ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA EM ACADÊMICOS ANSIOSOS COM ALTERAÇÕES POSTURAIS

\"\"
\"\"
\"\"

Adeline Geovana Lopes Gabriel

Larisse Yasmin Pereira dos Anjos

Raniely Carvalho de Morais

1Trabalho de Curso apresentado ao Centro Superior UNA de Catalão – UNACAT, como requisito parcial para a integralização do curso de Fisioterapia, sob orientação do Prof. Esp. Carlos Ricardo Alves Sousa.

RESUMO: Ao ingressar na vida acadêmica, estudantes de ensino superior são submetidos a diversas situações estressantes como redução do tempo de lazer, sono e repouso, dificuldade de conciliar vida pessoal e acadêmica, exigências no desempenho acadêmico etc. Devido a isso, a ansiedade, vem como mecanismo de fuga tendo como um dos efeitos alterações posturais, provocando ajustes compensatórios, e alterações respiratórias. A Fisioterapia possui um papel fundamental, para prevenir ou tratar tais tensões e minimizar os efeitos negativos causados por essa nova fase de adaptações, enfatizamos o Isostretching, uma técnica global que busca através da manutenção de posturas durante o ato expiratório promover estabilização, equilíbrio, concentração e melhora do controle respiratório, por meio de exercícios de alongamento associado a contrações isométricas a fim de promover uma maior mobilidade articular, tonificar a musculatura, desenvolver a tomada de consciência das posições corretas da coluna e da capacidade respiratória. Tivemos como objetivo analisar a eficácia do Isostretching na melhora postural e da ansiedade em acadêmicos de ensino superior, embasado em argumentos científicos de artigos publicados entre os anos de 2015 a 2020, com descritores português e inglês. Analisamos que as alterações posturais se manifestam não apenas por longos períodos em posições inadequadas, mas, também em situações cuja as emoções são expressas negativamente, pelo fato de nossas emoções estarem devidamente ligadas a nossa postura corporal, sendo importante realizar exercícios respiratórios para controlar as emoções, reduzir a ansiedade e trabalhar o alinhamento corporal para melhorara da postura.

Palavras-chave: Alterações posturais. Acadêmicos. Ansiedade. Isostretching. Fisioterapia.

1.INTRODUÇÃO

Ao ingressar na vida acadêmica, estudantes de ensino superior são submetidos a diversas situações estressantes como por exemplo, uma redução do tempo de lazer, sono e repouso, carga horaria intensa, necessidade de conciliar estudo e trabalho, alimentação incorreta, sedentarismo, dificuldade de conciliar vida pessoal e acadêmica, exigências no desempenho acadêmico, dificuldades financeiras, busca por estágio, socialização, medo do futuro, desemprego, entre outros. (COSTA K et al., 2019; SILVA et al., 2018).

Soares et al., (2017), abordam na literatura que ao ingressar na faculdade os acadêmicos apresentam grandes expectativas na transição do nível de ensino, muitas vezes acompanhada de decepções vivenciadas durante a trajetória escolar, tornando mais difícil a adaptação, diminuindo o interesse e aumentando as dificuldades, causando desmotivação ao longo do curso.

A mudança desse estado físico e psíquico pode estar associada a ansiedade, com pensamentos e projeções muitas vezes negativas ou de derrota, porém, com possibilidade de modificação do curso de ação. Por exemplo, pensamentos de não irei passar ou, é muito concorrido, surgem com frequência, mas podem se modificar com foco e disciplina, aumentando o rendimento e a produtividade, chamados de ansiedade patológica e ansiedade normal, respectivamente (MARAFANTI et al., 2018).

Com essas adaptações, a ansiedade vem como mecanismo de fuga levando a alterações no humor, causando estresse e ansiedade em maior prevalência, tendo como uma das consequências alterações posturais. Essas alterações posturais são consideradas deformações no alinhamento corporal, devido adaptações compensatórias e excesso de tensão muscular, podendo levar a um quadro álgico e deformidades (ANDRADE et al., 2019).

Para minimizar os efeitos negativos causados por essa nova fase de adaptações, a Fisioterapia apresenta ótimos recursos, através de exercícios voltados para tratamento afim de reduzir alterações funcionais, além de ser baixo custo, é um método não invasivo que pode ser aplicado ao paciente como atividades fisioterapêuticas, para manter a fisiologia do organismo (QUEIROZ, 2016).

