REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10600778
Brenda Beck Monteiro Lamounier¹; Alexandra do Nascimento Luparelli¹; Suelen de Almeida Parreira Trentin¹; Caroline Belchior Cardoso²; Marília Alves Machado²; Joice Aparecida Rezende Vilela³; Natália Lôres Lopes³.
RESUMO
A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é uma enfermidade de caráter zoonótico de importância para a saúde pública, provocada por um protozoário pertencente ao gênero Leishmania spp. A transmissão ocorre principalmente através do flebotomíneo Lutzomyia longipalpis, afeta primordialmente canídeos silvestres e domésticos, que são os principais hospedeiros e reservatórios na área urbana. Esta doença carece de sinais patognomônicos, o que dificulta o diagnóstico clínico, resultando em uma enfermidade subdiagnosticada. Devido à incidência e à inespecificidade dos sinais clínicos encontrados, torna-se imprescindível investigar a doença em animais que apresentam sinais clínicos relevantes, como linfadenomegalia, onicogrífose, distúrbios hematológicos e alterações dermatológicas. Métodos diagnósticos, tais como a Citopatologia, PCR e sorologias por RIFI e ELISA, são empregados para alcançar um diagnóstico definitivo. A Leishmaniose Visceral Canina não possui cura; os tratamentos visam reduzir a carga parasitária no organismo do animal e atenuar os sinais clínicos, sendo crucial estadiar o paciente para avaliar o grau de infecção e instituir protocolos terapêuticos. Este estudo teve como objetivo relatar casos clínicos de animais diagnosticados com Leishmaniose Visceral Canina atendidos na clínica escola da Universidade Iguaçu, RJ. Os animais foram submetidos a consultas periódicas na clínica escola e a métodos de diagnósticos da doença, como PCR, sorologia por RIFI e ELISA em diluição total e Citopatologia de linfonodos. Os resultados do exame revelaram positividade para Leishmaniose Visceral Canina, dessa forma, foram instituidos protocolos terapêuticos e os casos notificados aos orgãos de vigilância do município.
Palavras-chave: Leishmania. Canino. Zoonose. PCR
ABSTRACT
Canine Visceral Leishmaniasis (CVL) is a zoonotic disease of public health importance, caused by a protozoan belonging to the genus Leishmania spp. Transmission occurs mainly through the sandfly Lutzomyia longipalpis, primarily affecting wild and domestic canids, which are the main hosts and reservoirs in urban areas. This disease lacks pathognomonic signs, which makes clinical diagnosis difficult, resulting in an underdiagnosed illness. Due to the incidence and non-specificity of the clinical signs found, it is essential to investigate the disease in animals that present relevant clinical signs, such as lymphadenomegaly, onychogryphosis, hematological disorders and dermatological changes. Diagnostic methods, such as Cytopathology, PCR and serology by RIFI and ELISA, are used to reach a definitive diagnosis. Canine Visceral Leishmaniasis has no cure; Treatments aim to reduce the parasitic load in the animal’s body and attenuate clinical signs, and it is crucial to stage the patient to assess the degree of infection and establish therapeutic protocols. This study aimed to report clinical cases of animals diagnosed with Canine Visceral Leishmaniasis treated at the teaching clinic of Universidade Iguaçu, RJ. The animals underwent periodic consultations at the school clinic and disease diagnostic methods, such as PCR, serology by RIFI and ELISA in total dilution and lymph node cytopathology. The results of the exam revealed positivity for Canine Visceral Leishmaniasis, therefore, therapeutic protocols were instituted and the cases were reported to the municipality’s surveillance bodies.
Keywords: Leishmania. Canine. Zoonosis. PCR
INTRODUÇÃO
As leishmanioses são doenças parasitárias de natureza antropozoonótica, causadas por protozoários do gênero Leishmania (Werneck, 2014; Guimarãese-Silva et al., 2017). O grupo responsável pela leishmaniose visceral (LV) é constituído pelo complexo Leishmania donovani, que assim inclui Leishmania donovani, Leishmania infantum e Leishmania chagasi. (Camargo et al., 2007). No novo mundo, a Leishmania infantum, é considerada sinonímia da Leishmania chagasi devido as suas características em comum (Elsheikha, 2016).
A Leishmaniose Visceral (LV) é transmitida pela picada de flebotomíneos, principalmente o Lutzomyia longipalpis, que transporta durante o repasto sanguíneo as formas promastigotas do parasita de animais infectados para animais suscetíveis, incluindo humanos (Ikeda; Marcondes, 2007).
