A RELAÇÃO DO USO DE TELAS DIGITAIS E A MIOPIA INFANTO-JUVENIL: UMA REVISÃO DE LITERATURA.

THE RELATIONSHIP BETWEEN DIGITAL SCREEN TIME AND JUVENILE MYOPIA: A LITERATURE REVIEW.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10069848


Clara Espinato de Souza1
Bruno Cezario Costa Reis2


RESUMO

A miopia é uma alteração oftálmica que afeta um a cada quarto pessoas no mundo. A sua incidência está aumentando devido a maior exposição aos fatores de risco ambientais para o seu desenvolvimento, devido aos hábitos de vida moderno. O objetivo dessa revisão de literatura foi analisar a existência da relação entre o uso de telas digitais e o aumento da incidência de miopia entre crianças e adolescentes. Os artigos para análise foram buscados nas bases de dados da National Library of Medicine (PubMed) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), utilizando os descritores “myopia”, “screen time” e “children”, com o operado booleano “and”. Foram incluídos artigos de jornais publicados entre 2017 e 2021, em português, inglês e espanhol, sendo escolhidos aqueles que melhor se relacionaram com o tema. Excluiu-se artigos que fugiram do tema proposto, artigos de revisão de literatura, resumos, metanálises e artigos duplicados. Após avaliação, foram selecionados 22 artigos para análise. Neles, os resultados encontrados foram pouco divergentes, pois quinze artigos relacionaram diretamente a miopia ao uso excessivo de telas e dois artigos questionaram se tal associação é verdadeira. Uma vez que ainda não exista um consenso que confirme a relação causal entre o uso de telas com o aumento de incidência da miopia, conclui-se que apesar das fortes evidências, novos estudos que utilizem uma amostra maior de crianças e adolescentes ao longo do tempo deverão ser realizados, de forma a ser esclarecida se tal relação é verdadeira e a partir dos dados, definir qual é o tempo de exposição e qual distância entre o objeto eletrônico e o rosto são seguros para prevenir o desenvolvimento precoce da miopia.

Palavras-chave: Miopia. Tempo de tela. Crianças.

1. INTRODUÇÃO

A miopia é uma alteração visual que acarreta a formação da imagem antes dela chegar na córnea, ou seja, o míope consegue ver objetos próximos com nitidez, mas os objetos distantes são visualizados como se estivessem desfocados. Ela ocorre quando a córnea é curva demais, denominando-se miopia de curvatura, ou, mais comumente, quando o olho é mais longo que o normal, chamada de miopia axial. É o distúrbio refrativo mais comum em todo o mundo, apresentando diversas possíveis causas, genéticas e ambientais. Sabe-se que o fator genético é o principal predisponente, uma vez que crianças cujos pais são míopes tem maior chance de desenvolver miopia. E também os fatores de risco ambientais, pois estudos relacionam o maior uso da visão de perto com o aumento da progressão da miopia (CUNHA, 2000; GOMES et al., 2020).

A miopia geralmente desenvolve os primeiros sintomas entre os oito e quatorze anos de idade podendo progredir até os vinte a 25 anos. A prevalência da miopia em países como os Estados Unidos da América ou países europeus gira em torno de 25%. Na China, estima-se que 40% das pessoas tenham mais de um grau de miopia. Já no Brasil, alguns estudos demonstram que cerca de 10% da população possua algum grau de miopia, porém esse número é subestimado devido ao menor acesso ao serviço de oftalmologia, e que na realidade a porcentagem provavelmente é mais próxima dos países mais desenvolvidos.

Muitas vezes quem percebe primeiro a possível alteração da visão das crianças são os profissionais da educação, que notam na criança dificuldade em enxergar a lousa, certo grau de desatenção e dificuldade de realizar tarefas. Dentre as queixas que as crianças míopes podem apresentar, as mais comuns são dificuldade para enxergar de longe, cefaleia frontal frequente, dor constante nos olhos e necessidade de escrever com o rosto muito perto do caderno. Diante desses sintomas, é necessário que a criança seja encaminhada ao oftalmologista para avaliação (FIO CRUZ, 2023).