Neste contexto enfatizamos o Isostretching, criado em 1970 por Bernard Redondo, na França, cujo os termos Iso significa Isometria e Stretching é um termo Inglês, que significa alongamento. A técnica consiste na execução de posturas de alongamento global durante a expiração prolongada, associando contrações isométricas da musculatura abdominal, dos glúteos, quadríceps, assoalho pélvico, para vertebrais e diafragmáticas, a fim de promover fortalecimento, estabilização, equilíbrio, concentração e melhora do controle respiratório, trazendo consciência corporal para manter a posição correta da musculatura evitando retração (STREB et al., 2019).

O método tem como intuito promover reeducação postural, porque a maioria dos exercícios são realizados em uma posição em que a coluna vertebral esteja correta durante o tempo de expiração longa. Ele é considerado global, pois trabalha o corpo num todo em cada um dos exercícios, mantendo a postura ereta e estimulando o alinhamento vertebral, proporcionando engrandecimento e fortalecendo musculatura para vertebral profunda, além de poder ser utilizado como método preventivo para diminuição dos riscos de lesões musculares e articulares (DA SILVA, INUMARU, 2015).

Sabendo dos benefícios da técnica Isostretching a pesquisa tem como objetivo analisar alterações posturais e psicológicas em acadêmicos de ensino superior, entender como ocorre essas alterações e a relação entre ansiedade e postura, para poder compreender a eficácia da técnica Isostretching em casos como estes, embasado em argumentos científicos.

2.REFERENCIAL TEÓRICO

Uma postura correta é caracterizada pela integridade do sistema neuromusculoesquelético para proteger as estruturas de suporte do corpo contra lesão ou deformidade progressiva. Enquanto a má postura é uma relação defeituosa entre várias partes do corpo, sendo assim, alterações psicológicas podem gerar adaptações posturais, uma vez que a postura está diretamente ligada as emoções. (ANDRADE et al., 2019; LEÃO et al., 2018).

Cada indivíduo apresenta características unitárias em relação a essas alterações posturais que são influenciados por diversos fatores como as anomalias ósseas congênitas e adquiridas, vícios posturais, postura inadequada, excesso de peso corporal, deficiência de proteínas na alimentação, atividades físicas deficientes ou inadequadas, alterações respiratórias e musculares, distúrbios psicológicos que acabam gerando desconfortos, tensão muscular, dores ou incapacidades funcionais, provenientes ou não do estresse (BACK, 2017; CARDOSO et al., 2016; DOS SANTOS JUNIOR et al., 2019).

Indivíduos ansiosos frequentemente demostram características de angustia e agitação e a partir disso muitos relatam sensação de sufocamento, o que interfere de forma negativa na biomecânica postural, provocando ajustes compensatórios uma vez que a musculatura respiratória está diretamente ligada à coluna e consequentemente na postura, portanto alterações respiratórias podem provocar alterações posturais e vice-versa (BAPTISTA, CARVALHO, LORY, 2015; ROGGIA et al., 2016).

Segundo Mann et al (2016), é fundamental que o paciente adquira durante o tratamento com atividade física, uma melhora nos movimentos ativos sem que o quadro álgico interfira para obter uma evolução postural satisfatória. Com isso o processo de avaliação e as condutas fisioterapêuticas são essências para evolução do paciente.

A Fisioterapia possui um papel fundamental, para tratar ou prevenir tais tensões e minimizar os efeitos negativos causados por essa nova fase de adaptações, o uso de alongamentos está sendo cada vez mais usados, como Isostretching, uma técnica que prepara e protege a musculatura de uma alteração que possa vir a sofrer por falta de atividade física, ou por atividades posturais inadequadas, sendo indicado para qualquer capacidade física, sempre associando a expiração prolongada, durante a execução dos exercícios (DA SILVA et al., 2018).

Estudos evidenciam que o Isostretching proporciona um aumento do recrutamento diafragmático durante a respiração ativando músculos intercostais, resultando em melhorar da capacidade respiratória e maior mobilidade torácica já que esses músculos auxiliam na estabilização e movimentação das costelas de modo dinâmico e consequentemente uma possível melhora de alterações posturais. (FREIRE, RIBEIRO, ZAGO, 2016).

Considerada uma abordagem global, as posturas utilizadas no Isostretching tem como objetivo favorecer o alongamento simultâneo dos músculos intercostais e os eretores da coluna e dos membros e, manter ao mesmo tempo o posicionamento vertebral de descompressão e engrandecimento, para auxiliar na redução do tônus com a finalidade de manter a postura correta adquirida. Em geral, o método é aplicada ao longo de várias sessões (DA SILVA et al., 2018).

O método Isostretching busca ainda, através da manutenção de posturas durante o ato expiratório promover estabilização, equilíbrio, concentração e melhora do controle respiratório, através de exercícios de alongamento associado a contrações isométricas a fim de promover uma maior mobilidade articular, tonificar a musculatura, desenvolver a tomada de consciência das posições corretas da coluna e da capacidade respiratória (SANGLARD, 2018; STREB et al., 2019).

