ALCOOLISMO: OS MALÉFICOS AO SISTEMA NERVOSO CENTRAL E CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11106493


Jussara Do Nascimento Coutinho1
Mariana Oliveira Quevedo2
Ricardo Paes Fonseca3
Dra. Neuza Biguinati de Barros4


RESUMO

Introdução: O consumo de bebidas alcoólicas está intrinsecamente vinculado à sociedade, entretanto sua ingestão é banalizada e os seus prejuízos fisiológicos e sociais são postergados. Atualmente, inúmeros estudos científicos comprovam que esse consumo acarreta em danos ao indivíduo, especialmente ao sistema nervoso central, os quais se refletem no coletivo, por meio dos acidentes ocasionados pela embriaguez, do aumento da violência, dos prejuízos à economia e ao sistema de saúde, todavia esses estudos são pouco difundidos, assim não havendo um real diálogo sobre o assunto em questão, fato o qual só corrobora para a alienação social perante os malefícios advindos do consumo de bebidas alcoólicas. Objetivos: Avaliar as consequências dos danos da bebida alcoólica ao sistema nervoso central de um indivíduo e como isso afeta o meio coletivo. Metodologia: A presente revisão narrativa de literatura é fundamentada em artigos científicos dos bancos de dados das plataformas Pubmed, Scielo e Bireme, seguindo critérios de inclusão e exclusão, selecionando somente os trabalhos coerentes com o assunto. Resultados: A revisão narrativa de literatura revelou uma série de consequências adversas do consumo de bebidas alcoólicas para o sistema nervoso central (SNC) e para a sociedade como um todo. Os estudos analisados demonstraram que o álcool atua como um depressor do SNC, interferindo em neurotransmissores e levando a uma série de efeitos nocivos, tanto a nível individual quanto coletivo. Além disso, foi observado que o consumo crônico e excessivo de álcool está associado a neurodegeneração, síndrome de abstinência alcoólica e uma série de problemas sociais, como acidentes de trânsito, violência interpessoal e prejuízos econômicos e de saúde pública. Considerações Finais: Diante dos resultados obtidos, torna-se evidente a necessidade de uma abordagem mais ampla e eficaz em relação ao consumo de álcool. É imperativo que haja uma maior conscientização sobre os riscos associados ao consumo dessa substância, tanto a nível individual quanto coletivo. Além disso, é fundamental a implementação de políticas públicas e estratégias de prevenção que visem reduzir o consumo de álcool e minimizar seus impactos negativos na sociedade. É preciso promover um diálogo aberto e transparente sobre o assunto, visando proporcionar à população as informações necessárias para tomar decisões conscientes em relação ao consumo de álcool. Somente através de uma abordagem multifacetada e colaborativa será possível enfrentar efetivamente os desafios relacionados ao consumo de álcool e seus efeitos prejudiciais à saúde e bem-estar da população.

Palavras-chave: Alcoolismo. Efeitos do Álcool. Sistema Nervoso.

ABSTRACT

Introduction: The consumption of alcoholic beverages is intrinsically linked to society; however its intake is trivialized and its physiological and social damages are postponed. Currently, numerous scientific studies prove that this consumption causes damage to the individual, especially to the central nervous system, which is reflected in the collective, through accidents caused by drunkenness, increased violence, damage to the economy and the health system, but these studies are little widespread, so there is no real dialogue on the subject in question,  a fact that only corroborates the social alienation in the face of the harms arising from the consumption of alcoholic beverages. Objectives: To evaluate the consequences of alcohol damage to an individual’s central nervous system and how it affects the collective environment.  Methodology: The present narrative literature review is based on scientific articles from the databases of the Pubmed, Scielo and Bireme platforms, following inclusion and exclusion criteria, selecting only the studies consistent with the subject.   Results: The narrative literature review revealed a series of adverse consequences of alcohol consumption on the central nervous system (CNS) and society as a whole. The analyzed studies demonstrated that alcohol acts as a CNS depressant, interfering with neurotransmitters and leading to a range of harmful effects, both at an individual and collective level. Additionally, it was observed that chronic and excessive alcohol consumption is associated with neurodegeneration, alcohol withdrawal syndrome, and a series of social problems, such as traffic accidents, interpersonal violence, and economic and public health-related damages. Conclusion: Given the results obtained, the need for a broader and more effective approach to alcohol consumption becomes evident. It is imperative to raise awareness about the risks associated with the consumption of this substance, both at an individual and societal level. Furthermore, the implementation of public policies and prevention strategies aimed at reducing alcohol consumption and minimizing its negative impacts on society is essential. An open and transparent dialogue on the subject is necessary to provide the population with the necessary information to make informed decisions regarding alcohol consumption. Only through a multifaceted and collaborative approach will it be possible to effectively address the challenges related to alcohol consumption and its detrimental effects on public health and well-being. 

