REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102501271120
Auristelo Pereira Alves 1
RESUMO
O presente trabalho versa sobre o uso real e significativo das tecnologias, novas metodologias, currículo e interatividade dentro do processo educacional enquanto necessidades sociais, culturais, políticas econômicas. E para tanto, teve como metodologia a revisão bibliográfica com uma abordagem qualitativa para buscar responder sobre as relações existentes entre tecnologia, nova metodologia, currículo e interatividade. Assim sendo, é preciso compreender o vínculo existente entre esses termos para buscar, num contexto significativo de aprendizagem, compreender a função social da escola. Temos dessa forma, como objetivo principal, analisar a relação existente entre tecnologia, novas metodologia, currículo e interatividade. Para alcançar o objetivo foi preciso revisitar a história, principalmente, ao que tange a concepção de currículo, pois é a partir dessa referência que se inicia a relação entre o tripé: tecnologia, currículo e interação. Como exemplo, de uma boa experiência, enquanto prática inovadora de currículo, vem à luz o currículo australiano que aborda essa relação deixando os alunos como sujeitos participativos no processo educacional.
Palavras-chave: Tecnologia. Currículo. Interatividade.
ABSTRACT
This work deals with the real and significant use of technologies, new methodologies, curriculum and interactivity within the educational process as social, cultural and economic political needs. And to this end, the methodology was a bibliographic review with a qualitative approach to seek to answer the existing relationships between technology, new methodology, curriculum and interactivity. Therefore, it is necessary to understand the link between these terms to seek, in a meaningful learning context, to understand the social function of the school. Therefore, our main objective is to analyze the relationship between technology, new methodology, curriculum and interactivity. To achieve the objective, it was necessary to revisit history, especially regarding the conception of curriculum, as it is from this reference that the relationship between the tripod begins: technology, curriculum and interaction. As an example of a good experience, as an innovative curriculum practice, the Australian curriculum comes to light, which addresses this relationship, leaving students as participatory subjects in the educational process.
Keywords: Technology. Curriculum. Interactivity.
1 Introdução
Ao falar do uso de tecnologia, novas metodologias, currículo e interatividade, é preciso compreender o vínculo existente entre esses termos para buscar, num contexto significativo de aprendizagem, compreender a função social da escola. Cabe destacar que o currículo brasileiro sofreu influências externas em sua composição.
É importante revisitar um pouco a história, pois nela teremos a oportunidade de conhecermos e aprofundarmos as relações existentes entre os conceitos aqui tratados, principalmente, ao que se refere ao currículo. Adotamos a concepção de instrumento escolar, enquanto caminho que deverá ser percorrido no processo educacional.
O principal objetivo deste paper é analisar a relação existente entre tecnologia, novas metodologias, currículo e interatividade. Para isso, ele foi dividido em uma breve introdução e desenvolvimento com uma análise a partir do tripé tecnologia, educação e currículo. Ainda, no desenvolvimento, destaca-se um exemplo de uma prática inovadora de currículo: o australiano.
Faz-se necessário abordar o uso das tecnologias nas relações educativas, principalmente, porque elas transformaram nossa prática social, por isso reafirmamos que, “tais tecnologias passaram a fazer parte da cultura, tomando lugar nas práticas sociais e resignificando as relações educativas ainda que nem sempre estejam presentes fisicamente nas organizações educativas” (Almeida & Silva, 2011, p. 3). A realidade nos impulsiona a tomarmos uma atitude diante desse processo educacional, isto é, “assumir uma posição crítica, questionadora e reflexiva diante da tecnologia, que expresse o processo de criação do ser humano, com todas as suas ambigüidades e contradições” (Almeida & Silva, 2011, p. 6).
O presente trabalho teve como metodologia a revisão bibliográfica com uma abordagem qualitativa para buscar responder sobre as relações existentes entre tecnologias, novas metodologias, currículo e interatividade.
2 Tecnologia, educação e currículo: uma relação que exige interatividade
Deve-se observar que a palavra currículo se refere a uma sistematização daquilo que se deve ensinar. É de conhecimento nosso que o Brasil foi ao longo dos anos se adaptando na construção de um currículo próprio.
No período colonial, o currículo brasileiro dependia dos valores cristãos impostos pelos jesuítas que estavam preocupados em salvar almas, a educação tinha como objetivo catequizar.
