ANKYLOSIS OF THE TEMPOROMANDIBULAR JOINT: ETIOLOGY, FUNCTIONAL IMPACTS AND THERAPEUTIC APPROACHES
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202502282109
André de Almeida Agra Omena1, Roberta Vanessa Cordeiro Guimarães1, Matheus Harllen Gonçalves Veríssimo2, Sérgio Ricardo Canedo Xavier3, Helen Mendonça Pessanha4, José Davi Pereira da Silva5, Victor Gabriel Oliveira Duran Dias6, Maria Clara Silva do Amor Porto6, Luan Mariano França Souza6, Lucas Morais Rodrigues Melo6, Natália Eduarda de Almeida Silva7, Nivia Coelho Venas8, Vinnicius Pereira Almeida9, Yasmim Ferreira de Castro Brandão10
Resumo
A anquilose da articulação temporomandibular (ATM) é uma condição rara e debilitante caracterizada pela fusão fibrosa ou óssea entre o côndilo mandibular e a fossa glenoide, resultando em restrição dos movimentos da mandíbula. Essa alteração pode comprometer funções essenciais como mastigação, fala e respiração, além de impactar negativamente a estética facial e a qualidade de vida dos pacientes. A anquilose pode ter origem traumática, infecciosa ou estar associada a doenças sistêmicas, sendo fundamental um diagnóstico preciso para direcionar a abordagem terapêutica. O tratamento envolve técnicas cirúrgicas, reabilitação pós-operatória com fisioterapia intensiva e, em alguns casos, reconstrução articular com enxertos ou próteses. Para esta pesquisa, foram utilizadas as bases de dados eletrônica: U.S National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO), ScienceDirect, Cochrane Library e Lilacs. Além disso, foram utilizados dois descritores para a composição da chave de pesquisa, sendo os seguintes (MeSH/DeCS). Após as pesquisas, conclui-se que o conhecimento aprofundado sobre a anquilose da ATM é essencial para a escolha da melhor conduta terapêutica e para minimizar suas consequências funcionais e psicossociais. Palavras-chave: Anquilose. Articulação Temporomandibular. Odontologia.
Abstract
Temporomandibular joint (TMJ) ankylosis is a rare and debilitating condition characterized by fibrous or bone fusion between the mandibular condyle and the glenoid fossa, resulting in restriction of jaw movements. This change can compromise essential functions such as chewing, speech and breathing, in addition to negatively impacting the facial aesthetics and quality of life of patients. Ankylosis can have traumatic origin, infectious or be associated with systemic diseases, being fundamental a precise diagnosis to direct the therapeutic approach. Treatment involves surgical techniques, postoperative rehabilitation with intensive physiotherapy and, in some cases, joint reconstruction with grafts or prostheses. For this research, the electronic databases were used: U.S National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO), ScienceDirect, Cochrane Library and Lilacs.
In addition, two descriptors were used for the composition of the search key, being the following (MeSH/DeCS). After the research, it is concluded that in-depth knowledge about TMJ ankylosis is essential to choose the best therapeutic approach and minimize its functional and psychosocial consequences.
Keywords: Ankylosis. Temporomandibular Joint. Dentistry.
1 INTRODUÇÃO
A articulação temporomandibular (ATM) é uma articulação do tipo gínglimo-artrodial, ou seja, possibilita tanto movimentos de deslizamento quanto de dobradiça entre as estruturas ósseas. Ela é composta pela cavidade mandibular do osso temporal, pelo côndilo da mandíbula, pelo disco articular, pelo tecido retrodiscal, pela membrana sinovial, pela cartilagem e pela cápsula articular. A cavidade mandibular, também chamada de fossa glenoide do osso temporal, é delimitada anteriormente pela raiz anterior do processo zigomático e apresenta, à sua frente, uma elevação discreta conhecida como eminência articular. O disco articular é uma estrutura flexível e bicôncava constituída por tecido conjuntivo denso, posicionando-se entre a superfície inclinada posterior da eminência articular e a região anterossuperior do côndilo mandibular. Com uma espessura de aproximadamente 1,5 milímetros, ele compartimentaliza a articulação em duas partes: a inferior, responsável pelos movimentos rotacionais, e a superior, que permite a translação. O disco articular se subdivide em três porções: a anterior, situada à frente do côndilo mandibular; a intermediária, posicionada ao longo do tubérculo articular; e a posterior, localizada acima do processo condilar da mandíbula. Tanto a cavidade mandibular quanto o côndilo mandibular são revestidos por fibrocartilagem articular e membrana sinovial. No interior da articulação, encontra-se a cavidade sinovial, preenchida por líquido sinovial. Os movimentos desempenhados pela ATM incluem deslizamento e dobradiça, além de deslocamentos laterais e translação anterior. Assim como outras articulações do corpo humano, a ATM está suscetível a processos inflamatórios, como sinovites e osteoartrite, além de alterações degenerativas, como artrites inflamatórias, incluindo a artrite reumatoide, e o deslocamento do disco articular. Modificações nesse sistema podem comprometer seu funcionamento adequado, levando ao desenvolvimento da disfunção temporomandibular (DTM). Esse distúrbio tem se tornado cada vez mais relevante na área da saúde pública, visto que sinais e sintomas relacionados à DTM podem estar presentes em até 50% da população (Tavares, 2020).
