ALFABETIZAÇÃO INCLUSIVA: O PAPEL FUNDAMENTAL DA LIBRAS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS

INCLUSIVE LITERACY: THE FUNDAMENTAL ROLE OF LIBRAS FOR EDUCATION OF THE DEAF

ALFABETIZACIÓN INCLUSIVA: EL PAPEL FUNDAMENTAL DE LIBRAS PARA LA EDUCACIÓN DE LAS PERSONAS SORDAS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12751804


Carlos José Oliveira de Morais1; Simone Conceição Silva Benites2; Avaetê de Lunetta e Rodrigues Guerra3; Jelson Budal Schmidt4; Jacqueline Gomes Machado de Mendonça5; Helena Paula Silva Felipe Machado6; Renata Cunha Castejon Heitor Duarte7; Erisnalva Pereira da Silva8; Iveuda Maria dos Santos9; Fábio Júnior Rodrigues10.


RESUMO

No Brasil, a educação de crianças surdas enfrenta desafios devido à falta de profissionais qualificados. Este estudo destaca a importância da Língua de Sinais Brasileira na alfabetização de surdos, sendo essencial para sua integração na sociedade. A pesquisa aborda a situação global da alfabetização de crianças surdas, considerando a falta de formação específica dos profissionais. O objetivo é contribuir para a alfabetização de surdos no Brasil, investigando como eles aprendem a linguagem e a escrita. Utilizando um estudo bibliográfico, o resultado destaca a importância da alfabetização para auxiliar os educadores a lidar com alunos surdos. É fundamental introduzir a língua materna antes da alfabetização em português, levando em conta todas as necessidades educacionais para garantir uma alfabetização eficaz.

Palavras-chave: Libras, surdos, sinais, alfabetização, educação.

ABSTRACT

In Brazil, the education of deaf children faces challenges due to the lack of qualified professionals. This study highlights the importance of Brazilian Sign Language in the literacy of deaf people, being essential for their integration into society. The research addresses the global situation of literacy among deaf children, considering the lack of specific training of professionals. The objective is to contribute to the literacy of deaf people in Brazil, investigating how they learn language and writing. Using a bibliographic study, the result highlights the importance of literacy to help educators deal with deaf students. It is essential to introduce the mother tongue before literacy in Portuguese, taking into account all educational needs to ensure effective literacy.

Keywords: Libras, deaf people, signs, literacy, education.

RESUMEN

En Brasil, la educación de los niños sordos enfrenta desafíos debido a la falta de profesionales calificados. Este estudio destaca la importancia de la Lengua de Signos Brasileña en la alfabetización de personas sordas, siendo esencial para su integración en la sociedad. La investigación aborda la situación global de la alfabetización entre niños sordos, considerando la falta de formación específica de los profesionales. El objetivo es contribuir a la alfabetización de personas sordas en Brasil, investigando cómo aprenden el lenguaje y la escritura. Utilizando un estudio bibliográfico, el resultado resalta la importancia de la alfabetización para ayudar a los educadores a tratar con estudiantes sordos. Es fundamental introducir la lengua materna antes que la alfabetización en portugués, teniendo en cuenta todas las necesidades educativas para garantizar una alfabetización efectiva.

Palabras clave: Libras, personas sordas, señas, alfabetización, educación.

1. INTRODUÇÃO

Em uma época em que os valores da inclusão social são comprovados a cada dia, é importante refletir sobre a importância da Língua Brasileira de Sinais (Libras) no processo de ensino e aprendizagem de jovens surdos. A sala de aula para surdos é um processo de comunicação. Experimentamos um mundo preparado para o público, mas não preparado para quem tem limitações, a maioria dos espaços sociais geralmente está fora do alcance de pessoas surdas.

