ADOPTION OF AGRICULTURAL MANAGEMENT FOR THE EFFICIENCY OF FAMILY FARMING
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202505251852
Mara Lucia Jacinto Oliveira1
Resumo
A eficiência na gestão das atividades agrícolas, independente da escala de produção, é cada vez mais exigida para que os produtores rurais possam sobressair às imperfeições da economia de mercado. Logo, é imprescindível maximizar os benefícios que podem ser gerados a partir dos seus recursos para o sucesso do empreendimento. O presente trabalho objetivou avaliar a gestão agropecuária como suporte para a tomada de decisão sobre atividades da agricultura familiar. Foi analisada a ação da extensão rural para o bom desempenho do empreendimento. Bem como o engajamento dos agricultores familiares às oportunidades de mercados, a articulação dentro e fora da cadeia produtiva, formas de negociação e gestão do processo produtivo. A extensão rural, por meio das técnicas administrativas de gestão, busca na investigação, uma intervenção que contribua para as transformações sociais geradoras da produção sustentável e rentável para a agricultura familiar. Porém, não oferece uma teoria única de desenvolvimento rural ou de metodologias para a validação do aprendizado técnico. Portanto, a pesquisa agrícola aplicada, por iniciativa das entidades extensionistas e universidades, continua tendo um papel fundamental a cumprir para potencializar as possibilidades de inserção dos agricultores familiares no agronegócio atual.
Palavras-chave: Pequena propriedade rural. Ciclo PDCA. Extensão Rural. Diagnóstico Rural Participativo. Mercados agrícolas.
Abstract
The efficiency in managing agricultural activities, regardless of the scale of production, is increasingly required for rural producers to overcome the imperfections of the market economy. Therefore, it is essential to maximize the benefits that can be generated from their resources for the success of the enterprise. This work aimed to evaluate agricultural management as support for decision-making regarding family farming activities. The role of rural extension was analyzed for the good performance of the enterprise, as well as the engagement of family farmers with market opportunities, networking within and outside the production chain, negotiation methods, and management of the production process. Rural extension, through administrative management techniques, seeks in research an intervention that contributes to the social transformations that lead to sustainable and profitable production for family farming. However, it does not provide a single theory of rural development or methodologies for validating technical learning. Therefore, applied agricultural research, initiated by extension entities and universities, continues to play a crucial role in enhancing the possibilities for family farmers to engage in the current agribusiness.
Keywords: Small rural property. PDCA Cycle. Rural Extension. Participatory Rural Diagnosis. Agricultural markets.
1. INTRODUÇÃO
A promoção da agricultura familiar como linha estratégica de desenvolvimento rural está finalmente entrando na agenda política do Brasil, por meio de programas de governo e linhas de crédito específicas para esse público. Conjuntamente, o mercado de inovações tem se projetado com maior abrangência sobre os nichos agropecuários. A adesão dos pequenos agricultores às novas oportunidades deve ser motivada de forma emancipadora e eficaz para o alcance de resultados positivos (DO NASCIMENTO et al., 2020).
A extensão rural consiste num elo importante entre a inovação e a cadeia produtiva. O principal desafio do extensionismo é conectar os resultados da pesquisa com a adoção de conhecimentos e tecnologias de forma rentável para os produtores rurais. As ações extensionistas para a adoção do modelo gerencial pela agricultura familiar se mostram promissoras a agregação da renda, mesmo em pequena escala (BUAINAIN, 2006; MAIA et al., 2020; ALENCAR, ARAÚJO & JUSTO, 2025).
A administração pelo modelo de gestão tem sido apresentada como alicerce dos empreendimentos agropecuários bem-sucedidos, bem como processo essencial para a agricultura familiar. Isso porque, o modelo gerencial de produção se baseia na tomada de decisão compatível com a realidade do agricultor, observando as oportunidades a montante e a jusante dos segmentos de mercado ao qual a propriedade está inserida (FRONZAGLIA et al., 2022; BITTARELLO, ALTOÉ & SUAVE, 2021). A extensão rural fundamentada sobre o planejamento dos fatores da cadeia produtiva e controle dos resultados é recomendada como uma ferramenta diferenciada para mitigar as imperfeições de mercado e garantir o êxito sobre os novos sistemas agroindustriais.