O termo “anquilose” refere-se à perda de mobilidade de uma articulação. Assim, a anquilose da articulação temporomandibular (ATM), uma condição complexa e debilitante, ocorre devido à fusão óssea ou fibrosa entre o côndilo mandibular e a fossa glenoide, representando um grande desafio tanto para o paciente quanto para o cirurgião. Essa patologia é caracterizada pela limitação dos movimentos da mandíbula, resultando em dificuldades para mastigar, alterações na fala, assimetrias faciais, comprometimento respiratório e impactos psicossociais, principalmente em indivíduos mais jovens (Upadya et al., 2021). A anquilose da ATM pode ser de natureza fibrosa, fibro-óssea ou óssea, além de se manifestar de forma unilateral, bilateral, intra-articular ou extra-articular, ocorrendo em estágios progressivos. Sua etiologia é multifatorial, onde na maioria dos casos, essa condição está associada a traumas (73,2%), infecções locais ou sistêmicas (17%) e, em menor proporção, a causas desconhecidas (7,3%). Em doenças sistêmicas, como a espondilite anquilosante, a ATM pode estar comprometida em cerca de 3 a 20% dos pacientes, embora a incidência específica de anquilose da ATM nessa patologia varie entre 2 e 4%, sendo relatada ocasionalmente (Singh et al., 2021). Essa desordem afeta substancialmente a qualidade de vida dos indivíduos acometidos, pois interfere negativamente na alimentação, higiene bucal, desenvolvimento normal da face e da oclusão dentária, além de impactar o sono e a respiração (Sharma et al., 2020).
O diagnóstico da anquilose envolve a análise da gravidade das aderências, a idade de manifestação, a causa subjacente e a duração da condição. Assim, o tratamento eficaz da anquilose da ATM requer uma abordagem multidisciplinar, incluindo intervenções cirúrgicas, terapias ortodônticas e técnicas fisioterapêuticas (Saini et al., 2024). Quando ocorre na infância e não é tratada precocemente, a condição pode resultar em um padrão clínico característico, com retrognatismo, encurtamento do ramo mandibular e apneia obstrutiva do sono (AOS), devido à interrupção contínua do crescimento no centro condilar. Se a anquilose se desenvolver após a finalização do crescimento, o risco de deformidades faciais e AOS é consideravelmente menor, embora outras limitações funcionais possam persistir independentemente do tempo de evolução da patologia. Os principais objetivos terapêuticos no manejo da anquilose são restaurar a estética facial, recuperar a mobilidade articular e minimizar qualquer desconforto, ainda que a articulação rígida geralmente não seja dolorosa. Para isso, é essencial uma combinação de liberação cirúrgica, reabilitação pós-operatória com fisioterapia intensiva e reconstrução articular para possibilitar o crescimento adequado (Mohanty; Verma, 2021). Diversos materiais têm sido empregados ao longo do tempo para interposição na articulação, incluindo menisco, tecido muscular, fáscia, pele, cartilagem, gordura e materiais aloplásticos, com o objetivo de tratar a anquilose e otimizar a funcionalidade da ATM (Joshi et al., 2023). As estratégias cirúrgicas voltadas para a restauração da função articular incluem coronoidectomia, artroplastia em gap (GA), artroplastia interposicional (IA), osteotomia do ramo mandibular baixo, substituição protética da articulação e reconstrução da unidade ramocôndilo (RCU) com enxerto autógeno. No entanto, até o momento, nenhuma dessas técnicas demonstrou superioridade absoluta sobre as demais na recuperação completa da função articular, o que pode ser atribuído a diferenças na etiologia, na fisiopatologia e à baixa prevalência dessa condição rara (Kelly; Bowen; Murray, 2021).