A língua brasileira de sinais orienta a capacidade de expressão social como sujeitos que compreendem, pensam e agem. Além disso, permite que eles discutam sobre os tópicos, emoções e transações mais subjetivos, sem ter que estar relacionados a uma área específica do conhecimento. Uma vez que os surdos tenham a oportunidade de promover sua língua materna, sua compreensão pode ser ampliada. Nesse caso, o sujeito é entendido como a parte principal do todo, e não como o conceito de público “defeituoso”

Considerando a Libras, como língua materna da comunidade surda, é essencial incorporá-la ao seu cotidiano, portanto, o objetivo geral deste trabalho é determinar possíveis respostas de como os surdos aprendem a língua e a alfabetização, mostrando caminhos para a alfabetização dos surdos no Brasil.

A língua de sinais é a forma primária de comunicação para os surdos, sendo essencial para a sua interação social, aprendizado e desenvolvimento cognitivo. Portanto, é crucial que os surdos tenham a oportunidade de aprender e usar a Libras com fluência desde cedo, a fim de garantir um desenvolvimento linguístico adequado. Além disso, a aquisição e o domínio da língua de sinais permitem que os surdos possam se comunicar de forma eficaz e expressar suas ideias, pensamentos e sentimentos de maneira completa. 

Isso é fundamental para o seu sucesso acadêmico e social, pois lhes possibilita participar ativamente em sala de aula, interagir com colegas e professores, e compreender o conteúdo ensinado. Ao promover o uso da Libras desde a infância, os surdos têm a oportunidade de desenvolver uma base sólida de comunicação e linguagem, o que é essencial para o seu processo de aprendizagem. Além disso, o acesso à língua de sinais também contribui para a construção da identidade surda e para o fortalecimento da comunidade surda.

A metodologia utilizada será a pesquisa bibliográfica, etapa fundamental em qualquer trabalho acadêmico ou científico. Segundo Gil (2002), trata-se de um processo sistemático de busca, seleção e análise de informações disponíveis em fontes bibliográficas, como livros, artigos científicos, teses, dissertações e outros materiais escritos. O objetivo principal da pesquisa bibliográfica é reunir e analisar o conhecimento já existente sobre um determinado tema, a fim de embasar teoricamente o trabalho em questão, além disso, a pesquisa bibliográfica também permite identificar lacunas no conhecimento e direcionar novas investigações.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O papel da família no processo de alfabetização do surdo

A alfabetização inclusiva é um conceito fundamental na educação contemporânea, que visa garantir que todos os indivíduos tenham acesso igualitário ao processo de aprendizagem da leitura e escrita. Através da alfabetização inclusiva, busca-se promover a participação de todos os alunos, independentemente de suas diferenças e necessidades, no desenvolvimento de habilidades básicas de leitura e escrita. O conceito de alfabetização inclusiva reconhece a diversidade de alunos presentes nas salas de aula, considerando as diferentes habilidades, necessidades e estilos de aprendizagem de cada um.
Dessa forma, a alfabetização inclusiva busca garantir que todos os alunos tenham acesso a estratégias e recursos que atendam às suas necessidades individuais, possibilitando que cada um desenvolva suas habilidades de leitura e escrita de forma eficaz. A alfabetização inclusiva também se preocupa em promover a equidade na educação, garantindo que todos os alunos tenham as mesmas oportunidades de aprendizagem, independentemente de suas condições sociais, econômicas ou culturais. Isso significa que a alfabetização inclusiva não se limita apenas à aquisição de habilidades básicas de leitura e escrita, mas também envolve o desenvolvimento de competências mais amplas, como a capacidade de compreender e interpretar textos, de se comunicar de forma eficaz e de utilizar a leitura e a escrita de maneira crítica e reflexiva. Para promover a alfabetização inclusiva, é necessário que os educadores estejam preparados para atender às necessidades de todos os alunos, adaptando suas práticas pedagógicas e utilizando recursos e estratégias diversificados. Além disso, é fundamental que as escolas e os sistemas de ensino adotem políticas e práticas que promovam a inclusão e a equidade na educação, garantindo que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade.