Keywords: Alcoholism. Effects of Alcohol. Nervous system.

INTRODUÇÃO  

O consumo de álcool, bebida destilada e/ou fermentada com quantidade de álcool em sua composição superior a 0,5% do seu volume, na sociedade brasileira abrange questões históricas, culturais e sociais, estando enraizado e normalizado na vida da população, presente no dia a dia, em confraternizações e em símbolos culturais, tais como as representações de ritos de passagem da adolescência para a vida adulta (CURCELLI e FONTANELLA, 2019).

Essa naturalização do consumo de álcool pelos brasileiros ofusca seus malefícios e distorce a sua quantidade moderada, como também a percepção da droga devido ao seu status de lícita, assim perpetuando o seu uso entre as pessoas e os seus efeitos na saúde dessas, como os danos neurológicos. Além dos impactos individuais, o consumo de álcool também tem repercussões sociais significativas. Acidentes de trânsito relacionados ao álcool, violência doméstica, problemas de saúde mental e queda na produtividade no trabalho são apenas algumas das consequências negativas que afetam não apenas os indivíduos, mas também suas famílias, comunidades e a sociedade como um todo (EGERVARI et al.,  [s. d.])   

Nesse sentido, os fatores que contribuem para a ingestão de álcool pela sociedade, especialmente por homens jovens, estão relacionados a diversas possibilidades, como marcadores genéticos, ambientais, culturais e emocionais, todos devem ser levados em consideração na compreensão do contexto do consumo de bebidas alcoólicas pelo indivíduo e na abordagem de educação sobre essa substância.

Diante desse cenário complexo e multifacetado, torna-se evidente a necessidade de uma abordagem holística para lidar com o problema do consumo de álcool no Brasil. Isso inclui não apenas medidas regulatórias e de aplicação da lei, mas também estratégias de conscientização pública, educação preventiva e apoio ao tratamento e recuperação de indivíduos afetados pelo consumo problemático de álcool. Este trabalho busca contribuir para essa discussão, examinando as consequências do consumo de álcool para o sistema nervoso central e para a sociedade brasileira como um todo (CUNHA FILHO; MARQUES; LOBATO DE FARIA, 2010). 

REFERENCIAL TEÓRICO 

2.1 Alcoolismo 

De acordo com a 10ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), o transtorno por uso de álcool (AUD), também conhecido como dependência de álcool ou alcoolismo, é uma condição crônica e multifatorial. Caracteriza-se por um conjunto de fatores cognitivos, comportamentais e fisiológicos, que incluem um forte desejo de consumir bebidas alcoólicas e uma grande dificuldade em interromper esse consumo, apesar das consequências adversas. Quando tentam cessar ou reduzir o consumo de álcool, os indivíduos afetados frequentemente experimentam sintomas de abstinência física, e ao longo do tempo, podem desenvolver uma tolerância aumentada à substância, necessitando de quantidades cada vez maiores para alcançar os mesmos efeitos desejados (SOUZA; RUSSO; SILVA, 2022) (FLORES-BONILLA; RICHARDSON, 2020).

De acordo com a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o transtorno pelo uso de álcool é diagnosticado com base na frequência e intensidade de 11 sintomas relacionados ao padrão de consumo de álcool. A classificação da gravidade do transtorno varia de leve (2 a 3 sintomas), moderada (4 a 5 sintomas) a grave (6 ou mais sintomas), como ilustrado na Figura 1 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).

Figura 1: Parâmetros de Diagnóstico do Alcoolismo

Fonte: (American Psychiatric Association, 2014).

