A PRÁXIS DO PSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202503221647


Mariane Caroline Brandão¹


Resumo: O objetivo geral deste artigo é discutir a importância da atuação do psicopedagogo para promover a aprendizagem na educação infantil. O brincar e o aprender são atividades indissolúveis da Educação Infantil permitindo as crianças vivenciarem experiências fundamentais para seu desenvolvimento humano integral. Entretanto, mesmo com o uso de metodologias de ensino diversificadas, os docentes poderão ter em suas turmas alunos com dificuldades para se apropriarem dos conceitos mediados e que são sugeridos pelo Referencial Curricular da Educação Infantil (RCNEI), cabendo as instituições adaptá-los e acrescer outros conteúdos que se ajustam a sua realidade. Em meio a esse contexto, emerge a necessidade dos professores contarem com um profissional habilitado no curso de especialização em Psicopedagogia para orientá-los conduzindo-lhes a repensar sua práxis pedagógica e desenvolver intervenções múltiplas que possibilitem a apropriação os conceitos inerentes ao currículo, mesmo que isso demande mais tempo para criança com dificuldades. O psicopedagogo também poderá atuar diretamente com os educandos com dificuldades de aprendizagem e, como possui conhecimentos específicos sobre a temática, terá mais possibilidades de elaborar um plano de intervenção psicopedagógico eficaz. Para aprofundar tais discussões, escolheu-se como metodologia, a realização de uma pesquisa bibliográfica em diversos livros e artigos que permitiram a elaboração das seguintes análises críticas.

Palavras-Chave: Educação Infantil. Lúdico. Brincar. Aprendizagem. Professor.

1 INTRODUÇÃO

A criança matriculada na Educação Infantil está submetida a métodos próprios de aprendizagem, construção de conhecimentos e valores a partir do contato com adultos especializados no desenvolvimento infantil e, que se mostram aptos estabelecer uma ponte entre o conhecimento que marca o concreto e o abstrato, o mundo real e o imaginário no qual as crianças vivem.

Ao conhecer as várias etapas do desenvolvimento infantil, bem como, suas características físicas e emocionais, o professor tem a possibilidade de determinar quais jogos, brinquedos e brincadeiras podem ser utilizados de forma pedagógica, propiciando e ampliando as influencias e estímulos necessários para a concretização da aprendizagem infantil.

Neste sentido, na medida em que são matriculados na Educação Infantil com faixa etária que oscila entre 0 a 5 anos, caberá ao professor integrar o conhecimento que precisa para tornar a sala de aula estimuladora assim como o ambiente da escola agradável para seu desenvolvimento.

Mesmo que o processo de ensino nessa fase não tenha como objetivo quantificar a aprendizagem fazendo com que o educando, seja ou não ser aprovado para o nível seguinte, todos aqueles que apresentarem dificuldades de aprendizagem poderão ser notados pelo educador e precisão de um Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Na rotina de sala de aula, a criança demora mais ou até mesmo não consegue realizar determinadas atividades propostas, por isso, o professor precisa apresentar sensibilidade para observar de maneira diferenciada, buscar identificar os fatores, temporários ou permanentes, que estão limitando seu desenvolvimento e a partir disso, tentar auxiliá-la.

Seria ideal se todos os educadores pudessem realizar o curso de Psicopedagogia, por ser uma área desenvolvida especificamente para pensar sobre os aspectos gerais da aprendizagem humana.  Diante da perspectiva de que as crianças ingressam cada vez mais cedo no âmbito educacional, o objetivo geral deste artigo é discutir a importância da atuação do psicopedagogo para promover a aprendizagem das crianças matriculadas na Educação Infantil.

A metodologia empregada nesse estudo baseia-se em análises bibliográficas que possam contribuir para a descrição do quanto às atividades lúdicas contribuem para o desenvolvimento cognitivo, emocional, social da criança ao longo da primeira infância.  

2 ASPECTOS GERAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

As relações e os processos que marcam o desenvolvimento infantil têm sido cada vez mais questionados nas últimas décadas, sobretudo, porque os profissionais da educação reconhecem a plasticidade de sua mente e o grande potencial de aprendizagem que marca os primeiros anos de vida da criança.

