ANÁLISE DO USO DE ESTRUTURAS EM STEEL FRAMING EM ESCOLAS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O COLEGIO DARCY RIBEIRO

ANALYSIS OF THE USE OF STEEL FRAMING STRUCTURES IN SCHOOLS: A CASE STUDY OF THE DARCY RIBEIRO SCHOOL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10127725


Rafael da Conceição Pacheco1
Lucas Oliveira da Silva Garcia2
André Prado Rodrigues da Silveira3


RESUMO

O artigo aborda o sistema de construção em Light Steel Framing (LSF) utilizado em uma escola como alternativa à construção convencional de alvenaria. Ele destaca os principais componentes, vantagens e desvantagens desse sistema, com foco em um estudo de caso da construção de uma edificação. Os perfis de aço galvanizado LSF, produzidos com precisão e qualidade, desempenham um papel fundamental na estrutura do edifício, oferecendo resistência e durabilidade. A produção automatizada e perfis engenheirados contribuem para a eficiência e precisão da montagem. A montagem das paredes, cobertura e sistema de fechamento interno demonstra a versatilidade do LSF, permitindo adaptações de design e eficiência em termos de conforto térmico e acústico. A infraestrutura básica, incluindo instalações de água, esgoto e elétricas, é incorporada de forma embutida, contribuindo para a funcionalidade do edifício. Desafios, como condições climáticas adversas e escassez de mão de obra especializada, são discutidos. O artigo conclui que o Light Steel Framing oferece benefícios em termos de qualidade, economia de recursos naturais, construção ágil e resistência ao fogo, compensando custos iniciais ligeiramente mais elevados. Este sistema é uma alternativa valiosa na construção civil, fornecendo espaços duráveis, eficientes e modernos.

Palavras-chave: Light Steel Framing. Perfis de aço galvanizado. Vantagens.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo analisar a utilização de estruturas Light Steel Frame (LSF) na construção de uma escola, com foco na agilidade do processo construtivo e redução no custo de fundações. Para isso será realizado um estudo de caso da construção do colégio Darcy Ribeiro em Maricá, acompanhado de pesquisas bibliográficas e literárias. Serão avaliados os motivos pela escolha dessa tecnologia na construção dessa escola e as vantagens e desvantagens do uso desta modelo construtivo em relação às estruturas convencionais, principalmente a alvenaria.

2. SISTEMA CONSTRUTIVO LIGGHT STEEL FRAMING

2.1. HISTÓRICO

Segundo CONSULSTEEL (2002), embora seja considerada um método inovador e recente, a origem do Light Steel Frame remonta ao século XIX, onde se originaram as primeiras habitações de madeira construídas pelos colonizadores no território americano. Tendo em vista o crescimento abrupto da população foi necessário a utilização de métodos mais eficientes, velozes e mais práticos, conceitos estes criados na Revolução industrial e que seriam aplicados na produção de moradias, utilizando como matéria prima os insumos presentes na localidade, especificamente a madeira. Conhecido como “Balloon Framing”, este método de construção consiste na utilização de perfis de madeira chamados de montante na vertical, que se estendem do alicerce ao topo da construção, juntamente com vigas de madeira interligadas que mantém a estabilidade da estrutura e proporcionam o apoio para os pavimentos. Semelhante também existe sua variante “Platform Framing”, com a diferença principal nos perfis montantes, que se estendem apenas até o os pavimentos. Ambos posteriormente começaram a ser conhecidos também como “Wood Frame”.

De acordo com Pedroso (2014), quando a Segunda Guerra Mundial chegou ao fim a indústria de aço se encontrava bem desenvolvida, e a produção em larga escala do aço o deixou em abundância no mercado, foi a partir deste ponto que o aço começou a ser utilizado no lugar da madeira como base, visando suas vantagens em relação a madeira, como a durabilidade e resistência, o que assim originou as construções em perfis de aço formado a frio, Light Steel Frame.

Por volta dos anos 90, o método de construção conhecido como Light Steel Frame foi introduzido no Brasil por profissionais vindos dos Estados Unidos. No entanto, sua disseminação no país foi lenta devido à falta de informações sobre o sistema entre o público e à escassez de profissionais capacitados para trabalhar com essa nova técnica construtiva.

Além disso, o alto custo dos materiais importados na época e a mão de obra relativamente barata do sistema de construção convencional desencorajaram a industrialização do setor (SOARES, 2021).

