ABORDAGEM DO ENFERMEIRO NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE, VOLTADA AO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA EM MANAUS-AM: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11315877


Kamila Pereira Pontes
Rebeca Melo De Almeida
Orientador: Prof. Especialista Thayanne Sá Bezerra Guerreiro 


RESUMO

Os educadores são os principais responsáveis pelo desenvolvimento do senso moral, inteligência, habilidades e pela formação de cidadãos colaboradores para uma civilização. Além disso, podem atuar também no desenvolvimento de hábitos saudáveis e na manutenção do estado de saúde, desde que sejam capacitados quanto às ações de educação em saúde. Contribuindo dessa forma para a qualidade de vida dos estudantes em curto prazo e dos futuros adultos em longo prazo e para todos aqueles que compõem a unidade escolar. Seu objetivo foi mostrar a importância do enfermeiro nas ações de educação em saúde em uma escola, foi identificado o nível de conhecimento dos educadores sobre o conceito de saúde e educação em saúde, sua prática em âmbito escolar, o conhecimento sobre o Programa Saúde na Escola e percepção sobre a atuação do enfermeiro na escola. Tratou-se de um estudo descritivo, de revisão integrativa de literatura, realizado na base SCIELO, Science Direct, PUBMED e Google Acadêmico. Como resultados obtiveram-se as categorias: conceitos de ações educativas na educação em saúde, condições que levam a adaptação do enfermeiro de acordo com seu público alvo, desafios enfrentados em diferentes regiões de Manaus e a disseminação de conhecimentos sobre hábitos saudáveis para uma qualidade de vida melhor. Concluiu-se que a educação em saúde enfrenta diversas dificuldades, sendo uma grande parte dela relacionada a má comunicação e a falta de capacitação do enfermeiro. A enfermagem atuante na educação em saúde, tem autonomia a partir de seus conhecimentos e sua adaptabilidade, sendo capaz de sensibilizar milhares de pessoas sobre o mesmo, entretanto, de maneiras diferentes, sempre validando e valorizando sua ética profissional e o conhecimento científico.

Palavras-chave: Educação em saúde; Atenção primária à saúde; Papel do Profissional de Enfermagem. 

ABSTRACT

Educators are primarily responsible for the development of moral sense, intelligence, skills and the formation of contributing citizens for a civilization. Furthermore, they can also work on developing healthy habits and maintaining health status, as long as they are trained in health education actions. Contributing in this way to the quality of life of students in the short term and future adults in the long term and for all those who make up the school unit. Its objective was to show the importance of nurses in health education actions in a school, identifying the level of knowledge of educators about the concept of health and health education, their practice in the school environment, knowledge about the School Health Program and perception about the role of nurses at school. This was a descriptive study, an integrative literature review, carried out using the SCIELO, Science Direct, PUBMED and Google Scholar databases. As results, we obtained the categories: concepts of educational actions in health education, conditions that lead to the adaptation of nurses according to their target audience, challenges faced in different regions of Manaus and the dissemination of knowledge about healthy habits for a quality of a better life. It is concluded that health education faces several difficulties, a large part of which is related to poor communication and lack of nurse training. Nursing professionals working in health education have autonomy based on their knowledge and adaptability, being able to sensitize thousands of people about the same, however, in different ways, always validating and valuing their professional ethics and scientific knowledge.

Keywords: Health education; Primary health care;  Role of the nursing professional. 

1 INTRODUÇÃO

A Educação em Saúde é uma tática que potencializa o cuidado de enfermagem ao envolver atividades educativas na assistência ao paciente, utilizando recursos disponíveis nos serviços de saúde, sejam públicos ou privados. Estas ações são importantes para a promoção da qualidade de vida e para o desenvolvimento de tarefas diárias para os alunos envolvidos no processo de educação em saúde (Costa et al., 2020).

