diz também que a promulgação da lei natural consiste no fato mesmo de que Deus a inseriu na mente dos homens a fim de que fosse naturalmente conhecida. Escreve afirmando que a promulgação da lei natural se dá quando ela é conhecida pelos homens pela luz natural.
A alma que ama a Deus, não só quer o que Deus quer, jamais se perturba. É assim que o Espírito Santo nos lembra “Ao justo não acontecerá infortúnio algum, mas aos ímpios estão cheios de desgraça” (Pr 12, 21).
Quando alguém quer somente o que Deus quer, consegue tudo o que deseja, porque, executando o pecado, nada sucede no mundo contra a vontade de Deus. Das mãos de Deus nos vêm todos os bens. Podemos dizer que a maior glória que se dá a Deus é cumprir em tudo à sua vontade.
Em sua obra De bem com Deus, Santo Afonso, vem nos dizer que porque muito nos ama, o nosso bom Deus deseja muito ser amado por nós e, por isso, não só nos chamou ao seu amor com tantos convites repetidos nas Sagradas Escrituras, mas quis também obrigar-nos a ama-lo com o mandamento expresso, prometendo paraíso a quem o ama.
Vivemos em um mundo decaído, segundo a perspectiva bíblica: desde que Adão e Eva aceitaram a proposta da serpente lá no Éden, o ser humano passou a contemplar o bem e o mal dentro de si. Deixamo-nos seduzir por tudo o que nos atrai. Somos tentados por um desejo desmensurado das coisas temporais.
No que se refere a este assunto, Santo Afonso, nos apresenta uma visão da perdição dos homens amarrados ao mundo ao dizer que vivem envolvidos pelas trevas e que por isso não reconhecem a intensidade dos bens e dos males eternos, são levados pelos sentidos, se entregam aos prazeres proibidos e, assim, se perdem miseravelmente.
Na sua obra O Retiro Espiritual, Santo Afonso, chega a dizer que se os homens levassem em conta as coisas da outra vida, com certeza todos se preocupariam em se tornar santos e não correriam o risco de passar uma vida infeliz por toda a eternidade. Eles fecham os olhos para ver a luz e, assim, cegos, se precipitam em tantos males.
A respeito do pecado, Jordán (2022), afirma que Cristo não veio para promover uma revolução social, como se diz em nossos dias, veio como uma missão de redimir a todo o homem do pecado e fazê-lo participante do Reino de Deus, que é Ele mesmo.
Jordán, também chega a dizer que cristo veio para atender os pecadores que são todos os homens, sem acepção de pessoas, nem de classes, nem de nações, nem de raças, nem de ideologias.
Os mundanistas não creem no Cristo crucificado que veio para redimir-nos do pecado, creem somente no poder das riquezas, sobretudo no poder do dinheiro.
A caminhada espiritual cristã é uma mudança de um estado de ser para outro, é sair de uma existência firmada na verdade. Se não existe verdade, ficamos sem referências de bem e de mal. O bem e o mal é um parâmetro pelo qual devemos estruturar nossas vidas.
É exatamente por essa ambiguidade, o bem e o mal, que o cristianismo, o conceito do pecado penetra em uma camada mais profunda em nosso ser.
São Paulo afirma aos Romanos que “Tudo o que não procede da fé é pecado” (Rm 14,23).
Nessa linha de pensamento, Santo Tomás (2017), afirma que o bem é causado de uma causa íntegra, e o mal, de defeitos singulares.
No que se refere a esse assunto, Agenor (2004), assinala que o ser humano no afã de se autoafirmar, extrapola à erradicação de Deus e cai na absolutização do saber racional em detrimento de qualquer realidade que a transcenda.
Por todo ser humano contemplar o bem e o mal em seu interior, a virtude surge justamente para perceber a maldade e não permitir que o mal prevaleça. Como auxílio da graça divina, as virtudes restabelecem a ordem e o equilíbrio.