Desde 2009, quando o setor de construção passou por uma rápida expansão, os sistemas estruturais desenvolvidos apresentaram problemas de qualidade e desempenho nas edificações, devido ao uso de materiais de baixa qualidade em busca de maior lucratividade. Com o objetivo de elevar a qualidade das construções, em 2013, o Comitê Brasileiro da Construção Civil, vinculado à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), divulgou um conjunto de normas, conhecido como Norma de Desempenho – NBR 15575/2013, que estabelece diretrizes para a execução de obras civis em todo o território nacional (SOARES, 2021).

2.2. ASPECTOS

O sistema de construção Light Steel Frame (LSF) é dividido em dois princípios básicos: Frame são os quadros estruturais construídos para moldar e suportar a edificação, sendo formado por perfis leves de aço formado a frio (PFF) e Framing é o processo da junção das peças metálicas.

De acordo com RODRIGUES (2016) este modelo é admitido como modelo de construção a seco por não utilizar água. Este sistema também necessita de mão de obra especializada, como requisitos o profissional deve compreender os projetos de forma que não haja qualquer tipo de falha na execução, diminuindo assim o risco de desperdício do material.

Uma característica particular que diferencia o LSF dos modos de construção tradicionais é sua estrutura constituída por diversos elementos ou sistemas auxiliares trabalhando em conjunto, desses elementos temos os estruturais, placas de isolamento/vedação, acabamentos interiores e exteriores, instalações hidráulicas e elétricas, etc. Das diversas vantagens apresentadas por este método construtivo temos; maior agilidade para entrega de obra; estrutura mais leve; maior durabilidade; menos risco de corrosão; construção mais precisa em relação à arquitetura; menor quantidade de lixo gerado e possibilidade de reciclagem; maior resistência à incêndios (RODRIGUES, 2016).

O LSF tem grande capacidade de isolamento tanto acústica quanto termal através de paredes feitas em camadas de aço, gesso ou cimento, preenchidas com fibras de diferentes materiais, mas principalmente a lã de vidro. Essa resistência termoacústica se dá pela baixa densidade do material criando algo similar a uma câmara de ar não pressurizada. Sua produção é enxuta, sendo totalmente industrializada e em escala volumosa, onde os PAFF do tipo U enrijecido (Ue) são destinados como montantes (medidas entre 400mm e 600mm) para

estruturação de quadros retiformes para a construção de paredes estruturais, estrutura para pisos, estrutura para telhados e de fachadas para construções (RODRIGUES, 2016).

De acordo com Cirino (2013, p. 10)

produção enxuta ou sistema Toyota de produção, na visão oriental tradicional, pode ser visto por diferentes perspectivas dependendo, muitas vezes, da visão do autor que a denomina ou à época de sua citação. Por mais que as definições variem, elas mantêm a essência da Produção Enxuta, que são fatores como otimização da produção, melhoria no fluxo, eliminação de falhas e perdas (Sistema de produção enxuta).

Segundo Manual de Construção em Aço de Arquitetura da CBCA, no Brasil o método construtivo LSF se mostra pouco utilizado e mal explorado, visto que o país é um dos maiores produtores de aço do mundo (SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012). As normas técnicas brasileiras e estrangeiras utilizadas são em especial a ABNT NBR 14762:2010 – Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis de aço formado a frio e a ABNT NBR 15253:2014 – Perfis de aço formados a frio, com revestimento metálico, para painéis estruturais reticulados em edificações – Requisitos gerais (RODRIGUES, 2016).

Figura 1– Representação de uma casa em Steel Framing

Fonte: Manual Steel Framing: Arquitetura (2012).

2.2. GENERALIDADES DO LSF

A escolha de uma fundação está ligada as condições de um solo e o tipo edificação a ser construída. Para edifícios com cargas bem distribuídas, fundações convencionais rasas, como vigas baldrame, sapata corrida, sapatas e radier, são adequadas. Em solos acidentados e de baixa resistência, fundações profundas, como estacas, são uma opção mais viável (SOARES, 2021).

O nivelamento adequado da fundação é crucial na instalação de estruturas em Light Steel Frame, evitando a necessidade de soluções paliativas, como grauteamento ou cunhagem, que causariam atrasos e custos extras (SOARES, 2021). Isso assegura uma montagem rápida da estrutura.