Com a vinda da família real portuguesa, o currículo estava adaptado para uma formação da elite. Tratava-se de uma formação voltada para a manutenção daqueles que deveriam permanecer no poder, por isso o currículo estava, especificamente, para aqueles que estavam na situação de liderança do país.
Já na Revolução de 1930, o currículo passou a tomar novos rumos, pois as ideias republicanas passaram a incentivar uma educação mais democrática. É nesse período que a escolanovista ganha força. Esse movimento era baseado na escola progressista de Dewey e, ligadas a esse teórico, procuravam desenvolver um sistema educacional brasileiro. A escola Nova se distancia da tradição dos jesuítas, pois defendiam uma escola laica, gratuita e para todos. É visto que, os idealizadores da Escola Nova, tinham como principal objetivo tornar os discentes sujeitos do próprio aprendizado.
Assim sendo, ao longo do processo educacional, o currículo brasileiro foi ganhando forma e assumindo uma identidade. É claro que as mudanças ocorridas estavam atreladas às necessidades sociais, culturais, políticas e econômicas, pois o currículo não é neutro.
A discussão sobre o currículo brasileiro só foi se intensificar depois da década de 1980, período em que estávamos dependentes da teorização norte-americana (funcionalista).
Assim, passando pelo período do Manifesto Pioneiro da Escola Nova, pela Revolução de 1930, o currículo brasileiro passou do rascunho para uma verdadeira sistematização. Novas questões foram surgindo a partir do interesse da democratização brasileira. E, a partir daí, houve a criação da Lei de Diretrizes e Base, 1996. Apareceu os Parâmetros Curriculares Nacionais via MEC e, por fim, em 2017 foi aprovado a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Certamente as transformações continuarão, pois o currículo faz parte e, toma forma, a partir do contexto, das necessidades da sociedade em que está inserido.
Nota-se a influência das diversas culturas estrangeiras em vários aspectos do nosso ensinar. Percebemos que alguns currículos de modelos internacionais são utilizados por algumas escolas brasileiras e até mesmo no currículo nacional.
O que torna interessante essa inspiração em relação aos currículos é que não o fazemos de uma simples cópia, mas conseguimos inserir alguns conhecimentos vindos de fora em nossa prática pedagógica.
Veja, no Brasil, muito se fala dos itinerários e de conteúdos divididos por áreas do conhecimento. Aqui, percebe-se uma semelhança com o currículo australiano em que eles colocam 8 diferentes áreas do conhecimento.
Outra fonte curricular interessante é o International Bacalaure (IB) pertencente à Suíça. De fato, muito inspira o Brasil, pois as metas a serem alcançadas devem ser aquelas referentes às competências e habilidades, fazendo com que os alunos se tornem cidadãos mais críticos e comunicativos.
Segundo Haetinger (2017, p. 75), “o século XXI é o contexto ideal para a formação de novos cidadãos e novas comunidades que priorizem a atuação em rede, a cooperação e a criatividade”. É previsto que, em um mundo globalizado, a educação deverá se manter conectada à cultura, às vivências e às necessidades escolares. É nesse sentido que se faz necessário o estudo do currículo, pois ele nos faz refletir sobre o ponto de partida e onde se pretende chegar. Destacamos dessa forma que:
É preciso reforçar a certeza de que a formação integral da personalidade do educando será incompleta sempre que se relegar a um segundo plano a expressão criadora, portanto é preciso que a escola esteja aparelhada ideologicamente e materialmente para proporcionar aos alunos técnicas, meios e ambientes de liberdade, onde possam desenvolver sua capacidade expressiva, construtiva e criadora. (Novaes, 1980, p.118 como citado em Haetinger, 2017, p. 70)
Salvaguardamos que, o currículo é um caminho que deve ser percorrido pelos discentes para se alcançar, no final, diferentes referenciais, pois “o produto mais valioso de nossa época passa a ser o conhecimento e as habilidades e competências diferenciadas” (Haetinger, 2017, p. 75). Assim, percebemos nas Diretrizes Curriculares Nacionais que o fundamental é o acesso dos conteúdos básicos respeitando os diversos contextos.