Não podemos esquecer que a palavra de Deus, através do Espírito Santo, possui uma “força vital” de realização daquilo que ela diz com referência à conduta moral: “Sede santo, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2) e também “Sede, portanto, perfeitos como vosso Pai Celeste é perfeito” (Mt 5,48).
Em Jesus, estão todos os parâmetros morais que devem nortear a vida do ser humano.
Purificado de todo o pecado, o ser humano é chamado a viver uma nova vida em conformidade com Cristo.
Nesta linha de pensamento, Santo Afonso, torna ainda mais pontual o caminho de santidade ao deixar claro que nós não somos santos magicamente, e sim, podemos fazer em cada momento da nossa história, da nossa vida, o melhor que pudermos para sermos santos.
Em sua obra Uma estrada de salvação, Santo Afonso, assinala que pobre dos sábios que têm a ciência de muitas coisas, mas não sabem preparar a alma para uma sentença favorável no dia do julgamento.
Mais uma vez recorremos a ideia de Santo Afonso quando no seu livro o Retiro Espiritual, ele afirma que as verdades eternas como: a grande importância da nossa salvação, o imenso valor do tempo de Deus nos concede para alcançarmos os méritos de nossa eternidade feliz, a obrigação que temos de amar a Deus por causa de sua infinita bondade e pelo amor imenso que tem para conosco, essas e semelhantes verdades, não podem ser vistas com os olhos da carne, mas com os olhos do entendimento.
Em uma outra obra De bem com Deus, Santo Afonso, assinala que se queremos realizar os desejos do Coração de Jesus, procuremos, em tudo, conformar-nos e identificarmos nos com a vontade de Deus. A identificação com a vontade de Deus exige que da vontade de Deus e da nossa, façamos uma só. Esta é a mais alta perfeição a que podemos aspirar.
Hoje, com relativismo moral e cristão, a salvação para muitos, foi reduzida a contingências temporais.
A prática da disciplina dirige o espírito para a virtude, isto é, a virtude é alcançada pela prática diligente da disciplinada virtude. Em outras palavras, podemos dizer que a virtude é um justo meio entre o excesso e a falta.
Santo Tomas (2012), afirma que as virtudes não estão em todos de um mesmo modo, pois em alguns há vícios contrários a virtude. Como as virtudes são certas perfeições do homem, parece que estão no homem por natureza, logo existe pela graça, pelo dom de Deus.
Em sua obra As Virtudes Morais, Santo Tomás, acrescenta que o homem atinge a reta razão pela prudência que é a reta razão de agir. Contudo, as virtudes morais não podem existir sem a prudência, nem a prudência pode existir sem a virtude moral.
Na própria obra, o autor também destaca as quatro virtudes cardeais afirmando que a prudência é todo o conhecimento reto; que a justiça é toda a retidão que ajusta os atos humanos; que a temperança é toda moderação que refreia o apetite do homem pelos bens temporais e que a fortaleza é toda a firmeza da alma que assegura ao homem no bem contra o ataque de qualquer mal.
Ainda com relação a virtude da prudência, Santo Tomás, afirma que a sua essência é uma virtude intelectual, mas que tem uma matéria moral. Por isso, muitas vezes, se enumera junto com as virtudes morais, como sendo de algum modo intermediária entre as virtudes intelectuais e as morais.
Em outras palavras, Santo Tomás, nos mostra que a virtude é tudo aquilo pelo qual se vive com retidão, em que nada se faz mau uso, pois o ser humano não pode ser vicioso e virtuoso ao mesmo tempo.
Para aprofundar esta visão, citamos Santo Agostinho no seu livro sobre o Livre Arbítrio, quando afirma que a virtude se encontra entre os bens máximos porque em nada faz mau uso da virtude. Os bens máximos provêm de Deus.
Nessa linha, camina a reflexão de São Gregório Nazianzeno quando diz que “Com um só ato de alguma virtude praticada com toda perfeição pode uma pessoa atingir o ápice das virtudes”.