O aço utilizado no sistema pode ser dividido em duas categorias, aço estrutural e o aço para fins de vedação, conforme respectivamente a norma (ABNT NBR 15.253:2014 – Perfis de aço formados a frio, com revestimento metálico, para painéis estruturais reticulados em edificações – Requisitos gerais) e a norma (ABNT NBR 15.217:2018 – Perfilados de aço para sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall – Requisitos e métodos de ensaio).

A divisão é para ressaltar qual a finalidade do perfil de aço, no caso o perfil estrutural será responsável por resistir e transmitir os esforços empregados a ele de toda a estrutura para as fundações, e os perfis de vedação serão responsáveis por resistir ao seu próprio peso e das placas a ele anexadas, sejam de revestimento, esquadrias e/ou mobiliário. Abaixo os perfis de LSF em aço galvanizado mais utilizados segundo (SOARES, 2021).

  • Montante: Os perfis conhecidos como “montante” são os mais versáteis e amplamente utilizados no sistema de construção a seco. Eles são perfis “U” enrijecidos, também chamados comercialmente de perfil “C” ou “Ue”. O perfil é empregado para suportar cargas verticais, sendo elas provenientes de treliças, vigas de pisos, terças e caibros nas coberturas.
  • As guias em perfis U ou perfis Ue são elementos estruturais que são usados para formar a base e o topo dos painéis de parede, de piso e de cobertura. Elas são também utilizadas para o travamento lateral de vigas e de montantes e montagem das vergas.
  • Cantoneira: As cantoneiras são perfis simples e que desempenham um papel fundamental como complementos em encontros de parede, permitindo a instalação de fechamentos e reforçando a montagem de perfis. Elas são fabricadas em conformidade com as dimensões especificadas no projeto e seguem os mesmos critérios de material aplicados aos demais perfis. Comumente chamados de perfil “L”, esses componentes podem apresentar abas iguais ou desiguais e estão disponíveis em várias medidas e espessuras.
  • Cartola: O perfil cartola, também conhecido como perfil “Ômega”, é menos comum do que outros perfis, e é frequentemente usado como terça, ripa ou suporte de forro. Ele é bastante similar ao perfil montante em termos de formato e especificações, com exceção da posição invertida de suas abas. Devido à sua menor popularidade, há menos opções de dimensões disponíveis no mercado e um número limitado de fornecedores desse tipo de perfil.
  • Fitas metálicas e chapas Gousset: Concebidas pôr o mesmo material aço presente nos outros perfis, as fitas agem principalmente na estrutura para resistir a forças de contraventamento, impedindo o deslocamento horizontal da estrutura, logo sua atuação se resume a forças de tração. As chapas trabalham em  conjunto  com  as  fitas,  servindo  como  ancoras  e  fixação  do

contraventamento, podem ser usados também como reforço estrutural em pontos mais vulneráveis da estrutura.

  • Parafusos e fixadores: Os parafusos conhecidos como auto-atarraxantes são os fixadores mais utilizados em estruturas de Ligh Steel Framing. Sua função pode ser estrutural ou somente de montagem. Uma furação é sulficiente para o parafuso fixa-se na estrutura de maneira segura no componentes estruturais.
  • Chumbadores: São fixadores que conectam estruturas metálicas ao seu substrato. A escolha do chumbador ideal deve levar em consideração as condições locais do substrato ou fundação. Os chumbadores mecânicos “parabolts” são os mais comumente utilizados e são instalados no substrato por meio de um furo com diâmetro nominal do chumbador.
  • Vergas: Podem ser construídas a partir de perfis de caixa ou perfis I, compostos por dois perfis em forma de U unidos por parafusos autoatarraxantes. O espaçamento máximo entre os parafusos deve ser de 600 mm, e cada seção deve ter, no mínimo, dois parafusos. Essas vigas devem ser dimensionadas para suportar cargas de cisalhamento, momentos de flexão e combinações dessas forças, comumente instaladas na posição horizontal, paralelas a vãos como janelas e portas.

Figura 2 – Perfis de aço formado a frio e sua utilização

Fonte: NBR 15253 (ABNT, 2005 apud Maso).

Para o fechamento das paredes o revestimento Externo pode ser feito com diferentes tipos de materiais, como placas cimentícias, OSB, EIFS e até mesmo a alvenaria tradicional, entre outras alternativas existentes no mercado.

