ANÁLISE DA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO OBSTETRA NOS CENTROS DE PARTO NORMAL COM USO DO SOFTWARE IRAMUTEQ

ANALYSIS OF THE PERFORMANCE OF OBSTETRIC NURSES IN NORMAL BIRTH  CENTERS USING THE IRAMUTEQ SOFTWARE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10785510


Ingrid Inez Amaral Tillmann1; Rony Gomes Rocha2; Jéssica de Oliveira Pacheco3; Helloyza Halana Fernanda Aquino Pompeu4; Graciane Dias Dias5; Ana Cristina Cardoso Sacramento6; Helena Manuelle Chaves do Nascimento7; Selma Ferreira Estumano8; Marinara de Nazaré Araújo Lobato9; Jéssica Maria Lins da Silva10


Resumo  

Objetivo: O estudo buscou analisar a produção científica de forma a levantar quais são as  principais ações realizadas por enfermeiros obstetras que atuam nos centros de parto  normal com atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Método: Pesquisa  qualitativa, de natureza descritiva do tipo revisão integrativa da literatura, sustentada pelos  passos propostos por Bardin e com criação de categorias pelo software Iramuteq.  Resultados: Inicialmente foram encontrados nas bases de dados 37 artigos, após  implementar os critérios de inclusão como trabalhos completos, publicados entre 2014 e  2024, língua portuguesa e que tratassem da atuação profissional da enfermeira obstetra nos  centros de parto normal, chegando ao final com uma amostra de 12 artigos. Os achados  apontam para o protagonismo da profissional e liberdade de atuação, assim como maiores  taxas de partos humanizados, com cuidado baseado em evidências científicas, além do  respeito à fisiologia do parto. Conclusão: A presença da EO é essencial nos centros de  parto, a autonomia na profissão garante ao profissional uma assistência mais segura e de  qualidade além de fortalecer o protagonismo da parturiente. 

Palavras-chave: Enfermeiras obstétricas, Parto normal, Enfermagem materno infantil, Cuidados de Enfermagem. 

Abstract 

Objective: The study sought to analyze scientific production in order to identify the main  actions carried out by obstetric nurses who work in natural birth centers with care via the  Unified Health System (SUS) in Brazil. Method: Qualitative research, of a descriptive nature,  of an integrative literature review type, supported by the steps proposed by Bardin and with  the creation of categories using the Iramuteq software. Results: Initially, 37 articles were  found in the databases, after implementing the inclusion criteria as complete works,  published between 2014 and 2024, Portuguese language and dealing with the professional  performance of obstetric nurses in natural birth centers, reaching the end with a sample of  12 articles. The findings point to the protagonism of the professional and freedom of action,  as well as higher rates of humanized births, with care based on scientific evidence, in  addition to respect for the physiology of childbirth. Conclusion: The presence of EO is essential in birth centers, autonomy in the profession guarantees the professional safer and  quality care in addition to strengthening the protagonism of the parturient woman. 

Keywords: Obstetric Nurses, Normal Birth, Maternal and Child Nursing, Nursing care. 

INTRODUÇÃO

A função social feminina em relação ao parto e nascimento é bem antiga e remonta  ao início dos tempos. Nesse viés, o ambiente dos nascimentos era doméstico sob o cuidado  tradicional das parteiras, mulheres que eram responsáveis pelo acompanhamento das  gestantes e do parto e possuíam conhecimentos empíricos que eram repassados de  geração em geração, pois todo o processo que envolvia a vida era tido como natural  (Oliveira, Peralta & Sousa, 2019). 

Nesse ínterim, Kappaun e Costa (2020) elucidam que com o desenvolvimento das ciências e com o avanço do modelo biomédico e hospitalocêntrico da saúde, o parto, que  antes era tido como algo comum e feito apenas por mulheres, ganha também a presença  masculina e passa a ser realizado em hospitais e maternidades, com ênfase na assistência  médico-cirúrgica, a exemplo das cirurgias cesarianas, com uso de medicações e  instrumentais, fato que contribui para um cenário com diversas intervenções, por vezes  prejudiciais ao binômio materno-fetal, além de rotineiramente serem associadas à geração  de sofrimentos injustificados que culminam em episódios de violência obstétrica. 

