PSYCHOLOGICAL ILLNESS IN FEMALE MILITARY POLICE OFFICIALS: BURNOUT SYNDROME
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8062410
Cândida Dantas da Costa1
Glauber Borges Lopes2
Kelly Macedo Torres3
Maria Raimara Maciel da Conceição4
Carla Mituse Ito5
Chimene Kuhn Nobre6
RESUMO
Os policiais militares têm uma rotina laboral muito diferente do que é visto e pensado e que apresenta muitas peculiaridades, pois o seu cotidiano é permeado por uma mescla de rotina e incerteza. No decorrer da sua atividade de policiamento ostensivo, a qual expõe o profissional às pressões e fatores estressantes dos mais diversos deixando mais visível que vem se agravando no decorrer dos anos, uma vez que a criminalidade no país cresce diariamente e cada vez mais é exigido das policiais militares.Diante disto este profissional com predisposição ao desenvolvimento de doenças do trabalho, entre elas à Síndrome de Burnout (SB).O objetivo deste projeto é refletir acerca das causas que levam ao aparecimento da Síndrome de Burnout nas policiais militares feminina. a saúde mental do profissional da policial militar no exercício de sua profissão, em particular quando acometido pela Síndrome de Burnout. Este estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com revisão de literatura brasileira, que tem como intuito investigar os aspectos que abordam a temática. Diante disto, conclui que algumas alternativas para o problema são os programas que objetivam o acolhimento e tratamento das policiais. Além da melhoria nas condições de trabalho, como o ajuste salarial, boas disposições físicas do ambiente de trabalho, valorização profissional.
Palavras-Chave: Adoecimento policial; Policial militar feminina; Saúde mental; Síndrome de Burnout.
ABSTRACT
Military police officers have a work routine that is very different from what is seen and thought and that has many peculiarities, as their daily life is permeated by a mixture of routine and intermittent. In the course of their ostensible policing activity, which exposes the professional to the most diverse stressful and stressful factors, making it more visible that it has been getting worse over the years, since crime in the country grows daily and more and more is required of waiting for the military. Faced with this, this professional is predisposed to the development of work-related illnesses, including Burnout Syndrome (SB). the mental health of the military police professional in the exercise of their profession, in particular when affected by Burnout Syndrome. This study is a bibliographical research, with a review of Brazilian literature, which aims to investigate the aspects that address the theme. In view of this, it concludes that some alternatives to the problem are programs that aim at welcoming and treating nurses. In addition to improving working conditions, such as salary adjustment, good physical conditions in the work environment, professional development.
Keywords: Police illness; female military police; Mental health; Burnout syndrome.
1 INTRODUÇÃO
A saúde mental integra o conceito de saúde e consiste em uma condição de bem-estar, o que possibilita o enfrentamento de situações de forma efetiva. Ademais, caracteriza-se como um contribuinte, tanto para o pessoal quanto para a comunidade em que esse indivíduo está inserido. Diversos fatores podem favorecer a saúde mental, como o social, o psicológico e o biológico. Dessa forma, a homeostase entre os fatores citados, possibilita o bem-estar do indivíduo (OMS, 2010).
No que tange a inserção da mulher no mercado de trabalho, destaca-se que com o passar dos anos o chamado sexo frágil, aos poucos foi conquistando espaço e ocupando lugares que antes eram destinados somente aos homens, cita-se como exemplo, a corporação militar. Ressalta-se que assim como demais campos de trabalho, esse não foi um espaço tranquilo de se ocupar.
A Síndrome de Burnout (SB), doença também chamada de síndrome de esgotamento profissional no Brasil, ou de sensação de estar acabado, tem acometido diversos tipos de trabalhadores que ao serem submetidos ao estresse em seus ambientes de trabalho, adotam a princípio, estratégias de enfrentamento como resultado aos agentes estressores (NIEBUSCH; MORAN, 2019).