  • Placas de OSB são painéis feitos com lascas de madeira impregnadas com resina, produzidos em larga escala para resistência e durabilidade em construções a seco. São usadas como suporte e revestimento em diferentes contextos, proporcionando estabilidade e resistência.
  • Placas rígidas, como as de cimento ou gesso reforçado com fibra de vidro, são comuns em construções LSF, instaladas sobre membranas hidrófugas. Possuem dimensões padronizadas, resistência à água e umidade, podendo ser usadas interna e externamente.
  • Membranas hidrófugas são cruciais para regular a umidade em edificações a seco, atuando como barreira de vapor. Existem as tradicionais em “papel” fixadas com grampos ou parafusos e as membranas líquidas aplicadas como pintura sobre o substrato OSB.
  • O Sistema EIFS (Exterior Insulated Finishing System) utiliza base de OSB e placas isolantes de EPS ou XPS para isolamento térmico/acústico. Envolve camadas de argamassa elastomérica, tela polimérica e desempenamento para acabamento, podendo acomodar cerâmica em sua aplicação.

Já o revestimento interno também apresenta uma variedade de materiais, todos com o propósito de proporcionar conforto térmico e acústico, sua escolha depende do objetivo, do orçamento e das condições climáticas da região onde a construção será realizada (SOARES, 2021).

  • Placas de gesso acartonado, com diferentes espessuras, sendo a mais comum de 12,5 mm. As placas Standard (ST) são usadas na maioria dos ambientes internos devido ao seu custo acessível e bom acabamento.
  • Placas resistentes à umidade (RU), Utilizadas em áreas úmidas, como cozinhas e banheiros, é aconselhável usar com papel Kraft verde, que suportam a umidade. No entanto, elas não são impermeáveis e não devem ser usadas em áreas externas ou com exposição constante à água, pois podem ser danificadas.
  • Placas de gesso acartonado resistentes ao fogo (RF) são recomendadas em edifícios comerciais e/ou com mais de um pavimento, é importante utilizar componentes que contribuam para a resistência ao fogo da edificação. Essas placas possuem uma coloração rosa ou vermelha e são distintas das demais.

2.3. VANTAGENS E DESVANTAGENS

O Sistema de construção em LSF apresenta vantagens e desvantagens em ralação ao sistema de construção convencional. Segundo RIBEIRO; CARVALHO (2018) as diferenças construtivas que resultam nas vantagens de utilizar este sistema construtivo são:

  • Qualidade industrial, os perfis são produzidos seguindo rigorosos controles de qualidade.
  • Fácil trabalhabilidade e transporte, devido a leveza e resistência dos perfis.
  • Menor gasto com recurso naturais, por ser um sistema de construção a seco, logo não utilizando água.
  • Fácil acesso a infraestrutura elétrica e hidráulica para manutenção.
  • Construção limpa e ágil.
  • Produto não combustível e totalmente reciclável.
  • Material flexível a projetos mais complexos.

O autor referido anteriormente também fala sobre as desvantagens do sistema LSF, citando seu alto custo por m² em relação aos métodos tradicionais, a impossibilidade de construir uma edificação com mais de 5 pavimentos e a mão de obra mais cara, em visto a necessidade de mão de obra especializada para ser execução.

3. METODOLOGIA

Para atingir os resultados esperados, este trabalho teve sua metodologia dividida em duas partes, uma teórica e outra prática.

A parte teórica foi voltada para a revisão de literatura, utilizando de fontes relacionadas ao tema escolhido, utilizando como palavra-chave “light steel framing”, “construção a seco” e “perfis formados a frio”, na ferramenta de busca do Google Acadêmico, revistas relacionadas a engenharia civil, como também trabalhos de conclusão de curso de algumas universidades, sites e guias relacionados.

Quanto a parte prática foi voltada para a coleta de informações em campo, por meio de várias visitas técnicas ao canteiro de obras, registro fotográfico e análise dos relatórios diários de obra. Além de uma visita técnica à fábrica responsável por fornecer os perfis LSF.