A este respeito, Padre Alfredo, em seu livro As Virtudes Fundamentais, assinala que a descristianização do mundo ocidental tem uma das suas raízes na absolutização da justiça em detrimento da prudência que antecede e lhe confere o sentido autêntico: “A prudência perdeu seu sentido para o liberalismo individualista, para o liberalismo democrático, para o individualismo axiológico, para o antropocentrismo agnóstico, para o determinismo positivista e para o materialismo. A descristianização do mundo comporta a sua desumanização”.
Padre Alfredo também afirma que todo o itinerário da perfeição espiritual cristã é a passagem da imagem (conceito estático) para a semelhança (conceito dinâmico), por meio das virtudes e da imitação de Cristo.
Na teologia moral de Santo Afonso Maria de Ligório, a abordagem da lei moral e da consciência moral é profundamente enraizada na tradição católica e na reflexão teológica. Para Santo Afonso, a lei moral não é uma imposição arbitrária externa, mas sim uma expressão da vontade divina que guia os seres humanos em sua busca pela verdade e pelo bem.
Em sua obra seminal “Teologia Moral”, Santo Afonso explora a natureza da lei moral como uma lei inscrita no coração humano pela mão de Deus. Ele enfatiza a importância de se discernir e obedecer a essa lei interior, que é revelada através da consciência moral. Para Santo Afonso, a consciência é a faculdade pela qual os seres humanos reconhecem a moralidade de suas ações e são chamados a agir em conformidade com a vontade divina.
Uma citação emblemática de Santo Afonso Maria de Ligório que ilustra sua compreensão da consciência moral pode ser encontrada em sua obra “A Prática do Amor a Jesus Cristo”. Ele escreve: “A consciência bem formada é o melhor guia para uma vida virtuosa, pois ela é iluminada pela luz divina e pela verdade”. Essa afirmação ressalta a importância que Santo Afonso atribui à consciência como um instrumento pelo qual os indivíduos podem discernir e seguir a lei moral inscrita em seus corações.
Ao adotar essa abordagem da lei moral e da consciência moral, Santo Afonso Maria de Ligório oferece uma visão profundamente enraizada na tradição teológica, destacando a importância da busca pela verdade e do compromisso com a vontade divina na vida moral dos fiéis. Sua obra continua a ser uma fonte valiosa de insights para estudiosos e praticantes da teologia moral até os dias de hoje.
A Teologia Moral oferece contribuições valiosas para o enfrentamento do relativismo moral e dos desafios apresentados pela revolução cultural. Uma das principais contribuições é a defesa da existência de uma lei moral objetiva, fundada na natureza humana e na vontade divina, que transcende as convenções sociais e as opiniões individuais.
Em vez de aceitar o relativismo moral, que nega a existência de padrões éticos universais, a Teologia Moral argumenta a favor de uma ética baseada em princípios absolutos, como a dignidade intrínseca da pessoa humana e o respeito pelos direitos fundamentais. Esses princípios oferecem uma base sólida para avaliar as ações humanas e discernir entre o bem e o mal, independentemente das circunstâncias culturais ou sociais.
Além disso, a Teologia Moral enfatiza a importância da formação da consciência moral como um processo contínuo de discernimento e educação. A consciência moral bem formada é capaz de reconhecer e responder adequadamente aos princípios éticos fundamentais, mesmo em meio às pressões culturais e sociais da revolução cultural. Isso significa que os indivíduos são chamados a cultivar uma consciência sensível e responsiva aos valores morais, em vez de se submeterem passivamente às tendências culturais dominantes.
Outra contribuição importante da Teologia Moral é a promoção da virtude como um caminho para a realização moral. As virtudes, como a justiça, a prudência, a temperança e a coragem, capacitam os indivíduos a agir de acordo com o que é verdadeiramente bom e nobre, mesmo quando enfrentam desafios e tentações do ambiente cultural circundante. Ao cultivar as virtudes, os indivíduos se tornam agentes ativos na construção de uma cultura ética e resistem às influências corrosivas do relativismo moral.
