ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: CONCEPÇÕES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE PROFESSORES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202410060814


Valdyneia Francelino Soares da Silva; Janiele Soares da Silva Vieira; Lidiane da Silva Soares; Suelânia Albino Duarte Nascimento; Alessandra Fernandes Duarte; Zilda Fernandes dos Santos Rocha; Ronaldo Adriano da Costa Xavier


RESUMO:

Este trabalho é parte integrante de estudos e pesquisas da disciplina Alfabetização e Letramento do curso de Mestrado em Ciências da Educação. A alfabetização e letramento são processos que estão interligados, trazendo novos sentidos para o ensino-aprendizagem e a forma como eles estão sendo aplicados e desenvolvidos em sala de aula pelos educadores nas series iniciais é o objetivo desse trabalho. Muitos estudos e pesquisas desenvolvidas nessa temática visam à melhoria do processo ensino-aprendizagem. O educando precisa ser letrado, tendo em vista que o letramento é o pilar necessário para que o sujeito possa participar de uma sociedade letrada. Como fazer acontecer esses processos juntos? Será que é possível Alfabetizar letrando? Qual o método correto para se alfabetizar? Muitos são os questionamentos que permeiam no cenário educacional sobre a aprendizagem da leitura e da escrita. Nessa perspectiva, os gêneros textuais cumprem uma importante função social quando o assunto é comunicação. Para que as atividades de alfabetização aconteçam precisam ser conduzidas de forma simultânea e complementar ao letramento, isto é, alfabetizar letrando. Procurando compreender melhor as concepções e práticas ensinadas pelos professores acerca do letramento e alfabetização, utilizamos uma pesquisa bibliográfica baseada em alguns autores: Magda Soares (2011), Emília Ferreiro (2001) entre outros. Para obtermos uma nova visão esclarecedora faremos o uso da leitura e pesquisa.

PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização, Letramento, aprendizagem, Ensino fundamental.

INTRODUÇÃO

Saber ler, escrever e interpretar, ou seja, dominar a leitura e a escrita com clareza e compreender as diversas formas de textos é uma das maiores riquezas que um educador pode ensinar e deixar de herança para seu educando. Vivemos em um contexto em que buscamos uma educação de qualidade, mas só conseguimos enxergá-la no papel, pois quando partimos para a realidade o cenário da educação é preocupante. Percebemos os erros nas séries iniciais do Ensino Fundamental quando uma criança conclui uma serie e vai para serie seguinte sem ter o domínio da escrita e leitura. O insucesso no ciclo de alfabetização é notável nas escolas, a criança frequenta diariamente a escola, mas não mostra avanço no processo de ensino aprendizagem. Em épocas passadas e até mesmo nos dias atuais, notamos que a aprendizagem da leitura e escrita está defasada, pois o mesmo tem se limitado a codificação e decodificação do código da escrita.

Com tantas questões que afligem os educadores este artigo tem como foco principal as concepções e práticas pedagógicas de professores no tocante aos processos de alfabetização e letramento. Como lidar com tantos desafios dentre os quais o domínio da leitura e escrita está inserido? Qual é a forma ou método para se alfabetizar e letrar? Porque o professor está ensinando e o aluno não está aprendendo? É preciso repensar no que se está ensinando, conhecer melhor o aluno para que o método de alfabetização seja adequado para ele. É preciso promover momentos de letramento em sala para que, dessa maneira, o aluno possa elevar o nível de alfabetismo, e que ao fim do Ensino Fundamental ele possa fazer uso das habilidades como forma de participação social.

Quando falamos de fracasso ou insucesso na fase de alfabetização é importante que o professor alfabetizador busque entender em que nível a criança se encontra, para dar continuidade ao processo de construção da leitura e escrita. Os estudos da Psicogênese da Língua Escrita, pesquisa de Emília Ferreiro, orienta o professor alfabetizador a entender o desenvolvimento da inteligência, além de identificar os quatro níveis de evolução da escrita, e isso contribuiu muito para compreendermos qual caminho deve ser seguido para que o processo de alfabetização aconteça nas etapas corretas.