A Leishmaiose visceral canina (LVC) apresenta uma distribuição global, sendo uma significativa antropozoonose que persiste entre reservatórios silvestres e urbanos, insetos vetores, humanos, sendo o cão considerado o principal hospedeiro da doença (Megid; Ribeiro; Paes, 2018). A transmissão para humanos possui implicações importantes para a saúde pública, e a evolução da doença está diretamente associada a fatores socioeconômicos, tais como acesso limitado a recursos básicos, incluindo moradia e saneamento (Greene, 2015).
Trata-se de uma enfermidade sistêmica grave, cujas manifestações clínicas estão diretamente vinculadas ao tipo de resposta imunológica apresentada pelo animal infectado, conforme delineado por Brasil (2006). Os sinais em um cão afetado pela LVC podem variar significativamente, abrangendo desde casos assintomáticos até manifestações oligossintomáticas ou sintomáticas. A forma assintomática é a mais comum, o que complica a detecção da infecção no animal (Faria; Andrade, 2012).
Segundo Contreras et al., (2019), os principais sinais clínicos em animais são: perda de peso, Icterícia, linfadenomegalia, hepatomegalia, esplenomegalia, Hipertermia, hiporexia, onicogrifose, emaciação e lesões de pele como alopecia multifocal e úlceras crostosas.
Trata-se de uma enfermidade que possui o diagnóstico clínico desafiador e não existe um teste de diagnóstico que seja 100% específico e sensível para a doença Larsson; Lucas, 2020). Além disso, é importante considerar que alguns cães podem ser portadores da infecção por toda a vida ou estar em fase de incubação da doença e as alterações observadas no hemograma, perfil renal e hepático podem ser inespecíficas (Schimming; Silva, 2012). Atualmente são utilizados testes como a reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e ensaio imunoenzimático (ELISA), juntamente com técnicas mais avançadas e precisas, como a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e exame parasitológico por meio da citopatologia para o diagnóstico da doença (Silva et al., 2016).
O Estadiamento do animal é baseado nos resultados obtidos através dos exames para detectar os níveis de anticorpos e carga parasitária e dos resultados laboratoriais associados aos sinais clínicos apresentados pelo animal (Brasileish, 2018). Assim, os animais são categorizados em estágios de acordo com o comprometimento fisiológico e alterações observadas nos exames complementares (Solano-Gallego et al., 2011). Os estágios variam do 1, indicando doença leve, até o 5, que representa a forma mais grave, com severo comprometimento renal. As manifestações renais geralmente ocorrem a partir do estágio 4, sendo a ausência delas nos estágios anteriores considerada indicativa de uma forma mais branda da doença (Brasileish, 2018).
O objetivo desse trabalho é relatar quatro casos clínicos de animais diagnosticados com Leishmaniose Visceral Canina atendidos na clínica escola da Universidade Iguaçu, em Nova Iguaçu, RJ.
RELATO DE CASO
O trabalho foi desenvolvido na Clínica Veterinária Escola da Universidade Iguaçu, município de Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro.
Para a realização do projeto foram realizadas consultas periódicas no setor clínico da universidade e aqueles animais que apresentaram sinais clínicos sugestivos de LVC (tabela 1 e 2), como alterações dermatológicas, onicogrifose, linfadenomegalia e alterações em seus exames laboratoriais, foram submetidos a métodos de diagnóstico da doença, como PAAF de linfonodo, sorologia por meio de RIFI e ELISA em diluição total e PCR por meio de pool de amostras.
Dentre os animais atendidos na rotina clínica, 17 animais apresentaram sinais clínicos sugestivos da doença, onde 4 receberam o diagnóstido de LVC.
Todos os animais diagnosticados com leishmaniose visceral canina, receberam prescrição de coleira repelente e tiveram o seu caso notificado ao órgão de vigilância do município.
CASO 1
Canino, fêmea, de 2 anos, da raça Akit-Inu, não castrada, com histórico prévio de tratamento para Erliquiose e babesiose sem melhoras e possuir Leismaniose visceral canina diagnosticada previamente por meio de sorologia RIFI e ELISA em diluição total.
Durante a consulta no setor clínico da universidade, foi relatado que a cadela apresentava crises de espirro, episódios de diarréia, urina com coloração escura, crescimento excessivo das unhas (onicogrifose) e prurido intenso nas regiões das orelhas, pescoço, dorso e axilas.