Com a mudança dos padrões de comportamento das últimas duas décadas, as crianças estão sendo expostas cada vez mais precocemente às plataformas digitais, ao mesmo passo em que as atividades ao ar livre, que é um fator protetivo da miopia devido a exposição dos olhos à luz solar, diminuíram. O maior fator de risco ambiental para desenvolvimento da miopia é a exposição às telas digitais, como televisões, computadores, tablets e celulares, estando o uso prolongado sem descanso visual ou o rosto muito próximo do dispositivo relacionados com a causa e com a progressão e agravamento da miopia. A razão do uso prolongado de telas levar a miopia é devido ao excesso de uso da visão de perto, que favorece o crescimento axial do olho (GOMES et al., 2020; PEREIRA et al., 2018).

Devido a pandemia da Covid-19, o tempo de tela aumentou ainda mais, pois as pessoas, incluindo as crianças passaram a depender desses dispositivos para a maioria de suas atividades (ASLAN & SAHINOGLU-KESKEK, 2022) O ensino passou a ser online, a recreação e os momentos de lazer não mais eram em parques ou shoppings, mas sim em tablets e celulares, as visitas aos entes queridos não mais eram possíveis, então os encontros também foram transferidos para o ambiente digital (FIO CRUZ, 2023; ALVAREZ-PEREGRINA et al., 2021)

Desse modo, esta revisão teve como objetivo analisar o impacto do uso de telas digitais sobre a miopia em crianças e adolescentes, relacionando a exposição às telas ao aumento da incidência da miopia nesses grupos e como os pais e educadores podem controlar o uso desses equipamentos utilizados pelos jovens de modo a não prejudicar a visão a curto e longo prazo.

2. METODOLOGIA

Este artigo trata-se de uma revisão integrativa de literatura. Utilizou-se as bases de dados National Library of Medicine (PubMed) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). A busca pelos artigos foi realizada utilizando os seguintes descritores: “myopia”, “screen time” e “children”, com o operador booleano “and”. Os descritores foram pesquisados apenas na língua inglesa e constam nos Descritores de Ciências da Saúde (DeCS).

A revisão de literatura foi realizada de acordo com as seguintes etapas: escolha do tema a ser pesquisado, escolha das palavras-chave, escolha das bases de dados, verificação das publicações nas bases de dados, armazenamento dos resultados, seleção dos artigos a partir da análise dos resumos e dos parâmetros de inclusão e exclusão, leitura completa dos artigos para extração e interpretação de dados para chegar a um resultado4.

Feita a pesquisa dos descritores nas bases de dados, aplicou-se filtros de pesquisa, sendo o primeiro uma delimitação temporal (2017 a 2021), seguido de filtro da base de dados, sendo selecionado artigos de jornais. Quanto a disponibilidade do texto, full text e o idioma espanhol, inglês e português. Foram incluídos artigos originais, ensaios clínicos randomizados ou não randomizados, estudos de caso-controle, e estudos de coorte. Foram excluídos os artigos de revisão de literatura, resumos, metanálises, artigos duplicados e artigos que fugiam da temática da influência do uso de telas sobre o aumento de incidência de miopia em crianças.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Após a associação dos descritores “myopia”, “screen time” e “children” nas bases de dados pesquisadas, foram encontrados 42 artigos na base PubMed e 47 artigos na base BVS. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados dezenove artigos no PubMed e 21 artigos no BVS, sendo que havia dezoito artigos duplicados entre as bases de dados BVS e PubMed, sendo esses retirados, resultando assim em três artigos selecionados no BVS. Sendo assim, foram selecionados para análise completa 22 artigos, conforme demonstrado na Figura 1.