A compreensão de que a criança precisa receber precocemente estímulos que contribuam para a potencialização do seu desenvolvimento, as esferas públicas brasileiras (Estados, Municípios e União) têm ampliado os recursos destinados especificamente para Educação Infantil.

Nesta fase de ensino são matriculadas as crianças, de ambos os sexos, que possuem entre zero e cinco anos independente se são filhas de pais trabalhadores ou não, diferentemente do que acontecia em períodos históricos anteriores. Entre zero e três anos² serão inseridas na creche e, com quatro e cinco anos no período pré-escolar³ – embora ambas funcionem geralmente na mesa instituição.

De acordo com Queiroz (2013, p.17) a instituição educacional deve:

[…] ser sinônimo de situação de aprendizagem e desenvolvimento. Isto porque situ (remete a lugar/espaço) + ação (refere-se a tempo/movimento) significa mudança/transformação. A instituição tem a função social de proporcionar o incremento do capital cultural do bebê e da criança pequena, trazendo o novo, o instigante, o desafio em seu processo de humanização.

Ao ingressar no processo de educação formal, a criança mesmo que vivencie seus primeiros anos de vida, estará imersa em um processo de mudança e aprendizagem contínua, conduzida pelo professor e por sua pré disposição para realizar as atividades que lhes são direcionadas e tem como objetivo a possibilidade de assimilação de novos conhecimentos.

Neste ambiente em contato com um adulto mais experiente que organiza o espaço da sala de aula, dispõe os recursos didáticos disponíveis, utiliza o brinquedo e o brincar para estimular a criança, possibilita que gradativamente se aproprie de valores culturais construídos pela sociedade na qual participa.

Ao serem delineados os processos de ensino e aprendizagem da criança, Brasil (2006) destaca a necessidade de construção de propostas pedagógicas específicas a Educação Infantil, marcadas por princípios éticos, que lhe permitam as crianças atendidas a construção de saberes, conhecimentos e princípios como a autonomia, responsabilidade, respeito, organização dentre outros (ASSIS, 2012).

Gradualmente a criança deve ser preparada para o exercício da cidadania, formação ética e moral, aprendendo que é um ser pleno de direitos e deveres e, que no decorrer de sua vida, deverá baseá-la nestes fundamentos para se tornar uma pessoa justa, digna e honesta.

As instituições de Educação Infantil segundo Brasil (2006, p.27):

[…] destinam-se às crianças, brasileiras e estrangeiras, sem distinção de gênero, cor, etnia, proveniência social, credo político ou religioso, com ou sem necessidades especiais. Cabe às gestoras e aos gestores das instituições de Educação Infantil permitirem a matrícula ao longo de todo o ano letivo, sempre que houver vaga disponível. Entretanto, matricular ou não uma criança de 0 até 5 anos na instituição de Educação Infantil é um ato de livre vontade das mães e dos pais e/ou responsáveis pelas crianças.

A Educação Infantil “tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 6 anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade” (art. 29 da LDB). A Política Nacional de Educação Infantil parte dessa finalidade para estabelecer como uma de suas diretrizes a indissociabilidade entre cuidado e a educação no atendimento às crianças da Educação Infantil.

A universalidade do acesso à educação foi garantida pela Constituição Federal do Brasil de 1988, bem como, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96) garante que todos os cidadãos brasileiros ou naturalizados, o acesso a instituições públicas de ensino, cujos processos de ensino e aprendizagem estejam fundamentados em padrões mínimos de qualidade, contratação de professores qualificados e, ainda a garantia de estrutura física, material e humana necessária para o processo de ensino e aprendizagem.

Além disso, para que a escola se constitua em um ambiente motivador é assegurado por meio de leis complementares a valorização e o respeito as minorias, a cultura, crença religiosa, cor, opção sexual e hábitos de todos os educandos sem que sejam permitidos qualquer tipo de discriminação (BRASIL, 2010).

