REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10107137
Ana Beatriz de Almeida Castro¹
Carla Leal da Silva²
Anna Chrystyna Alves Lessa da Rocha³
RESUMO
O relacionamento abusivo contra a mulher é identificado através da violência sexual, moral, física, patrimonial e também psicológica, há em muitas situações uma manutenção intermitente dessas violências, para que assim, haja a permanência de mulheres por meio da dependência. O presente artigo tem como objetivo apresentar fatores que contribuem para a permanência de mulheres em relacionamento abusivo. Concebido através da perspectiva da Terapia Cognitivo- Comportamental, o estudo também visa introduzir as técnicas que podem ser utilizadas por psicólogos clínicos dessa abordagem. Para a produção do artigo foi realizada uma pesquisa bibliográfica do tipo qualitativa acerca da temática, por meio da utilização de livros de acervo pessoal, artigos científicos e dissertações disponíveis em plataformas digitais científicas. Diante do exposto no artigo, é possível constatar que a Terapia Cognitivo-Comportamental possui eficácia no tratamento de mulheres vítimas de relacionamentos abusivos, a partir do emprego de técnicas, relação terapêutica e compreensão da subjetividade dessa mulher, objetivando a redução dos sintomas negativos.
Palavras-chave: Dependência Emocional. Terapia Cognitivo-Comportamental. Relacionamento Abusivo. Transtorno de Personalidade Dependente.
ABSTRACT
Abusive relationships against women are identified through sexual, moral, physical, patrimonial and also psychological violence, in many situations there is an intermittent maintenance of this violence, so that women remain through dependence. This article aims to present factors that contribute to women remaining in abusive relationships, being conceived from the perspective of Cognitive- Behavioral Therapy. The study also aims to introduce techniques that can be used by clinical psychologists of this approach. To produce the article, qualitative bibliographic research was carried out on the topic, using books from personal collections, scientific articles and dissertations available on scientific digital platforms. In view of the above in the article, it is possible to verify that Cognitive- Behavioral Therapy is effective in treating women who are victims of abusive relationships, based on the use of techniques, therapeutic relationships and understanding of this woman’s subjectivity, aiming to reduce negative symptoms.
Keywords: Emotional Dependence. Cognitive behavioral therapy. Abusive Relationship. Dependent Personality Disorder.
INTRODUÇÃO
O relacionamento abusivo contra a mulher é um tema normalizado entre parte da sociedade, considerando que vivemos imersas em uma realidade de, comumente, ouvir alguma tia ou mulher mais velha descrever situações na qual o marido ou homem com o qual se relacionavam cometeram algum tipo de violência, seja física ou psicológica e trazem esse relato caracterizando essas atitudes como algo natural de uma relação a dois. Algumas vezes, mesmo ao ter conhecimento de que aquela relação não é saudável, a mulher não consegue se desvincular desse homem, desse modo, surgiu a necessidade de pesquisarmos acerca deste tema, na busca da compreensão das motivações dessa permanência e as consequências da mesma.
A psicóloga e professora Valeska Zanello (2020) afirma que os homens, desde sempre, foram ensinados a amar diversas coisas, ao passo que as mulheres foram ensinadas a amar os homens. Desta forma, o amor é parte da construção social do que é designado ao feminino. Ainda segundo Zanello (2020), o amor é a maior forma de dominação e colonização das mulheres, sendo que amar incondicionalmente é parte deste constructo, já que o papel da mulher não é o de quem decide e escolhe com quem se quer ficar, mas a de que exerce o papel de ser escolhida por um homem. Ou seja, se este homem largar esta mulher com quem mais ela ficaria? Desde crianças somos apresentadas a filmes, livros e séries que apresentam personagens femininas que buscam modificar personagens masculinos rudes e com péssima personalidade apenas com o afeto. A partir disso, desenvolve-se uma percepção de que as mulheres têm o potencial de mudar homens, e assim lança para o colo feminino mais uma responsabilidade quase maternal em relacionamentos amorosos.
Além disso, observa-se ainda a alta vulnerabilidade da mulher em ser atingida diariamente por opiniões externas sobre sua beleza, seu comportamento, seu modo de falar, seu modo de andar, entre outras coisas, onde existe uma rígida expectativa de como ela deve ser. Ressalta-se que este padrão de comportamento não é notado apenas na relação entre homem e mulher, mas nas diversas relações que a mulher está sujeita, de modo que esta dinâmica é tida como algo quase cultural no Brasil. Por isso, há na mulher a necessidade de ser validada por alguém além dela mesma, e quando isso não ocorre, há uma interferência negativa diretamente na sua autoestima e na forma como ela se percebe. Isso quer dizer que para a mulher se sentir mulher e se perceber como mulher, ela precisa, frequentemente, de alguém que a diga que assim ela é, bem como justifique as razões que a coloque dentro dessa rígida expectativa, seguindo um ideal principalmente estético.