A junção entre educação e saúde tem se manifestado de forma integral no ambiente escolar, pois é um local de interação social com o objetivo de comunicar informações em conjunto, aprender de forma disciplinar e, além disso, o espaço é propício para a expansão de ideias sobre as principais estratégias para promover a saúde (Dos Anjos et al., 2022).

Instituído em 5 de dezembro de 2007 pelo Decreto n° 6.286, e atualmente regulamentado pela Portaria Interministerial nº 1.055 de 25 de abril de 2017 o Programa Saúde na Escola (PSE) veio para fortalecer e proporcionar à comunidade “escolar” a participar de programas e projetos que possam contribuir de forma direta com o desenvolvimento dos estudantes. É uma prática que visa promover a saúde e prevenir doenças na população escolar e ter conhecimentos sobre primeiros socorros, entre outros assuntos relacionados a saúde, isso por meio de ações de educação em saúde, assistência, vigilância e gestão (Antunes et al., 2023).

O Enfermeiro na escola deve trabalhar em conjunto com a equipe escolar e a comunidade, com o objetivo de desenvolver ações integradas e interdisciplinares. Para que a atenção à saúde atinja seu objetivo, além do esforço dos profissionais de saúde, é de fundamental importância o interesse e participação dos educadores e diretores da escola em fazer chegar até o escolar as informações mínimas necessárias ao esclarecimento de atividades que garantem a promoção à saúde, assim como, as orientações para cuidados diários que o escolar pode fazer em casa, na escola e em sua vida cotidiana, no qual deverá ajudar no desenvolvimento de hábitos que serão levados até a idade adulta, elevando a qualidade de vida do indivíduo (Carvalho et al., 2020).

O Programa Saúde na Escola (PSE) visa integrar e vincular permanentemente educação e saúde para melhorar a qualidade de vida da população amazonense. Seu objetivo é promover o desenvolvimento integral dos alunos por meio da promoção, prevenção e atenção à saúde, visando o enfrentamento das vulnerabilidades que afetam o desenvolvimento global de crianças e adolescentes da rede pública de ensino (Dos Anjos et al., 2022).

O PSE é composto por três componentes, o primeiro, Avaliação Clínica e Psicossocial as ações do ponto de vista epidemiológico que são prioritárias para os educandos. Componente II – Promoção E Prevenção À Saúde, na qual a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que promoção da saúde é um processo que objetiva expandir as possibilidades dos cidadãos de controlar, de forma crescente, os determinantes sociais da saúde e, como consequência, melhorar sua qualidade de vida, e o Componente III – Formação, o processo que possibilita aos gestores e as equipes da educação e saúde possam atuar no PSE em que deve ser trabalhado de maneira contínua e permanente (Alves et al., 2020).

Dentre os diversos espaços dos serviços de saúde, destaca-se a atenção básica como um contexto privilegiado para desenvolvimento de práticas educativas em saúde, pela particularidade destes serviços, caracterizados pela maior proximidade com a população e a ênfase nas ações preventivas e promocionais à saúde. 

O processo do cuidado implica estar em relação do cuidaddo, não somente em uma localidade de saúde, mas em si no coletivo, abragendo na necessidade a comunidade, respeitar suas limitações e estimular suas potencialidades. 

Nesse contexto, as ações de Educação em Saúde integram, rotineiramente, o trabalho do enfermeiro, que utiliza diversas estratégias para transferir o conhecimento ao paciente e/ou familiar. Diante dessa contextualização, refletimos sobre a seguinte questão norteadora: Quais as contribuições dos estudos realizados no campo da educação em saúde para a prática da enfermagem?

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Realizar uma revisão de literatura frente a progressiva ampliação intersetorial das ações executadas pelos sistemas de saúde e de educação com vistas à atenção integral à saúde de crianças e adolescentes.

2.2 Específicos

– Relatar favorecimento a prevenção de agravos à saúde, bem como fortalecer a relação entre as redes públicas de saúde e de educação.

– Compreender as relevâncias do Programa Saúde na Escola para enfretamento das vunerabilidades nesse periodo.

