ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DE ENTORSE DO TORNOZELO POR INVERSÃO EM ATLETAS DE FUTEBOL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA

PHYSIOTHERAPEUTIC APPROACH IN THE TREATMENT OF ANKLE SPRAINBY INVERSION IN SOCCER ATHLETES: REVIEW SYSTEMATIC LITERATURE


FACULDADE ESTÁCIO DE FEIRA DE SANTANA
CURSO DE FISIOTERAPIA
2018


Autoras:
Fernanda Camila De Souza Cardoso
Geisa Souza Lima
Maria Jainárya Fernandes Cruz
Orientador (a): Prof. Esp.
Leonardo Sapucaia Tosta Santos

Maria Jaináyra F. Cruz1, Geisa S. Lima1, Fernanda Camila de S. Cardoso1, Leonardo S. T. Santos2.

¹Graduanda do curso de fisioterapia da Faculdade Estácio de Feira de Santana.
2Professor/Orientador Especialista da Faculdade Estácio Feira de Santana.


AGRADECIMENTOS

Como já dizia Marcelo Camelo (Los Hermanos): “É preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê”. Hoje, vivemos uma realidade que parece um sonho, mas foi preciso muito esforço, determinação, paciência e perseverança para chegar até aqui, mesmo sabendo que ainda não chegamos ao fim da estrada, e que ainda há uma longa jornada pela frente. Nós jamais chegaríamos até aqui sozinhas. Nossa eterna gratidão a todos aqueles que colaboraram para que este sonho pudesse ser concretizado.

Grata a Deus, pelo dom da vida, pelo seu amor infinito. Por estar nesses cinco anos nos permitindo vivenciar alegrias e tristezas. Palavras são incapazes de expressar a Deus a gratidão que existe em nossos corações, por todo o bem que fez e ainda fará por nós. Ele que em todos os momentos das nossas vidas esteve a nos proteger, nos momentos de alegria e nos momentos de sufoco (que não foram poucos… rsrs). Agradecemos-te, por proporcionar todos esses anos de grandes lutas e vitórias, pois sem ti nada somos e nada podemos ser.

Aos nossos pais, por serem à base de tudo o nosso porto seguro. O nosso sincero agradecimento e reconhecimento a vocês que nos deram a vida e nos ensinaram a vivê-la com dignidade. Por terem doado por inteiro na concretização desse sonho, muitas vezes abrindo mão dos vossos próprios sonhos. Não podemos deixar de agradecer aos familiares e amigos, pelo amor, força e incentivo, e por estarem sempre presentes.

Sabemos que a caminhada ainda não terminou, apenas finalizamos uma etapa para iniciarmos outra. Mas temos a certeza de que a experiência adquirida nestes cinco anos de faculdade e o convívio com professores experientes e dispostos a ensinar foram fundamentais para a nossa formação acadêmica e humana.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Fluxograma………………………………………………………………………. LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Principais características dos artigos…………………………………………

Quadro 02 Grau de lesão relacionado ao trauma………………………………………..

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LTFA Ligamento talofibular anterior