Em tal conjuntura, vem emergindo cada vez mais forte a figura do enfermeiro  obstetra (EO), profissional este que seria capacitado para as intervenções no ciclo gravídico  puerperal, desde o acolhimento a mulher e seus familiares, perpassando pela avaliação de  saúde no pré-natal, a assistência no parto sem distocia e puerpério levando sempre em  consideração o protagonismo feminino, o atendimento respeitoso com a garantia de  acompanhantes, práticas baseadas em evidências científicas, liberdade de posições, uso de  métodos não farmacológicos para o alívio da dor, apoio ao aleitamento e especificidades de  acordo com a cultura local (COFEN, 2016). 

Além disso, é importante frisar que o Brasil vem há algum tempo pensando em  estratégias com a finalidade de reduzir os índices de mortalidade materna e neonatal. Desta  forma, o governo lançou a Rede Cegonha no ano de 2011, objetivando a implementação de  uma rede de assistência materna e infantil com pontos chaves de atuação como a  assistência ao pré-natal seguro, planejamento reprodutivo, crescimento e desenvolvimento  das crianças até os dois anos e atenção ao parto e nascimento, este último implica na  criação e fortalecimentos dos centros de partos normais hospitalares ou não, com atuação  de profissionais capacitados e atualizados, entre eles o enfermeiro obstétrico (BRASIL,  2011). 

Ademais, antes desse período, ainda na década de 90, ganhou força no Brasil um  movimento chamado de humanização do parto e nascimento, sustentado pelas  recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) que envolvem boas práticas na  atenção obstétrica e neonatal com atuação baseada em evidências científicas. Atrelado a  esse movimento, no ano de 1999, a partir de uma portaria ministerial, os centros de parto  normal passaram a ser um novo modelo reconhecido de assistência às mulheres e suas  famílias, podendo estar alocados dentro do espaço hospitalar ou não (Medina et al., 2023). 

As casas de parto são espaços voltados ao acompanhamento de gestantes com  risco habitual durante os seus partos normais. São locais que se assemelham a uma casa,  trazendo um pouco daquilo que já foi no passado, um ambiente acolhedor e seguro para  que mães possam parir seus filhos com o mínimo de intervenções, corroborando aos  estudos que evidenciam que as mulheres se sentem mais seguras em locais como este.  Nesse contexto, o principal profissional atuante é o enfermeiro obstetra, que possui seu  respaldo técnico para atuação a Lei 7498/86 que regulamenta o exercício profissional e  fortalecida pelo artigo 9º do decreto 94.406/87 que versa especificamente pelo enfermeiro  com especialidade em obstetrícia (COFEN, 2024). 

Levando em consideração que o principal cenários de atuação deste profissional é  na assistência ao trabalho de parto e parto, existe a relevância em levantar a seguinte  questão norteadora: quais são as principais assistências prestadas por esse profissional em  atuação nas casas de parto? Para que se possa responder a esta pergunta este estudo  objetiva realizar uma revisão integrativa da literatura de forma a levantar quais são as  principais ações realizadas por enfermeiros obstetras que atuam nas casas de parto com  atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS). 

Procedimento metodológico  

Trata-se de estudo descritivo com abordagem qualitativa do tipo revisão integrativa  da literatura, envolvendo a área da saúde. Para esta finalidade optou-se por utilizar o  método descrito por Bardin (2011) no qual tem a análise de conteúdo seguindo três passos:  a pré análise para a escolha dos documentos, seguida da exploração do material que  culmina com a criação das categorias e, por último, o tratamento dos resultados ocorrendo  a interpretação dos dados alcançados.  

Desta forma, a busca dos artigos ocorreu entre os meses de dezembro de 2023 e  janeiro de 2024, com utilização das palavras chaves: enfermeira obstétrica, centro de parto 

Análise da atuação do enfermeiro obstetra nos centros de parto normal com uso do software  IRAMUTEQ normal com o uso do descritor booleano AND. Os critérios de inclusão foram trabalhos  publicados nos últimos 10 anos (2014 a 2024), com idioma em língua portuguesa,  realizados no Brasil, e que em seu conteúdo tenha abordado a atuação do enfermeiro.  Foram excluídos textos duplicados, sem acesso gratuito, que estivessem disponíveis em  outras línguas. As bases de dados consultadas foram Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Biblioteca de Enfermagem (BDENF) e Literatura Latino-Americana e do Caribe  em Ciências da Saúde (LILACS) via Biblioteca Virtual de Saúde (BVS).  O instrumento utilizado para a coleta das informações foi uma tabela formulada no  Microsoft Excel 2011, com itens relevantes para a pesquisa como o nome dos autores, ano  de publicação, local de publicação e achados encontrados.  