Uma vez que o estresse e a ansiedade, levam a fadiga, ou dispneia desencadeada em momentos de crise, sendo indicado exercícios respiratórias para auxiliarem em momentos como estes, não pela respiração em si, e sim por ser um meio de distração e sensação de controle. Sendo assim o Isostretching torna-se uma excelente escolha, pois além de promover melhora das alterações posturais e manutenção da mesma, auxilia no fortalecimento da musculatura e na reeducação respiratória fazendo com que o paciente tenha mais auto controle e mantenha a calma em momentos de ansiedade. (REZENDE et al., 2016; BARLOW 2016).

3.METODOLOGIA

Este estudo constitui uma revisão bibliográfica de caráter analítico abordando a eficácia do Isostretching em acadêmicos de ensino superior com alterações posturais e psicológicas. A coleta de dados foi realizada no período entre os meses de fevereiro e maio de 2020, e utilizouse para a pesquisa as bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletrônic Library Online (SCIELO) e National Library of Medicine (PUBMED), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google acadêmico.

Foi definido como critério de inclusão: artigos publicados entre os anos de 2015 e 2020, para obtermos dados atuais das práticas realizadas pelos profissionais fisioterapeutas e aumentar as chances de alcançarmos um resultado satisfatório. Incluímos artigos que apresentassem descritores como: Alterações posturais, Acadêmicos, Ansiedade, Isostretching, Fisioterapia, suas combinações e variantes em português e inglês.

3.1.Apresentação dos resultados

Foram encontrados 68 artigos, dentre as bases de dados, após a leitura 46 foram pré-selecionados, por obterem relação com o conteúdo da pesquisa. Posteriormente 36 foram escolhidos como referencial, por apresentarem dados mais relevantes ao objetivo do trabalho.

\"\"
Gráfico 1. Total de artigos
Fonte: Autoria própria (2020)
\"\"
Gráfico 2. Total de artigos selecionados
Fonte: Autoria própria (2020)

De acordo com os resultados, foram utilizados como referencial 1 livro, e 35 artigos, dentre eles foi observado um total de 15 pesquisas de campo, 14 revisões bibliográficas e 6 estudos de caso. Somando ao todo 36 referências.

O gráfico 1, representa a porcentagem total dos 68 artigos encontrados, sendo 47% deles pesquisa de campo, 43% revisões bibliográficas, 9% estudos de casos e 1% livro.

Já o gráfico 2, representa a porcentagem dos 36 artigos que foram utilizados como referência para a pesquisa. Sendo 41% deles pesquisa de campo, 39% revisões bibliográficas, 17% estudos de casos e 3% livro.

3.2.Discussão dos resultados obtidos

A ansiedade pode ser definida como um estado emocional transitório ou condicional do corpo demonstrada por sentimentos de incômodo, caracterizados por tensão e apreensão, conscientemente percebidos e por aumento na atividade do sistema nervoso autônomo gerando mudança do estado físico e psíquico (ANDRADE et al., 2019).

Estudantes universitários vivenciam fatores estressantes com a nova forma de vida, e a pressão psicológica durante a graduação. Além de terem que muitas vezes sair de sua cidade, e lidar processo de amadurecimento, distancia de familiares, saúde e doença, fazendo com que os níveis de ansiedade se elevem, aumentando os riscos de surgirem outras patologias, assim como Albandar et al., 2018 e Al Saadi et al., (2017) afirmam eu suas pesquisas.

Para exemplificar o problema ansiedade, Ribeiro et al., (2019), concluíram que a ansiedade e depressão são comuns em estudantes universitários. Os principais fatores associados a estes distúrbios em seu estudo recente foram tratamentos para desordens mentais antes do ingresso na universidade, solidão e relações interpessoais problemáticas durante a graduação.

Pereira et al., (2019), fez um estudo para conhecer as manifestações de ansiedade vivenciadas por estudantes, onde ele entrevistou 18 acadêmicos e fez uma análise de resultados em quatro categorias, sendo elas, 1) período de adaptação inicial, onde os estudantes relatam dificuldade e sentimento de angustia mediante a nova fase, adaptações culturais, distanciamento familiar, e até mesmo na própria universidade nos novos métodos de estudo e no processo de aprendizado. 2) sentimento dos acadêmicos frente as avaliações, onde os mesmo relataram sentirem níveis elevados de ansiedade tanto em provas teóricas, como em práticas. 3) sentimento mediante a reprovação, onde os alunos relataram sentir ansiedade, angustia, insegurança e incapacidade 4) sentimento em relação professor / aluno, onde alguns alunos relataram não ter boa relação com os professores que os pressionavam e colocava pra baixo, e outros em contra partida, constataram ter um bom relacionamento com os professores, e disseram ter liberdade e confiança ao abordarem, e que os mesmos os ajudavam e passavam segurança.

