Autora:
Thais Fernanda Leitão Casellato
Mestre em Saúde Coletiva pela Faculdade de Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP). Docente da Graduação em Fisioterapia, na UniMogi. Fisioterapeuta.
E-mail: thaiscasel@yahoo.com.br
ORCID: http://orcid.org/0000-0002-2100-8373
RESUMO
No tratamento fisioterapêutico a análise da marcha do paciente atua de forma preventiva em comorbidades, correção de vícios posturais e monitoramento do tratamento de pacientes em reabilitação cinésio funcional (Mann L. et al., 2008). Esse estudo possui o objetivo de analisar as fases da biomecânica de marcha humana, bem como: descrever as formas de intervenção de tratamento fisioterapêutico. Foi-se realizado um levantamento bibliográfico em bases de dados: Google Acadêmico, Scopus, Scielo, Medline (Pubmed) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Nesse estudo foi utilizado os descritores: fisioterapia, análise da marcha, equilíbrio postural. Foi-se realizado uma leitura e fichamento de artigos científicos dos últimos dez anos de publicação. Foi encontrado 34 artigos científicos, através das palavras chaves na base de informação. Somente, 13 estudos contemplavam essa temática. Nessa etapa foi realizado uma leitura aprofundada, com os critérios: hipótese, metodologia, resultados e considerações finais. O ciclo da marcha denomina-se um toque do calcanhar de um pé até o próximo toque de calcanhar do mesmo pé. A criação de uma avaliação cinesiofuncional distribuída por segmentos do corpo humano em cada fase da marcha é de fundamental importância na elaboração do diagnóstico, objetivos e tratamento fisioterapêutico. A descrição da marcha humana são convergentes entre os autores, de acordo com cada especialidade em diversas áreas de atuação profissional. Conclui-se que, as fases da marcha humana entre os parâmetros de sustentação excessiva de peso, falta de equilíbrio do membro inferior na fase de balanceio, falta de apoio unipodal, recepção do peso na fase de apoio.
Palavras Chaves: marcha humana, biomecanica, controle postural, fisioterapia
ABSTRACT
The physical therapy treatment, the analysis of the patient\’s gait acts preventively in comorbidities, correction of postural vices and monitoring of the treatment of patients undergoing kinesio-functional rehabilitation (Mann L. et al., 2008). This study aims to analyze the phases of human gait biomechanics, for example: describe the forms of intervention in physical therapy treatment. A bibliographic survey was carried out in the following databases: Academic Google, Scopus, Scielo, Medline (Pubmed) and Virtual Health Library (VHL). In this study, the following descriptors were used: physical therapy, gait analysis, postural balance. Scientific articles from the last ten years of publication were read and registered. Twenty and one scientific articles were found, using the keywords in the information base. Only, 13 studies contemplated this theme. At this stage in depth reading was carried out, with the criteria: hypothesis, methodology, results and final considerations. The gait cycle is called a heel tap of one foot to the next heel tap of the same foot. The creation of a kinesiofunctional assessment distributed by segments of the human body in each phase of gait is of fundamental importance in the elaboration of the diagnosis, objectives and physical therapy treatment. The description of the human gait is convergent among the authors, according to each specialty in different areas of professional performance. It is concluded that the phases of human gait between the parameters of excessive weight bearing, lack of balance of the lower limb in the balancing phase, lack of unipodal support, weight reception in the support phase.
Keywords: march, biomechanics, postural control, physiotherapy
INTRODUÇÃO
Muito têm se falado sobre a prática baseada em evidências na área de saúde. Todavia, a escolha do método foi norteador para a qualidade de estudos acadêmicos (Pasqual MA e Peccin MS, 2005). A análise terapêutica da Marcha Humana foi uma importante ferramenta no tratamento de pacientes.
No século 650 a.C, Galeno descreveu o movimento dos músculos como forma de representação na marcha humana. Em, 1450 a.C Leonardo DaVinci identificou a biomecânica corporal através da Anatomia Humana (Steindler A, 1953).
Para o ano 1900 d.C foi denominado o “século da marcha”. Webber foi um precursor no desenvolvimento de estudos em ciência do movimento (Steindler A, 1953).
A marcha humana compõe os movimentos de: apoio, desprendimento do pé, balanceio e apoio. Cerca de, 60% peso corporal foi observado sobre o retro pé e 40% ante pé (Brunnstrom´s, 2007).
Na área de fisiologia humana foi considerado que, as fibras músculo esqueléticas contráteis estão localizado na coluna vertebral, com inervação da medula espinhal (Smith LK, Weiss EL, Lehmkuhl LD, 1997).
O controle do movimento foi realizado pelo neurônio motor. Esse foi situado dentro de fibras musculares. A contratilidade do músculo ocorre através de, recrutamento das unidades motoras, como resultado o músculo: movimenta-se (Smith LK, Weiss EL, Lehmkuhl LD, 1997).