Nesse contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a gestão agropecuária como suporte para a tomada de decisão sobre atividades da agricultura familiar. No estudo, de caráter exploratório e descritivo, foi analisada a forma de ação da extensão rural, por meio do uso de metodologias e projetos de extensão, para obtenção do bom desempenho do empreendimento. Finalmente, foi analisado o engajamento dos agricultores familiares às oportunidades de mercados, a articulação dentro e fora da cadeia produtiva, formas de negociação e gestão do processo produtivo.
2. METODOLOGIA
A pesquisa foi classificada como bibliográfica, descritiva e qualitativa. A revisão do estado da arte foi definida para a elaboração deste estudo, pois a assistência técnica e extensão rural devem, constantemente, se modernizar, transpondo desafios e promover o desenvolvimento agropecuário. As problemáticas já superadas em campo são fundamentais para tomadas de decisão, e propiciam perspectivas para novos desafios que requerem estudos mais aprofundados ou metodologias inovadoras. A realização da pesquisa bibliográfica se concentrou em livros clássicos do extensionismo e agricultura familiar e políticas públicas relacionadas, como base estruturante e conceitual do modelo de gestão agrária. Somado aos livros, artigos científicos foram pesquisados, agregando atualidade à conceituação clássica. A busca delimitou-se a utilizar artigos publicados no período dos últimos cinco anos, de 2020 a 2025.
A discussão do trabalho segue a apresentação de uma das ferramentas administrativas mais adotadas no gerenciamento rural, o ciclo PDCA, ponderando limitações e potencialidades vivenciadas pelos extensionistas no tempo e espaço. Ao final, prospecta oportunidades que sugerem o sucesso das unidades produtivas.
As bases de dados pesquisados foram Scientific Electronic Library Online – Scielo, e Portal de Periódicos da CAPES, com limite de ano, usando as seguintes palavras-chave: “gestão rural”; “extensão rural”, “assistência técnica” e “produção sustentável”.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1. Gestão de agronegócios
A gestão gerencial busca concretizar objetivos organizacionais por meio da administração de pessoas e recursos. Seus processos se baseiam no planejamento, implementação e controle das atividades, o reconhecido ciclo de Walter Shewhart: Plano>Execução>Controle>Ação ou Plan>Do>Check>Act (PDCA) – como citado originalmente na língua inglesa. O planejamento (P) tem a função de especificar necessidades e os objetivos a serem atingidos, bem como decidir as práticas adequadas para alcançar seus resultados. A implementação (D) trata da execução das ações planejadas, por meio da alocação de mão de obra e recursos disponíveis. O controle (C) é o monitoramento das atividades aliado a ações corretivas (A), caso sejam necessárias.
Tais processos amplamente aplicados à indústria e ao comércio, são também válidos para o setor agropecuário. Entretanto, deve-se ressaltar que a atividade rural apresenta características diferentes dos demais segmentos, as quais precisam ser consideradas. Por exemplo, para a indústria, a terra representa o local de instalação do imóvel. Enquanto na agricultura, ela é considerada como o principal fator de produção, exigindo estudos de composição para recomendações de usos potenciais (LOURENZANI, 2006).
Quanto maior o conhecimento sobre os fatores de produção e o funcionamento da unidade rural, maiores serão as chances de elevar a sua viabilidade e eficiência econômica. Os fatores que afetam os resultados econômicos da empresa agrícola podem ser de natureza externa ou interna.
Fatores externos – preços dos insumos, clima, políticas agrícolas – apresentam caráter incontrolável por parte do administrador. Mesmo assim, é preciso conhecê-los para que se possa tomar decisões ajustadas a condições mais favoráveis. Fatores internos – recursos humanos, naturais e financeiros, planejamento de produção, venda e marketing – são diretamente controlados pelo administrador através da gestão gerencial.
A gestão agropecuária consiste, portanto, em coordenar o conhecimento e estruturação desses fatores, seguindo um embasamento para a propícia decisão:
– a decisão sobre o que produzir;
– a escolha da tecnologia a ser adquirida;
– a elaboração de projetos agrícolas para a solicitação de crédito;
– o processo de compra de insumos e venda de produtos, entre outros.
Os resultados são esperados em função dos objetivos do produtor, com evoluções monitoradas e direcionamento corrigido, quando necessário. Além da integração positiva no mercado, o bom desempenho do planejamento, implementação e controle das atividades favorece o enfrentamento de possíveis crises. Essa sistematização gerencial sobre a realidade do produtor consiste numa ferramenta estratégica para a sobrevivência e competitividade do empreendimento (BITTARELLO, ALTOÉ & SUAVE, 2021).
