A REDES SOCIAIS NA FORMAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DAS NOTÍCIAS: DESDOBRAMENTOS E DESAFIOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10672207


Mayrla Lima1


Com o avanço e disseminação generalizada da internet na era contemporânea, as interações entre indivíduos no cenário online intensificaram-se. As redes sociais digitais consolidaram-se como plataformas onde pessoas e instituições se reúnem, compartilham conteúdo/experiências e estabelecem conexões por meio de seus perfis e páginas pessoais e profissionais (NERIS JÚNIOR, 2020).

Antes da era das redes sociais, as notícias eram predominantemente disseminadas por veículos de comunicação tradicionais, como jornais, rádio e televisão. No entanto, com a ascensão das redes sociais, o controle sobre a narrativa informativa se descentralizou. Agora, qualquer pessoa pode ser um disseminador de notícias, e a velocidade com que as informações circulam atingiu níveis sem precedentes.

A instantaneidade das redes sociais permitiu que eventos e notícias se tornassem virais em questão de minutos, desafiando a capacidade das mídias tradicionais de acompanhar o ritmo. As redes sociais também deram voz a uma variedade de perspectivas e fontes de informação, muitas vezes fora do escopo tradicional dos meios de comunicação convencionais. Isso contribuiu para uma diversificação das vozes na esfera pública.

A sociedade contemporânea enfrenta o desafio de lidar com a rápida e massiva proliferação de informações não verificadas nas mídias sociais e outras plataformas online. Isso cria um ambiente propício à manipulação da opinião pública. Em ambos os casos, a credibilidade das fontes de notícias tradicionais pode ser comprometida, pois o público pode começar a duvidar da precisão e imparcialidade das informações divulgadas por essas fontes.

As redes sociais surgiram como poderosas ferramentas de comunicação, conectando milhões de pessoas ao redor do mundo. No entanto, essa interconectividade trouxe desafios significativos, especialmente em relação à disseminação de notícias. O papel das redes sociais na disseminação de informações é marcado por uma dualidade: por um lado, facilitam o acesso rápido às notícias; por outro, servem como palco para a disseminação de desinformação.

Um dos principais impulsionadores da rápida disseminação de notícias nas redes sociais é a viralidade. Conteúdo que evoca emoções intensas, seja positivas ou negativas, tende a se espalhar rapidamente. Isso cria um ambiente propício para a proliferação de notícias falsas, já que muitos usuários compartilham informações sem uma verificação adequada. O fenômeno das “fake news” tornou-se uma preocupação global, comprometendo a integridade da informação e desafiando a confiança do público nas notícias.

Nesse cenário, o papel dos jornalistas torna-se crucial. Diante do volume massivo de informações circulando nas redes sociais, a verificação de fatos e a busca pela verdade tornam-se tarefas cada vez mais desafiadoras. Jornalistas desempenham um papel vital na promoção da responsabilidade informativa, pois sua expertise em investigação e verificação de dados é essencial para distinguir entre notícias confiáveis e desinformação.

A excelência no jornalismo está intrinsecamente ligada à criatividade e verificação, embora seu papel muitas vezes passe despercebido na produção de notícias. Jornalistas lidam com pressões comerciais implacáveis que podem comprometer a qualidade das histórias, especialmente em uma era digital onde sua obrigação ética de manter transparência com o público é mais crítica do que nunca (LOPEZ et al., 2022). De acordo com o código de ética da Society of Professional Journalists, jornalistas devem “assumir a responsabilidade pela precisão de seu trabalho. Verificar informações antes de divulgá-las”. Isso destaca a importância da ética no jornalismo, especialmente nos dias de hoje.

Um elemento fundamental essencial para instilar confiança no jornalismo gira em torno da credibilidade e confiabilidade de suas fontes. Fontes confiáveis são imperativas para o jornalismo de notícias garantir a entrega de informações precisas e manter padrões jornalísticos. Jornalistas continuamente enfrentam o desafio de selecionar detalhes pertinentes do constante influxo de informações, exigindo um equilíbrio delicado. A importância da verificação de fatos para autenticar o conteúdo das notícias não pode ser exagerada na mitigação de riscos. No entanto, a era da digitalização e o aumento substancial nas fontes potenciais de notícias exigem abordagens inovadoras e aprimoradas para lidar com a questão da confiabilidade das fontes (WINTTERLIN, BLÖBAUM; 2016).