As distintas perspectivas humanas, bem como, a valorização do outro apoiada pela convivência em grupo permite a construção de um ambiente pleno de experiências que fortalecem a aprendizagem. Ao mesmo tempo, agregam valores às ações dos educandos matriculados em todos os níveis da educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e, posteriormente no ensino superior e, em distintos contextos sociais.

Com base nessas compreensões prévias, é possível iniciar o próximo subitem que apresenta a compreensão histórica do modo como a Psicopedagogia se consolidou, as áreas de atuação desse profissional e os papéis que poderá assumir frente aos educandos com dificuldades de aprendizagem.

3 A PSICOPEDAGOGIA COMO ÁREA DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO 

A percepção de que os alunos pertencentes às classes sociais mais pobres apresentam diversos problemas de aprendizagem, podem ser situadas nas primeiras iniciativas para a erradicação do analfabetismo no Brasil, que tiveram início no final do século XIX com a Proclamação da República.

Ao longo das décadas de 1920 e 1930, a escola era compreendida com um instrumento capaz de promover a equalização social e corroborar para a construção de uma nova sociedade, capaz de suprir as exigências do modelo industrial que estava sendo implementado.

A necessidade de acabar com o analfabetismo e de fornecer mão de obra especializa para o trabalho nas fábricas, foi acompanhada pela expansão da rede pública escolar e, consequentemente, como a identificação de diversos problemas tais como: repetência escolar, dificuldades de aprendizagem e defasagem dos alunos matriculados.

Para minimizar tais problemas, a Psicopedagogia, consolidada por meio de conhecimentos oriundos fundamentalmente da Psicologia e da Pedagogia (embora também utilize saberes de outras áreas como a neurologia entre outras), passou a ganhar espaço no cenário educacional.

Tal situação se efetivou porque através de seus saberes, os professores poderiam compreender melhor o modo como a aprendizagem é construída, bem como, os diferentes fatores condicionantes, temporários ou permanentes, que a limitam. A partir de tais dados, tornar-se-ia possível delinear as características do Atendimento Educacional Especializado (AEE) necessário para auxiliar os educandos com dificuldades de aprendizagem (MARTINS, 2011).

Em relação à formação dos psicopedagogos no país, os autores Cortês e Rausch (2009, p.3809) descrevem que a maior parte dos profissionais, tem sua formação inicial em cursos de Pedagogia ou Psicopedagogia e, busca especialização em Psicopedagogia, em nível Lato Sensu, para atuar.

O curso de especialização em Psicopedagogia é regido pela Resolução nº 12/83, de 06.10.83, pelo órgão denominado como Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPP) e por um Código de Ética específico da profissão. Isso ocorre porque, a Psicopedagogia não é oferecida em cursos de graduação, licenciatura ou bacharelado, apenas cursos de especialização.

O psicopedagogo pode atuar no âmbito institucional em clínicas oferecendo Atendimento Educacional Especializado (AEE) e/ou em âmbito institucional, ou seja, em escolas da educação básica, públicas ou privadas. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, 9394/96) ao reconhecer a Educação Especial como uma modalidade da Educação, ampliou a participação desses profissionais no âmbito educacional, visto que existem muitos alunos com dificuldades e transtornos de aprendizagem precisando de auxilio.

Segundo as definições do Código de Ética do Psicopedagogo, criado pela Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) em 2011 e, reformulado em 2013, a Psicopedagogia pode ser compreendida da seguinte maneira:

Artigo 1º

A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos.

Parágrafo 1º

A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento, relacionada com a aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre os processos de aprendizagem e as suas dificuldades.

A intervenção psicopedagógica está voltada ao aluno com dificuldades de aprendizagem, mas também, com a família e todos os profissionais que atuam na escola, a fim de estabelecer os métodos de ensino que melhor se adéquam as especificidades da criança atendida.