3.2. Metodologias de ação da extensão rural para a gestão de agronegócios
Em sinergia com o novo cenário econômico, a extensão rural se aperfeiçoou, rompendo com a lógica dos modelos fechados de políticas públicas, e promoveu o modelo de gestão em suas ações para pequenos agricultores. Devido à complexidade de funções concomitantes, a mudança exigia capacitações a serem desenvolvidas, para protagonizar o papel particular de cada ambiente produtivo e do agricultor familiar.
A metodologia de gestão agropecuária foi consolidada com sucesso para os pequenos agricultores através dos Projetos de extensão e do Diagnóstico Rural Participativo. Os Projetos de Extensão Rural são fundamentais para alinhar tanto a pesquisa, capacitação e engajamento, quanto a escala de aprendizagem dos agricultores acerca da tecnologia. E o Diagnóstico sistematiza métodos de trabalho que são continuamente refletidos por intervenções interativas. Além disso, a eficácia dos métodos deve ser prevista, criando perspectivas de alcance para curto, médio e longo prazo. A improvisação resulta em grande prejuízo para a extensão e a comunidade rural.
Partindo de um Projeto de Extensão bem estruturado são identificados:
– mercados existentes e potenciais da região;
– a decisão sobre o que produzir e escolha da tecnologia a ser adquirida;
– planejamentos de capacitações;
– a elaboração de projetos agrícolas para a solicitação de crédito;
– o processo de compra de insumos e venda de produtos, dentre outros itens.
O Diagnóstico Rural Participativo é então organizado por meio de ferramentas, conforme algumas exemplificadas por Ramos, Silva & Barros (2013):
– Linha do tempo: resgate de processos histórico/culturais que colaboraram para os mercados de produção e comercialização locais e regionais;
– Calendário sazonal: construção do calendário das atividades produtivas e margem de produtividade em ciclos definidos;
– Mapeamento: georreferenciamento das áreas produtivas e canais de escoamento;
– Rotina diária: planejamento das responsabilidades atribuídas;
– Análise de Fraquezas-Oportunidades-Forças-Ameaças (FOFA) ou Strengths-Weaknesses-Opportunities-Threats (SWOT): avaliação dos processos socioambientais e produtivos vigentes, futuros, desafiadores e promissores;
– Matriz de priorização de problemas: classificação dos problemas, segundo sua importância e urgência.
As atividades extensionistas partiam da investigação, identificando potencialidades e dificuldades peculiares aos produtores e as respectivas unidades produtivas. A capacidade produtiva da propriedade foi evidenciada com o uso de recursos renováveis locais e respeito ao agroecossistema, o que reduziu a dependência de produtos industrializados. As atividades foram estruturadas visando o aumento de renda com uso de práticas sustentáveis para produção de alimentos saudáveis (DO NASCIMENTO et al., 2020). A especialização dos negócios familiares ampliou as oportunidades de mercado aos novos nichos e commodities.
Por outro lado, o reconhecimento das desigualdades do campo e das diferentes identidades sociais proporcionou o resgate dos pequenos produtores, que até então ficaram à margem das políticas de progresso rural, fortalecendo os movimentos sociais. O modelo de gestão contribuiu para redefinir o espaço de atuação da agricultura familiar e abrir novas oportunidades de ação coletiva.
Avaliando as conquistas pioneiras de movimentos sociais sobre a carência de terra e direitos trabalhistas, tais como as Ligas Camponesas (fim da década de 1950) e Comunidades Eclesiais da Igreja Católica (décadas de 1960-1980) no sertão nordestino, verificou-se que a reforma agrária não poderia se resumir a distribuição de títulos aos assentados. A agricultura familiar necessitava, tanto quanto os grandes empreendimentos, maximizar os benefícios gerados a partir de seus recursos, sobressaindo a subsistência.
Segundo Sabourin (2006), a capacitação e assessoramento gerencial se tornou tão essencial, quanto insumos e maquinário moderno para o funcionamento engajado da unidade competitivamente na comercialização. Uma análise evolutiva revelava que muitos agricultores ajustavam suas estratégias produtivas e aumentavam o grau de abertura e inserção nos mercados, à medida em que algumas restrições eram transpostas sob orientação dialógica e planejada.