4. CONSTRUÇÃO: COLÉGIO DARCY RIBEIRO

Com o prazo de 458 dias estipulado para a conclusão da edificação, a obra teve seu início no dia 08 de Junho de 2022. O projeto conta com dois andares sendo o terreo uma combinação de estrutura metalica com steel frame atuando como paredes de vedação, e o segundo pavimento sendo feito apenas de steel frame com estrutura. A escola está localizada na Rua 8 em encontro com a rua 33 em Itaipuaçu, Maricá-RJ, proxima a subprefeitura de itaipuaçu.

Figura 3 – Visão de satelite  sobre o local de obra.

Fonte: Google Earth (2020)

4.1. TERRAPLANAGEM

A preparação do canteiro de obras é uma etapa essencial para a execução de qualquer construção. Ela envolve uma série de tarefas, como limpeza do terreno, montagem do canteiro de obras e terraplanagem (SILVA, 2021). No caso específico deste projeto, a terraplanagem foi realizada em várias etapas, com o objetivo de garantir um terreno plano e nivelado, pronto para receber a fundação da obra, como troca de solo.

Aterro de bica foi utilizado para a preparação do terreno, sendo utilizados tratores de esteira, rolo compressores e pé de carneiro para remoção do material existente e para compactação do novo solo, conforme a imagem.

4.2. FUNDAÇÃO

Dada a escala da construção e falta de resistência do solo encontrado no local a construção conta com uso de sapatas comuns, sapatas de viga baldame e radier para sua estruturação.

Ambos os estilos de sapata estão sustentando principalmente os pilares de estrutura metálica que servem para apoio da estrutura do segundo pavimento, laje e a cobertura, já o radier serve das funções de melhorar a distribuição de cargas no solo, ser o principal apoio para a estrutura LSF do primeiro pavimento. Essas fundações contam com método convencional de montagem com concreto usinado e armadura de ferro que são amarradas com as mesmas do radier e concretados em etapas para evitar fissuras.

4.3. ESTRUTURA METÁLICA

Composta por vigas e pilares em perfil I, formaram a estrutura base da edificação, sendo utilizadas para sustentação da laje do segundo pavimento. Os pilares foram chumbados na laje radie por meio de grauteamento e chapa base, já as vigas foram fixadas nos pilares por meio de solda, de acordo com a norma ABNT NBR 8800:2008 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios.

4.4. STEEL FRAMING

Os perfis de aço galvanizado LSF foram fabricadas em uma siderúrgica em Volta redonda RJ, e transportadas para o canteiros de obras. Para compor os quadros estruturais da estrutura LSF foram utilizados perfis Ue e U com dimensões variando entre 0,80mm a 2,30mm, resitencias de ZAR 230,280,345 Mpa e revestimento de 350g/m², foram fixados com com parafusos. Para garantir a estabilidade estrutural e evitar a flambagem do quadro, foram utilizadas fitas bloqueadores em formato Ue e U simples, além de fitas de aço galvanizado colocadas na horizontal.

Todos os perfis utilizados, são do tipo engenheirado (fabricados de maneira automatica por maquina especializada), eliminando as perdas por corte, e aumentando a precisão das montagens comparado com o serviço manual. Todas as peças foram produzidas, cortadas, furadas, e preparadas com todos os encaixes e impressão da identificação atravez de uma perfiladeira que pode ser transportada para fazer as peças em loco caso necessario.

Os perfis são projetados atravez de software 3d onde o computador calcula a distribuição das cargas dos perfis para depois ser passado para a perfiladeira, onde serão feitas as peças. A perfiladeira é abastecida com um rolo contendo uma “fita” de aço galvanizado em seguida fazendo todo o processo de montagem e fornecendo as peças prontas que são separadas para serem levadas ao local de obra pela equipe da fabrica.

  • Montagem das paredes

As paredes são montadas em loco seguindo as especificações do projeto utilizando parafusos de fixação, guias, chumbadores, fitas metálicas e chapas gousset, elas foram devidamente chumbadas e contraventadas para promover maior segurança e conforto aos usuários. A montagem foi realizada partindo do primeiro pavimento para o segundo pavimento.

Figura 4 – Montagem das paredes em Light Steel Framing dos 2 pavimentos

Fonte – Autores

  • Cobertura

Utilizando os mesmos perfis das paredes foram montadas as treliças da cobertura em forma de tesoura, projetadas para suportar as telhas metálicas, sendo apoiadas em terças de aço galvanizado. As terças são vigas horizontais que distribuem a carga das telhas para as treliças. As treliças são estruturas reforçadas que distribuem as cargas da cobertura para as paredes estruturais.