Figura 1: Fluxograma de identificação e seleção dos artigos selecionados nas bases da PubMed e Biblioteca Virtual da Saúde

Fonte: Autores (2023)

Foram avaliados nos 22 artigos os principais resultados que relacionados ao uso de tela, correlacionando a exposição a telas à maior incidência de miopia, a exposição abaixo do primeiro ano de vida ao maior risco de desenvolvimento de síndrome de visão computacional e maios suscetibilidade às alterações oculares. Foram avaliados os resultados dos trabalhos selecionados e posteriormente elaborado um quadro comparativo, composto pelo número de indivíduos abordados nos estudos, faixa etária, ano de publicação e principais resultados, conforme apresentado no Quadro 1.

Quadro 1. Caracterização dos artigos conforme ano de publicação, número de indivíduos abordados, idade e principais resultados.

AutorAno NIdadeResultados

Alvarez- Peregrina C; et al


2021


5.827


5 a 7 anos
O aumento de tempo de uso de dispositivos eletrônicos durante a pandemia do Covid-19 implicou em aumento do número de miopia em crianças de cinco a sete anos.
Aslan F; et al
2021

115

8 a 17 anos
Os programas educacionais a distância devem ser elaborados de modo a evitar a progressão da miopia em crianças e adolescente.

Huang L; et al

2021

26.611

1 a 3 anos
A exposição à telas na primeira infância está associada à miopia pré-escolar posterior.

Huang L; et al

2021

53.575
IM 5 anos (DP=0,7)Maior tempo de tela durante a primeira infância aumenta o risco de miopia.

Lanca C; et al

2021

12.241

IM 8,8 anos (DP=2,9)
O tempo de tela pode ser associado à miopia, mas mais pesquisas devem ser realizadas para confirmação.

Li R; et al

2021

2.005
IM 12 anos (DP = 3)Crianças míopes e maior tempo de tela aumentam o risco de síndrome da visão computacional.

Ma D; et al


2021


208


8 a 10 anos
As crianças estavam em maior risco de progressão da miopia durante a pandemia do Covid-19 devido ao aprendizado online e à leitura em tela digital.

Ma M; et al


2021


201


7 a 12 anos
Mudanças no comportamento e progressão da miopia foram encontradas durante a quarentena doméstica do COVID-19.


Wang J; et al


2021


123.535


6 a 13 anos
O estado refrativo das crianças mais novas pode ser mais sensível às mudanças ambientais do que as de idade maior, visto que as crianças mais novas estão em um período crítico para o desenvolvimento da miopia.

Wang W; et al

2021

3.461

O aumento da exposição à tela digital contribui para a progressão da miopia em crianças e adolescentes.
Zhang X; et al20211.7936 a 8 anosHá aumento potencial na incidência de miopia devido ao aumento no tempo de tela entre os escolares durante a pandemia da COVID 19.
Alvarez-Peregrina C; et al202074975 a 7 anosO estudo demonstrou que crianças míopes tinham maior tempo de exposição à telas digitais que as não míopes.
Berticat C; et al20202644 a 18 anosO estudo mostra que a probabilidade de miopia aumenta proporcionalmente ao aumento do uso de telas.
Enthoven CA; et al202050746 a 9 anosO estudo demonstra que o aumento do uso do computador está associado ao desenvolvimento de miopia nas crianças.
Toh SH; et al2020169110 a 19 anosO artigo não relaciona os resultados visuais do estudo ao uso de telas digitais.
Vagge A; et al202044 a 16 anosO artigo descreve as alterações oculares causadas pelo abuso do uso de telas digitais.
Yang GY; et al2020295950 a 3 anosOs resultados indicam que a exposição à telas, principalmente no primeiro anos de vida, pode estar associada a maior chance de miopia.
Hansen MH; et al2019144316 a 17 anosA coorte demonstrou que em jovens hígidos o uso prolongado de dispositivos eletrônicos aumenta a prevalência de miopia.
Harrington SC; et al201916266-7 anos; 12-13 anosO estudo mostra que a miopia é mais prevelente entre 12-13 anos e naqueles que fazem uso de tela por mais de 3 horas por dia.
Salmerón-Campillo RM; et al20184510 a 13 anosOs resultados demontram que a distância entre a tela do tablet e o rosto da criança deve ser de quarenta centímetros a fim de evitar alterações oculares.
McCrann S; et al2018329 pais8 a 13 anosO estudo mostra que os pais não tinham atitudes de prevenção à miopia.
Saxena R; et al201796165 a 15 anosO artigo afirma que a miopia é um problema de saúde relevante e está relacionada ao tempo de uso de computadores e videogames.