A cadela faz uso de medicamento para ectoparasitas (Simparic®) a cada 3 meses e estava em dia com a vermifugação.
No exame físico revelou- se áreas de hipotricose na região dorsal e áreas descamativas pelo corpo, sem linfadenomegalia detectada na palpação e os demais parâmetros fisiológicos dentro das normalizades.
Foram realizados exames complementares para excluir a possibilidade de infecções secundárias a leishmaniose visceral canina, como exame parasitológico de raspado cutâneo (EPCR) e exame citopatológico de pele, onde foram encontrados poucos cocos. Foi realizada a coleta de sangue para realização de hemograma e bioquímica sérica (ALT, AST, Fosfatase Alcalina, Uréia, Creatinina e proteínas totais) e sorologia por RIFI e ELISA em diluição total e solicitados a realização da PCR por meio de pool de amostras e ultrassonografia abdominal.
Foram coletados materiais destinados ao teste de PCR, utilizando a técnica de pool de amostras. Nesse método, foram obtidas amostras de material biológico de três regiões distintas, as quais foram simultaneamente depositadas no mesmo tubo de coleta. Inicialmente, procedeu-se à aspiração do linfonodo reativo por meio de punção com agulha fina (PAAF). Em seguida, coletou-se 0,2 ml de sangue, acondicionado a um tubo de coleta pediátrico (1 ml) contendo EDTA. Para a terceira amostra, coletou-se, com um swab estéril, material biológico da conjuntiva ocular do animal, sendo posteriormente adicionado ao mesmo tubo de coleta.
Foram analisados os resultados dos exames complementares, revelando alterações relevantes nos exames de sangue, tais como trombocitopenia (93.000) e discretos linfócitos reativos. A Sorologia mostrou reagência (ELISA 0,713 e RIFI 1:320). O exame de PCR, realizado com pool de amostras, demonstrou reatividade para Leishmania infantum, com um número de cópias de DNA de 2.324,08. O laudo ultrassonográfico abdominal indicou esplenomegalia, não identificando outras alterações significativas.
CASO 2
Fêmea, de três anos e cinco meses, da raça Bull Terrier, não esterilizada.
Durante a consulta, foi relatado pela responsável que o animal apresentava odor fétido após os banhos, prurido nas regiões dos olhos e membros posteriores classificados com nota 6 (escala de 1 a 10). No seu histórico, o animal possuia contactantes semidomiciliados e nenhum deles apresentavam sintomatologia clínica semelhante porém foi orientado que realizassem a testagem desses animais contactantes.
No exame físico, notaram-se lesões descamativas e úlceradas que se apresentavam de maneira generalizada em todo o corpo, sendo mais evidentes nas áreas do focinho e dorso caudal. Além disso, foi observado aumento dos linfonodos submandibulares e poplíteos.
Com a suspeita de Leishmaniose Visceral canina, foram realizadas a coleta de sangue para a sorologia por meio de RIFI e ELISA em diluição total e para realização de exames complementares como hemograma e bioquímica sérica ( ALT, AST, Fosfatase Alcalina, Uréia, Creatinina e Proteínas plasmáticas e frações) e coleta de material biológico para realização da PCR. A coleta para o exame PCR foi realizada por meio da técnica de “pool de amostras”, ( material da conjuntiva, sangue e PAAF do linfonodo) Além da solicitação de ultrassonografia.
Em ambos os exames foi constatado a presença do parasita. Além dos exames para a identificação da leishmania, obtendo- se na PCR a quantidade de 133.573,46 cópias de DNA do parasita. Nos exames de rotina, como hemograma e bioquímica, foi constatado anemia (20,2) normocítica (68,2) e normocrômica (31,1), leucopenia (3.000), trombocitose (846.000) e aumento da enzima hepática AST (110), baixa de albumina (0.99) e alta de globulinas (4.6) e em seu lado ultrassonográfico abdominal não apresentou alterações.
CASO 3
Macho, SRD, de um ano e meio, pesando aproximadamente dezenove quilos, com histórico prévio de Shunt portossistêmico, foi encaminhado a clínica escola veterinária em busca de nova avaliação, pois o paciente estava em tratamento para leishmaniose visceral canina diagnosticado previamente por um Médico Veterinário externo.
Durante a consulta, foram encontrados lesão ulcerada em plano nasal e crescimento excessivo das unhas (onicogrifose).