Ao considerar a vinculação do sistema familiar com a inclusão social, algumas questões serão levantadas. É preciso enfatizar que cada pessoa possui habilidades diferentes. Em termos de educação, o progresso do país é claramente satisfatório, e é chegado o momento de considerar o processo de inclusão social. Nos últimos anos, vivemos uma era de grande progresso em propostas inclusivas.

Strobel (2009), enfatiza que, no passado, os surdos eram considerados inferiores e tratados como prisioneiros em asilos. Embora tenha havido avanços na busca de soluções para uma sociedade onde todos têm as mesmas oportunidades, não podemos ficar satisfeitos com os resultados alcançados, que devem servir de parâmetro para nortear propostas por um mundo melhor.

Dassen e Polonia (2007) mostraram que a coexistência amigável no ambiente doméstico e escolar fornece às pessoas uma experiência decisiva na busca de respostas para questões e situações. Nessa perspectiva, as autoras esclareceram que o sucesso do tema está relacionado a um conjunto de experiências cotidianas que podem ser vividas.

A família é o primeiro ambiente de aprendizagem da criança surda, sendo responsável por estimular o desenvolvimento da linguagem e da comunicação desde os primeiros anos de vida. É essencial que os pais estejam envolvidos no processo de educação dos filhos surdos, buscando formas de comunicação eficazes, como a língua de sinais, para facilitar a interação e o aprendizado. Além disso, a família também desempenha um papel crucial na promoção da autoestima e da identidade surda da criança, ajudando-a a desenvolver uma visão positiva de si mesma e a se sentir parte de uma comunidade surda. 

O apoio emocional e o incentivo dos familiares são essenciais para que a criança surda se sinta confiante e capaz de superar os desafios que enfrenta no dia a dia. Os pais também são importantes aliados na escola, colaborando com os professores e profissionais da educação para garantir que a criança surda receba o suporte necessário para o seu desenvolvimento acadêmico. A parceria entre família e escola é fundamental para o sucesso educacional dos surdos, pois permite uma abordagem mais integrada e personalizada, levando em consideração as necessidades específicas de cada aluno.

As recomendações para uma educação inclusiva de qualidade vão ao encontro do ideal de Nunes (2010), ao apontar que, antes de mais nada, o ciclo familiar pessoal deve estar inserido na perspectiva inclusiva, e a vinculação com o processo educativo deve ser promovido, e a participação dessas pessoas é prevista para alunos com necessidades especiais.

Outro aspecto a ser observado é o papel do educador como mediador do processo educativo no campo escolar. Sob este ponto de vista, é necessário considerar o desenvolvimento pessoal de cada aluno e simplificar o processo para poder compreender o assunto para o seu desenvolvimento e aprendizagem.

Portanto, é compreensível que os órgãos gestores devam desenvolver estratégias de acolhimento voltadas para a satisfação das pessoas com necessidades inclusivas e investir em projetos que atendam às necessidades individuais, coletivas e sociais. É importante considerar que as pessoas têm características e habilidades pessoais únicas.

2.2 Alfabetizando a partir da Libras

A alfabetização de surdos é um processo fundamental para garantir o pleno desenvolvimento educacional e social desses indivíduos. Nesse sentido, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) desempenha um papel crucial, pois é a língua natural da comunidade surda e deve ser valorizada como meio de comunicação e aprendizagem. A alfabetização de surdos a partir da Libras envolve uma abordagem pedagógica específica, que considera as particularidades linguísticas e culturais desse grupo. 