– Esclarecer a importância da abordagem do enfermeiro com a adaptação em exercício.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Relação escola e Educação em saúde

A educação em saúde é uma das ações mais importantes desenvolvidas pela atenção básica podendo ser executada por todos os membros da equipe multidisciplinar de saúde. Objetivando mostrar a importância da educação em saúde como instrumento de mudança social do indivíduo com o intuito de torná-los ativos no processo saúde e doença (Mendes et al., 2020).

As ações educativas devem proporcionar informação em saúde, educação sanitária e conhecimentos indispensáveis para a melhoria da qualidade de vida individual e coletiva. Neste cenário, o enfermeiro é provedor e avaliador das ações de Educação em Saúde. Há um estudo que aponta como dificuldades em promover ações de Educação em Saúde, o excesso de consultas, a priorização do atendimento à doença, a valorização da produtividade pela gestão, a falta da autonomia do enfermeiro, o dimensionamento de pessoal, a sobrecarga de trabalho e, sobretudo, a qualificação incipiente do profissional em Educação em Saúde. Sabe-se também que em virtude das grandes demandas de atendimento nos serviços públicos de saúde brasileiro e do dimensionamento inadequado dos profissionais, torna-se muitas vezes, inviável a realização de Educação em Saúde. Assim, esta deve ser desenvolvida por múltiplas estratégias intrínsecas aos processos de trabalho da equipe multiprofissional, estabelecida com base nas reais necessidades do público-alvo (Cabral et al., 2020).

Para Sousa e colaboradores (2015) a educação em saúde tem como objetivo central e focado na prevenção e a reabilitação dos indivíduos de determinados acometimentos, sabe-se que a educação em saúde pode ser desenvolvida por qualquer profissional de saúde, respeitando sua área de atuação e seus conhecimentos. A atuação de profissionais da saúde dentro da escola veio a somar para desencadear pesquisas para inserir o profissional de enfermagem na escola, nomeando assim essa especialidade de Enfermagem escolar (Sousa. L. B. et al., 2015).

3.2 Programa Saúde na escola

O Programa Saúde na Escola (PSE), atua na perspectiva da Atenção Integral à Saúde de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos do campo da Educação Pública, considerando a educação infantil, o ensino fundamental e médio, além da educação profissional e tecnológica e da educação de jovens e adultos (EJA). É uma estratégia para a integração e a articulação permanente entre as políticas e ações de educação e de saúde, com a participação da comunidade escolar, envolvendo principalmente as equipes de Saúde da Família e da Educação Básica.

O PSE, política intersetorial da Saúde e da Educação, foi instituído pelo Decreto Presidencial nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, como estratégia de integração entre esses setores. O PSE atua na perspectiva da Atenção Integral à Saúde de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos do campo da Educação Pública, considerando a educação infantil, o ensino fundamental e médio, além da educação profissional e tecnológica e da educação de jovens e adultos (EJA). É uma estratégia para a integração e a articulação permanente entre as políticas e ações de educação e de saúde, com a participação da comunidade escolar, envolvendo principalmente os Profissionais da saúde e da Educação Básica. o contexto escolar e social o diagnóstico local e capacidade operativa na saúde do escolar. 

Existem cinco objetivos do PSE, o primeiro, promover a saúde e a cultura da paz, reforçando a prevenção de agravos à saúde, bem como fortalecer a relação entre as redes públicas de saúde e de educação. II – articular as ações do Sistema Único de Saúde – SUS às ações das redes de educação básica pública, de forma a ampliar o alcance e o impacto de suas ações relativas aos estudantes e suas famílias, otimizando a utilização dos espaços, equipamentos e recursos disponíveis. III – contribuir para a constituição de condições para a formação integral de educandos. IV – contribuir para a construção de sistema de atenção social, com foco na promoção da cidadania e nos direitos humanos. V – fortalecer o enfrentamento das vulnerabilidades, no campo da saúde, que possam comprometer o pleno desenvolvimento escolar. 

