AFETIVIDADE, O PROCESSO DE APRENDIZAGEM E O VINCULO PROFESSOR-ALUNO

AFFECTIVITY, THE LEARNING PROCESS AND THE TEACHER-STUDENT BOND

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411231226


Gabriele Campos de Almeida 1
Nicolle Rabelo de Moura 2
Aline Rodrigues Andrade 3
Tacieli Gomes de Lacerda 4
Rute Martins Dos Reis 5
Raquel Martins Pinheiro 6
Andreza Cipriano Coelho 7
Claudenice Antonia Aguiar Lima 8
Sophia Helena de Melo Driemeyer 9
Marcos Araujo dos Santos 10
Ayllane Chaves Lucena 11
Eryka Pavão dos Santos 12
Samara Dourado Yoshida de Siqueira 13
Marco Aurelio Chaparro Armoa 14
Charles Magalhaes de Araujo 15


RESUMO

Este artigo aborda o papel da afetividade no contexto educacional, com foco na relação entre professores e alunos. A afetividade é analisada sob várias perspectivas teóricas, incluindo a Teoria das Representações Sociais de Moscovici e as teorias de desenvolvimento de autores como Vygotsky e Wallon. A pesquisa enfatiza a importância da afetividade na construção do conhecimento, no desenvolvimento da autonomia dos alunos e na formação de vínculos afetivos positivos que influenciam o processo de ensino-aprendizagem. De caráter qualitativo, este artigo encontra-se fundamentado em uma revisão de literatura, valendo-se de livros, periódicos eletrônicos, trabalhos científicos, monografias, teses e dissertações acessadas em bases de dados online. Os recursos empregados para a condução desta pesquisa foram adquiridos em plataformas como SCIELO, LILACS e Google Acadêmico. A pesquisa conclui que a afetividade desempenha um papel crucial na educação, influenciando o desenvolvimento psicológico, cognitivo e social dos alunos. A relação afetiva entre professores e alunos cria um ambiente propício para a construção do conhecimento e o desenvolvimento da autonomia dos estudantes. A pesquisa reafirma que a afetividade desempenha um papel fundamental na educação, influenciando não apenas o desenvolvimento cognitivo, mas também o desenvolvimento psicológico e social dos alunos. A relação afetiva entre professores e alunos é uma peça central nesse contexto, criando um ambiente propício para a construção do conhecimento e para o desenvolvimento da autonomia dos estudantes. Este estudo contribui para a compreensão mais profunda do impacto da afetividade na educação e destaca sua relevância incontestável na formação integral dos indivíduos.

Palavras-chave: Afetividade. Ensino-aprendizagem. Relação professor-aluno.

ABSTRACT

This article addresses the role of affectivity in the educational context, focusing on the relationship between teachers and students. Affectivity is analyzed from several theoretical perspectives, including Moscovici’s Theory of Social Representations and the development theories of authors such as Vygotsky and Wallon. The research emphasizes the importance of affectivity in the construction of knowledge, in the development of students’ autonomy and in the formation of positive affective bonds that influence the teaching-learning process. The study uses a qualitative approach, based on a literature review. Research sources include electronic journals, scientific articles, monographs, theses and dissertations obtained from various databases, such as SCIELO. The research concludes that affectivity plays a crucial role in education, influencing the psychological, cognitive and social development of students. The affective relationship between teachers and students creates an environment conducive to the construction of knowledge and the development of student autonomy. Furthermore, the importance of recognizing and meeting the affective needs of students is highlighted, especially in the initial grades, to ensure a more effective teaching-learning process.

Keywords: Affectivity. Teaching-Learning. Teacher-Student Relationship.

1  INTRODUÇÃO

A dimensão afetiva neste artigo será submetida a uma análise no contexto pedagógico, mais precisamente na interação educacional que se instaura no recinto de ensino entre o discente e o docente. Ressalta-se que, conforme a perspectiva teórica empregada, emergem múltiplos sentidos para os lexemas em questão: sentimentos, afeto, afetividade e emoções. Efetivamente, todas essas expressões se manifestam de forma variada e com escassa precisão conceitual.