LTFP Ligamento talofibular posterior

LCF Calcâneofibular

ADM Amplitude de movimento

MMII Membros Inferiores

MC Mobilização Mulligan Concept

MCM Mobilização Mulligan Concept com movimento

LAS Lesão Aguda do Tornozelo

PRICE Protection Rest Ice Compression Elevation

PG Pacote de gelo

CI Crioimerssão

TrP-DN Agulhamento seco por ponto-gatilho

SUMÁRIO

ARTIGO

RESUMO

ABSTRACT

INTRODUÇÃO

METODOLOGIA

RESULTADOS

DISCUSSÃO

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS

ARTIGO

RESUMO

A entorse de tornozelo é um mecanismo de lesão que pode ocorrer o estiramento ou rompimento dos ligamentos que envolvem a articulação tibiotársica. Considerada uma das lesões musculoesquelética mais frequente em desportistas e em pessoas de vida ativa. Sendo o futebol uma das atividades esportiva mais praticada no mundo, tem-se notado uma preocupação especial com o aprimoramento físico do atleta e consequentemente uma propensão maior destes a sofrerem algum tipo de lesão. Desta forma o presente estudo teve como principal objetivo abordar o efeito do tratamento fisioterapêutico na entorse do tornozelo por inversão em atletas de futebol. Para realização deste estudo foram consultadas nas bases de dados: (BVS) Biblioteca Virtual em Saúde, (Scielo) Scientific Electronic Library Online, (PubMed) US National Library of Medicine National Institutes of Health, (MEDLINE) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online, (LILACS) Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde. Explorando artigos publicados entre 2012 a 2018, disponíveis na integra nos idiomas português e inglês. Incialmente foram selecionados 56 estudos, mas após critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados nove artigos que descreveram especificamente o tratamento de entorse em atletas, que serviram como base para essa revisão sistemática de literatura. Diante das pesquisas observou-se que o seguimento anatômico mais lesionado foi o tornozelo seguido do joelho, resultando em lesões como contusão, entorse e lesões ligamentares. Dessa forma a fisioterapia busca o restabelecimento da lesão no menor tempo possível, visando o retorno do atleta a sua prática esportiva, na forma física perfeita, embora deva atuar principalmente na prevenção de possíveis anomalias e assim contribuir para a potencialização máxima das funções atléticas.

Palavras-chave: entorse de tornozelo, tratamento, atleta, futebol, fisioterapia.

ABSTRACT

The ankle sprain it is a lesion mechanism that the stretching or breaking of the ligaments that envolve the articulation tibiotársica can happen. Considered one of the lesions more frequent muscule injuries among sportsmen and active-duty people. Being the soccer one of the sporting activities most practiced in the world, it has been noticed a special concern with the athlete\’s physical improvement and consequently a larger propensity of these to undergo some lesion type. This way the present study had as main objective to approach the effect of the physiotherapeutic treatment in the sprain of the ankle for inversion in soccer athletes. For accomplishment of this study the following databases were consulted: (VLH) Virtual Library in Health, (SciELO) Scientific Electronic Library Online, (PubMed) US National Library of Medicine National Institutes of Health, (MEDLINE) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online, (LILACS) Latin-American Literature and of Caribbean in Health Sciences. Exploring articles published between 2012 to 2018, available integrally in the Portuguese and English languages. Incially were selected 56 studies, but after inclusion and exclusion criteria, nine articles were selected that specifically described the sprain treatment in athletes, which served as base for this systematic revision of literature. Before the researches it was observed the anatomic follow-up most afected was the ankle followed by the knee, resulting in lesions muscle-skeletal as bruise, sprain and ligament lesions. In that way the physiotherapy looks for the reestablishment of the lesion in the smallest possible time, seeking the athlete\’s return to his/her sporting practice, in the perfect physical form, although it should act mainly in the prevention of possible anomalies and thus to contribute for the maximaze their athletic functions.

Key-words: ankle sprains, athletes, football, treatment, physical therapy.

INTRODUÇÃO

A entorse de tornozelo por inversão é um mecanismo de lesão que pode ocorrer o estiramento ou rompimento dos ligamentos que envolvem a articulação tibiotársica, considerada uma das regiões mais complexa e importante por sustentar todo peso corporal. Caracteriza-se pelo movimento lateral repentino da articulação, levando consequentemente uma hiperdistensão ou até mesmo ruptura dos principais ligamentos que formam o complexo lateral do tornozelo, composto pelo ligamento talofibular anterior (LTFA), ligamento talofibular posterior (LTFP) e o calcâneofibular (LCF) (JUNIOR, et al., 2016).

O principal mecanismo de trauma na entorse de tornozelo por inversão é uma supinação excessiva do complexo tornozelo-pé, que ocorre quando o complexo articular apresenta flexão plantar e inversão excessivas durante a descarga de peso no membro acometido. Esse mecanismo de lesão é o mais recorrente em relação entorse por eversão. Durante a lesão por inversão, o primeiro ligamento a ser afetado é o LTFA, se a força progressiva exceder, posteriormente o LCF será o próximo a romper e consequentemente o LTFP (PRADO, et al., 2012).

Nunes et al (2015) estima que o artelho é considerado umas das regiões do corpo mais suscetível a lesões durante a atividade esportiva. Cerca de 30% das lesões esportivas que envolvem contato, salto e corrida são lesões no tornozelo, e a entorse de tornozelo representa 77% das lesões no tornozelo. Dentre as diversas modalidades esportivas podemos destacar o futebol, modalidade essa que vem agregando vários seguidores de diferentes classes sociais, faixa etária e nacionalidade. Que exige dos atletas força, resistência, velocidade, propriocepção e flexibilidade, tornando aditivo o índice de lesões, evidenciando assim, a necessidade de uma elaboração efetiva no tratamento preventivo mais eficaz, beneficiando assim os atletas e segurança no esporte.