3.3 Abordagem do enfermeiro nas escolas em Manaus/AM

Os enfermeiros vem utilizando várias estratégias para realização da prática educativa, mediante a organização de palestras, utilização de recursos audiovisuais, o resultado, dependendo da criatividade de cada profissional em executá-la (Sousa. L. B. et al., 2015).

Entre as principais atividades desempenhadas pelo enfermeiro na escola, destacam-se:

– Realização de avaliações de saúde, como avaliação do estado nutricional, avaliação da saúde bucal, avaliação da saúde mental, entre outras;

– Desenvolvimento de ações educativas em saúde, com a finalidade de orientar os estudantes e a comunidade escolar sobre temas relacionados à saúde e prevenção de doenças;

– Atuação em campanhas de vacinação e controle de doenças transmissíveis, com a finalidade de prevenir e controlar surtos de doenças na escola;

– Orientação e acompanhamento de estudantes com problemas de saúde crônicos, como asma, diabetes, epilepsia, entre outros;

– Realização de atividades de promoção da saúde, como atividades físicas, alimentação saudável e prevenção ao uso de drogas.

É importante ressaltar que a atuação do enfermeiro na escola requer uma formação adequada e contínua, além de um trabalho em equipe integrado com os demais profissionais da saúde e educação. O enfermeiro na escola deve estar preparado para atender às demandas específicas da população escolar e trabalhar em conjunto com a comunidade escolar e as famílias, buscando sempre a promoção da saúde e a prevenção de doenças. A escola é vista como um espaço social capaz de transmitir informações gerais e saberes organizados de forma disciplinar, além de ser um ambiente propício para propagar conhecimentos e ideias de boa saúde. As ações de saúde na escola devem abranger os conteúdos curriculares, sendo discutidas em salas de aula de forma transversal e contextualizada, de acordo com a realidade dos alunos e necessidades locais (Pires, 2012).

4 MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo de revisão integrativa, com o tipo de pesquisa descritiva, tem o intuito de realizar uma abordagem qualitativa. A pesquisa teve como propósito sumarizar os estudos publicados neste campo de interesse, de modo a identificar, inicialmente, as temáticas abordadas nas publicações no campo da educação em saúde. Este tipo de estudo corresponde a um método de pesquisa que viabiliza análise de pesquisas científicas de modo sistemático e amplo, favorecendo a caracterização e divulgação do conhecimento produzido (Silveira, 2006).

A coleta dos dados apresentados, foi realizada em plataformas referência em fontes de pesquisa como: Google Acadêmico, SCIELO (Biblioteca Eletrônica Scientifc Eletronic Library Online), Biblioteca Virtual da Instituição de Ensino Superior Nilton Lins e ScienceDirect, utilizando termos como: Educação em Saúde e cidade de manaus, abordagem adaptada de educação.

Nos critérios de inclusão de artigo para estruturação do trabalho foram selecionados aqueles que estão dentro da faixa temporal de até 5 anos antes de 2024, artigos de revisão, retrospectivo e livros disponíveis em bibliotecas virtuais.

A finalização das pesquisas que compõem esta revisão integrativa da literatura, foram analisadas de acordo com o tema e tudo que ele abrange. A quantidade de referências ao final foram 13, que compõem este trabalho, durante o processo foram eliminados 378 publicações, 378 pesquisas, 78 artigos que não se interligaram com os objetivos gerais.

A ética da pesquisa realizada respeitou a autoria das fontes, citando todos os autores e dando as devidas menções em conformidade com a legislação de direitos autorais deste país, seguindo todas as normas atuais da ABNT.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os artigos pesquisados abordaram questões sobre a abordagem do enfermeiro na educação em saúde, informando: 1) ações educativas; 2) importância do Programa Saúde na Escola; 3) motivos para abordagem adaptada do enfermeiro; 4) principais públicos abordados em escolas de Manaus.

Figura 1. Fluxograma de elegibilidade dos artigos.