Foi utilizado o software IRAMUTEQ para auxiliar na construção das categorias  durante a 2º etapa do processo metodológico escolhido. Esta abordagem foi escolhida  como ferramenta de apoio para o processamento dos dados encontrados na pesquisa  qualitativa, de modo a evitar argumentos subjetivos, desta forma foi necessário seguir  alguns passos para se chegar ao objetivo, iniciando pela preparação e codificação do  material encontrado, seguido para o ajuste do corpus e por último a criação da nuvem de  palavras. Essa ferramenta foi escolhida pois permite “a análise dos dados com segurança e  credibilidade” (Souza et al., 2018), utilizada para complementar a fidedignidade dos dados  extraídos dos artigos. 

Resultados  

Inicialmente foram obtidos 37 artigos publicados nas bases de dados da BVS. Após  leitura minuciosa dos títulos, resumos, objetivos e resultados, foram selecionados 20  estudos de acordo com os filtros estabelecidos e posteriormente foram removidos 8  trabalhos duplicados, chegando com a amostra final com 12 artigos, a etapa deste processo  está representada no fluxograma 1. 

Entre os artigos selecionados os estudos observacionais, descritivos e de pesquisa  qualitativa foram o maior número, discorrem sobre a atuação do profissional de enfermagem  com especialização em obstetrícia e sua mais diversa atuação nos centros, perpassando  pela assistência à mulher no pré-natal de baixo risco até o pós parto (Jacob et al., 2022),  assim como atividade de gestão de equipe e da própria instituição de saúde (Ferreira Junior  et al., 2020)

Vale ressaltar que alguns trabalhos trouxeram a questão da autonomia deste  profissional, visto que o enfermeiro é o principal trabalhador neste tipo de atendimento e  com isso possui maior liberdade para sua prática (Almeida et al., 2023). 

Outro ponto bastante discutido pelos autores trata-se da atuação segura com  praticas baseadas em evidências científicas, além de trabalhar conforme o preconizado e  recomendado pela OMS e também pelo ministério da saúde do Brasil, este ponto  contribuiria até mesmo para melhor integração da equipe (Jacob et al., 2022; Ferreira Junior  et al., 2020; Duarte et al., 2020). 

Sendo assim, impactando diretamente ao respeito a fisiologia do parto normal, com  pouca adesão à métodos invasivos ou a medicações como a ocitocina e por consequência  maior incentivo aos métodos não farmacológicos para alívio da dor, que incluem uso de  massagens relaxantes, aromaterapia, musicoterapia, uso de prática com o rebozo e banho  de aspersão e imersão (Duarte et al., 2019; Ritter et al., 2020).  

Todas essas práticas e formas de atuação contribuem positivamente para que a  parturiente tenha maior empoderamento sobre o seu corpo, atitudes e escolhas frente ao  seu parto, visto quem nem todas aceitavam as recomendações ou apoio da equipe e  mesmo assim eram respeitadas em suas decisões (Duarte et al., 2020; Reis et al., 20210.  

Fluxograma 1 Primeiro passo segundo a metodologia de Bardin (2011).  

Fonte: Elaborado pelos autores, 2024. 

No quadro 1 encontram-se os artigos selecionados, para melhor visualização das  informações foram separados por números, contendo o nome dos autores, ano de  publicação, a revista publicada e sua indexação, assim como o tipo de estudo e os  resultados alcançados pelos autores.  