Além das contribuições mencionadas, a Teologia Moral também destaca a importância da comunidade e da tradição na formação da consciência moral. Ao invés de deixar os indivíduos isolados diante das influências culturais e do relativismo moral, a Teologia Moral enfatiza a importância de pertencer a uma comunidade moralmente comprometida, onde os valores éticos são transmitidos e vivenciados de forma coletiva.
Essa abordagem ressalta a importância das instituições religiosas, educacionais e familiares na transmissão dos valores morais ao longo das gerações. Através da participação ativa nessas comunidades e da imersão na tradição moral, os indivíduos são fortalecidos em sua capacidade de resistir às influências negativas da revolução cultural e cultivar uma vida virtuosa em conformidade com os princípios éticos fundamentais.
Além disso, a Teologia Moral também destaca a importância da reflexão crítica e do diálogo construtivo como meios de enfrentar os desafios éticos da atualidade. Em vez de rejeitar automaticamente as mudanças culturais, a Teologia Moral convida os indivíduos a engajar-se em um diálogo aberto e respeitoso com as diferentes perspectivas e tradições, buscando encontrar pontos de convergência e construir consenso em torno dos valores éticos fundamentais.
Essas abordagens complementares da Teologia Moral – enfatizando a comunidade e a tradição, bem como a reflexão crítica e o diálogo construtivo – oferecem recursos poderosos para enfrentar os desafios do relativismo moral e da revolução cultural na atualidade. Ao promover uma compreensão mais profunda da natureza da moralidade e das fontes de valores éticos, a Teologia Moral pode desempenhar um papel significativo na promoção de uma cultura de respeito, justiça e solidariedade em meio às mudanças rápidas e complexas da sociedade contemporânea.
Por fim, a Teologia Moral oferece uma visão de esperança e redenção em meio às incertezas e tumultos da revolução cultural. Ao afirmar a existência de um bem absoluto e a possibilidade de transformação pessoal e social através da graça divina, a Teologia Moral inspira os indivíduos a se comprometerem com a construção de um mundo mais justo, solidário e compassivo, independentemente dos desafios e adversidades que possam enfrentar. Em última análise, a Teologia Moral oferece uma visão de humanidade e destino final que transcende as limitações e contingências da cultura e da história humanas, oferecendo uma base sólida para a resistência e a renovação em face do relativismo moral e da revolução cultural.
4 RELATIVISMO MORAL
O entendimento do relativismo moral requer que mergulhemos um pouco no seu contexto histórico considerando que é uma das correntes filosóficas que mais tem adentrado no seio da sociedade contemporânea.
A ideia da não existência de princípios que regem o comportamento dos homens tem se difundido velozmente no mundo atual.
São perceptíveis que as tomadas de decisões dos homens são influentemente guiadas pelas tendenciosidades às quais o contexto do mundo atual os insere.
A origem do relativismo moral remonta séculos, e na contemporaneidade o mesmo tem emergido com uma força avassaladora na tentativa de provar que não há uma verdade absoluta.
Podemos dizer que um dos expoentes da teoria relativista é Protágoras quando afirmou: “o homem é a medida de todas as coisas”. Nesta sua máxima está a suma do que vem a ser o relativismo.
Os sofistas são considerados os responsáveis por levantarem a questão da possibilidade do homem conhecer a verdade absoluta ou não. Deste modo, não há uma moral absoluta e sim leis convencionais. O critério, portanto, para distinguir o verdadeiro do falso, o bom do mau, sempre é relativo.
Eis aqui a grande problemática moral a que conduz o relativismo: se tudo é relativo, se não há a verdade absoluta, se cada uma das situações depende do indivíduo e da cultura, logo cada um está livre para fazer o que desejar sem se importar com algum princípio universal. Seguindo essa linha, Papa João Paulo II em sua Carta Veritatis Splendor assevera que “perante as exigências morais, todos somos absolutamente iguais”.