Conforme Almeida e Mahoney (2014), a afetividade está associada à aptidão do indivíduo em ser impactado pelo ambiente circundante e por suas experiências internas, mediante sensações agradáveis ou desagradáveis. O sentimento, nessa ótica, configura-se como a manifestação representacional da afetividade; em outras palavras, os sentimentos podem ser exteriorizados por meio da linguagem verbal, constituindo a representação da dimensão afetiva (ALMEIDA; MAHONEY, 2014).

Os fundamentos desse estudo encontram-se na Teoria das Representações Sociais de Moscovici (2010), haja vista sua capacidade de propiciar uma leitura pertinente no âmbito das interações, ao mesmo tempo em que contribui para a apreensão efetiva de sentimentos, percepções e valores nem sempre manifestos de maneira explícita pelos sujeitos que os partilham.

Conforme argumentado por Nascimento (2013), a Teoria das Representações Sociais assume um papel de primordial relevância na compreensão da dinâmica psicossocial das relações humanas, incumbindo-se da construção e representação da realidade. Godelier (2007) sustenta que, por intermédio da linguagem e das interações, o indivíduo internaliza a visão cultural de seu “eu”.

Em concordância com o que foi proposto por Nascimento (2013), a relevância das representações no contexto educacional reside na apreensão da função e da inter-relação entre as estruturas simbólicas e o processo educativo, uma vez que tais representações participam ativamente da dinâmica psicossocial da instituição escolar.

Os fundamentos também se pautam em uma abordagem monista do ser humano, visando a compreensão dos processos de desenvolvimento por meio da consideração da integração das dimensões afetiva e cognitiva (NASCIMENTO, 2013). De acordo com Vygotsky (2000), as emoções derivam de um afeto (ou seja, qualquer evento, objeto ou situação) que se expressa no corpo e, simultaneamente, suscita representações, configurando os sentimentos.

Segundo Osti e Tassoni (2019), a instituição educacional configura-se como o local de produção de conhecimento, ambiente propício tanto ao ensino quanto à aprendizagem, e onde se instituem mecanismos avaliativos para mensurar o que foi elaborado. O desempenho satisfatório é grandemente enaltecido no contexto escolar, sendo valorizado pelos docentes, que frequentemente conduzem feedbacks embasados em elogios e expressões de incentivo aos alunos que atendem às expectativas pedagógicas (OSTI e TASSONI, 2019).

A percepção de capacidade ou incapacidade para aprender constitui uma construção social que exerce impacto nas relações dos alunos com a escola, nas interações com os indivíduos que compartilham o ambiente escolar, nas relações com o conhecimento e na autopercepção (OSTI e TASSONI, 2019).

Conforme Moscovici (2010), a maneira como os indivíduos podem perceber, experimentar, raciocinar e interpretar seu estilo de vida e sua presença no mundo desempenha um papel inquestionável na (re)configuração das práticas. Considerando que as representações instigam atitudes e crenças, e estabelecem valores que podem orientar as práticas pedagógicas, asseveram Osti e Noronha (2017) e Osti e Brenelli (2013) que é na interação do sujeito com o entorno que as experiências se acumulam, se elaboram, são interpretadas e simbolizadas individualmente.

Diante disso, a afirmação de que as dinâmicas na sala de aula necessitam de uma compreensão mais aprofundada é verdadeira, visando obter uma clareza ampliada das possíveis repercussões para o desempenho dos estudantes e para a qualidade das relações estabelecidas entre eles e seus professores, bem como nas relações entre eles e seus processos de aprendizagem.

De acordo com Giancaterino, (2007, p. 74):

O processo educacional não é apenas um processo isolado; é constituído conjuntamente por professores e educandos na interação e com vínculo na afetividade, na participação, na cooperação de ambos, construindo-se e acomodando-se, assim, a aprendizagem.