Com o histórico prévio de LVC e tratamento já realizado, foi realizada a coleta de sangue para realização da q-PCR e outros exames complementares como hemograma e bioquímica sérica (ALT, AST, Fosfatase Alcalina, Uréia, Creatinina e proteínas totais).
Como resultados dos exames, obtiveram-se alterações como anemia (32,90) normocítica (61,95) e normocrômica (31,00), aumento da enzima ALT (122,90) e aumento da Fosfatase alcalina (241,61) onde essas alterações hepáticas podem ser provenientes do Shunt portossistêmico.
Novos exames de rotina foram realizados, como EPCR (exame parasitológico de raspado cutâneo) e citopatologia de pele para descartar possivéis diagnósticos diferenciais, porém obteve-se o resultado negativo em ambos os exames.
CASO 4
Canino, macho, de 3 anos, SRD, não esterilizado, atendido para realização de protocolo vacinal.
Durante a consulta, o animal apresentou em seu exame físico descamação generalizada, onicogrífose e linfonodos poplíteos reativos, dessa forma, o animal foi impossibilitado de realizar seu protocolo vacinal.
Foi realizada a PAAF do linfonodo reativo e posteriormente a confecção de lâminas histológicas, onde foi observado a presença da forma amastigota do parasita Leishmania. Dessa forma, foram indicados a realização de exames complementares porém o responsável não deu seguimento ao tratamento junto a clínica escola.
Tabela 1: Alterações sistêmicas encontradas nos animais do estudo diagnosticados com LVC.
Alterações sistêmicas | Quantidade |
Onicrogrifose | 4 |
Linfadenomegalia | 1 |
Alterações renais | 1 |
Alterações hepáticas | 2 |
Distúrbios dermatológicos | 4 |
Emagrecimento progressivo | 1 |
Tabela 2: Alterações laboratoriais encontradas nos exames de hemograma e bioquímica sérica dos animais positivos para leishmaniose visceral canina do estudo.
Alterações laboratoriais | Quantidade |
Anemia | 2 |
Leucócitos | 2 |
Trombocitopenia | 1 |
Trombocitose | 1 |
ALT | 1 |
AST | 1 |
Fosfatase Alcalina | 1 |
Uréia | 0 |
Creatinina | 1 |
Proteínas plasmáticas e frações | 1 |
DISCUSSÃO
A leishmaniose visceral canina, segundo Solano-Gallego et al., (2001), é uma doença com sinais clínicos não específicos, sendo as alterações dermatológicas os principais sinais encontrados. Lesões como descamação, eczemas, úlceras superficiais, hipotricose e alopecia são frequentemente observadas (BRASIL, 2014). Os dados descritos na literatura estão em concordância com os observados no presente estudo já que 100% dos casos apresentaram distúrbios dermatológicos, incluindo hipotricose, descamação generalizada e lesões ulceradas.
As manifestações laboratoriais comuns incluem trombocitopenia, leucocitose, aumento de proteínas plasmáticas e hemácias em rouleaux (Costa, 2020) além de anemia normocítica normocrômica não regenerativa (Maia, 2013; Almeida, 2016). Também ocorre elevação da creatinina, conforme descrito por Torres et al., (2017), alinhando-se com as alterações laboratoriais observadas nos animais do estudo.
Existem diversos métodos de detecção para a Leishmaniose Visceral canina, sendo possível utilizar atualmente ensaios como a reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e o ensaio imunoenzimático (ELISA). Além disso, são aplicadas técnicas mais avançadas e precisas, como a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e o exame parasitológico através da citopatologia, conforme mencionado por Silva et al., em 2016.
Segundo Brasil (2006) é recomendado o uso do ensaio imunoenzimático (ELISA), e a reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) como métodos de diagnóstico da LVC por apresentarem alta sensibilidade e especificidade para amostras de soro. O que está em consonância com o estudo em questão, onde um dos métodos utilizados para fechar o diagnóstico da doença foi a sorologia por meio de RIFI e ELISA em diluição total.
O diagnóstico parasitológico é considerado por alguns autores como o “padrão ouro”, permitindo a visualização das amastigotas da Leishmania sp. em esfregaços de linfonodos (Ikeda; Marcondes, 2007). Essa técnica, além de ser simples de executar, é amplamente utilizada no diagnóstico devido à sua rapidez e à mínima agressão tecidual (Ferrer, 1999). Essa abordagem foi utilizada no estudo, no qual foram realizadas a punção aspirativa por agulha fina (PAAF) de linfonodos em todos os animais que apresentaram linfadenomegalia. No entanto, somente no caso 4 foi identificada a forma amastigota do parasita atavés da punção realizada no linfonodo poplíteo do animal.