Possui duas calhas, que são canais que coletam a água da chuva e a direcionam para o sistema de drenagem. A cobertura também possui duas águas, o que significa que ela é inclinada em duas direções, a mesma foi dividida em duas partes, sendo a primeira parte contendo duas águas mais elevadas do que a segunda parte. Essa divisão foi feita para criar um vão entre as coberturas, que permite uma melhor ventilação da edificação.

Para reforçar a estrutura de apoio as treliças da cobertura, foram utilizadas chapas gousset de aço galvanizado na junção dos montantes e vergas, onde há vãos de janelas e portas. As chapas gousset são peças de aço que são colocadas nas extremidades das junções, formando uma espécie de caixa, que aumenta a resistência da estrutura. Elas são importantes para garantir a estabilidade da estrutura e evitar que ela se rompa sob a ação de cargas concentradas e atua como contraventamento.

  • Fechamento das paredes

Esta etapa ainda não foi executada, no entando está previsto para o fechamento com placas de gesso, que oferecem praticidade na instalação e, ao mesmo tempo, proporcionam eficiência no quesito conforto térmico e acústico. As placas de gesso acartonado, conhecido por sua versatilidade, possibilita um design flexível e adaptação do espaço de acordo com suas finalidades. 3 tipos de placas serão utilizadas, são:

Tabela 1 – Tipos de placas acartonadas que serão utilizada

RuApresenta uma melhor resistência contra umidade, serão utilizadas para compor áreas com incidência de água, como banheiros cozinhas, áreas de serviço. Seu tipo é identificado pela coloração verde.
RfApresenta uma maior capacidade de resistir a propagação de chamas Seu tipo é identificado pela coloração rosada.
StandardÉ o modelo mais básico de gesso acartonado, não apresenta características especias. Seu tipo é identificado pela coloração cinza.

Fonte – Autores

Figura 5 – Placas de gesso acartonado

Fonte – https://www.sogessodf.com/shop/gessos/placa-de-gesso-acartonado/

A adição de um revestimento interno em lã de rocha complementa esse cenário, garantindo uma redução significativa na propagação de ruídos indesejados e contribuindo para a regulação térmica do ambiente, resultando em um espaço aconchegante e silencioso.

Figura 6 – Lã de rocha
Fonte – https://www.refratil.com.br/produto/mantas-de-la-de-rocha/

4.5. INFRAESTRUTURA BÁSICA

  • Instalações de água e esgoto: Projetado e executado de acordo com a ABNT NBR 8160:1999 – Sistemas prediais de esgoto sanitário – Projeto e execução e a ABNT NBR 5626:1998 – Instalação predial de água fria. O sistema hidrossanitário foi construído de modo a ser embutido nas lajes e paredes de LSF, sendo por meio de esperas na fundação radie, tubulações suspensas ancoradas por meio de fitas metálicas abaixo da laje do segundo pavimento e entre os vãos das paredes em LSF.
  • Instalações elétricas: Dimensionadas para atender a demanda energética do projeto e respeitando a ABNT NBR 13570 – Instalações elétricas em locais de afluência de público – Requisitos específicos, as instalações foram feitas de forma embutida, semelhante as instalações de água e esgoto, esperas foram alocadas na fundação radie e na laje do segundo pavimento sendo utilizados de conduítes elétricos de dimensões variadas e calhas elétricas engastadas abaixo da laje do segundo pavimento com o auxílio de fitas metálicas e parafusos.

4.5. OBSTÁCULOS

Diante dos varios dias de construção varios problemas atrasaram o progresso da obra, principalmente o clima diante de varias chuvas e a falta de mão de obra especializada no local, além disso o local é bastante proximo ao mar gerando alto risco de corrosão assim necessitando maior cuidado e ações preventivas para garantir a integridade das estruturas metálicas. No momento a obra se encontra em andamento, as informações de sua condição foram coletadas até 1 de novembro de 2023. A construção já passou do prazo estipulado para seu término, a nova previsão de sua conclusão é para 2024.

5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo, exploramos o sistema de construção em Light Steel Framing (LSF) como uma alternativa viável ao método convencional de construção em alvenaria. Ao longo do documento, foram abordados os principais componentes, vantagens e desvantagens desse sistema, bem como a metodologia aplicada em um estudo de caso de um projeto de construção de um colégio.