As situações de aprendizagem acontecem desde que a criança entra na escola ainda na Educação Infantil, não é preciso que a criança esteja no ciclo de alfabetização que acontece aos 6 anos no Ensino Fundamental, antes disso ela já entrou no processo de aprendizagem da escrita com algumas práticas pedagógicas em sala de aula do tipo: a) roda de leitura, b) contato com material escrito, c) histórias representadas com desenhos, dentre outras. Vivemos em uma sociedade grafocêntrica focada na escrita e cercada de livros, portanto, a criança no Ensino Fundamental está dando continuidade ao processo de alfabetização e vivenciando situações de letramento.

De acordo com o Paradigma da Ciência Cognitiva da Leitura (FRITH, 1985), há três etapas críticas nesse processo: primeiro, a criança deve ser capaz de identificar palavras como imagens; segundo, deve ser capaz de identificar os menores componentes das palavras, denominados fonemas, e estabelecer sua relação com os grafemas que lhes correspondem. Terceiro, deve dominar a ortografia, ou seja, as regras que regem a correta grafia das palavras.

Por muito tempo a alfabetização era tida como uma decoração do código escrito: “B+A = BA”, ou seja, um código existente e fundado entre fonemas e grafemas. Esse foi o método usado durante logos anos, com práticas e concepções focadas na repetição, memorização, copia e as famílias silábicas trabalhadas de maneira artificial sem nenhuma lógica e contexto. As frases “Babu é o boi”, “Juca ajudou a jiboia” e “A cuia caiu”, tal prática alfabetizadora mecanizada feita com as cartilhas não contextualizadas que cansa a criança. O educador sempre deve refletir sobre o seu trabalho desenvolvido em relação ao aprendizado do seu alunado, afinal seu aluno é um sujeito que constrói saberes. MIRANDA; PRESTA (2009 p. 4-5) explica que a cartilha não deve ser o único recurso trabalhado, ela deve servir de base, mas unida a outras formas de contexto para que a criança assimile o sentido da palavra e conheça a escrita.

“Partimos da premissa que aprender a escrever não é simplesmente aprender a codificar sons em sinais gráficos, assim como aprender a ler não é simplesmente decodificar sinais gráficos em sons. Aprender a ler e a escrever significa compreender as leis internas que organizam cada um desses sistemas em particular. [….] Para compreender o sistema de escrita, a criança precisa usar diferentes recursos. Inicialmente, apoiar-se em palavras cujo sentido conheça e cuja escrita saiba de memória isso possibilita que, com base nelas, estabeleça relações e escreva novas palavras. Por exemplo ‘como escrevo caminho? Ah! É com o ca de Camila!”. “Como termina natal? Ah! é como Juvenal.”

Uma alfabetização de qualidade vai refletir positivamente nos anos posteriores e para o desenvolvimento da criança. O professor precisa está constantemente se atualizando, a fim de proporcionar ao seu aluno um avanço. O papel do educador é ensinar o aluno a aprender e não dar respostas feitas e prontas. O construtivismo surgiu com essa perspectiva de mostrar para a criança que ela é capaz de construir seu próprio pensamento. Esse foi o momento de mudanças na sociedade onde começou a existir o convívio com a escrita com maior intensidade. Becker (2001, p.72) em Educação e construção do conhecimento define o construtivismo:

Construtivismo significa isto: a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado – é sempre um leque de possibilidades que podem ou não ser realizadas. É constituído pela interação do indivíduo com o meio físico e social, como o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais. Construtivismo é, portanto uma ideia; ou melhor, uma teoria, um modo de ser do conhecimento ou um movimento do pensamento que emerge do avanço da ciência e da filosofia dos últimos séculos.

Essa teoria prioriza a autonomia da criança, para que ela seja capaz de refletir, interagir, criar, pensar, solucionar problemas sem medo do conhecimento dela mesma. O educador deve garantir essa autonomia. Russo (2012, p.19) “A criança precisa perceber que o valor social da escrita é a comunicação”. A criança passa a perceber que ela precisa escrever, mas também comunicar-se, portanto o letramento vem contribuir para alfabetização de qualidade.

Soares (1998) em suas pesquisas sobre linguagem e alfabetização tem analisado que a partir das transformações sociais em torno do uso da escrita e de suas funções na sociedade, surgiu o conceito de letramento.