Mediante o misto de sentimentos relatados pelos estudantes, as chances de problemas psicológicos se elevam, tornando necessário buscar meios, e estratégias para aliviar todo esse estresse, e ajudar nas adaptações. A ansiedade pode vir num misto de medo e preocupação excessiva, já que as mudanças são inúmeras e muitas vezes os acadêmicos não estão preparados para enfrentá-las (PEREIRA et al., 2019).

Baptista, Carvalho e Lory (2015), relata que indivíduos ansiosos, demostram também características de angustia e agitação com frequência, termos derivados de anxius ou arege, cuja significado é estrangular. A partir disso muitos relatam sensação de sufocamento, o que segundo Roggia et al., (2016), é um fator que interfere de forma negativa na biomecânica postural, provocando ajustes compensatórios.

A postura, é caracterizada como o alinhamento corporal estático, e auxilia na hora de realizar movimentos dinâmicos, podendo ser mantida por longos períodos. Uma boa postura mantem as estruturas ósseas, em especial a coluna vertebral alinhada, e conta com a ajuda de músculos, ligamentos, tendões, articulações, fáscias e ossos para sustentá-la de forma ereta. Enquanto a má postura, é gerada normalmente por um estresse, tornando-se incapaz o sustento, gerando alterações posturais e até psicológicas, assim como visto na pesquisa de Costa et al., (2018).

As alterações posturais se manifestam não apenas por longos períodos em posições inadequadas, mas, também em situações cuja as emoções são expressas negativamente, onde inconscientemente adotamos uma postura mais curvada, inclinando cabeça e ombros para frete e olhar cabisbaixo. Veenstra et al, (2016) diz que isto se dá, pelo fato de nossas emoções estarem devidamente ligadas a nossa postura corporal, e relata ainda a importância de exercícios respiratórios para controlar as emoções e reduzir a ansiedade, e também exercícios de relaxamento muscular. Os autores dizem ainda, que trabalhar o alinhamento corporal, pode fazer com a pessoa se recupere com mais facilidade dos momentos de negatividade, já que uma postura ereta passa sensação de controle e poder.

Geralmente, essas alterações na postura são apresentadas por alguns sinais e sintomas como: quadro álgico, ombros em protusão, cabeça inclinada, hispercifose torácica, lombar retificada e hiperlordose, esses fatores apresentam de forma significativa complicações na postura, fazendo com que esses acadêmicos, venham a adquirir maus hábitos (Moreira et al., 2017)

Segundo Queiroz et al., (2016), a fisioterapia é extremamente importante no tratamento de correções posturais e respiratórias, em especial o Isostretching, técnica de alongamento global que tem como intuito fortalecer a musculatura e diminuir a rigidez, melhorando a postura e a capacidade respiratória, com alongamentos e exercícios de consciência corporal, utilizando como base a coluna vertebral. A técnica auxilia na mobilidade, tonicidade, força, postura, equilíbrio, flexibilidade, e ainda atua preservando a posição ereta e na melhora da amplitude articular durante o movimento de forma ativa.

Os exercícios da técnica Isostretching, auxilia na propriocepção, e podem ser utilizados como forma de controle postural uma vez que os mesmos são realizados através de posições mantidas por contrações isométricas e ocorrem de forma estática, mantendo o alinhamento vertebral e promovendo consciência corporal, fortalecendo e flexibilizando a musculatura, e corrigindo a postura. O trabalho respiratório é realizado por meio de uma expiração profunda durante os exercícios, fazendo com que haja melhora no controle ventilatório (QUEIROZ et al., 2016)

Freire, Ribeiro, Zago, (2016) reafirma haver melhora respiratório, visto que a base do método é a respiração, já que a o processo de expiração forçada é realizado em todas as posturas aumentando o recrutamento da musculatura torácica e promovendo assim controle diafragmático, além de promover relaxamento da musculatura acessória e proporcionar melhor expansibilidade pulmonar melhorando a dinâmica respiratória. Sabendo dos benefícios da técnica Isostretching, podemos utiliza-la como forma de controle postural e domínio respiratório nos momentos de ansiedade.

Um estudo realizado em universidades brasileiras por Robazzi, (2019) mostra que as intervenções de Isostretching foram satisfatórias para parte dos alunos que sofreram ansiedade. No entanto, alguns destes alunos não conseguiram atingir níveis de ansiedade diminuídos e se mostraram insatisfeitos. Esses resultados mostraram que há necessidade de mais pesquisas voltadas à saúde física e mental dos estudantes.

