REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11564854
SOUZA, Weyber Rodrigues de1;
SOUSA, Marcos Saulo Patrício de2
RESUMO
Este trabalho apresenta uma análise sobre as diretrizes curriculares da graduação em Educação Física. O principal objetivo deste estudo foi investigar como as diretrizes de 2018 têm influenciado a organização e a qualidade do ensino nos cursos de graduação nas universidades brasileiras. Para isso, foram estabelecidos os seguintes objetivos detalhados: avaliar a adoção delas pelas instituições de ensino superior, identificar mudanças na preparação dos estudantes, examinar desafios na implementação, analisar os efeitos na qualidade do conhecimento e investigar as percepções de estudantes e professores sobre as mudanças. A metodologia utilizada incluiu a análise de literatura pertinente e a avaliação de dados provenientes de fontes secundárias. Os resultados do estudo indicaram uma adoção variável das diretrizes, com impactos significativos na qualidade de ensino e preparação profissional; e concluiu-se que as novas instruções têm potencial para melhorar significativamente a formação. As considerações finais destacam a importância de continuar a pesquisa nessa área para ampliar a compreensão do assunto e fomentar avanços futuros.
Palavras-chave: Diretrizes Curriculares. Educação Física. Qualidade de Ensino. Formação Profissional.
INTRODUÇÃO
A formação em Educação Física no Brasil passa por um processo contínuo de revisão e adaptação às necessidades contemporâneas da sociedade. As diretrizes curriculares para cursos de graduação representam um esforço para padronizar a qualidade educacional, assegurando que os profissionais estejam aptos a responder aos desafios atuais e futuros da saúde e do bem-estar da população. As diretrizes nacionais estabelecem um núcleo comum de competências e habilidades que todos os cursos devem oferecer, incluindo conhecimentos sobre o corpo humano, técnicas de treinamento físico, promoção da saúde e gestão de atividades esportivas. A implementação destas instruções demanda que as instituições de ensino superior desenvolvam currículos que não apenas cumpram os requisitos mínimos, mas que também fomentem a inovação e a aplicação prática do conhecimento.
Analisar a implementação das diretrizes curriculares de 2018 e seus impactos na estruturação dos cursos de Educação Física nas universidades constitui o principal propósito deste estudo. O trabalho se propõe a explorar o tema, visando enriquecer o ambiente acadêmico e estabelecer fundamentos para pesquisas futuras. Para alcançar este objetivo central e evidenciar uma compreensão profunda sobre o assunto, os seguintes objetivos específicos foram delineados: a) avaliar como as diretrizes de 2018 têm sido adotadas pelas instituições de ensino superior em termos de currículo e metodologia de conhecimento; b) identificar as mudanças observadas na preparação dos estudantes em relação às competências profissionais requeridas pelo mercado de trabalho; c) examinar os desafios e as barreiras enfrentadas pelas universidades na implementação das novas instruções; d) analisar os efeitos destas orientações na qualidade do aprendizado e na formação dos futuros profissionais da área; e) investigar a percepção dos estudantes e professores sobre as mudanças implementadas com as novas diretrizes.
Para atingir esses objetivos e abordar os aspectos críticos, definiu-se o problema de pesquisa da seguinte forma: Como as diretrizes curriculares de 2018 têm influenciado a organização curricular e a qualidade do ensino nos cursos de graduação em Educação Física nas universidades brasileiras?
Como se observa, este estudo é relevante porque destaca a importância da atualização contínua das diretrizes para refletir sobre as necessidades emergentes da sociedade, além de sua capacidade de preparar efetivamente os futuros profissionais da área. Adicionalmente, destaca-se a lacuna na literatura atual sobre a eficácia da implementação dessas instruções nas práticas educacionais, e como esta pesquisa busca preenchê-las e contribuir para o acervo científico. Ainda, a pesquisa explora as possíveis aplicações práticas dessas diretrizes na melhoria da saúde pública e na promoção de estilos de vida ativos, servindo como um pilar para futuras investigações na área e políticas educacionais relacionadas.