A assertiva de Giancaterino (2007) destaca a natureza interativa e colaborativa do processo educacional, sublinhando a coexistência essencial de professores e educandos. A ênfase na afetividade, participação e cooperação como elementos fundamentais evidencia a complexidade das relações envolvidas na construção do conhecimento. A perspectiva interativa delineada sugere uma abordagem dinâmica do processo educativo, onde a aprendizagem é concebida como uma construção conjunta, adaptando-se continuamente às interações entre os agentes educativos.

Vygotsky (2004), compreende que a pessoa tratada com afeto, torna-se um indivíduo corajoso, motivado e centrado, com possibilidades de enfrentar problemas do seu cotidiano. Uma boa relação dá acesso a resultados significativos na escola e consequentemente na fase adulta desses alunos.

De acordo com Ravanello e Martinez (2013):

Para que haja um desenvolvimento harmonioso é importante satisfazer a necessidade fundamental da criança que é o amor. […] O professor, na sua responsabilidade e no seu conhecimento da importância de sua atuação, pode produzir modificações no comportamento infantil, transformando as condições negativas através das experiências positivas que pode proporcionar. Estabelecerá, assim, de forma correta, o seu relacionamento com a criança, levando-a a vencer suas dificuldades.

Ao comentar a teoria Freudiana, Ravanello e Martinez (2013) relata sobre fatores de grande relevância para o desenvolvimento pessoal do indivíduo, assim como o emocional, que são construídos ainda na infância, nos primeiros anos de vida. Havendo ações inadequadas à educação das crianças, poderá acarretar danos para a sua vida, enquanto adultos.

Vygotsky (2004) ainda formula questionamentos acerca da pertinência a ser conferida à dimensão afetiva no contexto do processo de ensino-aprendizagem e da importância do educador nessa prática para o desenvolvimento psicológico, cognitivo e social do educando.

Manifesta-se, assim, a clara necessidade de atribuir valor não apenas aos elementos cognitivos, mas também às dimensões emocionais, afetivas e solidárias, promovendo  a  construção  de  laços  fraternos  e  resgatando  valores  que eventualmente se perderam. Por meio desse processo, os discentes passam a contar com os educadores como referência, tornando-os fontes inspiradoras (VYGOTSKY, 2004).

Esta investigação bibliográfica teve como objetivo analisar a relevância da dimensão afetiva e do reforço do vínculo entre docente-discente, bem como os ganhos destes para o processo pedagógico. Os objetivos específicos consistiram em expor de maneira concisa a importância da afetividade, discorrer acerca do vínculo afetivo no contexto da alfabetização e abordar o papel do educador frente à dimensão afetiva.

De caráter qualitativo, este artigo encontra-se fundamentado em uma revisão de literatura, valendo-se de livros, periódicos eletrônicos, trabalhos científicos, monografias, teses e dissertações acessadas em bases de dados online. Os recursos empregados para a condução desta pesquisa foram adquiridos em plataformas como SCIELO, Biblioteca Digital da Faculdade Cidade de Coromandel, Google Acadêmico, entre outras. As palavras-chave utilizadas para a busca de materiais foram: afetividade, ensino-aprendizagem, e relação professor-aluno. As publicações consultadas foram redigidas nos idiomas português e inglês.

2  A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE

De acordo com Oliveira, Guimarães e Fiore (2014), não é possível imaginar um mundo em que não há afeto. Dentre tantos outros sentimentos, este é primordial para o desenvolvimento do ser humano, estando presente na sua vida desde a mais tenra idade, onde é evidenciado primeiramente no contexto familiar desde o seu nascimento (OLIVEIRA; GUIMARÃES; FIORE, (2014). Contudo, tais manifestações tornam-se relevantes também em outros ambientes, fazendo-se necessário ao decorrer da vida das pessoas.

