Dra. Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira (PR)
Psicóloga, Fundadora e Diretora Geral do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística (FC), que recebeu o diagnóstico de FC aos 23 anos.
PALESTRANTE CONFIRMADA
Contextualização: Meu papel neste relato é ambíguo, porém, complementar. Sou profissional da saúde, psicóloga, dedicada a entender e contribuir pelas relações humanas. Dentre tantos incríveis e apaixonantes temas da Psicologia, há um que me chama a atenção: motivação. O que te move a fazer o que for preciso para buscar a realização do que deseja? Quais sonhos já teve o prazer de realizar? Este, de modo simplista e resumido, é um dos eternos ciclos da nossa vida: sonhar, trabalhar, realizar, ajustar as velas, sonhar de novo, e seguir assim, sucessivamente. Manter-se motivado pode ter um importante papel de nos manter emocionalmente vivos.
Desenvolvimento: Além de psicóloga, carrego comigo outro “título social”, o de portadora de uma doença grave, chamada Fibrose Cística (FC). Aceito-a e entendo-a como parte do que sou, e não o limite do que posso ser. E é aqui que uno este diagnóstico à minha motivação de seguir vivendo, a partir da importância da adesão do meu tratamento.
Fui diagnosticada com FC aos 23 anos de idade, depois de inúmeras idas e vindas de hospital, dezenas de pneumonias, duas lobectomias, e outras situações graves de saúde. Hoje, 10 anos depois da primeira vez que ouvi falar em FC, apesar de ter apresentado a maioria dos principais sintomas desde bebê, dedico-me integralmente à causa como fundadora e gestora de uma das principais organizações sociais do tema no Brasil, como pesquisadora e membro da sociedade médica do tema. Além disto, dedico-me a prover informação de qualidade, de modo empático e cuidadoso, para que todas as pessoas que se deparam com este tema na vida possam também entender que o tratamento é parte importantíssima da sua rotina com FC.
Considerações finais: Não há tempo perdido com a rotina do tratamento: há apenas tempo investido em sua própria vida. Com a adesão correta, abre-se a possibilidade de melhoria da qualidade de vida, dadas as proporções de cada caso, e com isto, a pessoa com FC também pode vislumbrar a realização de sonhos em sua vida pessoal e profissional. O profissional da saúde, portanto, deve ser um parceiro ativo neste processo, demonstrando a importância de cada etapa e ajudando no resgate daquele que desmotivar-se frente à complexa realidade imposta pela FC.
Leitura complementar:
Bishay LC, Sawicki GS. Strategies to optimize treatment adherence in adolescent patients with cystic fibrosis. Adolesc Health Med Ther. 2016 Oct;7:117-124. doi: 10.2147/AHMT.S95637
Kvam CM. Counterpoint: Confronting the challenge of non-adherence: Building patient-provider relationships – a patient\’s perspective. J Cyst Fibros. 2017 Mar;16(2):306-307. doi:
10.1016/j.jcf.2017.02.004.
Moraes AB, Rolim G, Costa Jr A. O processo de adesão numa perspectiva analítico comportamental. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 2009;11(2):329-345. doi: 10.31505/rbtcc.v11i2.408