Para fundamentar ainda mais tal exposição contrária ao relativismo, na Veritatis Splendor, João Paulo II, também afirma: “por isso as circunstâncias ou as intenções nunca poderão transformar um ato intrinsecamente desonesto pelo seu objeto, num ato “subjetivamente” honesto ou defensível como opção”.
Podemos dizer que essa firme exposição do Papa encontra na atualidade, uma densa dificuldade de assimilação e aceitação devido à falta de um referencial, fazendo com que tudo é possível, isto é, cada indivíduo cria suas próprias normas.
Essa anulação de um critério máximo a ser observado e da anulação de uma verdade absoluta, tem levado o mundo a um colapso. Deturpação da moralidade humana têm acontecido devido a essa visão caótica de mundo, de ser humano, de sociedade.
A posição relativista tem posto cada vez mais em dúvida inúmeros princípios e comportamentos éticos criando situações absurdas diante de valores que jamais podem se converter.
Ao denunciar os perigos e as consequências do relativismo, Papa Bento XVI, em seu livro Fé, verdade, tolerância, insiste em afirmar que a ideia de liberdade apresentada pelo mundo moderno é, na realidade, uma escravidão: “A liberdade anárquica, no seu sentido radical, não redime o homem, mas faz dele uma criatura malograda, um ser sem sentido” (RATZINGER, 2007, p.221).
O Papa com esse mesmo pensamento em seu livro Liberar a liberdade acrescenta: “a identificação da consciência com o conhecimento superficial e a redução do homem à sua subjetividade não liberta, mas escraviza; ela nos torna apenas totalmente dependentes das opiniões dominantes e rebaixa o nível dessas mesmas opiniões dominantes” (RATZINGER, 2019 a, p.93).
Sucede-se assim, uma explicação do que ficou conhecida como ditadura do relativismo no pensamento de Bento XVI.
O destaque na sua explicação está em sua homilia na Santa Missa Pro Eligendo Romano Pontífice, no dia 18 de abril de 2005 que diz respeito à dificuldade que os cristãos têm de viver e expressar sua fé num mundo relativista:
Cada dia surgem novas seitas e realiza-se quanto diz São Paulo acerca do engano dos homens, da astúcia que tende a levar ao erro (cf. Ef 4, 14). Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, muitas vezes é classificado como fundamentalismo. Enquanto o relativismo, isto é, deixar-se levar “aqui e além por qualquer vento de doutrina”, aparece como a única atitude à altura dos tempos hodiernos. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades (BENTO XVI, 2005, n.p.).
O Papa Bento XVI sempre rejeitou os modismos ao apresentar a necessidade que o homem e a sociedade como um todo possuem de conviver com a verdade.
Nesse contexto, é comum comentários seus a respeito da Carta Encíclica Fides et Ratio de João Paulo II: “Se tivesse de caracterizar brevemente a intenção da encíclica, diria: ela quis reabilitar a questão da verdade em um mundo caracterizado pelo relativismo.” (RATZINGER, 2007, p. 168).
Sabendo que a discussão em torno do relativismo está vinculada a busca pela verdade, Ratzinger explica que essa ausência (da verdade) e a ingênua presença (da liberdade) faz surgir diversos problemas, entre eles de ordem moral e metafísico:
Essa total ausência de verdade, essa total ausência de qualquer vínculo, também moral e metafísico, essa liberdade absoluta e anárquica como determinação do ser do homem se revela, àquele que procura vivê-la, não como a maior elevação da existência, mas como a nulidade da vida, como o vazio absoluto (RATZINGER, 2007, p. 220).
É bem verdade que o homem ao excluir a verdade perde totalmente seu ponto de apoio e tem como consequência sua própria ruína.
Nesse sentido, o teólogo vem nos dizer que: “o mundo hodierno “é um mundo que se desvinculou dos conhecimentos fundamentais que sustentam a humanidade, um mundo que, desse modo, joga os homens num vazio de sentido, com o risco de consequências fatais se não houver uma resposta a tempo.” (RATZINGER, 2007, p. 75-76).