A entorse do tornozelo é classificada de acordo com a gravidade do trauma em graus, sendo que no grau I (leve) ocorre o estiramento ligamentar acometido, grau II (moderado) quando algumas fibras são rompidas e grau III (grave) em que há o rompimento total do ligamento resultando na instabilidade articular. Sua sintomatologia depende da gravidade da lesão e dos tecidos acometidos, resultando em dor, edema, equimose e perda da função (PRADO, et al., 2012).

Na entorse do tornozelo, é imprescindível a identificação da estrutura lesada e da gravidade dessa lesão. Quando ocorre lesão no sistema musculoesquelético, ocorre o comprometimento das fibras nervosas, prejudicando as informações sensoriais e consequentemente a ação motora que é alterada contribuindo para ocorrência de novas lesões (OLIVEIRA, et al., 2012).

Existe uma ampla concordância de que o tratamento das lesões ligamentares do tornozelo tipo I e II seja conservador (ALENCAR, et al., 2012). O tratamento conservador fundamenta-se em repouso, protocolo PRICE (Protection Rest Ice Compression Elevation), programas de reabilitação com exercícios ativos e resistidos, treinamento proprioceptivo e alongamento da musculatura fíbula e do tríceps sural. Já nas lesões de grau III, existem alguns pontos a ser considerado, no caso de fratura associada, o tratamento pode ser cirúrgico, acompanhado com fisioterapia posterior que vise o ganho de ADM articular, fortalecimento muscular e treinamento proprioceptivo (KOVALESKI, et al., 2014).

A fisioterapia desportiva é uma especialidade da área da fisioterapia que tem se destacado mundialmente, em que o fisioterapeuta esportivo tem total autonomia para tomada de decisões com o objetivo de diminuir o índice de lesões, tratar e prevenir a instabilidade crônica do tornozelo evitando posteriormente fraturas e recidivas de lesões ligamentares, utilizando recursos e técnicas fisioterapêuticas empregadas durante o tratamento de reabilitação dos atletas que foram submetidos à entorse de tornozelo (SILVA, et al., 2011).

O sistema nervoso passou a merecer uma atenção especial dentro da fisioterapia nos últimos anos. Muitos fisioterapeutas, com formação orientada à ortopedia, voltaram-se para o atendimento do sistema neural, buscando respostas para os mecanismos subjacentes a sinais e sintomas e melhores tratamentos. Os novos conhecimentos acerca do sistema nervoso, seus aspectos mecânicos e funcionais, sua interferência nas disfunções e nas síndromes dolorosas, o colocaram como tendo um papel principal na prática desportiva (OLIVEIRA, et al., 2012).

Ademais, grandes são os fatores de riscos que potencializa a ocorrência de lesões desportivas. Em geral, os fatores extrínsecos estão relacionados à forma de treinamento e preparação dos atletas, contato direto com o adversário, aspectos ambientais e tipo de chuteira. Já os intrínsecos envolvem características especificas do atleta, como déficit de força, flexibilidade, biomecânica, aspecto antropométrico, equilíbrio postural, índice de massa corporal e lesões sofridas anteriormente (FOUSEKIS, et al., 2012; SANTOS, et al., 2014).

Entretanto, as lesões desportivas têm afastado vários atletas de competirem devido ao grau de lesão da entorse e o período de transição entre a reabilitação e o regresso à prática esportiva. Sendo que o tratamento inicial é baseado no tratamento conservador. Se o tratamento for inadequado pode levar a problemas crônicos como dor, hipomobilidade e instabilidade articular. Então surge como questionamento: De que maneira o tratamento fisioterapêutico contribui na prevenção de entorse do tornozelo?