Vale mencionar, que o psicopedagogo precisa contar com o auxilio de outros profissionais, sobretudo, da área médica e psicológica, constituindo uma equipe multidisciplinar. Dentre os deveres a serem cumpridos pelo psicopedagogo em sua práxis cotidiana, cita-se o seguinte artigo do Código de Ética deste profissional:

Artigo 11º

São deveres do psicopedagogo:

a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem da aprendizagem humana;

b) desenvolver e manter relações profissionais pautadas pelo respeito, pela atitude crítica e pela cooperação com outros profissionais;

c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos parâmetros da competência psicopedagógica;

d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia;

e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer definição clara do seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de documento pertinente;

f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos;

g) manter o respeito e a dignidade na relação profissional para a harmonia da classe e a manutenção do conceito público.

A preservação da identidade da criança é uma necessidade e deve ser tratada de forma crítica, tanto no âmbito clinico quanto institucional. Na escola, o psicopedagogo deverá informar os professores sobre as características dos alunos, os métodos de ensino utilizados, seus avanços, dificuldades, conversas com outros profissionais da área da saúde, como, por exemplo, psicólogos, neuropediatras, dentre outros profissionais.

Bossa (2007, p.23) define a Psicopedagogia como uma área do conhecimento cujo “objeto de estudo é o processo de aprendizagem e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios”. Desse modo, além intervir diretamente sobre as dificuldades apresentadas, o psicopedagogo também pode atuar preventivamente com educandos matriculados nas diversas séries da educação infantil e básica.

Quando o aluno já apresenta dificuldades de aprendizagem, além das mediações do conteúdo contidos na grade escolar, também irá auxiliar no fortalecimento de sua auto-estima, socialização, capacidade para lidar com suas limitações e não ceder diante dos seus fracassos, aprender a ser resiliente, manter-se motivado e superar cotidianamente as dificuldades que lhes são impostas.

De acordo com Oliveira (2011, p.05) compete ao psicopedagogo, com auxilio de outros professores e pais, também ensinar essas crianças ou jovens a se tornarem “militantes dos seus ideais, enfrentando as injustiças sociais e semeando atitudes mais humanas”. Eles precisam saber que tem limitações, mas acima disso, que possuem potenciais, competências e habilidades que também podem ser exploradas para que se tornem pessoas de sucesso.

Quando os professores do ensino regular encaminham o educando que está apresentando dificuldades para aprender, sobretudo, nos anos iniciais sem um diagnóstico fechado, o profissional da sala de recursos dará início a um processo de investigação que culminará em indícios de quais podem ser suas dificuldades.

Ao descrever as especificidades do diagnóstico realizado pelo, Oliveira (2011, p.08) conclui que ele pode ser utilizado como:

[…] uma ferramenta que irá respaldar a terapia com a criança. É por isso que a escola é de fundamental relevância para elucidar pontos cruciais para se chegar a um diagnóstico preciso sobre as causas que estão levando o educando a apresentar dificuldades.

Sua realização exige entre nove doze sessões constituídos por diversos tipos de intervenções, tanto com o aluno, pais, entrevistas com professores, análise de seu material didático e suas produções, a fim de evidenciar quais são e o nível em que suas dificuldades atuam.

Com base nesses dados, tem-se a próxima fase do processo de atendimento que consiste na elaboração plano de intervenção individualizado com estratégias, recursos e metodologias de ensino específicas para cada caso. É importante destacar que, mesmo que o psicopedagogo atenda doze autistas, cada um apresentará suas próprias características e irá requerer intervenções específicas.

Nas escolas públicas paranaenses, os alunos especiais frequentam a Sala Multifuncional de Recursos (SRM), no contraturno, sendo atendidos por um profissional habilitado em Psicopedagogia e/ou Educação Especial fornecendo-lhes o Atendimento Educacional Especializado (AEE) que precisam.

4 A PRÁXIS DO PSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

As discussões em torno do trabalho que pode ser desenvolvido pelo psicopedagogo na Educação Infantil ainda são relativamente escassas no Brasil, entretanto, não são menos importantes do que em outros níveis educacionais, visto que, a criança de 0 a 5 anos também passa por um intenso processo de aprendizagem (ARCE & MATINS, 2007).