A partir da análise dos resultados alcançados e com ajuda do software IRAMUTEQ foi possível formar uma nuvem de palavras de acordo com a imagem 1, com as principais  práticas que envolvem os profissionais da Enfermagem Obstétrica com atuação nos centros  de partos normais. Desta forma as categorias emergiram de acordo com o maior número de  repetição de palavras encontradas nos resumos e codificadas no programa: Protagonismo  da Enfermeira Obstetra nos centros de parto normal; Respeito à fisiologia do parto e  Cuidado baseado em evidências científicas.  

Para a nuvem de palavras foi necessário editar o corpus textual de acordo com as  normas de utilização do software, retiradas a partir do resultado das buscas dos artigos que  sustentaram a presente pesquisa, sendo assim, foram realizados os ajustes necessários  para se evitar a contagem de palavras que não fizessem sentido ao texto como artigos,  expressões verbais e outros.  

Imagem 1 Nuvem de palavras fornecido pelo software IRAMUTEQ 

Fonte: Os autores, 2024. 

Quadro 1 Seleção de artigos conforme critérios estabelecidos

Fonte: Elaborado pelos autores, 202

Discussão 

Protagonismo da Enfermeira Obstetra nos centros de parto normal 

A enfermagem obstétrica vem avançando e ganhando cada vez mais espaço no  cenário da saúde no Brasil, principalmente após o fortalecimento do SUS no qual tem suas  ações pautadas fortemente pelas recomendações da OMS, sendo uma delas ao que se  refere sobre a humanização no parto, que culminou com o fortalecimento e ampliação dos  centros de parto normal extra hospitalar, locais esses que não possuem a necessidade do  profissional médico, ressignificando então a figura da enfermeira obstétrica, com autonomia  e reconhecimento para a sua prática, conforme elucidam Almeida et al. (2023) “essa  autonomia está pautada no exercício profissional da enfermagem com determinações para  a especialidade de EO e se tem o CPN com política estruturante de sua atuação  legitimada”. 

É importante salientar que os CPN no Brasil surgem não apenas como proposta de  um espaço físico planejado, mas também como processo de trabalho diferenciado,  pautado nas boas práticas obstétricas e neonatais, e com a equipe centrada no  enfermeiro obstétrico e obstetriz (Oliveira, Santiago, Belarmino e Ferreira Júnior,  2021, p.5). 

Ainda em consonância com Oliveira, Santiago, Belarmino & Ferreira Júnior (2021)  essa questão é solidificada pois a enfermeira obstetra seria a profissional ideal para o  acompanhamento das gestações de risco habitual assim como dos partos via vaginal,  levando em consideração atitudes menos intervencionistas no cuidado, pois contribui para o  cuidado centrado no binômio mãe e filho. 

O que o autor coloca neste ponto é que os estudos selecionados nos trazem, pois  ressaltam a atuação humanizada da EO. As enfermeiras dentro dos CPN possuem maior  segurança em níveis percentuais para assistência conforme as recomendações vigentes,  com liberdade para escolha de técnicas mais apropriadas conforme cada situação e desejo  da parturiente (Ritter et al., 2020).  

Humanização e respeito a fisiologia do parto normal na assistência da enfermagem  obstétrica

No início do século XX, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de  saúde, com foco em gestação e parto. O Ministério da Saúde lançou o Programa de  Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) para abordar globalmente a saúde ao  longo do ciclo de vida, visando garantir direitos humanos e reduzir a morbimortalidade  prevenível. O Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) foi criado para  aprimorar o PAISM, destacando a humanização como estratégia para melhorar a qualidade  da atenção, especialmente no acolhimento durante o pré-natal, parto e puerpério, com  ênfase na assistência obstétrica e neonatal humanizada (Giantaglia et al., 2020). 

Neste mesmo viés, no início dos anos 90 a primeira maternidade dita como  humanizada no Brasil, trouxe a presença da EO dentro das salas de parto, com apoio  político da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento (Rehuna) e do movimento  feminista da época (Bourguignon & Grisotti, 2020). 

Percebemos um grande avanço entre a implementação do programa e o alcance  dos resultados, pois neste mesmo viés a assistência por enfermeiras obstétricas no estudo  de Ritter, Gonçalves e Golveia (2020) foram relacionadas à um aumento percentual das práticas recomendadas pela OMS, isso significa um maior respeito à mulher, ao bebê que  nasce e à sua família, visto que as recomendações são pautadas em estudos sérios, que  objetivam uma assistência de qualidade, e acabam contribuindo para maior atuação da  enfermagem neste cenário.  

