ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE CASOS NOTIFICADOS NO DATASUS DA SÍFILIS  CONGÊNITA EM RONDÔNIA 

EPIDEMIOLOGICAL ANALYSIS OF CASES NOTIFIED IN THE DATASUS OF  CONGENITAL SYPHILIS IN RONDÔNIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8411048


¹Mateus Fernandes Fagundes, ²Henrique Alves de Almeida, ¹Carla Gabriella Queiroz de Alencar, ¹Josiane Simplicio de Abreu, ¹Maríllia Laís Chagas Viana, ¹Sávio Oliveira de Farias, ³Wilson Martins de Sousa Junior


RESUMO: A sífilis é uma doença infecciosa que pode acometer gestantes, e,  consequentemente, contaminar o feto, quando isso acontece denomina-se de sífilis  congênita que podem resultar em diversos problemas para o bebê. O objetivo do artigo é realizar uma análise epidemiológica da sífilis congênita em Rondônia.  Trata-se de um estudo descritivo e quantitativo que teve como fonte dados o  DATASUS, Google acadêmico e SciELO no período de 2018 a 2021. Os resultados encontrados no estado de Rondônia sobre os casos notificados de sífilis congênita  pelo sistema de informação de saúde permitiu-se observar que o número de casos  decresceu durante os últimos quatro anos, ou seja, pode-se observar que medidas  preventivas no estado foram efetuadas e contribuiu para esse resultado. Por isso, é  de extrema importância o diagnóstico precoce da sífilis, principalmente durante a  gestação, para que a gestante seja tratada antes do feto ser contaminado e causar danos maiores. 

Palavras Chaves: Sífilis Congênita. Pré-natal. Prevenção. Diagnóstico Precoce. 

1. INTRODUÇÃO 

Sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST’s) milenar e persistente  e é considerada um grande problema de saúde pública, tendo em vista a dificuldade  de controle e erradicação. Além disso, a sífilis recebe uma atenção maior entre as IST’s por ocasionar diversos danos sociais, sanitários e econômicos, podendo ainda evoluir para uma patologia crônica com sequelas irreversíveis (BRASIL (b), 2011). 

A infecção é ocasionada pela bactéria gram-negativa Treponema Pallidum que foi descoberta em 1905. Entretanto, existem vários tipos de formas de adquirir a sífilis sendo a sua principal a via sexual que resulta na forma da infecção adquirida.  Quando a pessoa contaminada com a sífilis está gestante, ocorre sífilis gestacional  que dependendo da ausência do tratamento a essa patologia poderá ultrapassar  barreiras placentárias e ser transmitida ao feto ocasionando a sífilis congênita (SOUZA et al., 2018). 

Nos casos em que a sífilis afeta gestante e há possibilidade do desenvolvimento da sífilis congênita que, geralmente, pode acarretar aborto, natimorto, parto prematuro, morte neonatal, infecção ao recém-nascido e manifestações congênitas prematuras ou tardias. Sendo assim, é essencial que a sífilis seja descoberta o quanto antes da gestação ou no início do pré-natal para que possa ocorrer o tratamento e monitoramento do paciente para que sejam reduzidos os danos aos fetos e as gestantes. (KISNER et al., 2021). 

Por conta da gravidade e do cenário de complicações na gestação decorrente da sífilis congênita, o Ministério da Saúde instituiu desde 1986 a notificação compulsória dos agravos da sífilis congênita no país e em 2005 a sífilis gestacional também passou a ser notificada na ficha compulsória de agravos e, por fim, em 2011 a notificação compulsória da sífilis adquirida também passou a ser feita, através da Portaria Ministerial nº 104 (BRASIL (b), 2011). A implementação  dessas medidas servem para tentar um controle maior e erradicar a contaminação vertical da patologia, além de diminuir o número de gestantes contaminadas desassistidas de tratamento adequado e, consequentemente, a redução do número de sífilis congênita (LEMOS et al., 2019). 