Carvalho e Brandt (2018), em sua pesquisa abordou que a técnica Isostretching tem resultados positivos na melhora da forca muscular até no desempenho da marcha, ele propôs que o método, seja utilizado na melhoria da função respiratória aumentando a capacidade funcional dos pacientes.

O Isostretching apresenta evolução significativa na ação diafragmática em pacientes que apresentam implicações devido a outras patologias, uma vez que é uma técnica muita complexa e permite uma elevada modificação, entre muitas posturas assim como reafirmadas por Carvalho e Brandt, et al. (2018).

Caldeira et al., (2020) confirmam que há melhora da força muscular, realizando o treinamento com exercícios posturais uma vez por semana associados a exercícios para mecânica ventilatória, apresentando resultados satisfatórios em relação à postura.

Silverio, (2019) também verificou que o Isostretching realizado para o fortalecimento dos grupos musculares que atuam na manutenção da postura do corpo, apresenta melhora na força muscular e diminuição de dores lombares.

Entretanto, o estudo de Pardo et al. (2015) demonstrou que a técnica Isostretchingé pouco eficaz no ganho de força, porémmostrou-se eficaz na melhora da flexibilidade de indivíduos saudáveis. Estes estudos de avaliações durante a flexibilidade e força muscular podem gerar informações que fundamentem a decisão clínica do fisioterapeuta a respeito da técnica mais adequada a ser utilizada para cada situação.

O método Isostretching pode ser realizado por todos sem restrição de idade, de acordo com a necessidade de cada indivíduo e seguindo a limitação de cada um, iniciando com posturas mais simples e evoluindo para as mais complexas gradativamente, exigindo o mínimo de energia e buscando promovendo ganho fisiológico. O tempo de execução de cada postura é dirigido de acordo com a expiração profunda e prolongada por cerca de seis segundos, mantendo durante esse tempo a isometria sem sair da posição de engrandecimento (FREIRE, RIBEIRO, ZAGO, 2016)

Silva et al., (2015) diz que os exercícios usados no Isostretching são classificados quando a sua dificuldade e se alternam em deitado, sentado e em posição ortostática, variando as posições. A frequência costuma ser de duas séries com duração de uma hora, de uma a duas vezes por semana, com no mínimo seis a oito exercícios durante as seções, aumentando gradativamente conforme o paciente melhore na execução. É necessário repetir no mínimo três vezes cada exercício, a primeira vez corrigindo a postura, a segunda como forma de fixação do exercício e a terceira para executa-lo da melhor forma possível. Sempre alternando em séries de alongamento e repouso com um intervalo de 1 minuto no mínimo. Algumas das posturas utilizadas podem ser:

Exercício 1. Paciente em pé, com os pés paralelos e afastados na largura da pelve, joelhos semiflexionados, braços ao lado do corpo com leve extensão de ombro e extensão de punho e dedos, contrair os glúteos e os músculos dos membros em ação, deprimi as escapulas e manter a coluna ereta, inspirar e expirar profundamente realizando contração diafragmática.

Exercício 2. Paciente em pé, com as perna estendidas e os pés paralelos afastados na largura da pelve, colocar uma bola entre a coxa acima do joelho. Os braços estendidos acima da cabeça cruzando as mãos. Empurrar os braços superiormente e comprimir a bola, apertandoa entre os joelhos, inspirar e expirar lentamente realizando contração diafragmática.

Exercício 3. Paciente sentado, com as pernas estendidas, coluna ereta, pés em dorsiflexão, e braços paralelos ao corpo, realiza abdução e rotação externa dos ombros, flexiona cotovelo e posiciona as palmas das mãos atrás da cabeça, inspirando e expirando profundamente realizando contração diafragmática.

Exercício 4. Paciente sentado, com joelhos fletidos e aduzidos, pés apoiados no solo, ombro em abdução de 90°, punhos e dedos estendidos, manter o tronco alinhado e deprimir as escapulas, contraindo glúteo e músculos paravertebrais, inspirando e expirando profundamente realizando contração diafragmática.

Exercício 5. Paciente deitado em decúbito dorsal, com joelhos fletidos a 90°, pés ao solo, braços estendidos acima da cabeça, segura e levanta uma bola suíça e ao mesmo tempo os pés, de cinco a dez centímetros do solo, realizando retroversão do quadril para manter a lombar em contato com o solo, inspirar e expirar profundamente realizando contração diafragmática.