A humanização do parto e nascimento preconiza o respeito aos aspectos  fisiológicos, intervenções éticas, consideração dos aspectos sociais e culturais das  mulheres, proporcionando uma assistência acolhedora com base no respeito, dignidade,  autonomia e crenças das mulheres. A transição para esse modelo implica em mudanças na  atuação dos profissionais de saúde, capacitação técnica e autonomia para atuar nesse  contexto, priorizando o respeito à fisiologia do processo. Vale ressaltar que “evidências  científicas comprovam que partos acompanhados por enfermeiras obstétricas têm uma  melhor qualidade na assistência, reduzindo os números de intervenções desnecessárias  como a episiotomia e o parto instrumental” (Duarte et al., 2020) 

Cordeiro et al., (2018) referem que a humanização no parto é alcançada a partir de  muitas medidas que a equipe pode colocar em ação no momento do parto de forma  estratégica, são práticas sustentadas por evidências científicas, destacando as informações  que podem ser repassadas tanto a parturiente quanto ao acompanhante, uso de técnicas de 

Análise da atuação do enfermeiro obstetra nos centros de parto normal com uso do software  IRAMUTEQ relaxamento e alívio da dor, além de propiciar uma ambiente acolhedor que passe  segurança e que permita a presença garantida por lei do acompanhante, entre outras.  

Cuidado baseado em evidências científicas 

A prática base em evidências científicas em enfermagem implica realizar estudos  para desenvolver práticas inovadoras, visando sustentar as ações e relações dos  profissionais enfermeiros no sistema de saúde, demonstrando o impacto dessas evidências  na prática e na melhora da qualidade da prestação de serviços ao público, gerando  confiança e segurança na assistência aplicada (Castro-Sandoval, Catalán-Peña & Campos Serrano, 2023). 

Como falado anteriormente, a humanização no parto perpassa pela utilização de  vários métodos que podem impactar diretamente na saúde da parturiente e na segurança  de nascimento, além de possibilitar uma experiência menos traumática, visto que a maioria  das mulheres se referem ao parto como um evento marcado pela intensa dor, medo e  ansiedade. O controle da dor seria um dos pontos chave para reverter o clima de tensão  que envolve o parto (de Araújo Filho et al., 2023).  

O alívio da dor de forma não medicamentosa é uma das estratégias que o  enfermeiro utiliza com muita frequência, são conhecidos por não possuírem a necessidade  de equipamentos avançados, porém, possuem evidência científica, sendo utilizados com  proficuidade eficaz para amenizar a dor e humanizar o parto, além de serem associados a  diminuição de uso de medicamentos. Nesse interim, Santos et al (2020) descrevem que a  “hidroterapia, deambulação e mudança de posição, exercícios de relaxamento,  aromaterapia, técnica de respiração, massagem, musicoterapia, bola de parto, estimulação  elétrica e acupuntura” são as práticas mais comumente abordadas.  

Considerações finais 

De acordo com os artigos escolhidos resultante desta pesquisa, ressalta-se que os  objetivos propostos neste estudo foram alcançados a respeito da atuação do enfermeiro  obstetra nos centros de parto normal com financiamento pelo SUS, de forma que esses 

Análise da atuação do enfermeiro obstetra nos centros de parto normal com uso do software  IRAMUTEQ locais são recomendados pela OMS para a assistência aos partos normais, possuindo como  ponto chave a humanização no parto e nascimento.  

Assim como possuem o enfermeiro obstetra como um dos protagonistas neste  cenário, tendo este não apenas a função da assistência, mas também todo a logística para  o seu devido funcionamento, como a gerência de recursos humanos.  

Os achados também fortalecem a ideia que neste espaço ocorre uma maior  autonomia para o exercício da enfermagem obstétrica, visto que comumente os espaços de  saúde são divididos com médicos e profissionais de outras categorias. Com uma equipe  composta apenas por profissionais da enfermagem, as EO conseguem se apoderar de  práticas mais humanas, com respeito ao natural, com práticas pautadas na literatura e  amplo respaldo científico para a assistência aos partos de baixo risco.  