Não obstante, é importante mencionar a recente institucionalização da Secretaria de Estado dos Direitos das Mulheres (2002), vinculada ao Ministério da Justiça, no governo federal brasileiro (Almeida, Belançon e Chave, 2019) que passou a ser responsável pela execução de políticas públicas no âmbito federal, em que nos permite observar ao longo da história os inúmeros esforços para que fossem incorporadas as perspectivas de gênero, interesses e necessidades da mulher na Constituição Federal. Contudo, com a ascensão de um governo conservador em 2018, deu-se início a uma “nova política para as mulheres, baseada em uma moralidade religiosa, na centralidade da família tradicional nuclear e heteronormativa, no resgate direto de valores tradicionais de gênero e no embate direto com as pautas e movimentos feministas” (Ipea, 2022), com isso, ressaltamos brevemente os impactos diretos sobre as mulheres, dessa nova política, considerando que uma das principais características do modelo de família tradicional, promovido pelo referido governo, é de que a mulher está subjugada, na relação heterossexual, ao “senhorio” do seu parceiro, onde fomentam a instituição de um amor sacrificial por parte da mulher, que serve para justificar a aceitação do abuso e da violência no relacionamento, onde essas mulheres devem lutar pela reconciliação com seus parceiros, ajuda-los a superar as suas “fraquezas” e estarem dispostas e à espera de um tempo em que eles se tornarão um bom companheiro que não mais lhes fará mal. Ou seja, o viés central dessa relação é de que a mulher deve perdoar o seu parceiro e insistir na relação, dado que o divórcio ou a separação não condiz com o princípio religioso norteador da constituição dessa família tradicional. Assim, como explicado pela Psicóloga Valeska Zanello, quando ocorre a ruptura dessa relação abusiva, a mulher tende a sentir o alívio imediato, contudo, também o fracasso.
Para tanto, explica-se que o relacionamento abusivo costuma ser marcado através da violência física, sexual, psicológica, patrimonial e moral (Brasil, Lei n° 11.340, 2006). De acordo com Macarini e Miranda (2018), a violência matrimonial tem sido mantida de uma forma cíclica, sendo dividida entre fases de tensão, de agressão, de desculpas e reconciliação.
O presente artigo teve como objetivo destacar a atuação do psicólogo baseada nos fundamentos teóricos da Terapia Cognitivo-Comportamental frente aos casos de pacientes do público feminino que estão em um relacionamento abusivo. A proposta é identificar as possíveis causas da permanência da mulher numa relação que possui histórico de abuso e quais as implicações do abuso para a sua subjetividade, e para a forma como conduz sua vida. Nesse sentido, a TCC emprega diversas técnicas e estratégias para ajudar os pacientes a questionar e modificar seus pensamentos automáticos disfuncionais, identificar e reestruturar crenças centrais negativas e desenvolver habilidades de enfrentamento para lidar com emoções e comportamentos problemáticos. O objetivo final da TCC é ajudar os indivíduos a desenvolver comportamentos mais adaptativos, contribuindo para a minimização do sofrimento e o resgate da sua subjetividade, bem como retomada de controle em suas tomadas de decisões, considerando que mulheres que vivenciaram uma relação abusiva podem enfrentar uma variedade de consequências psicológicas profundas e duradouras. Por isso, é importante destacar que essas respostas variam e podem depender da gravidade e duração do abuso, bem como do apoio disponível a elas.
Algumas consequências psicológicas incluem o transtorno depressivo, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de estresse pós- traumático, que ocasionam ou reforçam comportamentos destrutivos, isolamento social, culpa e vergonha. Assim, é fundamental que as mulheres que tenham vivenciado uma relação abusiva recebam apoio adequado para lidar com essas consequências psicológicas. A terapia individual ou em grupo, grupos de apoio, redes de amigos e familiares solidárias, bem como organizações de ajuda a vítimas de violência doméstica, podem desempenhar um papel crucial no processo de recuperação.
A Terapia Cognitivo-Comportamental é uma abordagem que em muito pode contribuir para o enfrentamento de problemas nos relacionamentos por algumas razões, como por exemplo pela identificação de padrões de pensamentos e comportamentos, onde a TCC ajuda os pacientes reconhecer e questionar os pensamentos automáticos, crenças intermediárias, bem como as crenças nucleares, as quais são duradouras e persistentes e são desenvolvidas quando crianças, por isso a noção de possuir característica global e fixa.
Dessa forma, a TCC não se detém apenas ao estudo e observação dos problemas levados ao processo psicoterapêuticos, mas também nas causas subjacentes, e a partir disso, busca promover mudanças consistentes para o desenvolvimento de um modelo cognitivo mais realista e funcional para o paciente.
Por fim, segundo o MDH (Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania), até o primeiro semestre do ano de 2022 foram registradas o total de 31.398 denúncias de violência doméstica contra as mulheres. Apesar dos dados alarmantes, há ainda o quantitativo de denúncias não feitas, quer sejam por mulheres silenciadas ou por mulheres que não conseguem se desprender dessas relações por terem esperança de mudança.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
DEPENDÊNCIA EMOCIONAL
Historicamente, em culturas dominadas pelo patriarcalismo, o lugar ocupado pela mulher sempre foi o de serva, mãe, corpo docilizado e obediente ao que o homem ditava. Por ser esta a autoridade máxima, historicamente a mulher foi criada para depender de uma figura masculina. Não que a dependência emocional seja fato exclusivo do sexo feminino, o fato é que, segundo dados do IBGE (2021) 19,4% das vítimas de violência são do sexo feminino, sendo o lar o principal local da ocorrência de violência.