Nesta linha de Pensamento, se for feita uma análise do comportamento dos homens na sociedade contemporânea, é evidente de que a tendência de se cair num abismo se fará cada vez mais presente. A falta de objetivos e de um itinerário a ser percorrido, conduz os indivíduos a um vazio existencial. Nada mais tem sentido.
Neste horizonte, pode-se afirmar que cada vez mais é possível se deparar com indivíduos que trazem um grande vazio interior, indivíduos infelizes, corroídos por dentro. Razão disso está nas tendências que dirige as pessoas fazendo com que elas percam de vista os valores essenciais para a felicidade, para a realização pessoal.
A anulação de um critério máximo a ser observado tem levado o mundo a incontáveis atrocidades e deturpações da moralidade humana.
5 RELATIVISMO MORAL À LUZ DA FÉ
Diante de uma realidade relativista, encontra-se indivíduos com o olhar voltado para propostas concernentes à finalidade para a qual o homem foi criado.
Quando o homem faz uma escolha em sua vida, é, bem evidente que ele precisa utilizar da sua razão para traçar o itinerário ao qual se propõe. Isso é algo dado pelo próprio Criador.
Destarte, sem hesitar, Ratzinger (2008) afirma que mesmo que a Igreja não seja uma força dominante da sociedade como foi no passado, ela continuará exaltando aos homens de boa vontade o agradável odor de Cristo e tornar-se-á a pátria daqueles que Nele confiam.
O Papa acrescenta dizendo que “hoje, a fé cristã recuperará o homem e a verdade continua a existir, sobretudo porque a Verdade em pessoa, o Logos, encarnou-se pelo amor” (RATZINGER, 2007).
Façamos aqui um percurso teológico trazendo a contribuição de alguns Papas no seu agir de toda a Igreja.
A década de 1950-1960 introduziu acontecimentos, que impactaram a sociedade, grandes avanços científicos, tecnológicos, mudanças culturais e comportamentais. Urgia, portanto, uma mudança de postura também da Igreja.
O Papa João XXIII procurando promover a modernização da Igreja, divulgou a ideia segundo a qual a Igreja devia intervir construtivamente em assuntos políticos, econômicos e sobretudo sociais.
Com este pensamento, João XXIII anunciou a convocação do Concílio Vaticano II para mostrar que a Igreja do século XX não se omitia do necessário diálogo com o mundo que mudava. Convocou o Concílio porque era visível que a Igreja tinha dificuldade em dialogar com o mundo moderno e não demonstrava estar disposta a discernir e agir de acordo com os gritos da humanidade.
Nesta perspectiva, a Exortação Apostólica de Paulo VI Evangelica Testificatio ofereceu critérios para atender os sinais do Espírito no tempo presente tornando a vida mais “humana” e leve. Neste sentido, faz-se necessário criar ambientes leves que nos levem ao encontro do outro. Nesse encontro termos a maturidade de suportar no outro, sua humanidade. A fraternidade é critério inegociável para que haja a manutenção e o crescimento de uma cultura de amor e respeito.
De modo semelhante pensa Bauman (2017) ao afirmar que amar o próximo como se ama a si mesmo torna a sobrevivência humana diferente daquela de qualquer outra criatura viva. O autor acrescenta dizendo que o preceito do amor ao próximo desafia e interpela os instintos estabelecidos na natureza.
Há de se levar em conta que devemos cultivar relacionamentos pautados no amor, no respeito e na partilha, como sinais de vida nova num mundo egoísta, competitivo, polarizado em que vivemos. É a unidade na adversidade.
Neste sentido, o Papa Francisco tem exortado que devemos vencer as tentações da autorreferencialidade, da autossuficiência, do mundismo espiritual.
Aqui cabe as palavras do Papa Bento XVI quando disse: “Ao início do ser cristão, não há decisão ética, ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento com uma Pessoa que dá a vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (Deus caritas est, n.1).