Assim sendo, urge a indispensabilidade de estudos referentes a epidemiologia da sífilis congênita para que todos os casos possam ser notificados e tratados adequadamente para que os efeitos não se tornem ainda mais prejudiciais para a saúde da criança e da gestante. Portanto, o presente artigo tem como objetivo realizar uma análise sobre a situação epidemiológica da sífilis congênita em Rondônia. 

2. METODOLOGIA 

Trata-se de um estudo descritivo e quantitativo. Foram analisados os casos confirmados de Sífilis Congênita no período de 2018 a 2021 disponíveis na plataforma do departamento de informática do Sistema Único de Saúde(DATASUS),  no estado de Rondônia, sendo excluídos os dados das doenças não divulgados na base de dados. 

Foram estudadas as seguintes variáveis: ano de diagnóstico. Não houve a necessidade de apreciação desse artigo pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)  por se tratar de estudos de informações públicas. A pesquisa orientou-se em três etapas que foram: (1) levantamento bibliográfico de trabalhos já publicados na base  de dados do Google Acadêmico e SciELO. (2) coleta de dados relacionados à sífilis congênita no DATASUS e (3) redação do artigo com a descrição dos dados. 

No período estudado para a elaboração do artigo, o número total de casos notificados no sistema de informação de agravos de notificação no estado de Rondônia foram 299, sendo divididos em 17 cidades (DATASUS, 2022). 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Em relação aos anos estudados, o ano que apresentou um maior número de casos notificados foi 2018 com um total de 114 notificações. O segundo maior episódio de casos foram em 2019 com 77 casos, seguido de 2020 com um total de 67 notificações e 2021 que contabilizou 41 casos (DATASUS, 2022). Podemos ver que o número de casos de sífilis congênita decresceu ao longo dos últimos quatro anos, podendo ser devido às grandes campanhas de conscientização sobre sífilis e de uso de preservativos no ato sexual, além das gestantes estarem mais atentas ao pré-natal e sendo mais bem assistidas por profissionais capacitados que conseguem tratar a sífilis gestacional de forma adequada sem gerar consequências ao bebê (CARMO et al., 2017). 

No estudo das cidades que notificaram sífilis congênita em Rondônia, Porto Velho foi a cidade que apresentou o maior número de notificações em todo o estado,  sendo responsável por ter notificado o total de 257 o que corresponde a 86% do total  de casos notificados no estado. Foi observado que assim como o estado, em Porto  Velho teve redução no número de diagnósticos notificados ao longo dos últimos  quatro anos. Em 2018 a cidade notificou 101 casos, em 2019 foram 62, já no de 2020 e 2021 foram 59 e 35 casos, respectivamente (DATASUS, 2022). 

As demais cidades que também tiveram casos notificados entre os anos de 2018 a 2021 foram: Alta Floresta D’Oeste, Corumbiara, Jaru, Machadinho D’Oeste, Nova Brasilândia D’Oeste, Presidente Médici que notificaram apenas 1 caso cada uma; Espigão D’Oeste e Rolim de Moura com 2 casos em cada município; Guajará Mirim, Vilhena e Ouro Preto do Oeste com 3 notificações cada; Cacoal e Pimenta Bueno com 4 casos cada; Ariquemes, Buritis e Ji-Paraná que registraram 5 casos (DATASUS, 2022).

Nos estudos sobre a sífilis congênita os fatores que mais possuem relação são a falta de conhecimento das gestantes sobre o tema, ou seja, muitas não sabem o risco de ter a doença para o seu concepto, além de desconhecer as formas  preventivas e o tratamento, para que o seu bebê não venha a adquirir a doença também. Por desconhecer os riscos acabam se relacionando sem o uso de  preservativos, antes e durante toda a gravidez, o que gera mais riscos ao feto. Outro  fator importante que contribui para os números de casos de sífilis congênita no  estado de Rondônia e no Brasil é a falta de acompanhamento durante todo o pré natal ou não ser bem assistidos por profissionais de saúde capacitados durante  toda a gestação e, dessa forma, a sífilis gestacional não é tratada e desenvolve no feto a sífilis congênita. (DOMINGUES et al., 2016). 