Fonte: Autores 2023.

Dos 22 artigos selecionados, quinze artigos (68,18%) correlacionam a exposição a telas à maior incidência de miopia, dentre eles, um indica que a exposição abaixo do primeiro ano de vida é ainda mais perigosa. Os artigos mostram que crianças com diagnóstico de miopia e com maior tempo de tela possuem maior risco de desenvolver síndrome de visão computacional, relacionada ao uso de telas. Demonstrou-se que as crianças mais novas, que estão na primeira infância, são mais suscetíveis às alterações oculares causadas pelas telas. E ainda foi demonstrado que distâncias menores que quarenta centímetros do celular ou tablet do rosto da criança são ainda mais prejudiciais para a saúde dos olhos.

Um artigo dos 22 artigos abordados, citou a importância da vigilância dos pais sobre os hábitos de tela de seus filhos, de modo a evitar que passem longos períodos em celular ou computador e passem também um período ao ar livre. Já o papel da escola sobre o uso de telas e que os programas educacionais devem ser pensados de modo a evitar grandes períodos de exposição. A preconização de atividades físicas externas com exposição à luz solar é citado em um artigo (4,55%).

Além disso, apenas dois artigos (9,09%) não relacionam o uso de telas como causa de miopia ou como causa da progressão dessa alteração visual. Ambos afirmam que pode haver certa relação, mas que ainda não há comprovação e que mais estudos devem ser realizados de modo a confirmar ou negar a influência das telas sobre a miopia. Esta é a parte na qual se diz como foi feita a pesquisa. Existem várias formas de se explicitar uma metodologia. Deve-se optar por uma maneira que dê suporte adequado para realização da pesquisa ou sua replicação.

Dentre os vinte e dois artigos selecionados, quinze relacionam o aumento da incidência de miopia ao uso de dispositivos eletrônicos. Esse tema é discutido no estudo de Gomes et al., (2020) que demonstra a presença de maior comprimento axial dos olhos devido uso de computadores, que leva a um maior risco de desenvolvimento ou agravamento da miopia. O estudo ainda faz um comparativo entre o impacto do uso da visão para a leitura e para o uso de computador e, apesar que ambas atividades há uso da visão de perto, como a luminosidade do computador é mais forte e dinâmica, a visão é mais prejudicada. O estudo de Gomes et al., (2020) ainda demonstra uma clara associação entre o uso prolongado (mais de sessenta minutos) de smartphones e computadores com o declínio visual entre as crianças e reitera a importância de passar tempo ao ar livre durante o dia, especialmente durante as horas com maior luminosidade, como ao meio-dia, devido ao seu papel protetor na progressão da miopia (GOMES et al., 2020; CIENTÍFICO, LOUREIRO & PINTO JR, 2019).