Para Cunha (2010), a socialização das pessoas, acontece dentro de um conjunto de culturas. Entendendo por cultura o modo de falar, de agir, de vestir, sua linguagem, suas normas, seus ideais e seus valores, cujas características refletem diretamente ou indiretamente no comportamento social. Na sociedade são construídos laços afetivos, que caracterizam a função social da qual o indivíduo representa ao decorrer da vida (CUNHA, 2010). Este elo de afetividade acarreta

emoções e comportamentos singulares e peculiares num processo permanente da identidade e interação do homem. Neste sentido destaca-se a relevância do vínculo que existe entre o homem e o mundo e entre si mesmos.

Borba e Spazziani (2005), ao abordarem as considerações inspiradas nas reflexões de Piaget, destacam que é inapropriado afirmar que o conhecimento do sujeito é rigidamente determinado por fatores genéticos ou pelo ambiente circundante. Ao contrário, argumentam que o conhecimento é construído de forma singular por cada indivíduo, durante uma troca recíproca entre as práticas relacionadas aos objetos e suas próprias interações afetivas.

Segundo Borba e Spazziani (2005), todos os sentimentos e maneiras de expressa-los, estão diretamente ligados a uma aprendizagem emocional, definida por uma relação afetiva, que torna possível a auto compreensão e a efetivação da capacidade criativa dos seres humanos. Os autores Bock, Furtado e Teixeira (1999), enfatizam a importância do período infantil e das fases de desenvolvimento infantojuvenil, as interações sociais no contexto cultural e a edificação da linguagem, para o processo de evolução cognitiva. Destacando a necessidade de a criança prosperar em um ambiente saudável e propício para seu crescimento integral.

Segundo afirmação de Galvão (1995, p. 48):

Podemos dizer que a primeira função do movimento no desenvolvimento infantil é afetiva.”, pois para a criança aprender a sentar, engatinhar, andar e até mesmo segurar a mão é preciso de um adulto que o ensine como fazer e o estimule a conseguir atingir essas etapas, até mesmo a fala, a forma do bebê se comunicar ele se comunica de acordo como que os adultos o estimula, pois o bebê só aprende a falar porque vê outras pessoas falando e ensinando a eles a falarem as palavras. A linguagem, a cultura,tudo que envolve o social e cultural contribui efetivamente para o desenvolvimento do sujeito, percebe-se que é uma relação de carinho/cuidado que se tem com alguém íntimo ou querido.

Galvão (1995) ainda salienta sobre a teoria de Wallon, acerca do desenvolvimento da criança, onde afirma que no contexto do desenvolvimento infantil existe etapas distintas, porém integradas de modo gradual, onde é caracterizado pela apresentação de interesses pertinentes e particulares, que seguindo uma ordem, se harmonizam para fundamentar cada etapa. Estes estágios de acordo com Vieira e Lopes (2010, p. 20), são definidos como:

Impulsivo-emocional, que compreende o período de 0 a 1 ano; Sensório-motor e Projetivo que se observa nas crianças de 1 a 3 anos; Personalismo que se identifica em crianças de 3 a 6 anos; Categorial, observando em crianças de 6 a 11 anos; Puberdade e Adolescência que se estende dos 11 anos em diante.

Sendo assim, em algumas etapas a afetividade tem um destaque maior, estando voltado para a busca do entendimento de si mesmo, de modo que nos estágios impulso-emocional, personalismo, puberdade e adolescência o conjunto afetivo está mais explícito.

Galvão (1995) enfatiza que a criança de acordo com a faixa-etária, inter-relaciona-se com o outro indivíduo, para adquirir recursos para o seu desenvolvimento.

Golse (1998) evidencia que, as pessoas desenvolvem integralmente, os aspectos emocionais, físicos e sociais, assim a inteligência é construída por causa de suas interações e não pelo conhecimento do eu, ou pelas coisas. Estando englobado espaço físico, o convívio social com o outro, a linguagem, a cultura e os conhecimentos compartilhados.

Como acentua Bock, Furtado e Teixeira (1999), a personalidade de cada ser humano é formada a partir do final de sua infância, neste momento é possível ter seu próprio sistema de valores e normas, adquiridos com base nas experiências infantis, sendo uma das mais relevantes o clima psicológico. O modo em que o indivíduo ver o meio social e as relações com o outro, é que determina as suas ações em relação às pessoas e ao meio em que se vive.