Cabe ressaltar, por fim, em caráter de curiosidade, que no geral, o Brasil enfrentou a sífilis congênita com seriedade. Contudo, é observado que em alguns espaços de tempo, houve falta de medicamentos em hospitais para o combate desta. Em reportagem publicada por Mariana Lenharo, em 2015, no site de notícias G1, é noticiado a falta de penicilina benzatina em várias regiões do Brasil, inclusive no norte do país. Posto isso, nota-se que, por mais avanços que esse país tenha  obtido, é importante estar atento a todo instante, visando não haver retrocessos no  combate a essa enfermidade. 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Nota-se que no estado de Rondônia durante os anos de 2018 e 2021 houve quedas de casos da sífilis congênita, o que mostra ser um aspecto positivo no estado. Sendo assim, é de extrema importância manter esses números em quedas além de criar mais políticas públicas em prol do crescimento do conhecimento e da prevenção contra as três formas de adquirir a sífilis. Além disso, é importante que todas as gestantes possuam conhecimento sobre o tema para que possa redobrar os seus cuidados e poder dar a devida importância ao pré-natal para que o seu bebê não venha a contrair nenhuma sequela. Por fim, é fundamental a necessidade do preenchimento correto das fichas de notificação da doença pelos profissionais responsáveis, para que estudos sejam feitos além da detecção o tratamento para que dessa forma o número de sífilis congênita no estado de Rondônia continue a diminuir. 

5. REFERÊNCIAS 

PINHEIRO, Daniel do Carmo;et al. A PREVALÊNCIA DA SÍFILIS CONGÊNITA NO BRASIL: uma breve revisão. Saúde & Ciência em Ação, v. 3, n. 1, p. 1-10, 2017. 

DOMINGUES, R. M. S. M. & Leal, M. C. . Incidência de sífilis congênita e fatores associados à transmissão vertical da sífilis: dados do estudo Nascer no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 32(6): 1-12. 2016. Disponível em: <http://dx.doi.org/101590/0102-311X00082415>. Acesso em: 22 de abril de 2022. 

KISNER, João Gabriel Muniz.; et al. Perfil epidemiológico dos casos notificados  de sífilis congênita no município de Porto Velho entre os anos de 2010 a 2020. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 6, 2021. 

LEMOS, Lorena Sophia Cadete de Almeida et al. O pré-natal como ferramenta na prevenção da sífilis congênita: uma revisão integrativa da literatura. Brazilian Journal of Health Review, v. 2, n. 3, p. 1616-1623, 2019. 

SOUZA, Bárbara Soares de Oliveira.; et al. Análise epidemiológica de casos notificados de sífilis. Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, v. 16, n. 2, p. 94-98. 2018 

LENHAR, Marina. Falta de penicilina benzatina, que trata sífilis, preocupa médicos no Brasil. g1.com.con, 2015. Disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/06/falta-de-penicilina-benzatina-que trata-sifilis-preocupa-medicos-no-brasil.html. Acesso em: 24 de maio de 2022. 

BRASIL (a), Ministério da Saúde. Departamento de informática para Sistemas Únicos de Saúde (DATASUS). datasus.gov.br, 2022. Disponível em <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/sifilisro.def>, 2022. Acesso em 18 de abril de 2022.

 BRASIL (b), Ministério da Saúde. Portaria Ministerial nº 104, 25 de janeiro de 2011.  Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Jan 26; Seção 1. p. 37. 2011.


¹Graduandos em Medicina no Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU), cidade de Barreiras-Ba. 
²Graduando em Medicina no Centro Universitário São Lucas (UniSL), cidade de Porto  Velho-RO. 
³Graduado em Medicina pelo Centro Universitário São Lucas – UNISL; Atuante como  Preceptor de Medicina na Universidade Estadual do Mato Grosso – UNEMAT e  Coordenador do projeto análise epidemiológica de casos notificados no Datasus da  Sífilis Congênita em Rondônia.