Uma vez conquistado o espaço, pode-se dizer que o passo seguinte seria ser aceita como uma profissional capaz de exercer as funções inerentes ao cargo.
Sendo assim, o presente artigo buscou compreender como é afetada a saúde mental da policial feminina que atua no serviço de segurança pública tendo como foco os possíveis impactos psicológicos causados pela síndrome de Burnout e também relatar os sintomas mais recorrentes da Síndrome de Burnout encontrados nas agentes de segurança.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com revisão de literatura brasileira, que tem como intuito investigar os aspectos que abordam a temática, a fim de levantar dados para auxiliar na identificação dos principais tipos de adoecimentos que acometem os Policiais Militares brasileiros em decorrência de sua profissão.
Para tanto, foram utilizadas publicações científicas, como artigos, monografias e dissertações, consultadas nas bases de dados eletrônicas, Scielo, Pepsic, Lilacs, Google Acadêmico e BVS.
O critério de seleção do referencial bibliográfico foi realizado de acordo com o grau de relevância destes diante da temática principal e dos subtemas relacionados. Portanto, foram enfatizados os artigos das últimas décadas. Dentre estes artigos foram selecionados os que tratavam sobre a saúde do policial militar feminina em relação à Síndrome de Burnout; estresse em policiais; a saúde mental da polícia militar.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Contextualizando a Segurança Pública no Brasil
Em se tratando de Segurança Pública, pode-se afirmar que há uma relação estreita com as questões sociais, econômicas e culturais. Toda e qualquer sociedade, para funcionar é essencial o estabelecimento de um mínimo de ordem, o que, de acordo com a literatura, só pode ser realizado por meio da segurança pública. É através dela que o patrimônio público é salvaguardado, que é de interesse coletivo. É justamente por sua importância que se torna necessário falar sobre ela e sobre sua evolução no contexto histórico nacional.
De acordo com Cruz (2013), a Intendência Geral da Corte e do Estado do Brasil, no Rio de Janeiro, foi criada em 1808. Dentre suas ações constava a função judiciária, que estabelecia punições, bem como escalava o cumprimento delas. Era responsável também por diversos serviços públicos, tais como, abastecimento de água, obras urbanas, iluminação e outros serviços urbanos da cidade. Ainda segundo Cruz, com a chegada de D. João IV, foi criada a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia que realizava ações mais voltadas à região rural e nas vilas brasileiras, realizando diligências para a prisão de malfeitores, sempre acompanhados de escrivães que registravam, por meio da escrita, o crime cometido.
Com a dissolução da Guarda Urbana, em 1889, ficou estabelecido que os governos estaduais passariam a ser responsáveis pela manutenção da ordem e segurança pública, defesa e garantia da liberdade e direitos dos cidadãos, no entanto, a violência cometida pelos senhores continuava a contar com a polícia (CRUZ, 2013).
Balestreri (2010), afirma que o drama vivido pela segurança pública atual guarda marcas desse período de injustiça social. Para ele há um equivocado conceito de que a justificativa da violência está na pobreza. O autor rebate essa ideia afirmando que a justificativa está na injustiça social e não na pobreza, pois defende que “pobreza não gera crime e nem violência” (Idem ibidem, p. 57).
Ainda sobre injustiça social, Gullo (1998) ressalta que atos criminosos como assaltos, roubos, assassinatos etc., caracterizado por alguns autores como violência urbana, é resultado da precariedade vivida por essa grande parcela da sociedade que legalmente tem direitos assegurados, mas na prática tem carência do mínimo no que se refere a condições dignas de sobrevivência. O fato é que com o problema da violência urbana em ascensão, fez-se necessária a reformulação de medidas de repressão. Estas não foram suficientes para conter a violência, agravando assim a situação do sistema prisional e obrigando a implantação de políticas públicas cada vez mais drásticas.