Exercício 6. Paciente deitado em decúbito dorsal, com flexão de perna e braços a 90° em posição neutra, com uma bola entre as mãos, apertar a bola e abaixar as pernas contraindo o glúteo, inspirara e espirar lentamente realizando contração diafragmática.

Esses exercícios tem como objetivo o alinhamento e alongamento da musculatura da coluna vertebral e a reorganização dos músculos da escapula, do quadril, do assoalho pélvico, quadríceps, glúteos e os abdominais, associando o controle respiratório com a utilização da respiração diafragmática, buscando normalizar as tensões impostas só diafragma e sobre a estrutura da coluna vertebral.

Monte Raso et al., (2019) afirma que a técnica Isostretching independe do número de sessões para apresentar resultado satisfatório no alinhamento da coluna vertebral tanto em posições estáticas quanto dinâmicas, e relatou maior flexibilidade da cadeia posterior em indivíduos que se submeteram a mais de 30 sessões. Seu estudo não demonstrou ser uma boa técnica para o tratamento de escoliose.

O Isostretching tem apresentado efeitos positivos em grupos de pacientes que no estado geral de saúde, em relação aos aspectos físicos e na saúde mental sofrem alterações no organismo, segundo Lawanda et al (2015) é necessário que haja estudos de complementação sobre o Isostretching, mesmo que, o paciente apresenta protrusão de ombros, desalinhamento da cabeça em relação ao tronco e queixas de dor, a técnica demonstra melhora nos resultados obtidos, quando a avaliação postural é feita de maneira correta.

Porém, Silva et al (2018) traz que, pacientes que foram submetidos a técnica, mas não completaram todo o tratamento com as sessões propostas, não obtiveram mudança em relação as alterações apresentadas. E relata que os exercícios devem ser executados com máxima atenção para que o objetivo seja atingido promovendo eficácia na correção postural, flexibilidade e tonicidade, sendo que a maior dificuldade dos indivíduos durante a execução da técnica se dá em manter contrações musculares suficientes para evitar movimentos compensatórios.

Os resultados de modo geral, revelam a eficácia do método em pacientes expostos a uma carga emocional de ansiedade como consequência de momentos estressantes durante a vida acadêmica. A ansiedade por sua vez influencia na má postura, sendo assim o método analisado apresenta resultado satisfatório nos pacientes submetidos as sessões corretamente, tendo como consequência uma postura correta conservando as estruturas corporais contra lesão ou deformidade progressivas, garantindo aos indivíduo uma melhora no estado físico e mental.

4.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em relação a ansiedade, a pesquisa revela divergência de opiniões, onde alguns acreditam que a técnica Isostretching possa auxiliar em momentos de ansiedade por trabalhar a respiração na execução dos exercícios, tornando mais fácil manter a calma em momentos de crise. Em contra partida, outros estudos disseram não atingir níveis satisfatórios de ansiedade diminuídos.

Para além dos cuidados mentais, a técnica Isostretching, mostrou-se eficaz na melhora do alinhamento da coluna vertebral, e propiciou maior flexibilidade e melhora postural em indivíduos que se submetem a uma boa avaliação, e complete o tratamento com todas as sessões propostas, sendo que um bom resultado se dá a partir de 30 sessões.

Como dificuldade do estudo, observamos a necessidade de novas pesquisas sobre o Isostretching, com foco exclusivamente na melhora postural e na ansiedade. Notamos um déficit na fundamentação cientifica na hora de coletar os achados em pesquisas específicas do método.

Uma vez que a técnica possui várias posturas, com posições e execuções detalhadas, tornou-se difícil descrever o protocolo, já que os mesmos necessitam de uma abordagem mais ampla do método. E por isso, várias suposições sobre os resultados foram levantados, prevalecendo o efeito positivo da técnica e mostrando-se viável para trabalhar diretamente em pacientes que apresentam múltiplas disfunções.

Acredita-se, portanto, que as instituições de ensino superior devem se comprometer com o desenvolvimento integral dos seus estudantes, sendo essencial dar importância para a saúde física e mental do corpo, apresentando estratégias institucionais para o enfrentamento dessa nova realidade.

5.REFERÊNCIAS

ALBANDAR, A. S., ABDEL ALIM, H. M., ALBANDAR, A. M., & BASULAY, N. H. The Effect of Stress on Clinical and Preclinical Dental Students’ Performance at King Abdulaziz University. Int J Dent Oral Health, v.4, n.2, 2018.

AL SAADI, T., ADDEEN, S. Z., TURK, T., ABBAS, F., & ALKHATIB, M. Psychological distress among medical students in conflicts: a cross-sectional study from Syria. BMC medical education, v.17, n.1, p. 173, 2017.