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
A principal causa da anquilose da ATM é o trauma, frequentemente decorrente de fraturas condilares não tratadas adequadamente, que podem resultar na formação de tecido fibroso ou calcificado na articulação. Além disso, infecções locais ou sistêmicas, como otites médias e artrites infecciosas, também estão entre os fatores etiológicos importantes. Mubashir, Rattan e Alegre (2023) identificaram diferenças morfológicas entre anquilose de origem traumática e infecciosa, destacando que a tomografia computadorizada de feixe cônico (CBCT) pode auxiliar na diferenciação dessas condições, o que é fundamental para o planejamento cirúrgico. A anquilose da ATM compromete funções essenciais, como a mastigação, a fala e a respiração, além de causar assimetrias faciais significativas, especialmente em casos bilaterais. Esses fatores afetam diretamente a qualidade de vida dos pacientes. Sharma (2020) desenvolveu um questionário específico para avaliar o impacto da anquilose na qualidade de vida, demonstrando que pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico apresentam melhora significativa nos aspectos funcionais e emocionais. Seu diagnóstico é baseado na avaliação clínica e em exames de imagem. A tomografia computadorizada multidetectores (TCMD) tem sido amplamente utilizada para avaliar a extensão da fusão óssea e sua relação com estruturas adjacentes (Singh et al., 2020). Além disso, estudos sugerem a importância do uso de relatórios estruturados para guiar a conduta cirúrgica e reduzir complicações intraoperatórias.
O tratamento da anquilose da ATM pode envolver técnicas cirúrgicas, ortodônticas e fisioterapêuticas. A escolha do método depende da idade do paciente, da gravidade da anquilose e da presença de deformidades associadas. Diversas técnicas cirúrgicas são empregadas no manejo da anquilose da ATM, incluindo a Artroplastia Interposicional (AI): Procedimento que consiste na remoção da massa anquilosante e interposição de materiais biológicos ou sintéticos para evitar a recidiva. Estudos indicam que a AI proporciona melhores resultados funcionais quando comparada à artroplastia de gap (Upadya et al., 2021); Osteogênese por Distração (DO): Técnica utilizada para restaurar a simetria facial e melhorar a função respiratória em pacientes com deformidades associadas. Pode ser combinada com outras abordagens, como a artroplastia interposicional e o uso de enxertos (Upadya et al., 2021); Substituição Total da Articulação (TJR): Indicada para casos graves ou recidivantes, consiste na substituição da ATM por uma prótese aloplástica personalizada. Roychoudhury et al. (2021) demonstraram que essa técnica melhora significativamente a abertura bucal e a qualidade de vida dos pacientes, embora seu uso em pacientes em crescimento ainda requeira mais estudos; Uso de Enxertos Autógenos: Os enxertos costocondrais continuam sendo uma alternativa amplamente utilizada devido à sua capacidade de crescimento adaptativo e bons resultados funcionais. No entanto, há um risco maior de reanquilose em comparação com outras técnicas (Mohanty e Verma, 2021). Com relação a reabilitação pós-operatória, a fisioterapia desempenha um papel essencial na prevenção da recidiva e na recuperação da função mandibular. Cardozo (2020) demonstrou que pacientes que aderiram ao tratamento fonoterápico tiveram melhores resultados na amplitude de abertura bucal, enquanto aqueles que não seguiram o protocolo apresentaram alta taxa de reanquilose. Yadav, Roychoudhury e Butia (2021) sugerem um protocolo para a prevenção da reanquilose, incluindo a remoção completa da massa anquilosante, osteotomia com bisturi piezoelétrico para minimizar traumas, interposição de gordura e fisioterapia agressiva. Esses fatores combinados são fundamentais para um melhor prognóstico. O desenvolvimento de novas tecnologias tem contribuído para a evolução do tratamento da anquilose da ATM. O planejamento cirúrgico virtual e a impressão 3D permitem maior precisão na reconstrução da articulação, resultando em melhores resultados estéticos e funcionais (Keyser, MPhil e Warburton, 2020). Além disso, o uso de próteses personalizadas desenvolvidas por meio da tecnologia CAD/CAM tem sido apontado como uma alternativa promissora para a substituição da ATM, superando as limitações das próteses convencionais (Upadya et al., 2021).