No processo de evolução da sociedade no Brasil, ocorrem mudanças significativas de necessidades. Mudanças que levaram a polícia a se reorganizar numa ideologia preventiva, com a finalidade de promover ordem pública, assistir a comunidade e orientá-la, mediante as mudanças após a constituição de 1988. A atuação de um dos órgãos responsáveis pela segurança pública, a Polícia Militar, em defesa do Estado, é instituída como aparelho controlador de uma maioria excluída, seguindo assim uma ideologia de controle social. Mudanças que muito se assemelham à concepção de Foucault, um dispositivo de poder disciplinador coercitivo (SANTOS, 2005).
Segundo Ferreira (2018, p. 02) a Polícia Militar passou a ser considerada como “uma corporação efetiva da sociedade a partir do início do século XX, mais precisamente no ano de 1902”. Tempos mais tarde, no período que corresponde à Ditadura Militar (1964-1985), adotou-se no Brasil, o conceito de Segurança Nacional. Silvares (2019, p. 06), afirma que, nessa perspectiva, “eram priorizadas a defesa do Estado e a ordem política e social”. Destacou que nesse período muitos direitos constitucionais foram violados, e os cidadão que se manifestavam contrários ao regime sofriam perseguição e repressão.
Segundo Silvares (2019) considera que ao longo dos anos houve mudanças significativas no que se refere ao conceito de Segurança Pública. Aponta que tais mudanças começam a ser percebidas com a chegada do século XXI com a adoção e implantação de novos modelos gerenciais. Afirma que os planejamentos das ações do Governo passaram a tomar como base experiências vivenciadas por outros países e consideradas exitosas. Destaca-se que esses modelos eram praticados em ambientes privados. Segundo o autor, o governo adotou inclusive critérios de avaliação de desempenho praticados por eles.
3.2 Instituição Policial X Percepção Social
De acordo com Amaral e Pilau (2017), o conceito de polícia, como conhecemos atualmente, tem origem no século XVIII com o surgimento da população, ou seja, com a abertura e cidades (antes muradas) e circulação de produtos e pessoas, faz-se necessário novas adoções no que se refere a segurança. Segundo Amaral e Pilau (2017, p. 2580), a partir dessa medida governamental “a polícia passa a ser o esplendor do Estado, tendo como função principal fazer crescer suas forças ao mesmo tempo que mantém a ordem interna”, através de Leis, Decretos e regulamentos.
Segundo Ferreira & Mendonça (2012) a percepção negativa da sociedade sobre a polícia não está relacionada ao mau serviço, mas sim a três características. A primeira delas é a compreensão de que a polícia cumpre somente princípios legais, pois ao cumpri-los faz-se a invocação também do poder discricionário, ou seja, o policial precisa tomar decisões a partir da análise da situação que nem sempre estão descritas em um manual. A segunda é a de que a função polícia é corrompida, injusta e ofensiva, isso porque lida com o “pior da sociedade” e automaticamente utiliza-se das mesmas ferramentas, mecanismos e artifícios. Por fim, a polícia é vista ainda como preconceituosa.
3.3 Polícia Feminina: do Brasil para Rondônia
De acordo com Ferreira (2018), o Brasil foi pioneiro na implantação da Polícia Militar Feminina, por ação encabeçada por Hilda Macedo, pesquisadora da atuação da criminologia. O então governador do estado de São Paulo, Jânio Quadros, assinou em 12 de maio de 1955 o Decreto número 24.548 que cria o policiamento especial feminino. Conforme Ferreira (2018, p.02.)“No início, suas principais funções seriam proteger e serem próximas de jovens, crianças, idosos e principalmente, mulheres” .
No entanto, só nos anos 1980, mais por interesse da própria polícia, do que por uma necessidade social, as mulheres passaram a integrar efetivamente a Polícia Militar. A ação tinha como propósito humanizar a imagem corporativa, já que o cenário do país aspirava a redemocratização. Segundo Bezerra, Minayo e Constantino (2013, p. 02) “embora a intenção tenha sido louvável, nunca houve, por parte da bicentenária instituição culturalmente masculina, a intenção de mexer na sua estrutura para adequá-la a uma visão de gênero”.