O transtorno por uso de álcool (AUD), conhecido em inglês como alcohol use disorder, foi categorizado em ciclos de três estágios: compulsão/intoxicação, abstinência/afeto negativo e preocupação/antecipação. Estima-se que esses estágios sejam mediados principalmente pelos respectivos elementos neurológicos: gânglios da base, amígdala estendida e córtex pré-frontal. No estágio de compulsão/intoxicação, o sistema de recompensa do cérebro desempenha um papel crucial, estimulando o desejo de consumir a droga. Os neurotransmissores GABA, glutamato e dopamina são os principais protagonistas nessa situação. No estágio de abstinência/afeto negativo, ocorre uma instabilidade no sistema de recompensa do cérebro, acompanhada por mecanismos de recompensa e anti-recompensa, além da prevalência de mecanismos de estresse, resultando em um estado emocional negativo. Isso pode levar à ingestão compulsória da droga para minimizar os sentimentos negativos. No estágio de preocupação/antecipação, há um desejo intenso de consumir a droga, levando a uma busca incessante por seu uso novamente, reiniciando assim o ciclo vicioso (KOOB; COLRAIN, [s. d.]).

Para compreender os fatores que contribuem para o alcoolismo, é crucial abordar as recompensas emocionais resultantes do consumo dessa substância, como o aumento das sensações prazerosas e até mesmo o esquecimento temporário dos problemas pessoais. Essas gratificações podem levar à repetição problemática desse padrão e, eventualmente, ao desenvolvimento do vício. A principal motivação para o consumo de bebidas alcoólicas é o aumento das sensações positivas e a redução do estresse, sendo esse um fator determinante no aumento do consumo, apesar das possíveis consequências econômicas e negativas nas relações interpessoais (VENERABLE; FAIRBAIRN, 2020).

2.2 Consumo De Bebidas Alcoólicas  

O uso de bebidas alcoólicas, historicamente, apresenta uma repercussão individual e social negativa, mesmo estando profundamente enraizado na sociedade desde as manifestações culturais mais antigas. Os malefícios fisiológicos, como danos ao fígado, sistema cardiovascular e cognição, além dos impactos psicossociais, como aumento da violência e problemas interpessoais, destacam-se como preocupações emergentes na contemporaneidade (JÚNIOR et al., 2021).

O padrão de consumo de álcool é frequentemente influenciado desde a infância, moldado pela percepção da criança em relação ao ambiente em que vive. Por exemplo, a exposição ao consumo de álcool pelos pais ou figuras de autoridade pode moldar as expectativas e atitudes em relação ao álcool desde tenra idade (LINDGREN et al., 2020).

A prevalência do consumo de álcool em um ambiente familiar ou social que reforça positivamente o ato de beber pode perpetuar um ciclo de consumo problemático. Esses laços familiares ou sociais podem desempenhar um papel significativo na aceitação e normalização do consumo excessivo de álcool, o que pode afetar negativamente vários aspectos da vida pessoal (DO PILLAR PINHEIRO et al., 2020).

Embora a prevalência do consumo de álcool entre mulheres seja menor em comparação com os homens, a taxa de consumo está aumentando, com mais do que o dobro da taxa geral da população. No entanto, é importante observar que os efeitos nocivos do consumo excessivo de álcool tendem a ocorrer mais rapidamente e de forma mais severa entre as mulheres (MCCAUL et al., 2019).

 O consumo excessivo diário e semanal de álcool é um sério problema de saúde pública e está em ascensão desde o início dos anos 2000. Esse padrão de consumo está associado a comportamentos de risco, como dirigir sob efeito de álcool e envolvimento em comportamento sexual de risco, além de contribuir para taxas mais altas de mortalidade (WADDELL; CORBIN; MAROHNIC, 2021). 

O padrão de consumo exagerado de bebidas alcoólicas, especialmente entre os jovens adultos, pode afetar negativamente o controle inibitório e cognitivo do indivíduo. Isso ocorre devido aos efeitos do álcool nos lobos pré-frontal e frontal do cérebro, que são responsáveis pelo julgamento, tomada de decisões e controle dos impulsos. Como resultado, a compulsão pelo consumo de álcool pode ser perpetuada, aumentando o risco de desenvolvimento de dependência (ALDERSON MYERS et al., 2021). 