Em relação aos cuidados que os pais e responsáveis devem ter em relação ao tempo de exposição às telas e se consideram que possa ou não ser prejudicial às crianças, um estudo realizado por McCrann S, et al (2018) buscou associar os pais como possíveis agentes de controle da miopia. Nesse estudo foram avaliados 329 pais, de crianças entre oito e treze anos, que responderam um questionário sobre seus conhecimentos sobre a miopia, seus fatores de risco e os hábitos de vida dessas crianças. De 329 pais, apenas 46% considera que a miopia seja um risco para a saúde de seus filhos. Em relação aos hábitos das crianças, os pais que consideram miopia como um risco a saúde de seus filhos limitaram mais o tempo de tela em comparação aos pais que não consideram como um risco. O estudo ainda revela que diariamente, as crianças passam cerca de 255 minutos usando aparelhos eletrônicos, que prejudicam a visão por forçar o uso da visão de perto e têm apenas 180 minutos de atividade ao ar livre, que é considerada um fator protetor à miopia. A autora conclui que a maioria dos pais (54%) têm atitudes indiferentes em relação à miopia e não dividem adequadamente a parcela de tempo que seus filhos passam em frente a uma tela digital e realizando atividades ao ar livre (MCCRANN, et al., 2018; SAXENA et al., 2017).

O Manual de Orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria (2019), reforça que ações dos pais e educadores são essenciais para que as crianças tenham uma relação saudável com os aparelhos eletrônicos. É essencial que cuidadores e educadores auxiliem os pais a fazer uso consciente de telas, monitorando rigorosamente o tempo de exposição, a qualidade dos conteúdos, que devem ser estritamente de caráter educativo e buscar balancear o tempo de tela com atividades físicas, contato com a natureza, com brincar, tempo familiar de qualidade, interação face a face, inatividade e ócio criativo, de modo que sem os estímulos gerados pelas telas, a criança não se sinta ansiosa e consiga se divertir, protegendo a sua saúde física, mental e social (MCCRANN et al., 2018; CIENTÍFICO, LOUREIRO & PINTO JR, 2019).

Dos vinte e dois artigos analisados, apenas dois não relacionam diretamente o uso de dispositivos digitais como causa de miopia em crianças e adolescentes. A revisão realizada por Lanca & Saw (2020), inclui quinze estudos, dos quais sete afirmam que há uma associação do tempo de tela com a miopia, porém os outros oito estudos mostram evidências mistas, ou seja, há uma tendência que haja ligação entre o tempo de exposição à telas e a miopia mas são necessários mais estudos objetivos a fim de avaliar as evidências e chegar a um resultado concreto (ASLAN & SAHINOGLU-KESKEK, 2022: LANCA & SAW, 2020).

Do mesmo modo, o estudo revisional de Joshua Foreman et al. (2021) expõe que o uso excessivo de dispositivos digitais inteligentes, como smartphones e tablets podem ser um fator de risco para miopia, porém a variabilidade do tempo de exposição, se havia ou não associação de um ou mais dispositivos, a variabilidade do número de amostras e a idade média dos participantes (três a dezesseis anos), concluiu-se que mais estudos devem ser realizados para associar o uso de telas como fator de risco independente para miopia (FOREMAN, 2021).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A relação entre o uso de telas digitais com a miopia é uma importante questão de saúde pública, uma vez que a taxa de incidência dessa alteração está aumentando em todo o mundo, principalmente entre as crianças e adolescentes, que estão apresentando alterações oculares cada vez mais precocemente.

Os resultados da revisão de literatura corroboram com a importância que deve ser dada ao tema, uma vez que quinze dos vinte e dois artigos relacionam diretamente o uso desenfreados de dispositivos eletrônicos ao aumento da incidência da doença. Porém, como dois artigos questionam se essa relação poderia ser apenas coincidência e que outros aspectos das atividades diárias podem também estar associados ao desenvolvimento da doença, conclui-se que estudos mais robustos deverão ser realizados a fim de elucidar se os hábitos de uso de tela estão de fato relacionados a maior taxa de incidência e progressão da miopia.

REFERÊNCIAS

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1 Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade de Vassouras Campus Vassouras e-mail: claraespinato23@gmail.com

2 Docente do Curso Superior de Medicina da Universidade de Vassouras Campus Vassouras e-mail: brunoreis011@gmail.com