É importante ressaltar que a Libras não é uma simples tradução do português para a linguagem gestual, mas sim uma língua completa e complexa, com gramática própria e estruturas linguísticas específicas. Para alfabetizar surdos a partir da Libras, é essencial que os educadores tenham formação específica nessa área e conheçam as particularidades linguísticas da língua de sinais. Além disso, é fundamental promover um ambiente inclusivo e acolhedor, que valorize a diversidade e respeite as diferenças. A utilização da Libras como língua de instrução na alfabetização de surdos contribui para o desenvolvimento da linguagem e da cognição desses indivíduos, além de promover a sua inclusão social e educacional. Por meio da Libras, os surdos têm a oportunidade de se expressar, comunicar e aprender de forma mais efetiva e significativa. Portanto, é fundamental que as políticas educacionais e as práticas pedagógicas estejam alinhadas com a valorização da Libras como língua de instrução na alfabetização de surdos. Somente assim será possível garantir o pleno desenvolvimento educacional e social desses indivíduos, promovendo a inclusão e a igualdade de oportunidades para todos.

Quadros (2000) nos mostra que ao refletirmos sobre o processo de obtenção da leitura e da escrita, haverá um equívoco de que aprender a reconhecer o alfabeto é suficiente para a “alfabetização”. Quando se trata de desenvolver esse processo com os alunos surdos, é necessária mais reflexão, pois alfabetizar significa levar em consideração a linguagem e o meio em que está inserido.

Seguindo o conceito proposto por Quadros (2000), o processo de ensino e aprendizagem de crianças surdas só faz sentido no âmbito proposto pela Língua Brasileira de Sinais. A Libras é uma linguagem visual espacial e existem muitas maneiras criativas de explorá-la. Configuração de mãos, movimento, gramática, expressão facial, posição, movimento corporal, espaço de sinalização e classificador são alguns dos recursos discursivos disponibilizados por esta língua, que podem ser explorados no processo de desenvolvimento de crianças surdas e no processo de alfabetização para ser bem sucedido e explorado (QUADROS, 2000, p. 25).

Uma das ferramentas mais importantes nesse processo é a escrita de sinais, que consiste na representação gráfica das línguas de sinais utilizadas pelas pessoas surdas. A importância da utilização da escrita de sinais na alfabetização de crianças surdas é inegável. Essa ferramenta permite que os alunos surdos tenham acesso à leitura e à escrita de forma mais eficiente, facilitando a compreensão e a produção de textos. Além disso, a escrita de sinais contribui para o desenvolvimento da linguagem escrita e da expressão escrita dos alunos surdos, possibilitando que eles se comuniquem de forma mais eficaz. 

A escrita de sinais também desempenha um papel crucial na promoção da inclusão e da igualdade de oportunidades para os alunos surdos. Ao possibilitar que esses alunos tenham acesso à educação de qualidade, a escrita de sinais contribui para a sua integração na sociedade e para o seu desenvolvimento pessoal e profissional. É importante ressaltar que a escrita de sinais não substitui a língua de sinais, que é a língua natural dos surdos. No entanto, a escrita de sinais é uma ferramenta complementar que pode enriquecer o processo de alfabetização e promover o desenvolvimento cognitivo e linguístico dos alunos surdos.

Portanto, ao formularmos as estratégias apontadas nesta pesquisa, estamos cientes das possibilidades das crianças explorarem habilidades inovadoras, raciocínio coerente e cognição, sendo esta última essencial para a evolução do processo de educação escolar, pois é por meio das relações sociais que podemos criar um ambiente de pensamentos e ideias de forma organizada.

2.3 O processo de alfabetização a partir do gestual

Para não participar do processo de vivência social dos obstáculos causados pela falta de linguagem, os surdos farão uso de gestos imitativos para se comunicarem com os outros. Também deve ser destacado que as crianças usam gestos durante o seu desenvolvimento.

O modo de expressão e a fala originaram-se de condições semelhantes ao desenvolvimento infantil. Essas formas foram construídas inicialmente no espaço escolar, posteriormente inseridas no processo de ensino escolar, sendo simbólicas e abstratas. Segundo Santana (2007), a comunicação verbal e gestual indicam um processo de desenvolvimento semelhante, mas existem sugestões diferentes em que a participação da voz é contínua e segmentada. Nessa perspectiva, os gestos são uma interpretação clássica do significado.