Já, as unidades motoras possui um total de 95 por fibra músculo esquelética. Para a execução do movimento de flexão e extensão de punho foram recrutadas 100 fibras musculares, aproximadamente. Como exemplo: o menor músculo da mão denominado músculos lumbricais, que possui a função de coordenar os movimentos finos: pinça, além de outros movimentos (Smith LK, Weiss EL, Lehmkuhl LD, 1997).
No sistema músculo-esquelético foi observado o músculo gastrocnêmio. Esse possui 579 unidades motoras, com 1784 fibras musculares interligadas através de, conexão de axônios, que transmitem a mensagem do movimento do Sistema Nervoso Central (SNC) para a medula espinhal até chegar ao músculo responsável pelo movimento (Smith LK, Weiss EL, Lehmkuhl LD, 1997).
Ainda, a fisiologia humana enfatiza que, os músculos foram ativados. Essas estruturas foram liberadas substâncias histoquímicas. Os neurotransmissores de sódio e potássio possui a função na despolarização de placas terminais na membrana da célula (Perry J, 2005).
As fibras musculares contráteis possuem uma velocidade de 2 a 5m/s na execução do movimento. Essa lei denominada de: Tudo ou Nada foi caracterizada no sistema músculo esquelético “voluntário” pela via parassimpática no Sistema Nervoso Central (SNC) (Perry J, 2005).
Um estudo realizado pelo Grupo de Pesquisa Racho Los Amigos Medical Center para o ano de 1981, na Califórnia, USA. Foi considerado as fases da marcha humana. Os parâmetros observado foram: sustentação excessiva de peso, falta de equilíbrio do membro inferior na fase de balanceio, falta de apoio unipodal, recepção do peso na fase de apoio. Esses foram os principais fatores na disfunção na marcha humana.
A criação de uma avaliação cinésiofuncional distribuída por segmentos do corpo humano, em cada fase da marcha foi de fundamental importância na elaboração do diagnóstico cinésio funcional, objetivos e condutas de tratamento fisioterapêutico (Hoppenfeld, 2005).
Esse estudo possui o objetivo de analisar as fases da biomecânica de marcha humana, bem como: descrever as formas de intervenção de tratamento fisioterapêutico.
MATERIAL E MÉTODOS
Nesse estudo foi realizado um levantamento bibliográfico, na base de dados: Google Acadêmico, Scopus, Scielo, Medline (Pubmed) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Foi utilizado os descritores: fisioterapia, análise da marcha, equilíbrio postural. Bem como: uma leitura aprofundada e fichamento de artigos científicos, dos últimos dez anos de publicação.
Foram encontrado 25 artigos científicos, através das palavras chaves na base de informação. Somente, 13 estudos tinham essa temática. Com, hipóteses, metodologia, resultados e considerações finais. Logo após, foi realizado um fichamento de cada texto. Foram selecionados artigos, em idiomas: português e inglês.
Os critérios de inclusão foram artigos científicos relacionados a marcha humana e fisioterapia. Foi verificado a consistência das informações, através de, métodos de revisão sistemática e metanálise.
O período de estudo foi de outubro de 2020 à outubro de 2021.
Os critérios de exclusão foram artigos não relacionados ao tema proposto, bem como: pesquisas que, não contemplavam o período proposto da pesquisa.
O estudo foi constituído de uma revisão bibliográfica, segundo critérios estabelecidos pela Recomendação PRISMA: revisão sistemática e metanálise, que consiste em 27 itens (Galvão et al., 2015). Os aspectos éticos da pesquisa foram estabelecidos, de acordo com a ABNT/ NBR 6.023/2002 e NBR 10520/2002, para estudos de revisão sistemática e metanálise.
Não há conflitos de interesses, financeiros, políticos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Desde, os primórdios dos tempos, o corpo humano na posição ortostática possui a função de vencer a gravidade na execução do movimento. Para que isso aconteça; faz-se necessário uma análise efetiva da marcha humana (Laughman RK, Askew LJ, Bleimeyer RR e Chao EY, 1984).
As condições clínicas do paciente, diante de, um fisioterapeuta. Há uma descrição de fases na execução da marcha humana. Essa propõem-se a integração das áreas: anatomia, biomecânica e fisiologia.
As principais etapas na avaliação da marcha humana foram descritas em: observância do paciente no sentido céfalo para os pés (caudal). Já, na fase de apoio: os artelhos foram situados na região metatársica em extensão na forma de “garra” bem como: o tornozelo eleva o calcanhar contralateral (Hoppenfeld, 2005).
O “arrastar” os pés, sem desprendimento do calcanhar, no movimento de inversão e eversão, com excesso de dorsiflexão. Ainda que, o movimento de flexão plantar e queda do pé em forma brusca em contato com o pé plano e ante pé (Hoppenfeld, 2005).