Nesta mesma direção, Papa Francisco nos tem recordado a importância de encontrar o justo equilíbrio, de tal modo que um polo sempre remeta a outro. Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, Papa Francisco exorta dizendo da urgência de recuperar um espírito contemplativo, que nos permita redescobrir, cada dia, que somos depositários de um bem que humaniza, que ajuda a levar uma vida nova (EG, n.264).
Em suma, para ilustrar essa sociedade plural e tão diversificada como a que estamos vivendo, Baumam (2017) usa o termo a “líquida vida moderna” nos mostrando que tudo nesta vida tende a permanecer inconsistente. Que o diálogo e a interação se diluem ou nem chega a ter lugar.
6 INFLUÊNCIA DE SANTO AFONSO CONTEMPORANEIDADE
A crise moral no mundo moderno é evidente e multifacetada, abrangendo desde os avanços científicos até as mudanças culturais, decisões econômicas, políticas e profissionais. Esse cenário exige um combate à “lei da selva”, frequentemente aplicada de forma explícita ou implícita. A moral cristã se apresenta como uma fonte de esperança, oferecendo uma ética de salvação eficaz e credível, baseada no espírito de benignidade e resistência às tentações de uma consciência laxa, que afeta até mesmo os cristãos nos dias de hoje.
Desde o fim da escolástica e ao longo da era pós-tridentina, a consciência moral tornou-se central na vida e na reflexão moral do catolicismo. Nesse contexto, a moral católica moderna foi muitas vezes descrita como a “moral da consciência”, onde a consciência era vista como uma técnica para se destacar entre diferentes opiniões, sem buscar verdades objetivas, mas sim “certezas subjetivas”. Santo Afonso de Ligório, no entanto, afastou-se dessa visão mecânica e exageradamente procedimental da consciência moral.
A Constituição Pastoral Gaudium et Spes do Concílio Vaticano II enfatiza que, no íntimo da consciência, o homem descobre uma lei à qual deve obedecer, uma voz que o chama ao amor do bem e à fuga do mal. Essa voz, escrita pelo próprio Deus no coração humano, é a base da dignidade do homem e o critério pelo qual ele será julgado. A fidelidade a essa voz une os cristãos e os demais homens na busca da verdade e na resolução dos problemas morais individuais e sociais.
Santo Afonso de Ligório, a partir de sua experiência missionária, examinou diversas opiniões à luz da razão iluminada pela prudência, criando um conjunto de diretrizes que refletiam tanto as exigências do Evangelho quanto a liberdade da consciência humana. No século XIX, o florescimento dos estudos bíblicos e patrísticos deu origem a uma renovação da Teologia Moral, promovida por novas escolas teológicas e estudiosos competentes.
O Concílio Vaticano II, ao valorizar essa herança, lançou as bases para uma renovação da moral cristã, focada em uma refundação antropológica e bíblico-teológica. A Teologia Moral, então, tem a tarefa de ilustrar a “grande vocação dos fiéis em Cristo” e sua obrigação de frutificar na caridade para a vida do mundo. Documentos conciliares como Lumen Gentium, Dei Verbum e Sacrosanctum Concilium, embora não tratem diretamente de questões morais, oferecem contribuições valiosas nesse campo.
A Encíclica Populorum Progressio de Paulo VI destaca a dimensão moral da questão social, fundamentada na análise objetiva da realidade. A consciência, como fonte de decisões morais, é central nesse contexto. A moral afonsiana nos alerta para a importância de uma consciência bem formada e continuamente cultivada.
Em 2019, o Papa Francisco, em seu discurso à Academia Alfonsiana, elogiou o compromisso dos formadores na Teologia Moral, destacando a lógica misericordiosa que deve permear todas as palavras dessa disciplina. Na Amoris Laetitia, ele reforça que o ensino da Teologia Moral deve enfatizar os valores centrais do Evangelho, especialmente o primado da caridade.