2.3 Acometimento Fisiopatológico Acarretado Pelo Álcool 

2.3.1 Ações iniciais após a ingestão 

Após a ingestão, o álcool é absorvido pelo estômago e intestino delgado, com a velocidade de absorção dependente da concentração de álcool na bebida e do estado de jejum do indivíduo. Grande parte do álcool é absorvida diretamente pela mucosa do estômago, resultando em absorção mais rápida e embriaguez precoce se o estômago estiver vazio. No fígado, o álcool é metabolizado por oxidação pela enzima álcool desidrogenase, transformando o etanol em aldeído acético, uma substância tóxica, que é então rapidamente convertida em acetato pela enzima aldeído desidrogenase, formando acetil-coenzima (NECMİ İLHAN et al., [s. d.]).

A intoxicação ocorre quando os níveis de álcool no sangue e no cérebro atingem concentrações consideráveis. Concentrações acima de 5,4 mmol/L podem resultar em alterações no humor, coordenação motora e cognição, devido ao envolvimento do córtex cerebral e cerebelo. Já concentrações acima de 21,7 mmol/L podem levar a visão dupla, confusão mental e até mesmo hipoglicemia (REIS COSTA, [s. d.]).

  2.3.2 Ação depressora do sistema nervoso central 

O álcool é uma substância psicotrópica que afeta diversas vias neurais, causando efeitos depressores no sistema nervoso central (SNC) e afetando o comportamento do indivíduo. Sua ação depressora atua principalmente nos neurotransmissores ácido gama-aminobutírico (GABA), glutamato e endocanabinóides, promovendo a hiperestimulação dos neurotransmissores inibitórios, como o GABA, e inibindo os neurotransmissores excitatórios, como o glutamato. Essa ação resulta em uma depreciação da sinalização neural e na degradação de substratos tóxicos, afetando regiões específicas do cérebro, como o hipocampo, os gânglios da base e o cerebelo, manifestando-se em sintomas como falhas na deambulação, perda de raciocínio lógico e variações emocionais (COSTARDI et al., 2015).

2.3.3 Neurodegeneração do sistema nervoso central induzida pelo álcool 

O álcool, durante sua metabolização, promove uma série de efeitos adversos no organismo, incluindo a ativação do sistema imunológico, que pode induzir neurodegeneração. Experimentos em ratos pós-natais mostraram que a micróglia, célula do sistema imune do cérebro, desempenha um papel ativo na liberação de mediadores não-tróficos, como os exossomos, contendo proteínas do sistema complemento. Esses mediadores não-tróficos podem promover neurodegeneração, levando a implicações clínicas significativas se não tratadas adequadamente. Além disso, a liberação desses fatores não-tróficos pode resultar na diminuição ou interrupção da produção de fatores tróficos necessários para o desenvolvimento celular, contribuindo para o acometimento do sistema nervoso central (ZYUZ’KOV et al., 2019; MUKHERJEE et al., 2020; PASCUAL et al., 2021).

Figura 2: Mecanismo Bioquímico e Imunológico da Ação do Álcool

O etanol promove a ativação dos receptores Toll like 4 (TLR4 – Toll –like receptor 4) e interleucina-1 (IL-1RI – interleukin-1 receptor), estimula as células micrógliais e astrócitarias, que desencadeiam as vias de sinalização (MAPK (Mitogen-activated protein kinases), o NFkB (Nuclear fator Kappa B) e AP-1 (Activator protein-1)) e a produção de mediadores próinflamatórios (iNOS (Inducible nitric oxide synthase) e COX-2(Cyclooxygenase-2)), citocinas (IL-6 (Interleukin-6), IL-1β (Interleukin-1 β) e TNF-α (Tumor Necrosis Factor α), espécies reativas de oxigénio (EROS) e óxido nítrico (NO), que conduzem a danos neuro inflamatórios. Os produtos derivados da micróglia e astrócitos atuam em combinação para promover a neurotoxicidade e favorecer a morte celular. Estes eventos inflamatórios podem também aumentar a lesão da célula através da ativação de receptores TRL4, por ligantes TLR endógenos (por exemplo, DAMPS (Damage-associated molecular pattern molecules) – incluindo o dendrito celular) permitindo uma amplificação da resposta inflamatória induzida por etanol de modo cíclico (ALFONSO-LOECHES; GUERRI, 2011)

O abuso excessivo, frequente e prolongado de bebidas alcoólicas pode ter um impacto direto na estrutura cerebral, especialmente no volume. As consequências incluem a redução do volume da substância cinzenta e branca, bem como da mielinização axonal, especialmente no corpo caloso. Além disso, observou-se uma diminuição no volume do cerebelo. Como resultado dessas alterações estruturais, o cérebro de um indivíduo dependente de álcool mostra sinais significativos de envelhecimento que não correspondem à sua idade cronológica. No entanto, esse dano não é irreversível; com a abstinência prolongada do álcool, o volume cerebral e cerebelar pode gradualmente se restabelecer (KOOB; COLRAIN, 2020).