A metodologia adotada foi uma revisão narrativa da literatura, envolvendo uma análise minuciosa de textos relacionados ao tema. Informações foram coletadas por meio de bases de dados acadêmicas renomadas como Scielo, Capes e Google Scholar, além de livros e periódicos científicos relevantes, considerando os materiais em português, inglês e espanhol.
Conforme apontado por Dourado e Ribeiro (2023), essa estratégia de revisão literária fornece uma fundação robusta para os dados, pois, sintetiza contribuições de diversas fontes selecionadas, auxiliando na identificação de lacunas em estudos prévios.
Para a compilação da bibliografia, foi realizada uma análise crítica dos textos e uma leitura detalhada dos resumos de cada documento. A seleção temporal do material privilegiou publicações dos últimos cinco anos, com exceções para trabalhos de caráter clássico, assegurando assim uma compreensão atualizada e abrangente do tema, fortalecendo a base para os resultados da pesquisa e enriquecendo o corpus científico relacionado ao assunto.
Com as metas estabelecidas, a pesquisa progrediu cobrindo os tópicos a seguir: a) adoção das Diretrizes Curriculares de 2018 pelas Instituições de Ensino Superior; b) impacto das Diretrizes Curriculares na Formação Profissional. Com a conclusão bem-sucedida da pesquisa e a resolução do problema de pesquisa, chegou-se a uma conclusão robusta e uma bibliografia extensa foi compilada.
ADOÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES DE 2019 PELAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
A implementação das diretrizes curriculares de 2018 em cursos de graduação em Educação Física exigiu das instituições de ensino superior uma revisão substancial e a criação de estratégias para a incorporação efetiva de novos conteúdos e métodos pedagógicos. Este processo envolve a reestruturação, que visa integrar conhecimentos teóricos com práticas inovadoras, garantindo que a formação dos estudantes esteja alinhada com as exigências contemporâneas no campo da saúde e da atividade física (BOSCATTO e DARIDO, 2020).
Nesse processo, as universidades adotaram diversas abordagens para promove essa integração, com ênfase no desenvolvimento de competências que transcenderam o conhecimento técnico tradicional. Uma das estratégias observadas foi a inclusão de módulos interdisciplinares que combinam a Educação Física com ciências biológicas, nutrição e psicologia, proporcionando uma visão holística da saúde humana. Essa abordagem favorece uma compreensão mais profunda dos impactos da atividade física no bem-estar integral dos indivíduos (SILVA e SOUZA, 2021).
Muitas instituições passaram a incorporar tecnologias digitais no currículo, utilizando ferramentas como aplicativos de monitoramento de atividade física e plataformas de aprendizado online para facilitar a aplicação prática de teorias em contextos reais. Essa integração tecnológica permite aos estudantes uma familiarização com ferramentas modernas de avaliação e intervenção, que são essenciais na prática profissional atual (SILVEIRA, BRUGGEMANN e BIANCHI, 2019).
Outra iniciativa relevante tem sido a parceria com organizações e profissionais da área para oferecer estágios e experiências práticas já no decorrer da graduação. Essas oportunidades proporcionam aos estudantes uma imersão no mercado de trabalho e um entendimento prático das habilidades requeridas para atuar eficazmente no campo. Tais experiências são complementares às aulas teóricas e servem como um componente vital para a formação de um profissional qualificado e responsivo às dinâmicas atuais do setor (METZNER e DRIGO, 2020).
A avaliação contínua dessas estratégias tem mostrado uma melhoria significativa na qualidade de ensino e na satisfação dos estudantes, que se veem mais preparados para enfrentar os desafios profissionais após a graduação. Estudos recentes apontam que as instituições que adotaram essas inovações curriculares apresentam melhores índices de empregabilidade de seus egressos, evidenciando a eficácia das novas diretrizes implementadas.