A realidade de seu tempo, marcada pela desigualdade entre a riqueza da nobreza e a miséria do povo, inspirou Santo Afonso de Ligório a agir em favor dos indigentes, tanto material quanto espiritualmente. Sua obra reflete uma mensagem de reconciliação e transformação dos valores humanos, baseada na misericórdia de Deus.
A moral cristã não busca apenas a verdade objetiva, mas a verdade que salva. A contribuição de Afonso de Ligório provocou mudanças profundas na moral e na espiritualidade, e sua obra continua relevante para enfrentar os desafios contemporâneos da Igreja e do mundo.
Na prática, a moral cristã pode ser aplicada em várias áreas da vida moderna:
- Bioética: Em um mundo onde os avanços científicos desafiam os limites éticos, a moral cristã fornece diretrizes para questões complexas como a manipulação genética, a clonagem e a eutanásia. Ela enfatiza a dignidade inerente de toda vida humana, desde a concepção até a morte natural.
- Justiça Social: A luta pela justiça social é uma aplicação central da moral cristã. Inspirada pelos ensinamentos de Jesus sobre amar o próximo, a Igreja tem um longo histórico de apoio aos pobres e marginalizados, promovendo políticas que busquem a equidade e combatam a exclusão social.
- Economia Ética: A moral cristã propõe uma economia que serve ao bem comum, onde os princípios de solidariedade e subsidiariedade orientam as práticas econômicas. Isso se traduz em promover condições de trabalho justas, salários dignos e responsabilidade ambiental.
- Política e Direitos Humanos: A moral cristã defende a inviolabilidade dos direitos humanos e a importância da participação cidadã. Políticos e líderes são chamados a agir com integridade, justiça e respeito pela dignidade de todas as pessoas.
- Família e Educação: Na família, a moral cristã promove valores de amor, respeito e educação integral dos filhos. Na educação, incentiva a formação de indivíduos conscientes, éticos e comprometidos com a transformação da sociedade.
- Ecologia: A moral cristã, especialmente através da encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco, chama a uma ecologia integral que reconhece a interconexão entre todos os seres vivos e a responsabilidade humana de cuidar da criação.
A moral cristã, portanto, não é apenas uma coleção de preceitos religiosos, mas uma fonte dinâmica e relevante de princípios éticos que podem orientar a vida pessoal e coletiva em busca de um mundo mais justo, solidário e em harmonia com a criação. Devemos continuar a estudar e aplicar esses ensinamentos, respondendo com entusiasmo aos desafios que nos são propostos pelo mundo e pela Igreja.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da análise realizada sobre o Tratado da Teologia Moral de Santo Afonso Maria de Ligório à luz do relativismo moral e da revolução cultural no mundo atual, é possível concluir que a obra desse renomado teólogo católico continua a oferecer insights valiosos para a compreensão dos desafios éticos e morais enfrentados pela sociedade contemporânea.
Ao considerar o contexto histórico e cultural em que Santo Afonso escreveu suas obras, percebemos a relevância de sua abordagem fundamentada na tradição moral católica e na busca pela verdade divina. A ênfase na consciência moral como guia para uma vida virtuosa ressalta a importância do discernimento ético e da obediência à lei moral inscrita no coração humano.
Neste sentido, as reflexões de Santo Afonso Maria de Ligório nos convidam a repensar a relação entre a moralidade, a cultura e a espiritualidade em um mundo marcado por mudanças profundas e desafios éticos complexos. Suas obras continuam a inspirar não apenas os estudiosos da teologia moral, mas também todos aqueles que buscam orientação para uma vida ética e significativa.
Por fim, diante da complexidade dos dilemas morais contemporâneos, é fundamental resgatar a importância da consciência bem formada, iluminada pela luz divina, como um guia seguro para as escolhas éticas e a busca pela verdade. Que as reflexões de Santo Afonso Maria de Ligório possam nos inspirar a cultivar uma ética fundamentada na busca pela vontade divina e no compromisso com a virtude, em meio aos desafios do mundo atual.
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