Nesse âmbito, o psicopedagogo irá atuar com o enfoque preventivo e, em decorrência da faixa etária, poderá se utilizar do lúdico, ou seja, do brinquedo, do brincar e das brincadeiras para reduzir as dificuldades que possam ser apresentadas pela criança, estimulando seu desenvolvimento psicomotor, equilíbrio, percepção, motricidade motora fina e grossa, socialização, aprendizagem da leitura, escrita e dos conceitos iniciais da matemática contidos no currículo da Educação Infantil (ASSIS, 2012).

Em meio aos múltiplos recursos empregados para promover a aprendizagem infantil, em meio ao brincar e as brincadeiras, também podem ser citados os jogos on line ou que podem ser manuseados, que cumprem diversas funções como ampliar a capacidade de interpretação, escrita,  raciocínio lógico, linguagem artística, entre outras estratégias que tornem a tarefa de aprender menos árdua e complicada (DALLADONA & MENDES, 2012).

Nos casos em que as dificuldades são acentuadas, o psicopedagogo precisará realizar um diagnóstico será baseado em alguns passos programáticos. Estes foram definidos por Weiss (1994, p.25) da seguinte maneira: 1º Entrevista Familiar Exploratória Situacional (EFES); 2°Anamnese; 3°Sessões Lúdicas Centradas na Aprendizagem; 4° Complementação com provas e testes; 5° Síntese Diagnóstica – Prognóstico e 6°Devolução – Encaminhamento.

Com base nos indiciados coletados, será possível solicitar que os pais procurem neuropediatras e/ou psicólogos que possam confirmar ou não os dados levantados, corroborando, para o delineamento, das intervenções psicopedagógicas e do Atendimento Educacional Especializado (AEE) que terá início já na Educação Infantil (BOSSA, 2007).

As intervenções psicopedagógicas a que a criança com dificuldades de aprendizagem está sujeita, permitirão que as experiências construídas no decorrer de sua vida escolar sejam menos traumatizantes, reduzindo as possibilidades de surgirem outras comorbidades associadas, reduzindo a possibilidade de desenvolvido de problemas emocionais e psicológicos em séries posteriores.

Segundo Limberger (2015, p.04):

O psicopedagogo pode fazer muita diferença numa instituição, com uma escuta e um olhar mais sensível quanto às demandas de professores, alunos e família. Ele tem um papel importante dentro da escola, não apenas ao que se refere ao acompanhamento de casos, mas também para o apoio e orientação aos professores, podendo servir de “ponte” de comunicação entre os intervenientes do contexto escola.

Entre as contribuições que podem ser dadas pelo psicopedagogo que atua com crianças nessa faixa etária, cita-se a elaboração de diferentes propostas e estratégias que corroboram para a construção de sua aprendizagem. Dessa forma, ele pode não estar em sala de aula, entretanto, ao orientar os professores em sua práxis também se utiliza dos saberes oriundos da Psicopedagogia e aborda diferentes caminhos para consolidar a aprendizagem dos pequenos educandos.

As ações propostas pelo psicopedagogo em conjunto com os docentes, precisam considerar as características dos alunos, mas também, o meio social, familiar, cultural e socioeconômico a que estão sujeitos, para, a partir disso, realizar as orientações necessárias para o fortalecimento de sua aprendizagem (OLIVEIRA, 2008).

Ao identificar que alguns educandos estão apresentando maiores dificuldades que os outros, é preciso que seja delineado um processo de investigação capaz de identificar os fatores que a causam e, principalmente, como intervir no problema evitando que a criança se frustre e/ou apresente problemas que possam se agravar no decorrer de seu processo de escolarização (GRASSI, 2009).

Diante dos diversos fatores que podem limitar a aprendizagem, é indispensável que esse profissional mantenha-se em formação continuada, para que ao atuar com seus alunos/pacientes possa delinear uma relação embasada no respeito, na valorização de seu potencial, no estímulo dos pontos falhos de seu desenvolvimento e delinear percursos fundamentados na cooperação mútua.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação Infantil é a primeira fase da educação brasileira, abrange crianças de 0 a 5 anos e é compreendida por inúmeros estudiosos como preponderante para o desenvolvimento humano integral desses pequenos educandos. A partir de 4 anos, a LDB torna obrigatória sua matricula, preferencialmente em instituições públicas próximas a sua casa, embora possam buscar instituições privada.