O diagnóstico molecular da leishmaniose visceral canina (LVC) é realizado através da técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR), podendo ser convencional ou quantitativa (qPCR). Estas abordagens permitem a detecção do DNA do parasita em diversas amostras biológicas, com alta sensibilidade e especificidade (Carvalho et al., 2018). A quantificação da carga parasitária e monitoramento da evolução da doença são possíveis por meio do qPCR, como destacado por Sollano-Galego (2009). Não existe um critério definido para a comparação dos resultados da PCR, sendo fundamental acompanhar a condição clínica e a evolução de outros indicadores. A utilização de um pool de amostras oferece a vantagem de facilitar a identificação do parasito quando há mais de uma amostra. Em algumas situações, o aumento significativo na PCR pode ser atribuído a uma única região com deposição excessiva, como por exemplo, na conjuntiva.
No estudo em questão, a técnica de pool de amostras foi empregada, utilizando material biológico da conjuntiva ocular, sangue e aspirado de linfonodo poplíteo. Essa estratégia, conforme mencionado por Maia e Campino (2008), visa aumentar a sensibilidade da amostra, permitindo a quantificação da carga parasitária e identificação do parasita Leishmania.
Um estudo conduzido por Marcelino et al. (2020) também enfatizou a utilização do linfonodo e do swab conjuntival como substratos eficazes para o diagnóstico de LVC por meio da técnica de PCR. Os resultados sugerem que essas amostras podem ser empregadas tanto de forma isolada quanto em conjunto, proporcionando uma abordagem otimizada para a detecção de infecções.
Conforme apontado por Strauss-Ayali et al., (2004), as amostras da conjuntiva de cães naturalmente infectados, obtidas por meio de swabs, são uma fonte eficaz para detectar o DNA de Leishmania, apresentando alta sensibilidade e especificidade. Esse aspecto é particularmente notável quando as amostras são colhidas de ambos os olhos. Em um estudo adicional conduzido por Manna et al. (2004), que envolveu a coleta de amostras de pele, sangue e linfonodo de cães, foi observada uma elevada sensibilidade e confiabilidade na análise por PCR dos diferentes materiais biológicos. Desta forma, destaca-se a importância da técnica empregada e da seleção apropriada das amostras para a realização do exame.
É importante que o estadiamento do animal seja realizado a cada 3 a 4 meses a fim de uma nova avaliação clínica e para realização de exames complementares como exames hematológicos e bioquímicos, juntamente com a titulação de anticorpos para acompanhar a evolução da doença e analisar o estado fisiológico do animal, para assim instituir protocolos terapêuticos. conforme discutido por Roura et al., (2013) e Solano-Gallego et al., (2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leishmaniose visceral canina (LVC) é uma doença zoonótica considerada uma endêmia global, trata- se de uma doença que possui o diagnóstico desafiador devido a variedade de sinais clínicos apresentados, a semelhança com outras enfermidades e a subutilização de métodos de diagnóstico, dessa forma, é imprescindível a investigação de animais que apresentem sintomalotogia sugestiva de LVC. Com isso, para se ter um controle eficaz, é necessária uma abordagem integrada envolvendo prevenção, controle de vetores e conscientização, demandando comprometimento contínuo de pesquisas e ação dos órgãos públicos. O estudo realça a ampla variedade de sinais clínicos observados em animais infectados, destaca a aplicação de métodos diagnósticos e ressalta a viabilidade da técnica de “pool de amostras”. Contudo, salienta a carência de estudos adicionais para estabelecer valores de referência específicos da q-PCR, permitindo comparações e monitoramento adequado dos animais. A normatização dessa técnica é crucial para mitigar a incidência, subdiagnóstico e subnotificação da Leishmaniose Visceral Canina (LVC). É fundamental reconhecer a importância deste estudo como uma fonte valiosa de identificação e notificação, contribuindo para a geração de dados epidemiológicos essenciais para a região onde foi conduzido.
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¹Discente do curso de Medicina Veterinária – Universidade Iguaçu campus Nova Iguaçu, RJ, Brasil.
²Médica veterinária autônomo
³Docente do curso de Medicina Veterinária – Universidade Iguaçu campus Nova Iguaçu, RJ, Brasil. Av. Abílio Augusto Távora 2134, Nova Iguaçu, RJ, 26275-580.