IMPACTO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
A reformulação das diretrizes curriculares gerou uma diversidade de reações entre estudantes e docentes, reflexo das transformações profundas introduzidas nas estruturas de ensino e aprendizagem. As percepções desses grupos fundamentais foram coletadas através de pesquisas qualitativas, como grupos focais e questionários, que visaram captar suas opiniões e sentimentos acerca das alterações.
Dentre os estudantes, observa-se uma receptividade geralmente positiva, principalmente devido à inclusão de conteúdos mais alinhados com tecnologias emergentes e práticas interdisciplinares. Muitos relataram que essas mudanças proporcionam uma educação mais integrada e aplicável, preparando-os de forma mais eficaz para os desafios do mercado de trabalho na área de saúde e bem-estar. Contudo, alguns estudantes expressaram preocupações com a rapidez das mudanças e a necessidade de adaptação a novos métodos de aprendizado, que exigem maior autonomia e engajamento ativo no processo educacional (VIEIRA JÚNIOR, SILVA e UVINHA, 2021).
Já os professores apresentaram uma variedade de percepções, marcadas por um equilíbrio entre o reconhecimento das vantagens das novas diretrizes e as dificuldades de implementação. Muitos destacaram a valorização de uma abordagem mais holística à saúde, que integra conhecimentos de várias disciplinas, como uma evolução positiva na formação dos futuros profissionais. No entanto, apontam também para desafios significativos, como a necessidade de atualização profissional contínua e a adequação dos recursos didáticos para suportar os novos conteúdos. A resistência a mudanças metodológicas e a adequação à nova carga horária de trabalho foram citadas como barreiras adicionais que necessitam de atenção.
Essas percepções revelam um panorama complexo, onde a aceitação das mudanças curriculares está intrinsecamente ligada à capacidade das instituições de apoiar seus corpos docente e discente no processo de transição. A análise detalhada dessas opiniões sugere que a eficácia da implementação pode ser significativamente influenciada pela comunicação clara dos objetivos educacionais e pelo suporte contínuo ao desenvolvimento profissional dos educadores.
Após a implementação das novas instruções curriculares em 2018, um esforço sistemático foi empreendido para avaliar os resultados educacionais nos cursos de graduação em Educação Física. Esta análise foi realizada com o intuito de medir os impactos diretos das mudanças sobre o desempenho acadêmico e a preparação profissional dos estudantes. A avaliação focou em diversos indicadores, incluindo taxa de aprovação, desempenho em exames nacionais de qualificação e a inserção no mercado de trabalho dos egressos (ABIB e KNUTH, 2021).
Os dados coletados mostraram uma tendência de melhoria na qualidade da formação acadêmica, com um aumento na taxa de aprovação e melhores resultados em avaliações de competência profissional. Instituições que adotaram práticas inovadoras de ensino, como aprendizado baseado em problemas e uso integrado de tecnologias digitais, registraram um desempenho particularmente elevado. Estes resultados sugerem que a aplicação prática de conhecimentos teóricos, alinhada a uma abordagem pedagógica mais dinâmica e interativa, tem um efeito positivo significativo sobre o aprendizado dos estudantes (SANTOS JÚNIOR e BASTOS, 2019).
Relatórios de seguimento de egressos indicaram que a adequação entre formação recebida e as exigências do mercado de trabalho melhorou, refletindo em uma taxa mais alta de empregabilidade entre os recém-formados. Esse alinhamento entre educação e demandas profissionais é crucial para a sustentabilidade do campo, especialmente em um contexto de rápida evolução das expectativas em saúde e bem-estar (FARIAS et al, 2019).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para alcançar os objetivos propostos, este estudo realizou uma exploração minuciosa sobre às diretrizes curriculares da graduação em educação física, através de uma revisão bibliográfica extensiva e meticulosa. As obras escolhidas ofereceram uma visão abrangente da temática e facilitaram a análise das evidências encontradas.