O conceito de Letramento surgiu e com ele muitas dúvidas sobre o que de fato se tratava. Segundo Kleiman (1995, p. 19): “Podemos definir hoje o letramento como um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos”. O letramento é apropriação da escrita por meio da realidade, ou seja, nada mais é do que as praticas de leitura e escrita. Como a alfabetização funciona na unidade escolar? É considerada uma tarefa difícil e árdua repleta de desafios, mas o professor alfabetizador que conhece os conceitos necessários pra seu trabalho ser desenvolvido e assimila a prática garante bons resultados. Alfabetizar é algo contínuo que leva tempo, dedicação e que propõe a construção do saber.

Alfabetizar é bem mais do que ler palavras frases, realizar cálculos simples, é preciso compreender, gostar, criar, opinar (P17). Alfabetizar é ensinar ler, escrever, mas acima de tudo entender o que é lido e escrito, ter uma opinião crítica, essas são as práticas sociais de leitura e escrita (P19) Alfabetização é quando a criança, escreve e entende o que leu, constrói sua aprendizagem (P10). A alfabetização é um processo de aquisição e apropriação da leitura e escrita onde, cada criança tem o seu tempo para iniciar e o professor deve ser um mediador nesse processo (P19). Alfabetizar é iniciar com processos de leitura e escrita dos alunos a partir do conhecimento que o aluno traz de casa (P12).

Conhecendo esses conceitos os processos de alfabetização e letramento jamais podem ser trabalhados separadamente, sem esses processos a educação não vai para frente se tratando de ensino e aprendizagem. São dois processos indissociáveis a citação do Trecho do artigo Letramento e alfabetização: as muitas facetas, de Magda Soares (Revista Brasileira de Educação, n. 25, 2004) esclarece essa ligação.

“Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, no quadro das atuais concepções psicológicas, linguísticas e psicolinguísticas de leitura e escrita, a entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da escrita se dá simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização –, e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a linguagem escrita – o letramento. Não são processos independentes, mas interdependentes, e indissociáveis: a alfabetização se desenvolve no contexto de e por meio de práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só pode desenvolver-se no contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema e grafema, isto é, em dependência da alfabetização.”

A criança se alfabetiza em um contexto de letramento e a mesma se letra quando se está alfabetizando. O professor tem que trabalhar com os dois processos juntos, porém, respeitando a especificidade de cada um deles. O alfabetizador deve criar momentos para que os dois processos sejam construídos interligados desde uma simples leitura de um texto e nesse momento aproveitar para apresentar as características do livro para a criança, os elementos contidos no livro, gerar a curiosidade usando aquele contexto trabalhado com a criança. Os alunos chegam à escola com uma bagagem de conhecimentos em relação á cultura letrada. Uma proposta de atividade de alfabetização ligada ao letramento é o uso da sequencia didática que é uma atividade organizada de maneira sequencial que vai trabalhar uma temática com uma infinidade de outras atividades interligadas. Schnewvly; Dólz & Noverraz (2006), define sequencia didática: “um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito.” E tem por objetivo trabalhar a produção textual de determinado gênero, de forma que ao término da sequência, o aluno possa ler, compreender e produzir o gênero com autonomia e eficácia”. Nesse sentido o aluno vai ser o coautor do que foi produzido, e vai sentir-se valorizado por fazer uso do seu conhecimento. Levar para a sala de aula textos diversos que tratem a realidade de seus alunos é uma proposta inovadora que vai trazer aprendizado. Os gêneros textuais também contribuem para que o professor faça atividades que envolvam alfabetização e letramento, um leque de possibilidades é gerado para que o educador possa organizar o que ele pode trabalhar dentro dos gêneros de acordo com o nível que sua turma se encontra. Textos como carta, bilhete, receita culinária, anúncio, jornal, uma música, trás o contato do mundo letrado que cerca seu aluno.

A experiência com textos variados e de diferentes gêneros é fundamental para a constituição do ambiente de letramento, a seleção do material escrito, portanto, deve estar guiada pela necessidade de iniciar as crianças no contato com diversos textos e de facilitar a observação de práticas sociais de leitura e escrita nas quais suas diferentes funções e características sejam consideradas. Nesse sentido, os textos de literatura geral e infantil, jornais, revistas, textos publicitários, entre outros, são os modelos que se podem oferecer as crianças para que aprendam sobre a linguagem que se usa para escrever. (BRASIL, 1998, p. 151-152).