Santana (2007) acredita que mães ouvintes apresentam gestos suaves, enquanto crianças surdas apresentam gestos de maior qualidade no processo de refinamento. Portanto, as crianças vivem na realidade da surdez e sentem que é necessário desenvolver símbolos, que é uma característica a elas relacionada.

De modo geral, somente quando a criança expressa seus gestos para a mãe de maneira que possam ser compreendidos, o processo de comunicação pode ser considerado estabelecido. Vale ressaltar que, apesar das dificuldades em estabelecer a interação da linguagem, o processo de comunicação confunde-se com as relações sociais, e os símbolos têm, portanto, um significado comum. Quando os surdos são incluídos na linguagem escrita, é importante ressaltar que a língua de sinais não está diretamente relacionada à linguagem escrita, como ocorre com as pessoas que ouvem.

Segundo Santana (2007), a Libras deve ser vista como uma língua de pensamento, organizando a habilidade perceptiva do sujeito, e ajudando os surdos a desenvolverem sua habilidade de escrita por meio de diferentes mecanismos.

Ao buscar tornar a comunicação escrita o mais próximo possível do processo de padronização, destaca-se que o processo de formação de surdos é inspirado em atividades relacionadas à integração de outras disciplinas. No entanto, o processo de escrita de pessoas surdas não deve ser comparado ao processo de escrita dos ouvintes.

A alfabetização de surdos é um processo complexo que requer estratégias específicas para garantir o pleno desenvolvimento da linguagem e da comunicação desses indivíduos. Nesse sentido, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) tem se mostrado um fator preponderante para o sucesso desse processo. A Libras é a língua natural dos surdos no Brasil e possui uma estrutura gramatical própria, diferente da língua portuguesa. Portanto, é fundamental que os surdos tenham acesso a essa língua desde cedo, para que possam desenvolver suas habilidades linguísticas e cognitivas de forma adequada. 

No processo de alfabetização, a Libras desempenha um papel fundamental como ponte entre a língua de sinais e a língua escrita. Através da Libras, os surdos podem compreender os conceitos e as estruturas da língua portuguesa de forma mais eficaz, facilitando a aquisição da leitura e da escrita. Além disso, a utilização da Libras no processo de alfabetização contribui para a valorização da identidade surda e para a inclusão social desses indivíduos. Ao terem acesso a uma língua que respeita sua cultura e sua forma de se comunicar, os surdos se sentem mais seguros e confiantes em seu processo de aprendizagem. É importante ressaltar que a presença de profissionais qualificados e capacitados em Libras é essencial para garantir o sucesso da alfabetização dos surdos. 

Esses profissionais devem conhecer a língua de sinais e saber como utilizá-la de forma eficaz no contexto educacional, promovendo assim um ambiente inclusivo e acessível para todos os alunos. Portanto, a Libras se mostra como um fator preponderante para o processo de alfabetização do surdo, contribuindo para o desenvolvimento linguístico, cognitivo e social desses indivíduos. É fundamental que as instituições de ensino e os educadores reconheçam a importância da Libras e promovam sua utilização de forma efetiva no ambiente escolar.

2.4 Ensinamento, letramento e linguística.

Segundo Rocha (2010), o bilinguismo pode integrar os surdos às relações sociais da escola, proporcionando-lhes participação, integração e interação social.

Nessa perspectiva, pode-se entender que o domínio da linguagem vem acompanhado de estimulação no momento em que ocorre o processo de relacionamento em nosso meio social. Os bilíngues não priorizam o processo de comunicação oral. Esse modelo filosófico possui alguns conceitos que vêm sendo estudados, pois orientam a estimulação do processo de língua de sinais. Com base nessa hipótese, somente após a exposição à língua de sinais, os surdos podem promover mais facilmente o desenvolvimento da linguagem e os processos cognitivos.

Os professores bilíngues devem lembrar que existem algumas diferenças entre a língua de sinais e o português, por exemplo, podemos citar conjunções e preposições que não existem na língua de sinais, mas desempenham um papel importante no significado e compreensão das frases em português. Rocha (apud PERRENOUD, 2000) destacou que “ensinar também estimula a curiosidade”.