Para melhor elucidação, o quadro abaixo mostra estudos e resultados apresentados pelo método de descrição, considerando algumas características tais como: autores, ano e país de publicação, periódico, objetivos, interpretação do estudo e resultados.

Quadro 1: Caracterização de artigos incluídos na pesquisa. Manaus, 2024.

Autor/ Ano/ PaísPeriódicoTipo de estudoObjetivoInterpretação do Estudo
COSTA, et al  2020 Brasil Revista científica da Escola Estadual de Saúde Pública de Goiás – “Cândido SantiagoRevisão NarrativaRefletir sobre as ações de educação em saúde realizada pela enfermagemResultados indicaram que as ações de educação em saúde ocorre em meio a diversas difilculdades, tornando difícil o alcance dos principais objetivos.
SOUZA, et al 2020 BrasilBrazilian Journal of Health ReviewRevisão SistemáticaConhecer o trabalho de educação em saúde em uma unidade de saúdeInterpretação do Estudo: Aprimorar o conhecimento e prática dos profissionais para desenvolver as ações de educação em saúde, sendo necessário a expansão e a participação mais ativa dos membros da equipe de estratégia de saúde da família.
Alves, et al 2021 BrasilNexus- Revista de Extensão do IFAM  Descritivo  Aumentar conhecimento, disseminar informações, sensibilizar público diverso, incluindo desde crianças, estudantes do ensino médio, até pacientes de uma (UBS)    Concluiu-se que as ações educativas realizadas obtiveram retorno positivo, com 80% de eficácia, analisados através de questionários realizados na ação, observando o interesse da população na educação em saúde.
SILVA, 2023 Brasil    Brazilian Journal of Health ReviewRevisão NarrativaMapear e correlacionar publicações sobre parasitoses na infância, observando as medidas de promoção e prevenção na perspectiva da educação em saúde.Educação em Saúde é um meio de ensinar as crianças em fase de crescimento a importância de desenvolver hábitos saudáveis, ferramenta para prevenção de verminoses intestinais em público mais afetado.
OLIVEIRA, et al 2023 BrasilCapim Dourado Diálogos em Extensão   Descritivo Promover hábitos saudáveis através de atividade educacionais em crianças com idade pré-escolar em Manaus.Apontaram a importância das ações educativas realizadas para orientar educadores sobre as noções básicas de higiene oral, transmissão dessas informações e acrescentar conhecimentos aos conteúdos absorvido na universidade.
Corrêa, et al 2020 Brasil Revista Saúde em Redes     Descritivo  Relatar uma experiência de educação em saúde, prevenção de parasitoses prevalentes e discussão das responsabilidades de professores e profissionais da educação em complementaridade com as ações do setor saúdeOs profissionais da educação mostraram-se ao final do estudo sensibilizados sensibilizados e interessados com as ações desenvolvidas e com tema em si, verificando-se facilidade para assimilar a mensagem educativa.
Fonte : Os Autores, 2024.

Como pode ser analisado no Quadro 1, no que se refere ao ano de publicação, os anos de 2020 e 2023 concentrou o maior número de publicações, cinco no total. O de 2021 teve uma publicação respectivamente. Quanto ao local do estudo, foi possível identificar que os estudos apresentaram-se todos realizados no Brasil. 

Com relação ao tipo de estudo, todos os artigos são oriundos de pesquisas originais, realizadas diretamente com pacientes ou bancos de informações, são estudos de experimentais, retrospectivo e descritivos. Os periódicos de origem dos artigos, na maioria são da própria área de enfermagem, com artigos nacionais, reafirmando mais uma vez, a relevância da temática em estudo, e do rigor metodológico que os artigos se encontram.

A Educação em Saúde é uma estratégia que potencializa o cuidado de enfermagem ao envolver atividades educativas na assistência ao paciente, utilizando recursos disponíveis nos serviços de saúde, sejam públicos ou privados. Estas ações são importantes para a promoção da qualidade de vida e para o desenvolvimento de tarefas diárias das pessoas (Costa et al., 2020).