ANDRADE, J., PEREIRA, L., VIEIRA, P., SILVA, J., SILVA, A., BONISSON, M., CASTRO, J. Ansiedade, um dos problemas do século XXI. Revista saúde da ReAGES. v.2, n.4, p.34-39 jan.-jun. 2019.

BACK, C. M. Z. Fisioterapia na escola: avaliação postural. Fisioterapia Brasil, v.10, n.2, p. 72-77, 2017.

BAPTISTA, A., CARVALHO M., LORY F. O medo, a ansiedade e as suas perturbações. Psicologia, v.19 n. 1-2 p.267-277, 2015.

BARLOW, D. H. Manual clinico dos transtornos psicológicos. 5° edição p.26, 2016.

CALDEIRA, G. A., SILVA, A. B. B. S., FERREIRA, J. L., DIAS, R. M., & FERNANI, D. C. G. L. Influência de exercícios posturais sobre a força muscular respiratória em jovens saudáveis. Colloquium Vitae. p. 77-84, 2020.

CARDOSO, G. F.; RICIOTTI, S. A. A. A postura do auxiliar de enfermagem e a intervenção da terapia ocupacional por meio da ergonomia. Multitemas, n. 23, 2016.

CARVALHO, A.R., BRANDT, A. Idosos submetidos aos benefícios do Isostretching em São Carlos. Revista Brasileira de Fisioterapia. Jul/Ago 2018.

COSTA, K., SIMÕES, L., SOUZA, N., ANDRADE, V., CHAVES, C., LOPES, R. Avaliação dos níveis de ansiedade, estresse e qualidade de vida em acadêmicos de Fisioterapia. Fisioterapia Brasil. v.20 n.5 p.659667, 2019.

COSTA, R., RAFAEL, M., SILVA, C., CASTILHO, C., CORRÊA, PS., GALVAN, TC. Patologias relacionadas à má postura em ambiente escolar– revisão de literatura. R. Perspect. Ci. e Saúde v.3 n.5 p.7-8, 2018.

DA SILVA, H. L., BEZERRA, F. H. G., GOMES, P. X. L., & SANTOS-JÚNIOR, F. F. U. Efeitos da técnica Isostretching em pacientes com escoliose: uma revisão sistemática. ConScientiae Saúde, v.17, n.1, p. 101-108, 2018.

DA SILVA, P. H. B., INUMARU, S. M. S. M. Assessment of pain in patients with chronic low back pain before and after application of the Isostreching method. Fisioter. mov. Curitiba, v.28 n.4 p. 767-777 out- dez. (2015)

DOS SANTOS JUNIOR, J. A., LIMA, D. V. B., TENÓRIO, S. B., LOPES, A. P., & DE OLIVEIRA FERMOSELI, A. F. Prevalência de ansiedade em estudantes de medicina de Alagoas. Interfaces CientíficasHumanas e Sociais, v. 8, n. 1, p. 87-94, 2019.

FREIRE E. F. F., RIBEIRO A. S. C., ZAGO, L. B. C. Fortalecimento muscular e expansibilidade pulmonar após o uso da técnica de Isostretching. Interfaces Científicas – Saúde e Ambiente v.4, n.3 p. 31 – 38 Jun. 2016.

LAWAND, P., LOMBARDI JUNIOR, I., JONES, A., SARDIM, C., RIBEIRO, L. H., NATAUR, J. Effect of a muscle stretching program using the global posture reeducation method for patients with chronic low back pain: A randomized controlled trial. Jt Bone Spine. v.4, n.82, p. 272-7, 2015.

LEÃO, A. M., GOMES, I. P., FERREIRA, M. J. M., & CAVALCANTI, L. P. D. G. Prevalência e fatores associados à depressão e ansiedade entre estudantes universitários da área da saúde de um grande centro urbano do Nordeste do Brasil. Revista brasileira de educação médica, v. 42, n. 4, p. 55-65, 2018.

MANN, E. C. D., BONFONTE, I. L. P., JUNIOR, F. B. M., LOPES, W.A. Level of physical activity and behavior change stages among undergraduate students of health sciences. 2016.

MARAFANTI, Í., D’ELIA, G., PINHEIRO, M. C. P., CORDEIRO, Q., & ALVES, T. C. D. T. F. Influência de sintomas ansiosos no desempenho acadêmico de formandos de medicina/Influence of anxious symptoms in academic performance of graduates of medicine in a test of medical residence. Arquivos Médicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, v. 58, n. 1, p. 18-23, 2018.