De acordo com Denari (2016, p. 109), ao longo de sua história a atuação da polícia feminina foi ganhando espaço e “atuação feminina hoje se encontra em todos os ramos existentes do policiamento ostensivo e nas divisões administrativas”. A autora se refere ao estado de São Paulo, no entanto, a constatação se aplica à polícia feminina brasileira como um todo.
A autora explica que outros estados aderiram a ideia e seguiram o exemplo de São Paulo. Rondônia foi um desses estados, abrindo em 1983 a primeira seleção para formação da corporação. De acordo com Ferreira (2018), essa ação fez história, pois Angelina dos Santos Ramirez, uma das três policiais aprovadas na seleção, chegou a comandar o Batalhão Feminino da Polícia Militar do Estado, tornando-se pioneira em Rondônia e mais tarde, a primeira mulher da América do Sul a comandar uma instituição da PM.
Em 2019, foi criada a Lei 4.534/19 – ALE/RO, estabelecendo o Dia da policial feminina. O Decreto faz homenagem à inclusão das primeiras mulheres na PM do Estado de Rondônia, ocorrida em 10 de fevereiro de 1983, conforme mencionado anteriormente.
3.4 Psicologia Institucional e os agentes estressores
De acordo com Foucault (1975), a Psicologia do século XIX descrevia a doença mental simplesmente como perda de aptidões. Graças à evolução científica, essa visão limitada modificou e passou a compreender que esse lugar, antes considerado vazio deu lugar à “plenitude positiva das atividades de substituição que vem preenchê-lo […] as funções complexas dão lugar a funções simples, estáveis e automáticas” (Idem ibidem, p. 16-17). O que significa dizer que não há uma perda completa de funções, mas sim substituição desta por outra que exige menor grau de complexidade. Ressalta-se que nem sempre essa substituição supre a necessidade da função anterior, podendo apenas preencher o espaço para que este não permaneça vazio.
Futino e Delduque (2020), ao tratar da saúde mental de agentes de segurança pública, aponta alguns agentes estressores responsáveis por sintomas físicos e psicológicos, dentre eles: trabalho policial; atividades militares; valorização policial; satisfação no trabalho; identidade profissional; identidade; imagem; relações interpessoais; apoio social; apoio institucional; risco social; organização do trabalho; cultura organizacional; condições de trabalho; comprometimento; estilo de vida. Os autores esclarecem que apenas as atividades laborais não causam sofrimento psíquico, os momentos de folgas também se transformam em fatores estressores. Pode-se ainda destacar outros fatores estressores, como por exemplo: problemas com a hierarquia, grande demanda de trabalho e preconceito de gênero (BEZERRA, MINAYO e CONSTANTINO, 2013).
Tem-se a compreensão de que tais fatores são reflexos do clima organizacional, por essa razão, entende-se que o campo da Psicologia Institucional é o mais fértil não apenas para compreender certos fenômenos como também para elaborar propostas de intervenção.
Psicologia institucional é o conjunto de organismos de existência física e concreta, que tem um certo grau de permanência em algum campo ou setor específico da atividade ou vida humana, para estudar neles todos os fenômenos humanos que se dão em relação com a estrutura, a dinâmica, funções e objetivos da instituição. (BLEGER, 1984, p. 37).
Para o autor, o estudo dos fatores psicológicos em instituições merece atenção pelo simples fato dela ser constituída por seres humanos e por consequências pelas relações estabelecidas no ambiente.
Benelli (2014) explica que instituições fortemente hierárquicas, como a polícia, por exemplo, a formação se dá em regime de internato temporário. Os quarteis e delegacias têm funcionamento diferente das prisões, no entanto, trabalham também com regimes de plantões onde a demanda de trabalho exige disciplina dos policiais. A questão da obediência aos superiores pode ser vista ou compreendida como regra de ouro, onde às vezes não é preciso pensar muito, basta obedecer. Para o autor “as instituições totais são fatais para o “eu” civil do internado, embora a ligação dele com o próprio “eu” autônomo pode variar consideravelmente” (Idem ibidem, p. 37).