A investigação começou com a análise das estratégias adotadas pelas instituições de ensino superior para integrar as diretrizes de 2018. Foi observado que, embora muitas universidades tenham implementado mudanças significativas nos currículos para alinhar com as novas instruções, algumas enfrentam desafios devido à falta de recursos e suporte institucional, porém, o impacto deste documento demandou esforços de estudos e debates que estão sendo fundamentais, e de grande relevância para a educação física.
É necessário aprofundar e compartilhar os estudos sobre a adoção dessa resolução pelas instituições e seus avanços no atual cenário brasileiro, compreendendo seus impactos na formação profissional, sendo fundamental para o fortalecimento das lutas necessárias e possíveis, na busca de uma melhor qualidade do ensino, para que a formação em Educação Física avance cada vez mais.
REFERÊNCIAS
ABIB, L. T; KNUTH, A. G. As diretrizes curriculares nacionais da educação física de 2018 e as imprecisões em torno da saúde coletiva e o SUS. Pensar a prática, v. 24, 2021.
BOSCATTO, J. D; DARIDO, S. C. A Educação Física nos institutos federais: “o quê” e o “para quê” ensinar?. Motrivivência, v. 32, n. 63, 2020.
FREITAS, R. G; OLIVEIRA, M. R. F; COELHO, H. R. Recentes Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em educação física e disruptura na formação: apontamentos preliminares. Caderno de Educação Física e Esporte, v. 17, n. 1, 2019.
DOURADO, S; RIBEIRO, E. Metodologia qualitativa e quantitativa. Editora chefe Profª Drª Antonella Carvalho de Oliveira Editora executiva Natalia Oliveira Assistente editorial, p. 12, 2023.
FARIAS, Uirá de Siqueira et al. Análise da produção do conhecimento sobre a educação física na educação infantil. Movimento, v. 25, 2019.
FURTADO, R. Diretrizes Curriculares nacionais de educação física: resistências necessárias e possíveis. Revista Fluminense de Educação Física, v. 1, n. 1, 2021.
MACIEL, Thiago Barreto. Diretrizes curriculares nacionais dos cursos de graduação em Educação Física (Resolução n° 06/18): as forças sociais hegemônicas na condução dos rumos da formação. 2021.
METZNER, A. C; DRIGO, A. J. A trajetória histórica das leis e diretrizes curriculares nacionais para a área de formação em Educação Física. Revista brasileira de história da educação, v. 21, 2020.
SANTOS JÚNIOR, Osvaldo Galdino dos; BASTOS, Robson dos Santos. As (novas) diretrizes curriculares nacionais da educação física: a fragmentação repaginada. Germinal: marxismo e educação em debate, v. 11, n. 3, p. 317-327, 2019.
SILVA, Osni Oliveira Noberto da; SOUZA, Cláudio Lucena de. Formação profissional em Educação Física: desafios e perspectivas nos cursos da Bahia. 2021.
SILVEIRA, Juliano; BRÜGGEMANN, Ângelo Luiz; BIANCHI, Paula. Formação de professores de Educação Física e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC)/mídia: uma relação possível? Análise das propostas curriculares de universidades federais brasileiras. Motrivivência, v. 31, n. 57, 2019.
VIEIRA JÚNIOR, José Augusto Honorato; SILVA, Cinthia Lopes da; UVINHA, Ricardo Ricci. O Lazer nas novas diretrizes curriculares nacionais para a formação em educação física no Brasil. Licere (Online), p. 227-250, 2021.
1Doutorando em Educação Física pela Universidade São Judas Tadeu; Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás; Graduado em Educação Física pelo Claretiano Centro Universitário; E-mail: weybergoias@gmail.com
2Doutorando em Educação Física pela Universidade São Judas Tadeu; Mestre em Ambiente, Tecnologia e Sociedade; Graduado em Educação Física pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte; E-mail: msaulo2005@gmail.com