Para Vieira e Lopes (2010), a afetividade é parte complementar e singular do indivíduo, uma vez que o afeto é determinante para o comportamento do ser humano, contribuindo assim na sua vida psíquica, pois é expressado nos sonhos, palavras, desejos, gestos e expectativas que cada pessoa nutre ao decorrer de sua vida.

Conforme a necessidade do indivíduo, os processos mentais sempre são fundamentados por algum tipo de sentimento particular e individual. As relações afetivas são determinantes para o desenvolvimento e crescimento integral da criança.

3  O VÍNCULO AFETIVO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Segundo Oliveira, Guimarães e Fiore (2014), as crianças deixam suas casas, onde na maior parte das vezes sentem-se seguras, protegidas e amadas, por este motivo carece de ser acolhida no ambiente escolar que esteja cercado de afeto. A escola deve transferir valores que serão conduzidos para o convívio social, do mesmo modo que a família faz, onde a criança sinta-se feliz e amada naquele ambiente, para aquisição dos conhecimentos relevantes à escolarização. Assim, a afetividade torna-se primordial em todo o processo de educação, de modo mais preciso nas séries iniciais (OLIVEIRA; GUIMARÃES; FIORE, 2014).

Cunha (2010) menciona que, a criança nem sempre vem de uma família estruturada, ela chega à escola com carência de carinho e afeto, o que pode ocasionar uma má aprendizagem. A escola exerce a função de resgatar junto ao estudante alguns dos valores de formação.

Oliveira, Guimarães e Fiore (2014) abordam que, os problemas tragos de casa refletem negativamente no aprendizado das crianças, que necessitam mais de atenção e afeto dos profissionais da educação, assim neste novo ambiente, estes alunos se sentirão mais seguros, atenuando o sofrimento que traz de sua casa.

Segundo Cunha (2010), quando o indivíduo expressa afeto, é criada uma relação com o saber. “É para liberdade que educamos, e, onde há liberdade há identidade e amor” (CUNHA, 2010). Por causa da amorosidade que oportuniza ao educando, a aquisição de sua autonomia, permanecerá marcada por toda a vida.

De acordo com Oliveira, Guimarães e Fiore (2014), em um ambiente acolhedor e afetivo, a criança descobrirá a sua individualidade e sua identidade, em consequência disso irá aflorar pedagogicamente. Por esse motivo, o docente que cria um ambiente em que haja atenção, respeito e carinho, terá facilidade de afetar seu aluno de modo mais promissor. Ao se falar de alfabetização, o primeiro pensamento é ensinar a ler e a escrever, ensinar as letras que compõe o alfabeto e a compreender os códigos da linguagem verbal (OLIVEIRA; GUIMARÃES; FIORE, 2014).

Cunha (2010) destaca que, a emoção é o aspecto essencial no trabalho pedagógico, para que ocorra uma alfabetização fundamentada no afeto. Visto que, quando a criança gosta do ambiente que está inserida, sendo bem tratada e respeitada, ela consegue ver sentido no que está aprendendo neste determinado local. Desse modo, a escola pode tornar-se alvo de influência de afetividade positiva para o aluno.

Segundo Saltini (2008, p. 69):

O educador não pode ser aquele que fala horas a fio a seus alunos, mas aquele que estabelece uma relação e um diálogo íntimo com ele, bem como uma afetividade que busca mobilizar sua energia interna. É aquele que acredita que o aluno tem essa capacidade de gerar ideias e coloca-las ao serviço de sua própria vida.

Conforme Oliveira, Guimarães e Fiore (2014), a interação e a socialização são relevantes e devem acontecer em sala de aula, para efetivação de seu desenvolvimento de modo satisfatório. O processo de alfabetização é um experimento impactante, do qual a criança até então não havia vivenciado. Nesta fase, o educando estará direcionado a um novo e desconhecido mundo.