Os resultados então reforçam que mulheres que escolhem parir em centros de parto  normal, possuem mais chances de ter um parto respeitoso com a garantia do seu  acompanhante de livre escolha, assim como de ter mais acesso a métodos não  farmacológicos para o alívio da dor e do medo, terem maior liberdade para a escolha de  posições e de alimentação, resultando em maiores chances de um parto natural e com  menos risco de traumas e ou de práticas intervencionistas como cesarianas eletivas.  

Referências 

Almeida, M. da S., Rodrigues, D. P., Alves, V. H., Reis, L. da C., Silva, C. A. da ., Parente,  A. T., & Silva, S. É. D. da .. (2023). A identidade da enfermagem obstétrica no centro de  parto normal . Escola Anna Nery, 27, e20230024. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN 2023-0024pt 

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. 

Bourguignon, A. M., & Grisotti, M.. (2020). A humanização do parto e nascimento no Brasil  nas trajetórias de suas pesquisadoras. História, Ciências, Saúde-manguinhos, 27(2), 485– 502. https://doi.org/10.1590/S0104-59702020000200010 

Brasil (2011). PORTARIA Nº 1.459, DE 24 DE JUNHO DE 2011. Institui, no âmbito do  Sistema Único de Saúde – SUS – a Rede Cegonha. 

Castro-Sandoval, Johanna, Catalán-Peña, Lucía, & Campos-Serrano, María Sylvia. (2023).  Utilización de evidencia científica en planificación del cuidado por el profesional de  enfermería: revisión sistemática. Enfermería Global, 22(72), 517-544. Epub 04 de diciembre  de 2023.https://dx.doi.org/10.6018/eglobal.558581
Análise da atuação do enfermeiro obstetra nos centros de parto normal com uso do software  IRAMUTEQ 

Conselho Federal de Enfermagem (2024). Casas de Parto começam a chegar ao interior do  Brasil. https://www.cofen.gov.br/casas-de-parto-comecam-a-chegar-ao-interior-do-brasil/ 

Cordeiro, E. L., da Silva, T. M., da Silva, L. S. R., Pimentel, R. V. T., Veloso, A. C. F., de  Oliveira Cabral, M. M., & da Silva, C. M. (2018). A humanização na assistência ao parto e  ao nascimento. Revista de Enfermagem UFPE on line, 12(8), 2154-2162. 

de Araújo Filho, F. J., da Silva Santos, A. G., Pereira, L. C., Leal, L. B., dos Santos Fontes,  W., de Deus, W. F., … & Negreiros, A. L. B. (2023). Benefícios do uso da bola suíça em  gestantes na assistência ao parto de baixo risco. Nursing (São Paulo), 26(303), 9861-9866. 

Duarte, M. R., Alves, V. H., Rodrigues, D. P., Marchiori, G. R. S., Guerra, J. V. V., &  Pimentel, M. M. (2020). Percepção das enfermeiras obstétricas na assistência ao parto:  resgate da autonomia e empoderamento da mulher. Rev. Pesqui.(Univ. Fed. Estado Rio J.,  Online), 903-908. 

Duarte, M. R., Alves, V. H., Rodrigues, D. P., de Souza, K. V., Pereira, A. V., & Pimentel, M.  M. (2019). Tecnologias do cuidado na enfermagem obstétrica: contribuição para o parto e  nascimento. Cogitare enfermagem, 24

Ferreira Júnior, A. R., Brandão, L. C. D. S., Teixeira, A. C. D. M. F., & Cardoso, A. M. R.  (2020). Potencialidades e limitações da atuação do enfermeiro no Centro Parto  Normal. Escola Anna Nery, 25

Giantáglia, F. N, Assunção, M. R. S., Costa, A. C. B., Costa, I. C. P., Freitas, P. S., &  Calheiros, C. A. P. (2020). Humanização do cuidado em um programa de residência  enfermagem obstétrica: possibilidades e desafios. Enfermería: Cuidados  Humanizados, 9(2), 114-128. Epub 20 de noviembre de 2020.https://doi.org/10.22235/ech.v9i2.2043 