MONTE RASO, V. FERREIRA, P., CARVALHO, S., RODRIGUES, J., MARTINS, C., IUNES, D. Efeito da técnica Isostretching no equilíbrio postural. Fisioterapia e Pesquisa, SP, v.16, n.2, p.137-142, abr.-jun.2019.

MOREIRA, J. B.; DE FREITAS, L. M. S.; SOARES, A. C. L.; FARACI, L. L.; NASCIMENTO, M.; MARTINHO, K. Análise postural em estudantes de uma escola pública de Viçosa, Minas Gerais. JMPHC | Journal of Management & Primary Health Care | ISSN 2179-6750, v. 7, n. 1, p. 89-89, 5 jan. 2017.

PARDO, M. S., DE LIMA, A. A. R., SIMÕES, M. S., GOYA, P. S. A., VOOS, M. C., & CAROMANO, F. A. Efeito do treino de Isostretching na flexibilidade e na força muscular. Revista Acta Fisiátrica, v. 22, n. 2, p. 72-76, 2015.

PEREIRA, F. L. R., MEDEIROS, S. P., SALGADO, R. G. F., CASTRO, J. N. A., OLIVEIRA, A. M. N. Manifestações de ansiedade vivenciadas por estudantes de enfermagem. Revista online de pesquisa. v.11, n4, p. 880-886 jul.-set. 2019.

QUEIROZ, F., M., BORGES, L., C., A., SANTOS, D., A., S., FARIA, I., P., C. Técnica de Isostretching no tratamento da lombalgia crônica: revisão literária.Revista Amazônia Science & Health.v4 n3 p38-42 Jul/Set 2016.

REZENDE, M. S. CARVALHO, L. C. FELIPHE, R. A. M. P. ROCHA, C. B. J .R. SILVA, V. R. IUNES, D. H. Efeitos do método Isostretchingna função respiratória e postura de respiradores bucal. ConScientiae Saúde, v.15 n.1 p. 89-95, 2016.

RIBEIRO, C. F., LEMOS, C. M. C., ALT, N. N., MARINS, R. L. T., CORBICEIRO, W. C. H., & NASCIMENTO, M. I. D. Prevalence of and Factors Associated with Depression and Anxiety in Brazilian Medical Students. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 44, n. 1, 2020.

ROBAZZI, M. L. C. Promoção da saúde física e mental e de bem estar no ambiente universitário. SMAD Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas (Edição em Português), v. 15, n. 2, p. 1-3, 2019.

ROGGIA, B., SANTOS FILHA, V., CORREIA, B., ROSSI, A. Postura e equilíbrio corporal de escolares de oito a doze anos e sem respiração oral. CoDAS, SP v.28, n.4, jul.-ago. 2016.

SANGLARD, R. C. F. A influência do Isostretching nas alterações dos parâmetros da marcha em idosos. Fisioterapia Brasil, v. 6, n. 4, p. 255-260, 2018.

SILVA, A. M., MASSUCATO, G. S., DURANTE, R. A., SARTORI, D. V. B. A influência do método Isostretching na flexibilidade de mulheres sedentárias. Ensaios Cienc. Biol. Agrar. Saúde, v.19, n.1, p.36, 2015.

SILVA, BE da C, LEAL, M. J. B., ALCANTARA, I da S., OLIVEIRA, J. D do N., MOURA, V. B., BARBOSA, I.S. Global posture reeducation Reeducação Postural Global. ReonFacema, v.4, n.86, p.1226-30, 2018

SILVA, M. P. D. WENDT, G. W.; ARGIMON, I. I. D. L. Inventário de depressão de beck II: análises pela teoria do traço latente. Avaliação Psicológica, v. 17, n. 3, p. 339-350, 2018.

SILVÉRIO, Vinicius Ferreira. Reeducação postural global e Isostretching na Espondilite Anquilosante. Fisioterapia-Tubarão, 2019.

SOARES, A. B., LEME, V. B. R., GOMES, G., PENHA, A. P., MAIA, F. A., LIMA, C. A., VALDA, S., ALMEIDA, L. S., ARAÚJO, A. M. Expectativas acadêmicas de estudantes nos primeiros anos do Ensino Superior. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v.70 n.1, p. 206-223, 2018.

STREB, T., PAULA, J., SILVEIRA, L., RIBAS, L., RODRIGUES, G., DIAS, S. Ginástica postural com Isostretching e os seus efeitos sobre acadêmicos. Revista Educação e Ciência para o desenvolvimento sustentável, v. 11, n3, out. 2019.

VEENSTRA, L., SCHNEIDER, I. K., KOOLE, S. L. Embodied mood regulation: the impact of body posture on mood recovery, negative thougths, ands mood-congruent recall. Cognition and e emotion, v.31 n.7 p.13611376, 2017.