A extensão rural renovada incentivou a criação de organizações, associações e cooperações, favorecendo a formação de blocos com mais impacto do que produtores com ações isoladas, consolidando os movimentos sociais. Essa ordenação dos atores fundamentou o associativismo como forma de operacionalizar o crédito. A maior mobilização social fortaleceu a pressão sobre o governo, reivindicando políticas públicas com mudanças para a sociedade rural como um todo (SESSO, SESSO FILHO & PEREIRA, 2021; POZZO, ZORZI & OZAKI, 2025).
Em 2004, o Governo Federal elaborou a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER) (BRASIL, 2004), sob responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Agrário. A PNATER foi construída através de uma articulação de instituições públicas, organizações civis e movimentos sociais rurais. Seu princípio era contribuir para uma ação institucional capaz de implantar e consolidar estratégias de desenvolvimento rural sustentável (CAPORAL, 2006; ANTUNES JUNIOR, SOUZA-ESQUERDO & BORSATTO, 2025).
A crise das relações sociais tradicionais, o “agrobusiness”, o maior acesso à informação e a inserção de jovens e mulheres nas responsabilidades rurais promoveram a ressignificação dos atores e necessidades do campo. Os movimentos sociais rurais passaram a ter como base de articulação o território aliado à identidade sustentável agroecológica (BUAINAIN, 2006; ANTUNES JUNIOR, SOUZA-ESQUERDO & BORSATTO, 2025). Suas ações vocalizaram parte das atuais preocupações da sociedade como o meio ambiente, a segurança dos alimentos e questões de equidade, concebendo o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PRONATER) em 2010 (ALENCAR, ARAÚJO & JUSTO, 2025).
Também exerceram pressão sobre os agentes privados e públicos por meio de fóruns e conselhos regionais de desenvolvimento, favorecendo a criação de marcos legais e normativos. Baseada no caráter educativo/transformador e metodologias de investigação/ação participante, a extensão rural contemporânea valorizou o saber local, a autonomia dos produtores e soluções de produção adequadas à preservação dos recursos naturais. Trata-se, portanto, de uma nova institucionalidade. Os grupos rurais passaram a abranger quilombolas, ribeirinhos, pescadores, extrativistas e assentados, marcando a inclusão social com a pluralidade das suas atividades agrícolas respeitada (CORTES et al., 2020).
3.3. Oportunidades de mercados para a agricultura familiar sob gestão agropecuária
De fato, a gestão de negócios foi crucial para a progressão dos agricultores familiares à agricultura moderna, cuja complexidade e grau de exigências continuavam aumentando. Além da nova situação no espaço rural, o final da cadeia também se multiplicou, e ainda envolvia áreas relevantes tais como logística, gestão da qualidade, apuração e controle de custos e marketing. A visão holística do gerenciamento, ademais, oportunizou a adesão dos produtores familiares no mercado de bens e produtos diante das possibilidades do novo cenário econômico.
A agricultura familiar se integrou como base principal da dinamização de subsistemas agroindustriais já existentes ou na criação de novos subsistemas – nichos de mercado e canais alternativos de comercialização propícios a agregação de valor (produtos orgânicos e artesanais) (MAIA et al., 2020). A existência de diferentes canais permitiu aos agricultores ampliar a forma de engajamento em função das alternativas de mercado: as cadeias integradas nacional e internacional, e os mercados regionais de produção, distribuição e consumo de alimentos.
As cadeias nacionais e internacionais de mercado são voltadas para alguns produtos de interesse geral como grãos, animais, leite e frutas destinadas a agroindústria. Esta opção de comercialização tem a tendência de maior especialização da produção em poucos produtos e a baixa autonomia dos agricultores, tanto no processo de escolha, quanto na negociação de preços na cadeia produtiva. Os produtos são escoados para grandes varejos, empresas especializadas, cooperativas e atravessadores.
A opção de mercados regionais direciona a participação da agricultura familiar nos circuitos de produção, distribuição e consumo existentes no entorno dos núcleos urbanos próximos à unidade produtiva (SOUZA, FORNAZIER & DELGROSSI, 2020). Portanto, é mais adequada a uma produção agroecológica e diversificada, típica da agricultura familiar. Além disso, a aproximação e estreitamento de relações entre os atores sociais possibilitam tirar o agricultor do anonimato e tornar as demandas dos consumidores mais reais. São exemplos: feiras, cooperativas, entrega domiciliar, e os mercados institucionais – programas governamentais que propiciam aos pequenos agricultores e assentados rurais a comercialização de produtos agropecuários (SELAU, PAIM & KOVALESKI, 2025).