Esta prática é muito relevante. O educador ao fazer uso de textos diversos, faz com que a criança se familiarize com o mundo letratado e crie interesse pelas práticas de leitura e estrita proporcionando assim uma aprendizagem significativa. De acordo com LEITE, 2001, p.53 “Para compreender o papel da escrita como prática social, diferenciada da aquisição da tecnologia de aprender a ler e a escrever, considera‐se o domínio do código como alfabetização e as práticas de escrita como letramento”. É válido salientar que viver em sociedade resulta conviver com diversos contextos, de várias comunidades e culturas, com esses contextos a escola precisa está aberta para promover momentos de letramento em situações diversas, para que dessa forma a escola colabore, e engaje o individuo em uma sociedade letrada.

Como são muito variados os contextos, as comunidades, as culturas, são também muito variadas as práticas e os eventos letrados que neles circulam. Assim é que o conceito de letramento passa ao plural: deixamos de falar em “letramento” e passamos a falar em “letramentos”.
Assim, trabalhar com os letramentos na escola, letrar, consiste em criar eventos (atividades de leitura e escrita – leitura e produção de textos, de mapas, por exemplo – ou que envolvam o trato prévio com textos escritos, como é o caso de telejornais, seminários e apresentações teatrais) que possam integrar os alunos a práticas de leitura e escrita socialmente relevantes que estes ainda não dominam. (Rojo, 2010, p. 27)

Ser letrado é ser capaz de participar das situações na sociedade em que os textos de diversos gêneros estejam presentes. Nesse sentido não é preciso ser alfabetizado para que possamos ser letrados. É possível notar essa situação quando uma criança na pré-escola ouve uma leitura ela entende o que foi lido e faz uso da linguagem mesmo ainda não alfabetizada. Para que o educador tenha vantagem nesse processo nos anos iniciais ele precisa envolver o letramento e alfabetização na organização da sua sala de aula.

O ambiente da sala de aula precisa está propício para despertar a curiosidade da criança pela aprendizagem. O espaço que o sujeito passa boa parte de seu tempo precisa está organizado e com materiais selecionados para consulta e apoio. Esse material tem um papel importante no período da alfabetização e letramento ele propõe aprendizado. O alfabeto exposto na sala é um grande exemplo porque ele expõe as diferentes formas de letras, e na alfabetização e letramento é disso que a criança precisa ter contato. Ao longo dos dias essas crianças irão fazer relações entre letras e sons, entre as letras do alfabeto com as do seu nome, dos colegas e de outras palavras. Mas para que isso aconteça o alfabetizador precisa propor situações que favoreçam essas assimilações. Outra maneira de levar as crianças a buscar coisas novas no mundo da escrita é não só trazer textos diversos como já foi citado acima, mas deixar estes manusear as revistas, jornais, dicionários e livros diversos, criar um cantinho da leitura com opções para que os mesmos tenham contato com as mais variadas formas de escrita.

O professor tem que manter um diálogo com seu aluno, pois isso também faz parte do processo de alfabetização e letramento para que de uma conversa o professor possa fazer momentos de aprendizagem. As histórias e fatos contados pelos alunos proporciona uma aula diferente, o alfabetizador vai aproveitar essa ponte e fazer diversas práticas na sua aula usando uma historia real do seu aluno.

Como fazer isso? Na rotina diária da aula, na “roda de conversa” com o tema final de semana, o professor vai poder fazer depois de ouvir os alunos da turma uma produção de texto, lista de palavras, situações matemáticas, recorte e colagem e abordar a geografia, ciências, artes e outras disciplinas. Assim o alfabetizador vai aguçar o interesse dos alunos com suas próprias contações e expressar o valor social da escrita e leitura que está sendo trabalhado em um contexto de letramento.