O presente trabalho é de grande relevância cientifica devido ao índice dessa lesão esportiva nos atletas, sendo indispensável o tratamento fisioterapêutico na reabilitação e prevenção da instabilidade do tornozelo, como também bastante pertinente para orientar ensaios clínicos futuros. Diante disto, o objetivo desse estudo é apresentar a eficácia do tratamento fisioterapêutico na entorse do tornozelo por inversão em atletas de futebol, explicando de que maneira o tratamento fisioterapêutico é abordado nas lesões do tornozelo; quais os principais ligamentos acometidos e verificar quais fatores de riscos estão relacionados à ocorrência das entorses.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão sistemática de literatura, utilizando buscas nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (Scielo), US National Library of Medicine National Institutes of Health (PubMed), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). A busca foi fundada na combinação dos seguintes descritores em português: “entorse”, “tornozelo”, “tratamento”, “atletas”, “futebol”, “fisioterapia” e suas versões em inglês “Sprain”, “ankle”, “tratment”, “athlets” e “soccer”, physical therapy utilizando os operadores booleanos (AND/OR).

Os estudos foram selecionados no mês de agosto de 2018, foram incluídos estudos que avaliassem o tratamento fisioterapêutico de entorse do tornozelo em atletas de futebol, publicado no período de janeiro de 2012 a agosto 2018, disponível na íntegra, nos idiomas português e inglês, publicados em formato de artigo científico. Foram coletados e armazenados para compor um banco de dados com as características relacionadas aos critérios de inclusão definidos de acordo com as variáveis: população de atletas profissionais, instabilidade articular do tornozelo, amostra com faixa etária de 18 a 50 anos, trauma de tornozelo e ambos os gêneros. Foram excluídos artigos com deficiência de descrição metodológica, artigos de revisão, monografias, dissertações, teses, duplicatas, artigos que não abordassem o tratamento com atletas e publicações sem relevância com o tema.

A elaboração desse estudo antepôs a seguinte sequencia: busca dos artigos com descritores mencionados nas bases de dados, separado por filtros (ano de publicação, idioma, disponíveis na íntegra, estudo de casos e controles) resultando em 359 estudos encontrados. Para seleção dos textos foi feito uma leitura dos títulos e resumos completos dos artigos para formação de um banco de dados sistematizados. Em seguida os artigos foram obtidos e lidos de forma independente por cada revisor, com leitura criteriosa dos artigos sendo incluídos apenas os artigos que preencheram os critérios de inclusão. Em caso de não concordância na avaliação dos critérios de inclusão, atingiu-se um consenso de comum acordo, após o debate do estudo em questão. Para cada estudo selecionado, foram identificadas as variáveis da pesquisa ou o objetivo do trabalho, as características da população estudada, idade da amostra, a descrição dos critérios de seleção dos sujeitos com trauma ou instabilidade do tornozelo.

RESULTADOS

A metodologia de busca da literatura utilizada forneceu um total de 359 artigos para a seleção inicial. A partir da analise dos títulos e dos resumos, foram identificados 56 estudos relevantes selecionados para a avaliação do manuscrito completo. A partir da analise na integra com leitura completa, adotando os critérios de inclusão e exclusão, foram incluídos 09 artigos que descreveram especificamente o tratamento de entorse em atletas. A Figura 1 ilustra o fluxograma da busca realizada.

Figura 1. Fluxograma de seleção dos estudos pesquisados nas bases eletrônicas.

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O Quadro 1 apresenta as principais características dos artigos incluídos nesta revisão sistemática quanto ao autor, ano, tipo de estudo, amostra, tratamento e resultados que descrevem sobre o tratamento fisioterapêutico de entorse em atletas.

Quadro 1. Principais características dos artigos selecionados. (Continua)