O educador pode utilizar de diversos meios para levar o conhecimento ao cliente, isso requer técnicas pedagógicas para o desenvolvimento de ações que possam sensibilizar e torna o ouvinte participativo, deixando consciente dos enfrentamentos de situações no âmbito individual ou coletivo que possam influenciar em uma qualidade de vida (Salci et al., 2013).

De acordo com Nogueira (2020), a partir da década de 1950 e até o início dos anos 2000, perpassando a ditadura militar e a redemocratização do Brasil com a Constituição Federal de 1988, inúmeras e distintas iniciativas e abordagens pretenderam enfatizar o espaço escolar como espaço de educação popular e educação sanitária, tratando de assuntos relativos à transmissão de doenças e prestação de cuidados, na maioria das vezes com ênfase na higiene, raras vezes com ênfase da educação cidadã. Os ambientes escolares, como todos os ambientes de longa e regular permanência são mais propícios à transmissão de doenças infectocontagiosas. Tal fato associa-se a intensidade das trocas afetivas, as interações decorrentes de jogos, brincadeiras e aprendizagem cooperativa, as condições ambientais de limpeza e conservação, aos hábitos de higiene na hora da merenda, no uso dos banheiros e na escovação dos dentes, a imaturidade do sistema imunológico das crianças e aos casos de vacinação atrasada, que podem resultar no contágio pelos mais variados tipos de microrganismo.

A temática saúde na escola recebe importante atenção de órgãos públicos, sobretudo pela criação de projetos como o PSE (Programa Saúde nas Escolas) que visa, entre outros objetivos, à promoção da saúde e de atividades de prevenção, sendo a escola o espaço para a convivência social e estabelecimento de relações favoráveis esse fim (Brasil, 2020). Esse entendimento nos levou a crer na emancipação desse projeto principalmente nas escolas.

Contudo, as ações de Educação em Saúde merecem atenção ampliada, sendo necessária a participação de usuários na mobilização, capacitação, desenvolvimento de aprendizagem, habilidades individuais e sociais para lidar com processos de saúde- doença. E ainda, devem ser consideradas as particularidades de cada grupo, bem como o entorno social em que estão inseridos (Jacob et al., 2019).

De acordo com Rosa e Costa (2020), todavia, é possível encontrar obstáculos para o desenvolvimento de ações de educação em saúde, como a resistência da população em participar desse tipo de abordagem, realizada pelo enfermeiro e por outros membros da equipe multidisciplinar. Outro fator limitante do desenvolvimento de ações de Educação em Saúde é o próprio processo de formação profissional, que é pautado na lógica da especialidade, isso porque, os profissionais de saúde tendem a desempenhar suas práticas educativas, dentro dos limites de suas áreas de atuação. Assim, durante o desenvolvimento de ações de Educação em Saúde é necessário que a enfermagem mantenha-se persistente para garantir a promoção da saúde, além de buscar estratégias de trabalho que visem melhor comunicação e compreensão do que se fala por parte do indivíduo participante, com finalidade de garantir a assistência segura e com qualidade. 

A adaptação do enfermeiro em frente a diversas situações como condições, patologias e públicos diferentes nas escolas são desafios diários enfrentados, requer esforço mental e físico. Segundo a Corrêa et al., (2020) a promoção da saúde está intrinsecamente relacionada à obtenção de informações necessárias para o ganho de autonomia do indivíduo nas mais diversas situações de vida diária e, portanto, apresenta potencial para interferir na situação de saúde tanto individual como coletiva. O cuidado coletivo está intrinsecamente ligado ao trabalho do profissional enfermeiro, portanto, espera-se da enfermagem uma relação singular com o usuário, família e comunidade que envolva a realização de ações de educação em saúde, adotando um processo de diálogo que considere e valorize os saberes da população na prevenção de doenças e promoção da saúde.