2.5 Diversidade e inclusão

A discussão sobre diversidade e inclusão escolar sempre existiu em várias escolas, como lidar com a inclusividade, como aceitar jovens alunos e como lidar com a diversidade são questões que a educação brasileira vem discutindo e debatendo há muitos anos.

A história da educação no Brasil mostra que há décadas não se tomam medidas que promovam a diversidade e a inclusão, isso foi deixado de lado. As escolas com alunos inclusivos e diversificados tomaram suas próprias decisões, que não trouxeram bons resultados.

O objetivo atual é mudar a nossa abordagem anterior à diversidade e inclusão escolar, visando a importância de permitir que todas as escolas cumpram a legislação adequada sobre a matéria, de forma a encontrar soluções que funcionem da melhor forma com os alunos. A nova LDB esclarece esta situação e determina: “Art.59 I cursos, métodos, tecnologias, recursos educacionais e organizações específicas para atender às suas necessidades”. (Brasil, 1996).

Nessa perspectiva, o avanço da educação cívica, especialmente para alunos com necessidades educacionais especiais, tem inspirado desafios de longa data na educação brasileira. Portanto, fica claro que além do ensino básico que os alunos precisam aprender, as escolas também devem promover a tolerância. A diversidade e a inclusão escolar podem fazer com que jovens alunos com necessidades educacionais específicas se sintam inseguros e felizes na escola, e não tenham interesse no conhecimento.

A convivência entre educadores e alunos é outra razão relacionada para a aquisição de conhecimentos e o seu desenvolvimento contínuo. Estas duas parcerias garantem o sucesso da escola através do companheirismo e ajuda de outros colegas. Para que possamos compreender a importância do professor neste processo, devemos analisar a prática metodológica de ensino, pois quanto maior o grau de participação nos conteúdos escolares, os resultados serão satisfatórios.

Observa-se que os alunos com atraso de idade e série vão todos os dias para a aula e participam de todas as atividades propostas pelo professor, mas muitas vezes ficam inquietos, pois anseiam por serem aceitos pelos colegas, professores, alunos de outras turmas, e comunidade escolar.

Conforme a LDB, no que se refere à Educação de Jovens e Adultos:

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. (BRASIL, 1996, p. 67).

O sucesso da diversidade e inclusão é pré-requisito para a compreensão do amplo escopo que abrange este tema, proporcionando igualdade de oportunidades para todos. Percebemos que a tolerância não faz parte do cotidiano escolar, pois muitas crianças com deficiência e necessidades educacionais específicas não conseguem aprender. Diante dessa situação, os profissionais da educação se reuniram e se organizaram em torno da escola para todos, verificando a transição necessária e as políticas necessárias ao fortalecimento da educação inclusiva, principalmente para capacitar as instituições de ensino a acolherem alunos, principalmente aqueles com necessidades educacionais diferenciadas.

Atualmente, além de ensinar os conteúdos da escola, como ler, escrever e dominar quatro operações, estipulando diferentes métodos e contextos para os alunos, os educadores precisam observar atentamente os procedimentos.

Pesquisas sobre diversidade e inclusão mostram que é essencial expressar significado, transformar habilidades, criar oportunidades de colaboração e conectar-se com a vida escolar diária.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A alfabetização de surdos é um processo complexo que requer atenção especial para garantir o pleno desenvolvimento educacional e social desses indivíduos. Nesse contexto, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) tem se mostrado um fator preponderante para o sucesso desse processo, proporcionando uma comunicação eficaz e facilitando a aquisição da linguagem escrita. A presente pesquisa revelou resultados significativos. Os surdos que tem acesso à Libras desde cedo apresentam um melhor desempenho na alfabetização em comparação com aqueles que não tiveram essa oportunidade. A linguagem visual e gestual da Libras permite uma compreensão mais profunda dos conceitos linguísticos, auxiliando na construção do conhecimento e na expressão escrita. 