2.3.4 Dependência alcoólica como mecanismo fisiopatológico 

A ingestão aguda de álcool inicialmente provoca a liberação de opioides endógenos, que são responsáveis pelo sentimento de euforia, reforçando assim o uso da bebida. Logo em seguida, os receptores inibitórios – GABA tipo A – são ativados, enquanto os receptores excitatórios – Glutamato tipo NMDA – são inibidos. Com o uso crônico da droga lícita, há alterações no número de receptores como resposta compensatória, resultando na diminuição dos receptores GABA tipo A e no aumento nos receptores de Glutamato tipo NMDA (EGERVARI et al., [s. d.]).

O álcool, após a diminuição ou o bloqueio de sua ingestão, leva à adaptação aos seus efeitos agudos em nível celular, caracterizando assim a síndrome de abstinência. Nesse contexto, um paciente etilista está propenso a desenvolver a síndrome de abstinência com um consumo igual ou superior a quatorze doses semanais, no caso de homens, e sete doses semanais, no caso de mulheres.

2.3.5 Síndrome da abstinência alcoólica  

Diversas situações estressantes ao longo da vida, desde a infância até a idade adulta, contribuem para o uso eventual e o desenvolvimento do transtorno por uso de álcool (AUD) na idade adulta. Embora o consumo de bebidas alcoólicas possa aliviar o estresse agudo, a cronicidade do consumo pode levar a alterações em regiões cerebrais associadas ao estresse, como no eixo hipotalâmico pituitário-adrenal, afetando assim as ações comportamentais e cognitivas. Isso influencia na busca incessante por álcool, estabelecendo um estado de vício ou causando recaídas durante os períodos de abstinência (RAMCHANDANI et al., [s. d.]).

Os sintomas geralmente aparecem logo após a cessação do consumo de álcool, sendo o tremor um sinal precoce, acompanhado por taquicardia, hiperreflexia e rubor facial. Esses sintomas são resultado dos níveis elevados de catecolaminas no sangue e na urina, bem como dos níveis aumentados de seus metabólitos no líquor (ROSSOW; MÄKELÄ, 2021).

Outros sintomas incluem hipertensão, sudorese e febre, afetando o sistema autônomo. Em termos de comportamento, há inquietação, humor deprimido, irritabilidade e alucinações, enquanto os prejuízos das funções cognitivas se manifestam na dificuldade de concentração, memória, orientação e julgamento (HAES et al., 2010).

2.3.6 Problemas psicológicos envolvidos  

O AUD está fortemente relacionado à ideação suicida, já que o consumo descontrolado de álcool pode ser iniciado com a expectativa de melhorar o humor, a desinibição e o relaxamento, mas, ao contrário do esperado, pode resultar em um estado estressante, agressivo, impulsivo e em uma desordem cognitiva e física. O momento e o ambiente de consumo são cruciais para o desenvolvimento da ideação suicida. Em situações de consumo em grupo, a tendência de ocorrer um evento de perigo é reduzida, enquanto o uso de álcool por um indivíduo sozinho, enfrentando problemas pessoais ou situações estressantes, pode potencializar a ideação e tentativa de suicídio (WOLFORD-CLEVENGER et al., [s. d.]).

Devido à redução da capacidade cognitiva e ao aumento da impulsividade durante o estado de intoxicação alcoólica, o indivíduo perde a capacidade de tomar decisões prudentes e tende a se colocar em situações de risco, como dirigir alcoolizado. Isso ocorre quando a curva de concentração de álcool no sangue começa a diminuir, momento em que o consumidor acredita estar em condições de dirigir. Esse cenário é responsável pela maioria dos acidentes de trânsito relacionados ao consumo de álcool. Mesmo sob o efeito do álcool, a sensação de confiança e a deficiência motora e cognitiva permanecem, levando o indivíduo a tomar decisões mais arriscadas, como dirigir em velocidades acima do permitido, o que pode ser fatal tanto para o indivíduo quanto para terceiros, caracterizando-se assim como um problema público (MOTSCHMAN et al., 2020).