Até aqui falou-se do ponto de vista de quem obedece a um poder de comando, um posto de chefia, é necessário ver também o ponto de vista de quem assume este posto de comando, mais ainda, no caso de ser uma mulher neste cargo. Estar nesta posição de comando intermediário “implica a configuração de uma série de situações nas quais as relações no trabalho exigem elaborações, arranjos, acordos, etc.” (SPODE e MERLO, 2006, p. 263), o que implica em uma série de aspectos que podem ser tanto fonte de prazer, quanto fonte de sofrimento para esses sujeitos.
3.5 A Policial Feminina e as Representações Sociais
O referencial apresentado até este ponto apresenta avanços históricos com relação à presença feminina na polícia militar brasileira. No entanto, percebe-se também o quanto ainda necessita-se caminhar para que este espaço seja visto e compreendido como espaço de direito no qual a mulher seja vista não como o sexo frágil, e sim como profissional competente para o exercício das funções independentes de gênero. Por outro lado, Lopes, Ribeiro & Souza (2021) explicam que parte dessa percepção depende de uma escolha que as mulheres fazem entre ser uma policial mulher ou ser uma mulher policial. Os autores afirmam que ao reivindicar funções predominantemente masculinas, pelo menos do ponto de vista cultural, inevitavelmente vem-se o pensamento sobre gênero.
Sobre a cultura do fazer policial, Figueira (2017, p. 33) explica que grande parte desse imaginário do policial é a “representação de uma imagem estereotipada de um indivíduo destemido que sacrifica sua vida pessoal em nome de algo muito maior” e que não por acaso, está depositado no masculino. Ainda segunda a autora, tal construção conta com a colaboração da indústria cultural que fabrica personagens com esse perfil. Pensando dessa forma, é possível destacar alguns personagens, tanto do universo masculino quanto do universo feminino que realmente apresentam essa imagem heróica que exige feitos e traços que nada se aproximam do universo cultural do que é ser mulher. Dois exemplos disso são a Dama de Ouro (série internacional) e Delegada Helô (personagem na novela brasileira Salve Jorge), mas existem muitas outras com esse mesmo estereótipo.
Partindo dessa compreensão, Spink (1993), apresenta as ideias do sujeito como produto e produtor da realidade social. A autora utiliza uma figura para explicar que o sujeito, diante de uma realidade construída, interpreta-a, mas não necessariamente toma para si, ele pode ressignificá-la e mesmo que de forma individual, esse processo pode chegar ao coletivo.
3.6 Síndrome de Burnout
A Síndrome de Burnout é uma síndrome em que o trabalhador perde o sentido em sua relação com o trabalho, de forma que as coisas do trabalho passam a não ter mais importância (CODO; MENEZES,1999). Burnout é um tipo de estresse ocupacional que se refere a profissionais envolvidos com qualquer tipo de cuidado em uma relação de atenção direta, contínua e altamente emocional.
Esta síndrome afeta, principalmente, profissionais da área de serviços que tem contato direto com seus usuários, e tem relacionamento interpessoal intenso. Entre esses profissionais são apontados os da educação, da saúde, agentes penitenciários, PMs entre outros (CODO; MENEZES,1999).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Psicologia da Saúde Ocupacional é uma área da psicologia responsável por estudar os agravos à saúde do profissional, independentemente de sua profissão. No caso dos policiais, a Síndrome de Burnout (SB), além de interferir na qualidade de vida e do trabalho do policial, pode desencadear problemas mais graves, interferindo na sua vida profissional e pessoal, como é o caso da depressão e pensamento suicida (Silva et al, 2013).