Jacob, T. de N. O., Rodrigues, D. P., Alves, V. H., Ferreira, E. da S., Carneiro, M. S., Penna,  L. H. G., & Bonazzi, V. C. A. M.. (2022a). A percepção do cuidado centrado na mulher por  enfermeiras obstétricas num centro de parto normal. Escola Anna Nery, 26, e20210105.  https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2021-0105 

Jacob, T. O., Rodrigues, D. P., Alves, V. H., dos Reis, L. C., Ferreira, E. D. S., Carneiro, M.  S., … & Ferreira, E. D. A. (2022b). A autonomia da enfermagem obstétrica na assistência no  Centro de Parto Normal. Avances en Enfermería, 40(3), 1-13. 

Kappaun, A., & da Costa, M. M. M. (2020). A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PARTO E SUAS  CONTRIBUIÇÕES NA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA. Revista Paradigma, 29(1), 71–86.  Recuperado de https://revistas.unaerp.br/paradigma/article/view/1446
Análise da atuação do enfermeiro obstetra nos centros de parto normal com uso do software  IRAMUTEQ 

Medina, E. T., Mouta, R. J. O., Carmo, C. N. do ., Filha, M. M. T., Leal, M. do C., & Gama, S.  G. N. da .. (2023). Boas práticas, intervenções e resultados: um estudo comparativo entre  uma casa de parto e hospitais do Sistema Único de Saúde da Região Sudeste, Brasil.  Cadernos De Saúde Pública, 39(4), e00160822. https://doi.org/10.1590/0102- 311XPT160822 

Oliveira, V. L. S., Abreu, S., da Costa Belarmino, A., & Júnior, A. R. F. (2021). O centro de  parto normal na rede de atenção materno-infantil brasileira. Revista Gerencia y Políticas de  Salud, 20, 1-17. 

Oliveira, R. D. S. D., Peralta, N., & Sousa, M. D. J. S. (2020). As parteiras tradicionais e a  medicalização do parto na região rural do Amazonas. Sexualidad, Salud y Sociedad (Rio de  Janeiro), 79-100. 

RESOLUÇÃO COFEN Nº 516/2016 – ALTERADA PELAS RESOLUÇÕES COFEN NºS  524/2016 E 672/2021. site: https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05162016/ 

Reis, L. A. M., Valois, R. C., Silva, L. D. F. L., da Silva Peixoto, M. C., dos Santos, K. V., &  Modesto, A. S. F. (2021). Relação de Trabalho entre Enfermeiros Obstétricos e Doulas na  Assistência ao Parto. Enfermagem em Foco, 12(3). 

Ritter, Simone Konzen, Gonçalves, Annelise de Carvalho, & Gouveia, Helga Geremias.  (2020). Práticas assistenciais em partos de risco habitual assistidos por enfermeiras  obstétricas. Acta Paulista de Enfermagem, 33, eAPE20180284.. Epub 11 de maio de  2020.https://dx.doi.org/10.37689/acta-ape/2020ao0284 

Rocha, F. R., Melo, M. C., de Medeiros, G. A., Pereira, É. P., Boeckmann, L. M. M., & Dutra,  L. M. A. (2017). Análise da assistência ao binômio mãe-bebê em centro de parto  normal. Cogitare Enfermagem, 22(2). 

Santos, C. B., Marçal, R. G., Voltarelli, A., de Morais Silva, R. P., & Sakman, R. (2020).  Métodos não farmacológicos de alívio da dor utilizados durante o trabalho de parto  normal. Global Academic Nursing Journal, 1(1), e2-e2. 

Silva, A. L. S. (2014). Dignificação, participação e autonomia de mulheres atendidas por  Enfermeiras em um Centro de Parto Normal. 

Souza, M. A. R. de ., Wall, M. L., Thuler, A. C. de M. C., Lowen, I. M. V., & Peres, A. M..  (2018). O uso do software IRAMUTEQ na análise de dados em pesquisas qualitativas Revista Da Escola De Enfermagem Da USP, 52, e03353. https://doi.org/10.1590/S1980- 220X2017015003353

TENÓRIO, D. D. S., VILELA, A. T., Silva, R. M. D. S., & Albuquerque, N. L. A. (2018).  Percepção dos enfermeiros obstetras diante do parto humanizado.