O transtorno de ansiedade está relacionado ao consumo de bebidas alcoólicas, especialmente em relação às emoções negativas associadas a esse transtorno psiquiátrico, principalmente o transtorno de ansiedade social. Nesses casos, é comum que o indivíduo consuma álcool de forma imprudente para reduzir o estresse de interagir com outras pessoas. Além disso, o consumo de álcool é observado como uma tentativa de reduzir os sintomas da ansiedade, embora seja uma prática controversa, pois reduz a eficácia do tratamento. Além da possibilidade de a ansiedade levar ao consumo indevido de bebidas alcoólicas, a abstinência dessa substância pode causar ansiedade no indivíduo (ANKER; KUSHNER, [s. d.]).

2.4 A Legislação Como Uma Problemática Ao Alcoolismo

O consumo de bebidas alcoólicas é legalizado para maiores de 18 anos na maioria dos países, o que demanda a realização de procedimentos no momento da venda desses produtos. No entanto, muitas vezes esses procedimentos simples, como solicitar a documentação do consumidor, não são efetuados, resultando em uma das maiores problemáticas legislativas: o consumo de álcool por menores de idade. Isso acarreta uma série de problemas, tanto no âmbito social quanto na saúde pública, tornando o consumo de bebidas alcoólicas uma das questões que envolvem a saúde pública no Brasil (MANGUEIRA et al., 2015).

A venda, distribuição e logística do álcool enfrentam pequenas dificuldades que não contribuem para a redução do consumo. Essas dificuldades incluem a taxação do produto, a localização de pontos de venda distantes de instituições públicas de ensino, como escolas, restrições à condução após o consumo e campanhas de conscientização sobre os prejuízos do álcool. No entanto, o consumo continua a crescer, tanto devido ao aumento da população quanto ao número de novos consumidores na mesma faixa etária prevalente, destacando sua presença cotidiana na vida da população (BASÍLIO; GARCIA, 2006).

Várias implicações dificultam a aplicação da legislação brasileira de trânsito contra a embriaguez ao volante, incluindo a dificuldade em restringir o consumo de bebidas alcoólicas devido à forte influência econômica da indústria do álcool no país. Além disso, a falta de fiscalização adequada das vendas contribui para o maior consumo entre os jovens, que são os principais envolvidos em acidentes de trânsito relacionados ao álcool (SOUZA; RUSSO; SILVA, 2022).

O alcoolismo não apenas causa inúmeros obstáculos para o consumidor, mas também afeta negativamente a sociedade ao seu redor. Esses impactos incluem desafios no ambiente familiar, pois lidar com um membro da família que é dependente químico pode ter consequências psicológicas para a família e levar ao isolamento social devido ao estigma envolvido. Além disso, a principal problemática social causada pelo alcoolismo é o alto índice de acidentes de trânsito relacionados ao consumo de álcool, que afeta a cognição e a coordenação motora dos motoristas. Apesar dos esforços implementados com a Lei Seca para evitar que os motoristas dirijam sob efeito de álcool, o número de acidentes de trânsito envolvendo motoristas embriagados continua elevado, resultando em invalidez, morte e sofrimento para as famílias das vítimas e dos agressores (ELVIRA et al., 2021). 

METODOLOGIA   

A metodologia adotada neste estudo consiste em uma revisão narrativa de literatura, com a seleção de estudos provenientes das bases de dados PubMed, Scielo e Bireme. Foram utilizados os seguintes descritores: Alcoholism, chemically induced; diagnosis; economics; etiology; history; legislation and jurisprudence; metabolism; mortality; physiopathology; prevention and control; psychology; statistics and numerical data; therapy. A busca foi limitada a artigos publicados entre os anos de 2017 e 2022.

Os critérios de inclusão foram baseados na avaliação do título, metodologia e conclusão dos artigos, dando preferência para aqueles que se enquadravam como revisões bibliográficas e meta-análises, escritos em inglês ou português, e que estivessem alinhados com a temática do estudo. Os artigos selecionados foram triados com base nos resultados e discussões apresentados, priorizando aqueles que se relacionavam diretamente com o tema da revisão e que contribuíam de forma relevante para o trabalho, excluindo os demais.