3 METODOLOGIA
Esta revisão integrativa da literatura possui uma metodologia qualitativa, sendo baseada em Cardozo (2020), Upadya et al. (2021), Mubashir, Rattan e Alegre (2023) e Roychoudhury et al. (2021), e no desenvolvimento da seguinte pergunta de pesquisa: Quais são as principais causas da anquilose da articulação temporomandibular e como as diferentes abordagens terapêuticas impactam a função mandibular e a qualidade de vida dos pacientes? Para isto, foram utilizadas as bases de dados eletrônica: U. S. National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Cochrane Library, Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Science Direct para pesquisar e identificar estudos que respondessem à pergunta norteadora desta revisão integrativa da literatura. A base de dados foi pesquisada para estudos realizados entre 2020 e 2025. Obtemos um total de 6.520 artigos, onde dentro dessa quantidade foram encontradas 14 duplicatas, excluídos 6.504 e selecionados 16 artigos para esta pesquisa. Esta revisão integrativa baseou-se em três etapas: Na primeira etapa foi o estabelecimento dos descritores para ambas as bases de dados, sendo uma com a utilização de MeSHterms (PubMed) e DeCS/MeSH (BVS). Em seguida, na segunda etapa, foram feitas uma busca avançada nas bases e análise do quantitativo dos artigos científicos presentes na íntegra. Logo em seguida, na terceira etapa, foram selecionados os artigos que se adequaram aos critérios de elegibilidade estabelecidos pelos pesquisadores. Na quarta e quinta etapa, os pesquisadores formularam uma tabela descritiva sobre os autores, objetivo de pesquisa, resultados e conclusão e em seguida, desenvolvimento da discussão dos artigos científicos, a fim de responder à pergunta norteadora estabelecida no início desta metodologia. Foram utilizados dois descritores para a composição da chave de pesquisa, sendo os seguintes (MeSH/DeCS): [(Anquilose/Ankylosis) AND (Articulação Temporomandibular/Temporomandibular Joint)]. Em seguida, os pesquisadores selecionaram os trabalhos com análise no título e resumo, com base nos critérios de elegibilidade. Os critérios de elegibilidade foram os seguintes: artigos publicados em português e inglês; ensaios clínicos randomizados ou não randomizados; metanálise; revisões sistemáticas e artigos que se adequem à temática. Também foi utilizado o sistema de formulário avançado para busca e seleção dos artigos utilizando conector booleano “AND”. Em seguida, artigos que preencheram os critérios de elegibilidade foram identificados e incluídos na revisão.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
Os trabalhos que preencheram todos os critérios de seleção foram incluídos no estudo, os que não preencheram os critérios e/ou não se mostraram relevantes foram excluídos. Os resultados por análise foram representados na Tabela 1 e estabeleceu-se a construção da Tabela 2 aos estudos selecionados, com formulação das colunas (Autor/Ano; Objetivo do estudo; Resultados e Conclusão).
Tabela 1 – Seleção dos artigos por análise empregada e estabelecimento dos critérios de inclusão.
Tabela 2 – Estudos detalhados em tabela de resultados
A anquilose da articulação temporomandibular (ATM) é uma condição complexa que exige uma abordagem multidisciplinar para seu diagnóstico e tratamento. Os estudos analisados demonstram que a fisioterapia pós-operatória tem um papel crucial na recuperação dos pacientes, reduzindo significativamente o risco de recidiva. De acordo com Cardozo (2020), a adesão à fonoterapia pós-operatória resultou em melhores desfechos clínicos, enquanto a falta desse acompanhamento aumentou as chances de reanquilose em 95,45% dos casos. Além disso, a escolha da técnica cirúrgica influencia diretamente na recuperação funcional e estética dos pacientes. Upadya et al. (2021) indicam que a artroplastia interposicional apresenta melhores resultados em relação à abertura bucal quando comparada à artroplastia em gap, sem diferenças significativas nas taxas de recorrência. Da mesma forma, Mubashir, Rattan e Alegre (2023) ressaltam a importância da tomografia computadorizada de feixe cônico (CBCT) na diferenciação entre anquilose traumática e infecciosa, o que pode direcionar uma conduta cirúrgica mais assertiva.