Autor/AnoTipo de
Estudo
AmostraTratamentoResultados
Santos, et al. 2015Estudo de cross-over randomizado.Foram incluídos 13 atletas, sendo que: sete eram do e sexo feminino e seis do sexo masculino, com idade de 19 anos.Pacote de gelo convencional (PG) crioimersão (CI).As duas formas de aplicação apresentaram efetividade para a redução da temperatura superficial da pele, após os 30 minutos.
Ribas, et.al 2017Estudo randomizadoForam avaliadas 20 atletas de futsal feminino, com idades entre 18 e 30 anos sem histórico de lesões nos membros inferiores nos últimos seis meses, divididas em dois grupos. Um grupo realizou um treinamento proprioceptivo e o outro um protocolo de reforço muscular, durante quatro semanas. Foi utilizado o SEBT para avaliar as fases pré e pós- intervenção.Treinamento proprioceptivo. Treinamento de reforço muscular.Tanto o treinamento proprioceptivo quanto o de reforço Muscular obtiveram resultados significativos nas direções laterais, posterolateral, posterior, posteromedial e medial, demonstrando boa estabilidade da articulação do tornozelo para qualquer um dos protocolos.
Moreno, et al. 2015Estudo randomizadoVinte atletas femininos com instabilidade unilateral do tornozelo foram dividias em dois grupos.Exercício proprioceptivo/ fortalecimento combinados com TrP-DN no músculo fibular lateral.O grupo que receber exercícios de TrP-DN e proprioceptivos / fortalecimento experimentaram melhorias na função e dor do que aqueles que receberam o programa de exercícios.
Rezaninová et al. 2016Estudo randomizadoParticiparam 17 jovens atletas foram examinados após entorse de tornozelo lateral agudo (grau III).Tratamento conservador em intervalos regulares durante 1 ano.Não houve diferenças significativas na estabilidade postural na perna dupla entre os membros.
Lardenoye, et al. 2012Estudo prospectivo, randomizado e controladoForam incluídos 100 atletas com entorse de grau II e III, dividido em dois grupos.Fita adesiva Cinta semi rígidaConforto e satisfação relatados pelos pacinetes durante o tratamento com uma cinta semi-rigida foi sigificante.
Fonte: dados da pesquisa, 2018.

Quadro 1– Principais características dos artigos selecionados. (Conclusão)

Autor/AnoTipo de EstudoAmostraTratamentoResultados
Briem, et al. 2011Estudo controlado.O estudo foi realizado com 51 atletas Masculino para a estabilidade funcional do tornozelo com o teste de balanço Star excursão.Fita desportivaAumento da sustentação dinâmica do músculo do tornozelo e maior estabilidade.
Nunes, et al. 2015Estudo controlado randomizadoParticiparam 36 atletas de diferentes modalidades desportivas que sofreram uma entorse aguda do tornozelo.Aplicação Kinesio TapingAplicação da grava ção Kinesio, com o objetivo de estimular o sistema linfático, é i neficaz em diminuir o inchaço agudo após uma entorse no tornozelo.
Hudson, et al. 2017Análise exploratória de séries de casos.Foram incluidos 5 pacientes, com idade entre 14 e 18 anos que sofreu uma entorse de tornozelo lateral aguda.Mobilização Mulligan Concept (MC) com movimentos passivo e ativo.Os pacientes relataram diminuição da dor na escala de avaliação (NRS), incapacidade na escala de Disablement in the Physically Active (DPA), aumento da funcionalidade (PSFS)
Mailuhu, et al. 2015Estudo controlado randomizadoPacientes com entorse de tornozelo lateral agudo. Os pacientes foram randomizados em dois grupos de estudo. O grupo de intervenção recebeu um programa de treinamento neuromuscular de oito semanas, orientado por um aplicativo. O grupo controle recebeu cuidados habituais em clínica geral sozinho.Treinamento neuromuscularO treinamento neuromuscular provou ser eficaz para os atletas pode ser uma ferramenta de tratamento direto para entorses de tornozelo aguda em prática geral.
Fonte: dados da pesquisa, 2018.

O Quadro 2 apresenta o grau de lesão e os ligamentos que estão diretamente relacionados ao mecanismo do trauma e à ordem de envolvimento dessas estruturas e funcionalidade da articulação durante a lesão.

Quadro 2– Grau de lesão relacionado ao trauma.

GrauGravidadeAcometimentoFuncionalidade
ILigeiraEm geral apenas TFAA manutenção da integridade articular produz incapacidade funcional mínima.
IIModeradaTFA e CFIncapacidade moderada, com dificuldade da marcha com o apoio no calcanhar e nos artelhos.
IIIGraveTFA e CF; possivelmente TFPIncapacidade funcional, com perda de ADM e incapacidade completa de sustentar o peso.
Fonte: Reabilitação Física das Lesões Desportivas 2000.

DISCUSSÃO

O objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão sistemática de literatura para apresentar o efeito do tratamento fisioterapêutico na entorse do tornozelo por inversão em atletas de futebol, assim como estudos que identificaram medidas preventivas para a ocorrência de novas lesões nesta articulação.