Esses resultados têm importantes implicações para a sociedade e a academia. A inclusão da Libras no processo de alfabetização do surdo pode contribuir para a redução das desigualdades educacionais e sociais enfrentadas por essa população. Além disso, a pesquisa evidencia a importância de políticas públicas que promovam a difusão e o ensino da Libras nas escolas e instituições de ensino, garantindo o acesso igualitário à educação para todos. 

Na academia, os resultados dessa pesquisa podem estimular novos estudos e abordagens sobre a importância da Libras na alfabetização de surdos, ampliando o conhecimento científico e promovendo a inclusão e a diversidade no ambiente educacional. Professores, pesquisadores e profissionais da área da educação podem se beneficiar dessas descobertas para desenvolver práticas pedagógicas mais inclusivas e eficazes, que atendam às necessidades específicas dos surdos. A falta de formação adequada dos profissionais da educação para trabalhar com surdos e a falta de recursos e materiais didáticos específicos também são desafios a serem superados. 

Diante dessas limitações, recomenda-se que futuros trabalhos de pesquisa sejam direcionados para a investigação da eficácia de estratégias específicas de ensino que utilizem a Libras como ferramenta para a alfabetização dos surdos. Além disso, é fundamental investir na formação continuada dos profissionais da educação, capacitando-os para atuar de forma inclusiva e respeitosa com os surdos. A criação de materiais didáticos adaptados e o desenvolvimento de políticas públicas que promovam a inclusão e acessibilidade também são medidas essenciais para garantir o sucesso do processo de alfabetização dos surdos. 

Conclui-se que a pesquisa evidencia a importância da inclusão e da valorização da diversidade linguística e cultural. Ao reconhecer o potencial da Libras como ferramenta de comunicação e aprendizagem, podemos promover uma educação mais inclusiva e igualitária, garantindo o pleno desenvolvimento dos surdos e de toda a sociedade.

REFERÊNCIAS

DASSEN, Maria Auxiliadora e POLONIA, Ana da Costa. A Família e a Escola como contextos de desenvolvimento humano, 2007. 

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. Editora Atlas SA, 2002.

LEI nº 10.436/02 – Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm Acesso em 04/09/2021.

MENDES, Amanda Ferreira; DE ALMEIDA, Maria Zeneide Carneiro Magalhães; POLETTO, Lizandro. Educação inclusiva: desafios das crianças surdas no processo de alfabetização. ALTUS CIÊNCIA, v. 17, n. 17, p. 23-35, 2023.

NUNES, Márcia Teresinha Dorneles. Família, escola e educação de surdos. 2010.

QUADROS, Ronice Muller. Alfabetização e o ensino da língua de sinais. Canoas: Textura, 2000.

ROCHA, Grasielly Rabelo (2010). A Alfabetização/ Letramento de Crianças Surdas: A Importância do Professor Bilíngue. 

SANTANA, Ana Paula. Surdez e Linguagem. São Paulo. Plexus. 2007.STROBEL, Karin. História da educação de surdos. Florianópolis: UFSC, 2009.


1Especialização em língua Brasileira de Sinais – Unp/RN 
2Graduação em Pedagogia – Universidade Anhanguera
3Mestrado em Filosofia – Universidade Federal da Paraíba.
4Bacharelado em Educação Física – Universidade da Região de Joinville
5Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa e Libras – Universidades Federal do Rio Grande do Norte.
6Mestranda em Educação Profissional e Tecnológica ProfEPT – Instituto Federal do Tocantins.
7Mestranda em Tecnologias Emergentes da Educação – MUST University.
8Doutoranda em Movimento Humano e Reabilitação Universidade – Universidade Evangélica de Goiás
9Especialização em Atendimento Educacional Especializado e Salas de Recursos Multidisciplinares – Faculdade do Leste Mineiro.
10Graduação em Química Industrial – Universidade Paranaense.