A escola é o lugar ideal para desenvolver programas de educação em saúde porque exerce uma grande influência durante a etapa de formação de vida de uma criança, onde diferencia das demais instituições por ofertar educação por meio de construção de conhecimentos científicos anexados a diferentes disciplinas; tendo de confrontar com um choque de culturas trazidos pelos alunos, seja resultados de crenças, culturas próprias ou de seus familiares, onde os profissionais com seus saberes gera o que se convencionou chamar “cultura escolar”, que assume expressão própria e particular em cada estabelecimento, embora apresente características comuns a tudo aquilo que é típico do mundo escolar (Brasil, 2009). 

De acordo com  (Costa Silva, 2020) A escola é o lugar de descobertas e proporciona situações que estimulem o desenvolvimento psicomotor da criança, por meio de atividades que instiguem a troca de experiência, produzindo a curiosidade e obstáculos a serem ultrapassados, respeitando a individualidade de cada criança e contribuindo na socialização. 

Nas escolas, o trabalho de promoção da saúde com os estudantes e com as professoras e demais funcionárias precisa ter como ponto de partida “o que elas sabem” da implicação de questões sociais, de acesso ao saneamento básico e à alimentação de qualidade, assim como da disposição das condições de infraestrutura. Os que participaram mostraram- se sensibilizadas com as ações desenvolvidas, demonstraram interesse e curiosidade pelo tema, bem como elogiaram as abordagens, o que resultou na participação ativa delas em todas as atividades, verificando-se facilidade para assimilar a mensagem educativa. A realização dessas ações de educação em saúde contribuiu para melhorar a qualidade da informação não só dos participantes, mas de toda a comunidade escolar por meio do ensino da prevenção de parasitoses intestinais, além de ser este um ponto norteador na reavaliação das rotinas diárias, como mudanças comportamentais e adoção de atitudes mais saudáveis. Além disso, foi possível instruir as professoras e demais profissionais sobre os benefícios à saúde que a ação educativa pode proporcionar ao indivíduo e, sobretudo, ao coletivo, despertando para um segmento de corresponsabilidade e compromisso no que tange às atitudes e às mudanças comportamentais ou de ação social que a saúde como um todo exige (Corrêa et al., 2020).

É possível observar que em diferentes estudos e distintos assuntos, os autores concordam entre si sobre a maneira como a escola é vista, uma importante ferramenta para aplicar ações, pois não somente alunos são sensibilizados sobre os assuntos, porém, os professores, funcionários em geral também participam, o que resulta não somente a limitação de conhecimento na escola, mas na comunidade que faz parte daquele lugar. De acordo com Columé e Oliveira (2012), o desenvolvimento de um pensamento crítico e reflexivo sobre hábitos saudáveis em uma comunidade começa pela abertura do profissional com uma abordagem problemática, assim levando o usuário do serviço de saúde a perceber sua protagonizarão no processo de promoção da saúde.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo tratou-se uma temática pouco discutida em comparação com outros temas da área da saúde, indicando uma falta de conteúdo mais explorados na área. Apesar da existência do PSE e todas as políticas que o englobam, é notório que ainda há muito o que pesquisar e estudar.

As dúvidas norteadoras foram respondidas, mas na certeza de que este estudo não irá encerrar aqui, pois o mesmo abre possibilidades para outras pesquisas que ocorrerá. A pesquisa bibliográfica foi de extrema importância, ampliando ainda mais o campo epistemológico do assunto abordado.

Dessa forma, entende-se que o enfermeiro pode contribuir positivamente para a melhoria da qualidade de vida de seu usuário, através de propostas de educação em saúde, tendo assim melhoria de sua qualidade de vida. No que diz respeito à educação em saúde, nota-se que os usuários estão sartifeitos com a atuação do enfermeiro. 

Por fim, o conhecimento sobre a abordagem do enfermeiro no Programa Saúde na Escola é um tema de grande importância uma vez que a escola é um espaço privilegiado para promoção da saúde e prevenção de doenças na infância e adolescência, mas que ambos ainda necessitam se interlaçar por meio de metodologias educacionais, cursos de capacitações, especialização, entre outros.

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