Não se deve esquecer que fora da escola os eventos de letramento também estão inseridos na vida social da criança quando participam de um momento religioso, fazem anotações em cadernetas, agendas, usam as tecnologias e-mails, mensagens, usam celulares, leem ou codificam propaganda na televisão ou percebem que seus familiares também fazem o uso da leitura e escrita em casa, muitas vezes os seus pais não dominam completamente o código da escrita, apenas decodifica. A participação da família no processo de aprendizagem é muito importante, ou seja, quanto maior for sua contribuição mais a criança adquire condições de desenvolver seu potencial. O professor não deve abrir mão do dialogo com os pais, mesmo que muitos tenham dificuldades em ler ou escrever, mas podem participar estimulando seu filho a querer aprender e buscar entender o trabalho feito em sala pelo professor, afinal nas series iniciais os pais são ansiosos para que seus filhos comecem a ler o mais rápido possível, e isso acontece por falta de conhecimento e informação.

É preciso desse elo entre escola e família, nesse sentido da ajuda recíproca na aprendizagem da criança. Ferreiro (2001, p.64) diz que “estamos tão acostumados a considerar a aprendizagem da leitura e escrita como um processo da aprendizagem escolar que se torna difícil reconhecermos que o desenvolvimento da leitura e da escrita começa muito antes da escolarização”. A família tem o papel de mediador, de ensinar e transmitir valores e normas para a formação desse indivíduo, o que não é diferente da tarefa da escola. A responsabilidade maior é da família, haja vista que é ela que se encontra a maior parte do tempo com a criança. Para Ramos (2011, p.132), “a família não é um objeto internalizado, mas um conjunto de relações internalizadas, laços que vão se transformando em modalidade de aprendizagem”. A relação amigável entre professor e pais garantem bons resultados no trabalho do educador e na aprendizagem da criança. A família é a primeira instituição escolar da criança, até ela ir para a escola se socializar com as demais crianças, em casa ela aprende com os pais, irmão e parentes e esse momento precisa ser vivenciado para desenvolver na criança habilidades que ao ingressar na escola ela vai precisar a exemplo da autonomia, comportamento, comunicação e outras habilidades. A alfabetização e o letramento já vêm acontecendo mesmo que de forma indireta, é um processo que não deixou de acontecer em nenhum momento em que a mesma está em contato apenas com a família. A escola vai apenas ensinar como fazer o uso do código que a criança já usa que é a linguagem da comunicação.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a realidade dos níveis de leitura e escrita nas escolas não é o esperado pelo sistema, e isso torna indispensável uma analise sobre as metodologias de ensino trabalhadas pelos professores. Os resultados deste trabalho é uma analise feita sobre olhar de alguns teóricos sobre alfabetização e letramento nas séries iniciais, ou seja, elevando o nível de alfabetismo.

Esse processo não é algo rápido e instantâneo, mas é algo a ser construído de acordo com o desenvolvimento de cada individuo, é um exercício continuo que jamais o educador alfabetizador poderá abandonar ou desestimular. É preciso ter um olhar diferenciado para as series iniciais, em virtude de que é nelas que a alfabetização de fato acontece, todo alicerce tem que ser feito nessa etapa para depois colher os bons frutos de uma aprendizagem de qualidade. Portanto os professores devem estar cientes de sua responsabilidade, estar abertos a novos conhecimentos para melhorar suas práticas através de formação continuada que possibilite alfabetizar na perspectiva do letramento. O seu papel é preparar o aluno para série seguinte com o melhor nível de aprendizagem que ele conseguir alcançar. A participação da família é algo positivo se a mesma estiver consciente de seu compromisso na educação e formação dos seus filhos, a escola não pode assumir o papel que é dos pais, cada um tem sua responsabilidade na educação, mas juntos podem se apoiar para melhorar os resultados.

Acredita-se que para reverter o insucesso e o fracasso escolar no tocante ao ensino da leitura e escrita estampado nos resultados do IDEB, SAEB, Prova Brasil, Provinha Brasil e outas, determinadas pelo MEC, de modo que os resultados sejam positivos os alunos precisam utilizar a linguagem escrita de forma proficiente nas diversas situações de comunicação, Santos; Albuquerque (2007). Não existem receitas, segredos e formulas para alcançar o sucesso na aprendizagem, é preciso alfabetizar na concepção do letramento, portanto o professor tem que planejar práticas de letramento.

É possível elevar a qualidade do cenário negativo das séries iniciais, com práticas e metodologias diferenciadas, que promovam o desenvolvimento da alfabetização e letramento de cada indivíduo, fazendo com que cada um tenha autonomia de entender o conhecimento construído.

REFERÊNCIAS

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