Os artigos selecionados foram então organizados em uma tabela, categorizados por ano de publicação, idioma, revista em que foram publicados e país onde o estudo foi realizado, além de serem classificados de acordo com sua pertinência com o tema abordado, seguindo uma hierarquia estabelecida neste estudo. Esta metodologia permitiu uma análise abrangente da literatura disponível sobre o tema do alcoolismo, fornecendo uma base sólida para as conclusões e discussões apresentadas neste trabalho.

RESULTADOS 

No decorrer desta revisão narrativa de literatura, foram destacadas as diversas consequências do consumo de álcool para o sistema nervoso central (SNC) e para a sociedade em geral. No que diz respeito ao impacto neurofisiológico do álcool, evidencia-se sua ação como depressor do SNC, interferindo em neurotransmissores como GABA e glutamato, o que resulta em efeitos sedativos e alterações no estado de consciência. Além disso, o consumo crônico de álcool está associado à neurodegeneração, com danos estruturais e funcionais no cérebro, podendo levar a prejuízos cognitivos e emocionais.

A síndrome de abstinência alcoólica é outra consequência relevante do consumo excessivo de álcool, caracterizada por uma série de sintomas físicos e psicológicos, que podem variar de tremores e sudorese a alucinações e convulsões. No âmbito social, o consumo de álcool está associado a uma série de problemas, como acidentes de trânsito, violência interpessoal, evasão escolar e transtornos familiares, gerando custos significativos em termos de recursos de saúde e econômicos.

A legislação e as políticas públicas relacionadas ao álcool desempenham um papel importante na regulamentação do consumo e na redução dos danos associados. No entanto, existem desafios na implementação e fiscalização das leis, destacando a necessidade de abordagens abrangentes para lidar com o consumo de álcool e seus impactos na sociedade. A conscientização e a educação sobre os riscos do álcool são fundamentais para prevenir seus efeitos adversos, especialmente entre os jovens e em comunidades vulneráveis.

Esses resultados ressaltam a importância de intervenções baseadas em evidências para reduzir o consumo de álcool e mitigar seus impactos negativos, tanto no nível individual quanto coletivo. A compreensão dessas consequências é essencial para informar políticas e práticas eficazes de prevenção e intervenção relacionadas ao consumo de álcool.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo avaliar as consequências prejudiciais do consumo de álcool para o sistema nervoso central e seus impactos sociais. A revisão narrativa de literatura realizada proporcionou uma análise abrangente dos efeitos do álcool no cérebro e na sociedade, destacando a complexidade e a gravidade dessa questão.

Os resultados da revisão evidenciaram que o álcool atua como um depressor do sistema nervoso central, interferindo em neurotransmissores importantes e induzindo a neurodegeneração. Esses efeitos estão associados a uma série de problemas de saúde, incluindo prejuízos cognitivos, emocionais e motores, bem como à síndrome de abstinência alcoólica em casos de interrupção do consumo. Além disso, o consumo excessivo de álcool tem amplos impactos sociais, contribuindo para acidentes de trânsito, violência interpessoal, evasão escolar e transtornos familiares.

A análise da legislação e das políticas públicas relacionadas ao álcool revelou desafios na implementação e fiscalização das leis, ressaltando a necessidade de abordagens mais abrangentes e eficazes para lidar com o consumo de álcool e seus impactos na sociedade. A conscientização pública sobre os riscos do álcool e a promoção de estratégias de educação são fundamentais para prevenir e minimizar os danos associados ao consumo dessa substância.

Diante dessas considerações, é essencial adotar uma abordagem multidisciplinar e integrada para enfrentar o problema do consumo de álcool. Isso inclui o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes, a implementação de programas de prevenção e intervenção precoce, e o envolvimento de diversos setores da sociedade, incluindo governos, profissionais de saúde, educadores e comunidades.

Em última análise, o combate ao consumo nocivo de álcool requer um esforço conjunto e contínuo de todos os envolvidos, visando proteger a saúde e o bem-estar individual e coletivo.

REFERÊNCIAS  

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1 Acadêmica de Medicina do Centro Universitário Aparício Carvalho (FIMCA)

2 Acadêmica de Medicina do Centro Universitário Aparício Carvalho (FIMCA)

3 Acadêmico de Medicina do Centro Universitário Aparício Carvalho (FIMCA)

4 Docente do Centro Universitário Aparício Carvalho (FIMCA)