Os perfis de aço galvanizado LSF, fabricados com precisão e qualidade, desempenham um papel fundamental na estrutura do edifício, oferecendo resistência e durabilidade. O uso de perfis engenheirados e a produção automatizada contribuem para a eficiência e a precisão da montagem, minimizando perdas e garantindo a estabilidade estrutural.

A montagem das paredes e da cobertura, juntamente com o sistema de fechamento interno, demonstra a versatilidade do LSF, permitindo adaptações de design e proporcionando eficiência em termos de conforto térmico e acústico. A utilização de diferentes tipos de placas de gesso acartonado oferece flexibilidade de projeto de acordo com as necessidades específicas de cada área do edifício.

A infraestrutura básica, incluindo instalações de água e esgoto, elétricas, e a utilização de técnicas modernas de embutimento, contribui para a funcionalidade e eficiência da edificação. No entanto, os obstáculos, como as condições climáticas adversas e a escassez de mão de obra especializada, demonstram desafios comuns enfrentados em projetos de construção.

Em resumo, o Light Steel Framing oferece uma série de benefícios, como qualidade, facilidade de trabalho, menor consumo de recursos naturais, construção limpa e ágil, e resistência ao fogo, tornando-se uma opção atraente na construção civil. Apesar de alguns desafios e custos iniciais ligeiramente mais elevados, sua versatilidade e durabilidade compensam a longo prazo. O estudo de caso apresentado ilustra como esse sistema pode ser implementado com sucesso em projetos reais, proporcionando um espaço durável, eficiente e moderno. Portanto, o LSF é uma alternativa valiosa para aqueles que buscam soluções inovadoras na construção civil, levando em consideração os benefícios de sua utilização e os desafios a serem superados.

REFERÊNCIAS

SILVA, Ingrid Lima da. Preparação do terreno e planejamento do canteiro de obras na construção civil. 2021. 33 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – UNIC, Rondonópolis, 2021.

ABNT NBR 8800:2008 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios.

ABNT NBR 8160:1999 – Sistemas prediais de esgoto sanitário – Projeto e execução. ABNT NBR 5626:1998 – Instalação predial de água fria.

CONSULSTEEL. Manual de Procedimiento Construcción Con Steel Framing . [s.l.] www . consulsteel . com, 2002.

PEDROSO, Sharon Passini; FRANCO, Guilherme Augusto; BASSO, Guilherme Luiz; BOMBONATO, Fabiele Aparecida. STEEL FRAME NA CONSTRUÇÃO CIVIL: 12° ENCONTRO CIÉNTIFICO CULTURAL INTERINSTADUAL. Cascavel: Centro Universitário da Fundação Assis Gurgacz; DOM BOSCO, 2014.

SOARES, Eduardo Rayher. Light Steel Frame – Conhecendo o sistema construtivo a seco.: Produto Educacional: Apostila de apoio. Charqueadas: Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), 2021.

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SANTIAGO, A. K.; FREITAS, A. M. S.; CRASTO, R. C. M. D. Steel Framing: Arquitetura. 2. ed. Rio de Janeiro: INSTITUTO AÇO BRASIL CENTRO BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO EM AÇO, 2012.

CIRINO, S. R. A.; GONÇALVES, H. S.; QUEIROZ, F. C. B. P.; QUEIROZ, J. V.; HÉKIS,H. R. Sistema de Produção Enxuta: analisando as práticas adotadas em uma indústria têxtil paraibana. Revista Gestão da Produção Operações e Sistemas, [S. l.], n. 1, p. 10, 2013. DOI: 10.15675/gepros.v0i1.984. Disponível em: https://revista.feb.unesp.br/gepros/article/view/984. Acesso em: 15 out. 2023.

RIBEIRO, V. DE M.; CARVALHO, L. C. VANTAGENS EM ADOTAR O LIGHT STEEL

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1 Discente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade de Vassouras Campus Maricá e-mail: – ra201910497@univassouras.edu.br

2 Discente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade de Vassouras Campus Maricá e-mail: – ra201910563@univassouras.edu.br

3 Docente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade de Vassouras Campus Maricá. Mestre em Tecnologia da Construção (UFF). e-mail: prado1andre@gmail.com