Em relação à inserção das tecnologias no contexto escolar, percebe-se a boa vontade dos profissionais da educação, porém faltam equipamentos suficientes, ou seja, há escolas que fizeram inserção de computadores para que os estudantes tivessem uma abordagem e uso da informática no aprendizado. Veja que, as tecnologias são construtos sociais, ou seja, não podem ser vistas apenas como o fruto lógico de um esquema de desenvolvimento do progresso técnico. Elas são resultantes de orientações estratégicas, de escolhas deliberadas, num determinado momento dado da história e em contextos particulares (Peixoto & Araújo, 2010, p. 12).
Nota-se, muitas vezes que há uma incoerência absurda, pois existem salas de aulas compostas por 30 estudantes e a escola acaba instalando apenas um computador. Será neste aspecto apenas mais um recurso sem uma real significação no processo de aprendizagem. Outra tecnologia que foi inserida na escola foi uma lousa digital, porém colocada em uma única sala. Nem todos os professores aprenderam, ou não se interessaram em manuseá-la. Tal fato comprova que “o que se observa é o pouco investimento em efetivos processos de formação continuada de professores para essa integração” (Scherer & Brito, 2020, p. 5).
O fato é que as tecnologias estão entrando nos currículos escolares, e se faz necessário investir na formação de profissionais da educação, pois a “formação de professores é essencial para a leitura e a posição crítica frente às tecnologias” (Almeida & Silva, 2011, p. 6). Uma vez que, muito se faz, na prática, sem uma análise que aponte para o uso real e significativo. É preciso ressaltar que todos os envolvidos no processo educacional compreendam que “se a crise é de comportamentos, é porque efetivamente nós, escolas e educadores, ainda não conseguimos entender a ideia de formação integral de ser cidadão, de aprender” (Haetinger, 2017, p. 104) e, por isso se prontifiquem na elaboração de um plano para fomentar uma interação na comunidade escolar para que as tecnologias façam sentido no processo da aprendizagem, não sendo apenas mais um recurso.
2. 1 Currículo: um prática inovadora
O currículo australiano, por considerar os setores da sociedade mais próximos da realidade e colocar os conteúdos mais próximos da realidade e das necessidades dos estudantes, torna-o bastante inovador e reflexivo. Cabe lembrar aqui que essa possibilidade de aproximação da realidade (Projeto de Vida) coloca a escola num papel privilegiado, ou seja, ela dialoga (torna-se aberta) para os discentes e dessa maneira, evidencia-se o protagonismo, a autonomia daqueles que estão em processo de aprendizagem (os estudantes). Isso é formidável, pois encontramos nesse processo o currículo participativo. Assim, percebe-se que cada estudante busca se envolver com o conhecimento numa perspectiva dialogal, demonstrando pensamento crítico e destacando a importância da interação dos próprios aprendentes com o uso responsável de novas tecnologias.
3 Considerações Finais
Vimos no decorrer do trabalho que o currículo é um caminho em que os alunos devem percorrer para alcançar referenciais diversificados, pois no âmbito escolar o currículo é apenas um instrumento que serve como uma seta para indicar o ponto de partida e onde se pretende chegar.
Portanto, ao analisar a concepção de currículo, verificamos ao longo da história brasileira influências estrangeiras em sua construção. Percebemos, ainda, a inserção das tecnologias, como novas metodologias que resignificam as relações educativas, trazendo para sala de aula a interação em uma nova linguagem.
4 Referências Bibliográficas
Almeida, M. E. B. de. & Silva, M. da G. M. da. (2011). Currículo, tecnologia e cultura digital: espaços e tempos de web currículo. Disponível em https://revistas.pucsp.br/index.php/curiculum/article/view/5676 acessado em 14 de março de 2024.
Haetinger, M. G. (2017). A escola que encanta e transforma vidas. Fortaleza, CE: CeNE.
Peixoto, J.; & Araújo, C. H. dos S. (2012). Tecnologia e educação: algumas considerações sobre o discurso pedagógico contemporâneo. Disponível em https://www.scielo.br/i/es/a/fkjYHb7qD8nk4MWQZFchr6k/?format=pdf8&lang=pt acessado em 14 de março de 2024.
Scherer, S.; & Brito. G. da S. (2020). Integração de tecnologias digitais ao currículo: diálogos sobre desafios e dificuldades. Disponível em https://www.sciel.br/i/er/a/FCR5M56M6Chgp4xknpPdkmx/?lang=pt acessado 14 de março de 2024.
1 Graduação em Letras. Especialização em Língua Portuguesa e Literatura. Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. auristeloalves@gmail.com