Os programas viabilizam o acesso aos alimentos por pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional. São eles o Programa de Aquisição de Alimento (PAA – aquisição de alimentos de agricultores familiares) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE – aquisição de alimentos de agricultores familiares) (ELIAS et al., 2025; GOMES et al., 2025).
Porém, é necessário atentar para o risco da dependência de agricultores às compras governamentais, devido à instabilidade política, troca de governos e possível descontinuidade de programas. Fruto do dinamismo, uma tendência mais recente e promissora são os grupos de consumos consciente (com valor na alimentação saudável e relação direta com os produtores) e as Comunidades Suporte da Agricultura (CSA – financiamento da produção pela comunidade e divisão dos riscos entre produtores e consumidores participantes) (ELIAS et al., 2025).
Nestes novos canais, os consumidores assumem uma responsabilidade maior que extrapola o simples ato da feira. Além das vantagens óbvias para o produtor, há ganhos para a sociedade, como a reaproximação com o espaço rural e com a produção de alimentos, como afirma Buainain (2006).
Enfim, pequenos agricultores deixam de ser apenas parte da cadeia e criam seus próprios nichos de mercado. E a agricultura familiar promove, tanto quanto os grandes empreendimentos, a maximização os benefícios que podem ser gerados a partir dos seus recursos. A eficiência no uso das inovações tecnológicas é cada vez mais uma pré-condição necessária para a sustentabilidade dos agricultores, familiares ou não. Portanto, se faz necessária a continuação do esforço da atividade extensionista sobre a capacitação em gestão agropecuária.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A extensão rural, por meio do modelo de gestão, não oferece uma teoria única de desenvolvimento rural ou de metodologias para a validação do aprendizado técnico. Mas busca na investigação e experiências acumuladas, uma intervenção que contribua para as transformações sociais geradoras de padrões de produção sustentável e rentável para a agricultura familiar. A adesão a novos nichos de mercado não é codificada como os pacotes convencionais, o que exige observação, análise e capacidade de mediação no processo da natureza.
Portanto, a pesquisa agrícola aplicada, por iniciativa das entidades extensionistas e universidades, continua tendo um papel fundamental a cumprir para potencializar as possibilidades de inserção dos agricultores familiares no agronegócio atual. É necessário integrar as diferentes disciplinas agronômicas de modo a se ter os subsídios necessários aos processos de tomada de decisão no médio e longo prazo, e seguir transpondo os desafios atuais.
REFERÊNCIAS
ALENCAR, N. S.; ARAÚJO, J. A.; JUSTO, W. R. Contribuição do Pronaf e do acesso à internet no valor da produção e venda da agroindústria brasileira. Revista de Economia e Sociologia Rural 63: e285711, 2025. https://doi.org/10.1590/1806-9479.2025.285711. Acesso em 18 de maio de 2025.
ANTUNES JUNIOR, W. F.; SOUZA-ESQUERDO, V. F.; BORSATTO, R. S. Agroecologia na agenda de políticas públicas para a agricultura familiar – tema coadjuvante no Programa Nacional de Alimentação Escolar. Revista de Economia e Sociologia Rural, 63, e290974. https://doi.org/10.1590/1806-9479.2025.290974. Acesso em 18 de maio de 2025.
BITTARELLO, A.; ALTOÉ, S. M. L.; SUAVE, R. Utilização de sistemas de informações gerenciais sob a perspectiva de produtores rurais. Revista Ambiente Contábil, v. 13, n. 2, p. 318-334, 2 jul. 2021.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural. Brasília: MDA. 2004.
BUAINAIN, A. M. Agricultura familiar, agroecologia e desenvolvimento sustentável: questões para debate. Brasília: IICA, v. 5, 136p. 2006.
CAPORAL, F. R. Política Nacional de Ater: primeiros passos de sua implementação e alguns obstáculos e desafios a serem superados. In: RAMOS, L.; TAVARES, J. (Org.). Assistência Técnica e Extensão Rural: construindo o conhecimento agroecológico. Manaus: Ed. Bagaço, p. 9-34. 2006.