Contudo, os joelhos encontram-se com excesso de flexão contralateral (valgo ou varo) em extensão brusca, hiperextensão, com movimentos instáveis. Durante, a fase de balanceio. Essas foram executadas o movimento de extensão e flexão de joelho (Hoppenfeld, 2005).
A fase de apoio plantar, a pelve situa-se em adução e abdução, rotação (interna ou externa) e a pelve em extensão realiza-se uma hiperlordose, ou seja, inclinação póstero-anterior. E, na fase final da marcha: o tronco realiza uma rotação e inclinação póstero-anterior (Hoppenfeld, 2005).
Essa multiplicidade de conhecimento nas áreas de: anatomia, fisiologia e biomecânica possibilita o fisioterapeuta criar uma ficha de avaliação fundamentada nas Ciências da Saúde.
Os critérios de elegibilidade dos estudos foram delineados por meio de escritos de cada pesquisa (Figura1).
Figura 1 – Fluxograma para coleta de informações de estudos científicos, no período de outubro de 2020 a outubro de 2021.
No século XX, a marcha humana foi descoberta por Inman como um processo anatômico e fisiológico por meios de condução elétrica (Steindler A, 1953).
O ciclo da marcha denomina-se um toque do calcanhar de um pé até o próximo toque de calcanhar do mesmo pé (Perry J, 2005).
A eletroneuromiografia foi um exame utilizado na descrição da integridade de unidades motoras. Foi-se estabelecida no aprofundamento da análise da ativação músculo esquelética durante a execução do movimento (Saad M, Batistella LR, Masiero D, 1996).
Uma pesquisa foi realizada no pré e pós intervenção fisioterapêutica, através de um exame de eletroneurografia. Nesse estudo foi verificado o deslocamento na cadência da marcha. A visualização de eixos encontram-se na fase de apoio e balanceio (Saad M, Batistella LR, Masiero D, 1996).
Um outro estudo foi avaliado na análise da marcha humana, os aspectos de perda de energia, velocidade do passo, cadência, frequência cardíaca, quantidade de gases consumidos e mensuração do lactato como parâmetros relevantes no tratamento cinesiofuncional (Harris e Wertsch, 1994).
Na análise morfológica da marcha possui um aspecto norteador o plano sagital em relação ao plano posterior. Haja vista que, as alterações e assimetrias entre o hemicorpo direito e esquerdo; bem como: as rotações de tronco devem ser consideradas durante, a conduta fisioterapêutica (Shibewsky et al., 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse estudo conclui-se que, a análise efetiva da marcha humana, no alcance de uma boa postura compõe o aspecto de forma global, harmônica e progressiva, em relação ao segmento corporal. Faz-se necessário novos estudos relacionados a essa temática.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Apostila do Curso de Reeducação Postural Global oferecido em 12 de junho de 2010 em Centro de Formação para Fisioterapeuta (CBES). São Paulo, SP. 2010.
Brunnstrom´s Clinical Kinesiology. Manole. Barueri, SP. 5° ed., 1992. p. 371-383.
Laughman RK, Askew LJ, Bleimeyer RR e Chao EY. Objective clinical evaluation of function – gait analysis. Phys. Ther., 64: 1839-45, 1984.
Mann L, Kleinpaul JF, Teixeira CS, Mota CB. A marcha humana: investigação com diferentes faixas etárias e patologias. Rev. Motriz Educação Física; 14(3):346-353. 2008. DOI: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-506913
Marques AP, Peccin MS. Pesquisa em fisioterapia: a prática baseada em evidências e modelos de estudos. Rev Fisioterapia & Pesquisa. 2005;11(1):43-48 DOI: https://doi.org/10.1590/fpusp.v11i1.76382
Pinto S. Palestra: A marcha humana em análise. Unidade Neuromusculares. 2007.https://dspace.ist.utl.pt/bitstream/2295/143044/1/BM_FML_SEM2_Marcha_SusanaPinto.pdf [acesso em: 18 de outubro de 2013].
Harris, GF e Wertsch, JJ. Procedures for gait analysis. Arch. Phys. Med. Rehabil., 75: 216-25, 1994.
Hoppenfeld, S. Propedêutica ortopédica: coluna e extremidades. São Paulo: Atheneu, 2005
Perry J. Análise de Marcha. Sistemas de análise de marcha. (3):1 p. 2-3. São Paulo, SP, 2005.
Steindler, A. historical review of the studies and investigations made in relation to human gait. J. Bone Joint. Surg., 35-A: 540-2, 1953
Saad M, Batistella LR, Masiero D. Técnicas de Análise de Marcha. Revisão Acta Fisiátrica 3(2): 23-26, 1996.