Segundo Palacios e Hidalgo (2004), grande parte das crianças cresce e desenvolve no ambiente familiar. De acordo com o processo de desenvolvimento, elas vão sendo inseridas em novos contextos, onde aparecem outros fatores influenciando na progressão da personalidade. A personalidade infantil tem duas influências fortes que são a família e a escola, no qual pais e docentes transformam-se em agentes sociais de maior relevância e determinante ao longo destes primeiros anos.

Vygotsky (2003) sustenta que as respostas emocionais desempenham um papel crucial e integral em todas as manifestações de nosso comportamento e em todos os estágios do processo educativo. Caso almejemos potencializar a retenção ou aprimorar a atividade cognitiva dos educandos, é imperativo que essas práticas sejam sujeitas a estímulos emocionais. A experiência e investigações empíricas têm corroborado que um evento impregnado de carga emocional é retido de forma mais robusta, estável e duradoura do que um acontecimento destituído de relevância afetiva (VYGOTSKY, 2003).

Oliveira, Guimarães e Fiore (2014) apontam que a escola converte-se em um local de total importância para que aconteça o desenvolvimento integral do indivíduo, sendo fundamental a elaboração de condições para uma boa relação com seus alunos, predominando a harmonia, que juntamente a outros sentimentos promova o amadurecimento e o aprendizado dos alunos.

Atualmente a educação é mais que transmitir conhecimento, oportunizando uma nova visão a respeito da escolarização. Assim, é possível perceber a necessidade desta união, pois comprometidos num mesmo objetivo, tornará possível para a criança, uma boa escolarização.

4  O PAPEL DO PROFESSOR FRENTE A AFETIVIDADE

O docente ao executar o seu papel com êxito se transforma em mediador, dando oportunidades aos estudantes, observar o que ocorre em sua volta, fazendo com que busquem por atitudes, modificando o meio em que vive (TASSONI, 2000).

Vieira e Lopes (2010) enfatizam que, a criança sente segura na presença do adulto, que numa relação afetiva é visto como um modelo referencial. Os sentimentos que envolvem esta relação se tornam fortes influenciadores sobre as maneiras de comportamento infantil, em cada etapa de um processo de educação. Quando o profissional trabalha, tendo como base a emoção, os fatores são lembrados e expressados de maneira mais sólida, com firmeza, havendo uma relevância significativa ao decorrer da construção do conhecimento da criança (VIEIRA; LOPES, 2010).

Como mencionado por Ravanello e Martinez (2013), na rotina diária da criança, ela passa por variados fatores que de alguma forma influência em seu trabalho escolar, de modo positivo ou negativo.

Vieira e Lopes (2010) abordam que, primeiramente a criança recebe condições para comunicar-se através da mãe e consequentemente este ato passa a ser exercido pelas novas relações sociais que são estabelecidas nas instituições escolares, onde ainda na sua infância concebe a qualidade de suas comunicações.

Conforme citado por Tassoni (2000), além do contato corporal, como exemplo um abraço, deve haver outros laços que expressam a afetividade, assim sendo o docente deve mostrar com palavras pontos positivos do seu aluno, elogiar o seu trabalho, reconhecer que houve esforço do estudante durante a aula. Com isso é criado um elo de diálogo recíproco entre a criança e o adulto.

Branden (1998), Vieira e Lopes (2010) afirmam que:

As relações afetivas permeadas por cargas afetivas positivas marcam o processo de aquisição do objeto do conhecimento contribuindo também à a construção da autonomia à medida que possibilita a confiança dos alunos no professor, em suas capacidades e decisões.

Bock, Furtado e Teixeira (1999) abordam que, o afeto expresso na vida do indivíduo – sentimentos e emoções – compõe o ser humano, construindo um aspecto primordial na sua vida psíquica.

Para Borba e Spazziani (2005), no trabalho realizado dentro da sala de aula, não há a separação entre o pensar e o agir, uma vez que ao entrar na sala de aula, os alunos não desapropriam de suas características afetivas, das quais compõem sua personalidade. Muitas crianças ao chegar ao ambiente escolar, com necessidades cognitivas, trazem consigo também uma carência afetiva familiar. O professor ao detectar e compreender tais necessidades poderá ajudar melhor cada aluno de acordo com as suas particularidades, oportunizando caminhos no processo de desenvolvimento de ensino-aprendizagem (BORBA; SPAZZIANI, 2005).