A verificação de conteúdo e fontes de mídias sociais tornou-se progressivamente crucial para jornalistas e organizações de notícias. Segundo Brandtzaeg et al. (2016), o conteúdo de mídias sociais é frequentemente utilizado como fonte primária de notícias, levando os jornalistas a empregar diversas estratégias de verificação para tanto o conteúdo quanto as fontes nessas plataformas. Os autores também observaram uma variedade de habilidades entre os jornalistas, especialmente na verificação de conteúdo visual relacionado às mídias sociais. Além disso, o estudo destaca as expectativas dos usuários quanto a futuras inovações em ferramentas que facilitem a verificação de conteúdo de mídias sociais.

Shesterkina et al. (2021) afirmam que a educação jornalística não atende às demandas em constante mudança do mercado de mídia de massa. Além disso, na atual era de guerras de informação, pós-verdade e consideração das redes sociais como fontes de notícias, ensinar aos futuros jornalistas a verificação e a confirmação de informações é um dos requisitos primários do mercado de mídia de massa.

Além disso, a alfabetização midiática torna-se um componente crucial para o público em geral. Os usuários de mídias sociais precisam desenvolver habilidades críticas para avaliar a credibilidade de fontes, identificar sinais de notícias falsas e compreender o processo jornalístico. As redações também podem incorporar tecnologias de verificação de fatos e colaborar com plataformas de mídias sociais para conter a disseminação de informações enganosas.

Com esse cenário as mídias tradicionais foram forçadas a se adaptar a esse novo ambiente. Muitos veículos de comunicação incorporaram estratégias de engajamento nas redes sociais para alcançar audiências mais amplas e interagir diretamente com os consumidores de notícias. No entanto, esse engajamento muitas vezes vem com desafios, como a necessidade de equilibrar a rapidez da divulgação com a precisão e a responsabilidade jornalística.

O impacto das redes sociais na construção das notícias tem sido profundo e multifacetado. Enquanto proporcionam uma maior acessibilidade e diversidade de informações, também apresentam desafios significativos relacionados à veracidade, polarização e confiança. O futuro da mídia provavelmente exigirá uma abordagem equilibrada que integre as vantagens das redes sociais com a responsabilidade jornalística tradicional.

Referências

Azim, S., Roy, A., Aich, A., & Dey, D. (2020). Fake news in the time of environmental disaster: Preparing framework for COVID-19. SocArXiv. https://doi.org/10.31235/osf.io/wdr5v.

Gradon, K. (2020). CRIME IN THE TIME OF THE PLAGUE: FAKE NEWS PANDEMIC AND THE CHALLENGES TO LAW-ENFORCEMENT AND INTELLIGENCE COMMUNITY. Society Register. https://doi.org/10.14746/sr.2020.4.2.10.

Karami, M., Nazer, T., & Liu, H. (2021). Profiling Fake News Spreaders on Social Media through Psychological and Motivational Factors. Proceedings of the 32nd ACM Conference on Hypertext and Social Media. https://doi.org/10.1145/3465336.3475097.

Waghmare, A., & Patnaik, G. (2021). FAKE NEWS DETECTION OF SOCIAL MEDIA NEWS IN BLOCKCHAIN FRAMEWORK. Indian Journal of Computer Science and Engineering. https://doi.org/10.21817/indjcse/2021/v12i4/211204151.

Zhao, Z., Zhao, J., Sano, Y., Levy, O., Takayasu, H., Takayasu, M., Li, D., & Havlin, S. (2018). Fake news propagates differently from real news even at early stages of spreading. EPJ Data Science, 9, 1-14. https://doi.org/10.1140/epjds/s13688-020-00224-z.


1Jornalista com mais de dez anos de experiência no mercado de trabalho, atuando em diversos segmentos da profissão como repórter, editora, produtora, social media, fotojornalismo, assessoria de imprensa e comunicação social. Formada em Comunicação Social – Faculdade São Luís- 2010 (Atualmente Faculdade Estácio). Sindicalizada no Sindicato de Jornalistas de Minas Gerais-BR, com carteira profissional Nacional e Internacional.