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a qualidade de vida é uma noção que envolve elevado grau de subjetividade e se associa também à moradia, recreação, lazer e transporte.
Conforme MAYER (2006) fez um estudo exploratória descritivo onde foi realizado com 240 policiais sendo 148 do sexo masculino e 92 do sexo feminino, residentes dos estados de minas gerais, onde destaca -se que os indivíduos mais empolgados com a profissão estão mais suscetíveis a SB.
Os principais fatores que desencadeiam os transtornos psicológicos nos PM são a exposição ao perigo somada a violência da sociedade e a dedicação de forma integral à profissão que é de extremo risco (MINAYO et al, 2010). Nos estudos de MINAYO et al (2007) a falta de espaço para trabalhar os sentimentos é uma grande problemática para as policiais militares.
Os fatores citados acima são os mais recorrentes que levam o indivíduo ter a SB, relatando também que o estresse, a falta de equilíbrio emocional e o cansaço físico (OLIVEIRA, SANTOS, 2010)
A síndrome de Burnout passou a ser preocupante no ambiente de trabalho na medida em que veio explicitar as consequências do impacto das atividades ocupacionais do trabalhador nas organizações e em suas vidas (PEREIRA, 2002).
A jornada de trabalho extensa, a baixa remuneração, o excesso de responsabilidades, as condições precárias de trabalho e pouca valorização profissional são algumas causas que levam ao adoecimento mental do policial militar.
Os sintomas mais recorrentes da Síndrome de Burnout encontrados nas agentes de segurança são o cansaço excessivo, insônia, alterações no apetite, dificuldade de concentração, sentimentos negativos, entre outros.
Algumas alternativas para o problema são os programas que objetivam o acolhimento e tratamento das policiais. Além da melhoria nas condições de trabalho, como o ajuste salarial, boas disposições físicas do ambiente de trabalho, valorização profissional.
Nos estudos de Souza et al., (2012) os policiais que estão acometidos a estes riscos têm a necessidade de uma atenção, momento de escuta, acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Para isso são necessários mais estudos e investimento na psicologia da saúde ocupacional para atendimento a esses pacientes.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A segurança pública brasileira exige uma atenção maior, sobretudo por parte do Estado. Diante disto, as policiais femininas sofrem com problemas de saúde, com o risco de morte, entre outros fatores, como pressão e cobranças dentro do ambiente de trabalho, levando assim a um cansaço psicológico. Já o cansaço físico e o emocional podem fazer com que esses profissionais comecem a assumir diferentes atitudes durante crises e situações caóticas, essas respostas podem levar à falta de eficácia no desempenho do exercício profissional, expondo os policiais e a população a perigos em potencial.
É de suma importância o monitoramento em curtos períodos de tempo para ver sobre a saúde das policiais, atendimento psicológico e psiquiátrico, fazer também a verificação das condições de trabalho, valorização pessoal e salarial, conversas e escutas no ambiente de trabalho para minimizar problemas interpessoais, entre outros, são estratégias que podem contribuir com a saúde dos policiais.
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1Acadêmica de Psicologia. E-mail candidadantas@141gmail.com . Artigo apresentado a Uniron, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Psicologia, Porto Velho/RO, 2023.
2Acadêmico de Psicologia. E-mail: glauberainsf@hotmail.com . Artigo apresentado a Uniron, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Psicologia, Porto Velho/RO, 2023.
3Acadêmica de Psicologia. E-mail: Kellyejulia30@gmail.com . Artigo apresentado a Uniron, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Psicologia, Porto Velho/RO, 2023.
4Acadêmica de Psicologia. E-mail: rai2016mara@gmail.com . Artigo apresentado a Uniron, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Psicologia, Porto Velho/RO, 2023.
5Professora Orientadora. Professor do curso de Psicologia. E-mail: carla.ito@uniron.edu.br
6Professora Orientadora. Professor do curso de Psicologia. E-mail: Chimene.nobre@uniron.edu.br