CORTES, J. P. S.; COUDEL, E.; PIRAUX, M.; DA SILVA, M. P.; DOS SANTOS, B. A.; FOLHES, R.; DA SILVA, R. G. P. Quais as perspectivas da agricultura familiar em um contexto de expansão do agronegócio? Zoneamento participativo com representantes comunitários do Planalto Santareno. Confins [Online], n. 45. 2020.
DO NASCIMENTO, J.; NASCIMENTO, J.; MAIA, J. F.; LANGBECKER, M. R; NASCIMENTO, S. G. S.; HANKE, D. Gestão ambiental e agricultura familiar: estratégias utilizadas pelos agricultores familiares do assentamento Upacaraí. Anais do Salão Internacional de Ensino: Pesquisa e Extensão, v. 11, n. 2, 28 ago. 2020.
ELIAS, L. P.; PERIN, G.; SILVA, J. O.; VIDIGAL, L.; MARQUES, F. J. Construção de sistemas alimentares saudáveis, sustentáveis e inclusivos através das compras públicas de alimentos da agricultura familiar: uma revisão integrativa. Revista de Economia e Sociologia Rural, 63, e286963. https://doi.org/10.1590/1806-9479.2025.286963. Acesso em 18 de maio de 2025.
FRONZAGLIA, T.; TORRES, D. A. P.; LOPES, D. B.; PEREIRA, V. F.; GUEDES, V. G. F.; JESUS, K. R. E. Gestão estratégica em organizações públicas de pesquisa agropecuária: análise comparativa de planos estratégicos. Cadernos de Ciência e Tecnologia, v. 39, n. 3, 2022.
GOMES, M. C.; LAZARETTI, L. R.; ASSIS, T.; BECKER, K. L.; BENDER FILHO, R. Impacto do programa nacional de alimentação escolar na renda dos agricultores familiares beneficiários do programa bolsa família. Revista de Economia e Sociologia Rural, 63, e286558. https://doi.org/10.1590/1806-9479.2025.286558. Acesso em 18 de maio de 2025.
LOURENZANI, W. L. Capacitação gerencial de agricultores familiares: uma proposta metodológica de extensão rural. Organizações rurais e agroindustriais. Lavras, v.8, n. 3, p 313-322. 2006.
MAIA, J. F.; NASCIMENTO, J. C.; BARRETO, A. S. M.; VAZ, L. A agroindústria familiar de suco de uva integral como agregação de valor: um estudo sobre a viabilidade econômica. Revista Eletrônica Competências Digitais para Agricultura Familiar, v. 6, n. 2. 2020.
POZZO, B. S.; ZORZI, A. L.; OZAKI, V. A. Seguro agrícola na lavoura de soja: fatores de impacto nos resultados das seguradoras. Revista de Economia e Sociologia Rural, 63, e284948. https://doi.org/10.1590/1806 9479.2025.284948. Acesso em 18 de maio de 2025.
RAMOS, G. L.; SILVA, A. P. G.; BARROS, A. A. F. Manual de metodologia de extensão rural. Recife: Instituto Agronômico de Pernambuco – IPA, 58p. 2013.
SABOURIN, E. Associativismo, Cooperativismo e Economia Solidária no meio rural. Brasília: Universidade de Brasília, Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares, Núcleo de Estudos Avançados, v. 6, n. 23. 2006.
SELAU, B. L.; PAIM, M. B.; KOVALESKI, D. F. Associativismo e saúde do campo na pandemia: organização popular, formação política e cuidado coletivo. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 23, 2025, e03004284. https://doi.org/10.1590/1981-7746 ojs3004. Acesso em 18 de maio de 2025.
SESSO, P. P.; SESSO FILHO, U. A.; PEREIRA, L. F. P. Dimensionamento do agronegócio do café no Brasil. Cadernos de Ciência e Tecnologia. Brasília, v. 38, n. 2. 2021.
SOUZA, A. B.; FORNAZIER, A.; DELGROSSI, M. E. Sistemas agroalimentares locais: possibilidades de novas conexões de mercados para a agricultura familiar. Revista Ambiente e Sociedade, São Paulo, vol. 23. 2020.
1Docente do Ensino Superior, Universidade Federal do Piauí, Centro de Ciências Agrárias. e-mail: maraljoliveira@ufpi.edu.br