A substituição total da articulação aloplástica tem sido apontada como uma alternativa eficaz para casos mais graves, proporcionando melhora na abertura bucal e na qualidade de vida, conforme observado por Roychoudhury et al., (2021). No entanto, Mohanty e Verma (2021) destacam que, apesar dos avanços nos materiais e técnicas cirúrgicas, os enxertos autógenos, como o costocondral, ainda são amplamente utilizados devido à sua biocompatibilidade e bons resultados funcionais. Outro ponto relevante é o impacto da anquilose da ATM na qualidade de vida dos pacientes. Sharma (2020) desenvolveu um questionário específico para avaliar esse aspecto e observou que intervenções cirúrgicas melhoram significativamente os domínios de limitação funcional, bem-estar psicológico e social. Esses achados reforçam a necessidade de um tratamento individualizado, considerando não apenas a recuperação funcional, mas também o impacto emocional e social da doença.
Por fim, a introdução de novas tecnologias, como o planejamento cirúrgico virtual e a impressão 3D, tem contribuído para maior precisão nos procedimentos e melhores resultados pós-operatórios (Keyser, MPhil e Warburton 2020). No entanto, apesar dos avanços, ainda há necessidade de estudos adicionais para determinar a eficácia a longo prazo das diferentes abordagens terapêuticas e otimizar as estratégias de prevenção da reanquilose.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A anquilose da articulação temporomandibular (ATM) representa uma condição desafiadora tanto do ponto de vista diagnóstico quanto terapêutico, impactando diretamente a qualidade de vida dos pacientes acometidos. Sua manifestação clínica pode comprometer funções essenciais, como mastigação, deglutição, fala e respiração, além de gerar deformidades faciais que podem acarretar implicações psicossociais. Diante disso, a identificação precoce da anquilose e a adoção de estratégias terapêuticas eficazes são fundamentais para minimizar suas consequências funcionais e estéticas. O manejo da anquilose da ATM envolve diferentes abordagens terapêuticas, que vão desde técnicas cirúrgicas, como artroplastia interposicional, osteogênese por distração e reconstrução com enxertos, até reabilitação pós-operatória, com destaque para a fisioterapia intensiva, essencial para evitar a recidiva e garantir uma melhor recuperação funcional. O avanço das tecnologias biomédicas, incluindo o planejamento cirúrgico virtual, a impressão 3D e o desenvolvimento de próteses customizadas, tem possibilitado um refinamento na reconstrução da ATM, proporcionando melhores resultados em termos de mobilidade articular e estética facial. No entanto, apesar do progresso nas técnicas de tratamento, ainda não há um consenso definitivo sobre o método cirúrgico ideal para todos os casos. A escolha da abordagem deve considerar fatores como idade do paciente, extensão da anquilose, etiologia e presença de comprometimentos associados, como apneia obstrutiva do sono e assimetrias faciais severas. Além disso, a adesão ao tratamento fisioterapêutico pósoperatório se mostra essencial para prevenir a reanquilose e otimizar os resultados cirúrgicos.
Diante do impacto funcional e emocional da anquilose da ATM, é imprescindível que os profissionais da área da saúde estejam capacitados para diagnosticar precocemente essa condição e indicar o tratamento mais adequado. Estudos futuros são necessários para avaliar a eficácia a longo prazo das diferentes técnicas cirúrgicas e desenvolver novas abordagens que reduzam as taxas de recidiva e melhorem a previsibilidade dos resultados. Por fim, a abordagem multidisciplinar, envolvendo cirurgiões bucomaxilofaciais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e ortodontistas, continua sendo a melhor estratégia para o sucesso no manejo da anquilose da ATM. Somente por meio do aprimoramento contínuo das técnicas terapêuticas e da adesão dos pacientes ao tratamento reabilitador será possível oferecer soluções eficazes para restaurar a funcionalidade da ATM e proporcionar uma melhor qualidade de vida aos pacientes afetados.
REFERÊNCIAS
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1Discente do Curso Superior de Odontologia pelo Centro Universitário Unifacisa
2Graduado do Curso Superior de Odontologia pela Universidade Estadual da Paraíba, Araruna
3Graduado do Curso Superior de Odontologia pela Universidade de Vassouras do Rio de Janeiro
4Graduada do Curso Superior de Odontologia pela Universidade Estácio de Sá – UNESA
5Discente do Curso Superior de Odontologia pelo Centro Universitário – UNIESP
6Discente do Curso Superior de Odontologia pela Universidade Tiradentes, Sergipe
7Discente do Curso Superior de Odontologia pela ITPAC Porto Nacional
8Graduada do Curso Superior de Odontologia pelo Centro Universitário UNIFAS
9Discente do Curso Superior de Odontologia pela Universidade de Uberaba – UNIUBE
10Discente do Curso Superior de Odontologia pela Universidade Federal da Bahia