Por ser visto como uma estrutura complexa, o tornozelo envolve várias articulações do tipo gínglimo (dobradiça) sendo as principais articulações: talocrural que no plano sagital realiza o movimento de dosiflexão e flexão plantar e subtalar que permite os movimentos de inversão e eversão no plano frontal. Os ossos que compõe sua extremidade distal são: tíbia, fíbula e o tálus, que estão ligados pela cápsula articular e pelos ligamentos: deltoide, talofibular anterior, talofibular posterior e calcâneofibular. Dentre as principais lesões acometida no tornozelo estão às entorses, que tem acometido com frequência atletas profissionais ativos (ALDMEIDA et al, 2013). Segundo Nunes (2015) as entorses correspondem 75% dessa lesão e o seu mecanismo de lesão por inversão chega a 85%.

Prado et al. (2013), relata que são os ligamentos que reforçam a articulação do tornozelo promovendo uma estabilização efetiva para resistir as lesões sofridas por esta articulação. De acordo com Silva et al. (2011) o futebol é uma modalidade esportiva mais popular do mundo, com características que envolvem movimentos rápidos, vigorosos e saltos. Essa exigência física, técnica e tática extenuante e passível de fadiga, exigindo dos jogadores esforço máximo. Disputas acirradas, altas cargas de treinamento e o contato com os adversários, predispõem cada vez mais a altos níveis de lesões. Além disso, outros fatores podem contribuir segundo Santos et al.(2014) os fatores extrínsecos adquiridos por aspectos ambientais, situações de treinamento e os fatores intrínsecos envolvem características especificas do atleta.

De acordo com Dambros et al. (2012) o uso da crioterapia tem sido amplamente aceito como tratamento padrão, o que facilita a atividade precoce e retorno antecipado ao esporte. Técnica terapêutica que faz utilização do gelo, devido a sua atuação nos efeitos fisiológicos, minimizando as sequelas adversas relacionadas ao processo de lesão como dor, edema, hemorragia e espasmo muscular.

Santos et al. (2015) analisaram a comparação da eficácia do pacote de gelo convencional em relação a crioimersão na diminuição da temperatura superficial da pele do tornozelo em treze atletas jovens. Os autores realizaram uma boa definição da amostra e avaliaram a efetividade das duas formas de aplicação da crioterapia. Concluíram que ambas as formas de aplicação apresentaram boa efetividade na redução da temperatura superficial da pele após 30min. Em contrapartida Herrera et al. (2010) compararam o uso da bolsa de gelo, gelo massagem, e imersão em água fria e mostraram efeitos similares, em que todas as três modalidades foram eficazes na redução da temperatura da pele e alteração da condução sensorial a um nível fisiológico suficiente para induzir um efeito hipoalgésico, porém evidenciou que a imersão em água fria, aplicada neste estudo, é a modalidade mais indicada para induzir efeitos terapêuticos associados a redução da condução nervosa motora. O exercício proprioceptivo é outro método que tem sido bastante efetivo na reabilitação e prevenção das lesões, atuando no favorecimento do controle do equilíbrio e estabilidade postural dos altetas. No estudo radomizado de Ribas et al. (2017) demonstrou resultados estimados que favoreceram ao grupo que realizaram um treinamento proprioceptivo, o qual consistia em exercícios em diferentes solos e grau de exigência, quando comparado ao grupo submetido a estratégia de reforço muscular, com exercícios de fortalecimento para plantiflexores, dorsiflexores, inversores e eversores do tornozelo com faixa elástica, evoluindo no grau de exigência. Entretanto quando os grupos foram avaliados obtiveram resultados significativos demonstrando boa estabilidade da articulação do tornozelo. Pode-se ressaltar que a efetividade do protocolo de fisioterapia aplicado neste estudo, proporcionou uma maior estabilidade no tornozelo evitando que essa articulação fique predisposta a lesões. Em contrapartida o estudo de Moreno et al. (2015) o grupo experimental recebeu exercícios proprioceptivos e fortalecimentos combinados com TRP-DN. Evidenciou que a inclusão de TRP-DN dentro do músculo fíbula lateral associado aos exercícios proprioceptivos e de fortalecimento resultou em melhora na dor e na função a partir da instabilidade articular.

No estudo de Reizanová et al. (2018), foi observado que o tratamento conservador com treinamento neuromuscular, reabilitação funcional precoce (exercícios isométricos, isotônicos, treinamento de força e treinamento proprioceptivo) após entorse de tornozelo lateral agudo (grau III), mostrou que nenhum dos pacientes apresentava estabilidade postural comprometida ou estava em risco de instabilidade funcional do tornozelo no período monitorado, como também demonstrou que todos os participantes tiveram cicatrização completa dos ligamentos lesados e melhora na estabilidade do tornozelo.