O trabalho do psicopedagogo na Educação Infantil é de grande relevância, sobretudo, quando se volta às crianças que precocemente estão apresentando dificuldades de aprendizagem.

Dentre as intervenções que podem ser promovidas no Atendimento Educacional Especializado (AEE), após o diagnóstico do tipo de dificuldade apresentada, tem-se o inicio das intervenções psicopedagógicas que possibilitam o desenvolvimento de um trabalho diferenciado com esse educando na sala de aula (em conjunto com os demais colegas).

Nesse período as atividades lúdicas em meio ao processo educacional são indispensáveis, pois influenciam diretamente na aprendizagem, motivação e outras habilidades que tendem a ser desenvolvidas de acordo com o contexto em que são empregadas.

Dessa forma, por meio das atividades lúdicas, compostas pelo brincar, o brinquedo e a brincadeira, as crianças matriculadas na Educação Infantil são estimuladas pelo psicopedagogo ou pelo professor responsável pelo processo de ensino e aprendizagem a aprender brincando em ambientes preparados préviamente preparados.  

Portanto, o psicopedagogo na Educação Infantil pode atuar tanto na orientação dos professores que possuem em suas turmas alunos com dificuldades de aprendizagem, quanto, no Atendimento Educacional Especializado (AEE) direto fornecido a criança.


²A matricula é facultativa aos pais.
³Segundo a LDB a matricula é obrigatória, cabendo aos pais ou responsáveis, buscarem escolas públicas mais próximas de sua residência, embora seja possível, optar por instituições de ensino privado, cabendo-lhes arcar com as despesas (LDB, art 18; § I e II).

REFERÊNCIAS

ARCE, Alessandra; MARTINS, Ligia M. (Orgs.). Quem tem medo de ensinar na Educação Infantil? Em defesa do ato de ensinar. Campinas, SP: Alínea, 2007.

ASSIS, Muriane Sirlene Silva de. Prática pedagógica na educação infantil: o papel da brincadeira para o desenvolvimento cultural da criança. XVI ENDIPE – Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino – UNICAMP – Campinas – 2012

BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2007.

BRASIL. Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional. Nº9394/96 de 20/12/96. Brasília: Ministério da Educação e Desporto, 1996.

_______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.  Parâmetros nacionais de qualidade para a educação infantil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica – Brasília. DF, 2006

_______.  Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil. Secretaria de Educação Básica – Brasília, DF: MEC, 2010.

CARVALHO, Amanda. Brincar (es) na Educação Infantil. Belo horizonte: UFMG, 2005.

CORRÊA, Bianca Cristina. Considerações sobre qualidade na educação infantil. Cadernos de Pesquisa, n. 119, p. 85-112, julho/ 2003

DALLADONA, Sandra Regina, MENDES, Sueli Maria. O Lúdico na educação Infantil: jogar, brincar, uma forma de educar. Revista Divulgação Técnica Científica do ICPG, 2012

GRASSI, Tania Mara. Psicopedagogia: um olhar, uma escuta. Curitiba: Ibpex, 2009.

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KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, Brinquedo, e a Educação. 4.ed. São Paulo: Cortez,2000.

LIMBERGER, Vanessa. O psicopedagogo na Educação Infantil. CIA – publicações: Revista Ciclo do Conhecimento. 2015. Disponível em: http://centraldeinteligenciaacademica.blogspot.com.br/2015/11/a-atuacao-do-psicopedagogo-na-educacao.html?view=magazine Acesso: 10 jun de 2017.

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WEISS, Maria Lúcia. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem Escolar. Rio de Janeiro. Ed. Lamparina, 2007.


¹Graduada em Pedagogia pelo Instituto Superior de Educação Anglo Americano de Foz do Iguaçu, 2015. Pós-Graduada em Educação Infantil e Alfabetização pelo Instituto Rhema Educação – FATEC, 2016. Email: mariane_foz@hotmail.com.