Branden (1998) aborda sobre aspectos imprescindíveis para as necessidades mencionadas anteriormente, que são o respeito, a ternura e o amor. A vida escolar é um dos aspectos dentre outros, que a afetividade influência (BRANDEN, 1998). Deste modo, uma aprendizagem com significado tem início com as relações e vínculos sociais.

É o educador que a criança enxerga como modelo a ser seguido, é fundamental que o docente tenha consciência da influência que exerce sobre o seu aluno, é importante está atento ao criar hábitos, aguçando-o a ter uma independência própria, logo, a criança adquire segurança de seus atos, uma vez que teve como espelho e suporte o professor.

5  CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo, foi investigado a dimensão da afetividade no contexto educacional, com ênfase na relação entre professores e alunos. A análise abarcou várias perspectivas teóricas, incluindo a Teoria das Representações Sociais de Moscovici, as teorias de desenvolvimento de Vygotsky e Wallon, entre outras. Os

resultados destacaram a significativa importância da afetividade no processo de ensino-aprendizagem.

Ao adotar uma abordagem qualitativa e realizar uma revisão abrangente da literatura, foi possível explorar uma ampla gama de fontes de pesquisa que abrangem décadas de estudo sobre o tema. As fontes incluíram revistas eletrônicas, artigos científicos, monografias, teses e dissertações de várias bases de dados acadêmicas.

A pesquisa reafirma que a afetividade desempenha um papel fundamental na educação, influenciando não apenas o desenvolvimento cognitivo, mas também o desenvolvimento psicológico e social dos alunos. A relação afetiva entre professores e alunos é uma peça central nesse contexto, criando um ambiente propício para a construção do conhecimento e para o desenvolvimento da autonomia dos estudantes.

Ressalta-se a necessidade de reconhecer e atender às necessidades afetivas dos alunos, especialmente nas séries iniciais da educação, a fim de garantir um processo de ensino-aprendizagem mais eficaz. Este estudo contribui para a compreensão mais profunda do impacto da afetividade na educação e destaca sua relevância incontestável na formação integral dos indivíduos.

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1 Graduanda em psicologia pela Faculdade Cidade de Coromandel, e mail: gabriele.00397@aluno.fcc.edu.br

2 Graduanda em psicologia pela Faculdade Cidade de Coromandel, e mail: psinicollemoura@hotmail.com

3 Pedagoga pela Faculdade Cidade de Coromandel, e mail: rodriguesaline76@gmail.com

4 Graduanda em enfermagem pela Universidade Federal de Pelotas, e mail: taci.gomeslacerda@gmail.com

5 Graduanda em medicina pela Universidade Maria Auxiliadora, e mail: ruthsmr@hotmail.com

6 Psicóloga pelo Centro Universitário da Amazônia, e mail: rakel.mp@hotmail.com

7 Enfermeira pela Uninassau, e mail: andrezacipri@hotmail.com

8 Enfermeira pelo Instituto Florence de Ensino, e mail: claudenice.a@hotmail.com

9 Graduanda em medicina pela Universidade de Rio Verde, e mail: sophiadriemeyer@gmail.com

10 Pós graduado em gestão hospitalar pela Faculdade do Maranhão Fama, e mail: tet.marcos@hotmail.com

11 Graduanda em enfermagem pela Faculdade Maurício de Nassau, e mail: ayllanecl@gmail.com

12 Administradora pela UEMA, e mail: eryka.pavao@huufma.br

13 Graduanda em enfermagem pela UFU, e mail: yoshidavaz12@gmail.com

14 Médico Cirurgião pela Universidade Maria Auxiliadora.

15 Mestre em psicologia pela UFU, e mail: charles.araujo@seguranca.mg.-gov.br