A fita adesiva conhecida como Kinésio Tape é uma das ferramentas terapêuticas usada com foco na estabilização articular ou ativação e inibição muscular, sendo colocada sobre a pele com finalidade de suporte e qualidade na biomecânica do movimento do atleta. No estudo de Landernoy et al. (2012) foram randomizados dois grupos com entorse de grau II e III. Um grupo recebeu tratamento com fita adesiva e o outro um suporte semirrígido por quatro semanas. Exercícios proprioceptivos supervisionados foram dados em ambos os grupos, iniciado uma semana após o trauma. Constatou que os pacientes tratados com fita 59,1% apresentaram complicações, incluindo dermatite de contato, formação de bolhas anormalidades cutâneas devido ao aumento da pressão local, sendo que essa taxa de complicações foi significativamente menor no grupo com cinta semirrígido 14,6%. Em relação ao resultado funcional avaliado não houve diferença entre o aumento da capacidade funcional entre os dois grupos. De acordo com seus resultados o tratamento da lesão de entorse de tornozelo com uma cinta semirrígida, proporcionou mais estabilidade, um retorno mais rápido ao esporte, menos complicações e maior satisfação do paciente em comparação ao tratamento com a fita.

De acordo com Briem et al. (2011) a fita elástica Kinésio Tex aumenta a resposta muscular do fibular longo, mantendo níveis elevados de ativação muscular, beneficiando atletas com tornozelo funcionalmente instáveis. Em contrapartida no estudo de Nunes et al. (2015) a aplicação do Kinesio Taping com o objetivo de estimular o sistema linfático não foi eficaz em diminuir o inchaço agudo depois de uma entorse de tornozelo.

Hudson et al. (2017) em seu estudo aplicou um protocolos de reabilitação utilizando a mobilização Mulligan Concept (MC) com movimento (MCM) usando uma amostra de cinco pacientes com LAS aguda de grau II, com relato de dor. No tratamento relataram reduções imediatas da dor e aumento da atividade funcional. Da mesma forma, Mailuhu et al. (2015) aplicou um programa de treinamento neuromuscular, que provou ser eficaz no tratamento direto para entorses de tornozelo aguda em prática geral. De acordo com seus resultados, o treinamento neuromuscular mostrou-se uma ferramenta mais completa como uma forma de prevenção de novas lesões.

Diante disso os estudos abordados acima foram importantes para analisar diferentes métodos de tratamentos para uma melhor reabilitação de entorse do tornozelo com a finalidade de evidenciar uma técnica fisioterapêutica eficaz para melhorar a amplitude de movimento, o equilíbrio, a estabilidade funcional e a prevenção de lesões do tornozelo.

CONCLUSÃO

A partir do levantamento dos artigos selecionados que foram utilizados para realizar esse estudo, constataram-se várias formas de abordagem fisioterapêutica no tratamento da entorse por inversão em atletas de futebol, como treinamento proprioceptivo e reforço muscular, pacote de gelo e crioimersão, exercícios proprioceptivos e fortalecimentos combinados com Agulhamento seco por pontogatilho (Trp-DN), tratamento conservador, mobilização de Mulligan, kinesio taping, fita adesiva, cinta semirrígida e treinamento neuromuscular. Dentre eles os exercícios proprioceptivos e de fortalecimento muscular apresentam indiscutibilidade na reabilitação e prevenção de novas lesões. Evidenciando dessa forma que o treinamento proprioceptivo o fortalecimento muscular são imprescindíveis no tratamento do tornozelo, devido à instabilidade crônica que essa lesão pode causar.

É possível verificar que há um consenso na literatura quando se busca as melhores práticas para o tratamento de lesões no tornozelo e exercícios proprioceptivos como forma de tratamento e prevenção em atletas de diferentes modalidades que estão sujeitos a sofrerem lesões desportivas, o que intensifica a relevância da realização de novos estudos para a exposição de diferentes formas de protocolo de exercícios proprioceptivos no tratamento e prevenção de lesões nos atletas.

Esse estudo teve limitações, pois não foi viável identificar um grande número de artigos científicos sobre o tema abordado, na atualidade o que intensifica a relevância da realização de novos estudos para a exposição de diferentes formas de tratamento para entorse.

REFERÊNCIAS

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