Conforme a 5° Edição do Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais (DSM-5-TR, 2023), a dependência emocional pode ser classificada como Transtorno de Personalidade Dependente (TPD). Ainda no DSM- 5-TR (2023), são trazidos alguns critérios para que haja um diagnóstico correto do indivíduo.
Quadro 1. Critérios diagnósticos do Transtorno de Personalidade Dependente.
Há necessidade difusa e excessiva em ser cuidado, levando ao comportamento de submissão e apego, estes surgem no início da vida adulta permanecendo presente em diversos contextos, conforme indicado por cinco ou mais dos seguintes itens:
- Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramento de outros.
- Precisa que outros assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas da sua vida.
- Tem dificuldades em manifestar desacordo com outros devido a medo de perder apoio ou aprovação. (Medos reais de retaliação não devem ser incluídos)
- Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (relacionado a falta de autoconfiança em seu julgamento e em suas capacidades).
- Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer coisas desagradáveis.
- Sente-se desconfortável ou desamparado quando sozinho devido a temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si mesmo.
- Busca com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após o término de um relacionamento íntimo. Tem preocupações irreais com medos de ser abandonado à própria sorte.
Fonte: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (2023).
É possível constatarmos que o Transtorno de Personalidade Dependente tem sido diagnosticado de forma frequente em mulheres quando comparado a taxa de diagnóstico atribuída à homens. O indivíduo com TPD costuma se utilizar de muitos autoquestionamentos e são frequentemente definidos como pessimista, estão constantemente duvidando de suas próprias capacidades e de pontos positivos sobre si. Enxergam críticas que recebem como a confirmação de que não tem um valor, buscam superproteção e serem dominados por outrem. Em situações em que são exigidas que estes indivíduos precisem tomar a frente e agir de forma independente faz com que o funcionamento ocupacional destes sejam atingidos negativamente.
De acordo com Dias (2022), a forma com que uma pessoa adulta se relaciona se dá de acordo com a forma que este mesmo adulto vivenciou suas relações na infância, principalmente atrelada à figura materna ou do cuidador na infância. Por ter sido estas figuras anteriormente citadas um dos primeiros contatos sociais feitos por este indivíduo, pode haver uma predisposição da manutenção de relações saudáveis ou até mesmo patológicas na fase adulta, indo de acordo com o desenvolvimento da primeira infância do mesmo.
John Bowlby (1907-1990), médico psiquiatra inglês foi quem ocupou- se em estudar acerca da relação da criança com sua mãe e os efeitos dessa relação na criança, estudando as consequências positivas ou negativas deste cuidado materno. Para esta teoria, John Bowlby (1990) nomeou-a como Teoria do Apego, consoante ao que foi dito, a TA considerava que, a criança cria um Modelo de Funcionamento Interno para a interpretação do mundo e de si mesma, além do desenvolvimento de um tipo específico de apego que irá acompanha-la ao longo da vida através da recriação deste apego.
Ainda segundo Dias (2022), a psicóloga Mary Ainsworth (1913-1999) colaborou juntamente a J. Bowlby, aprofundando a Teoria do Apego através do experimento “Situação Estranha”, neste método é observado o modo como a criança reage diante da separação da mãe ou cuidador. As reações destas crianças foram classificadas entre: apego seguro, apego inseguro/ambivalente e apego inseguro/evitativo.
No apego seguro, a criança sente-se abalada quando sua figura de apego sai do ambiente, contudo, logo após alguns minutos ela começa a interagir com as coisas ao seu redor no ambiente, podendo brincar com outros que não sejam sua figura de apego. Quando sua figura de apego retorna ao ambiente, esta criança sente-se feliz e pede o colo para essa figura, demonstrando que se sente segura diante do cuidador (Gazzaniga, 2018).
Para Gazzaniga (2018), no apego inseguro/ambivalente, a criança chora com bastante frequência quando a sua figura de apego a deixa sozinha, não permitindo também que outras pessoas a consolem, tampouco interage com o ambiente na maioria das vezes. Ao passo que, ao ter sua figura de apego de volta, elas podem não permitirem serem acalentadas por estas figuras, como também podem permitir a aproximação dessa figura de apego.
Já no apego inseguro evitativo, a criança interage com o ambiente, contudo, não interage tanto com seu cuidador, podendo até mesmo a brincar com estranho ao invés de fazê-lo com sua figura de apego. Quando sua figura sai do ambiente, esta criança não se abala com a ausência da mesma, ao passo que, quando esta figura retorna a criança não a procura para pedir por colo (Gazzaniga, 2018).
Segundo Dalbem (2005), há também um quarto padrão de apego, conhecido por desorganizado, que se enquadra na inconsistência de reações mantidas por estas crianças, que podem desde aceitarem a presença de suas figuras de apego, como também ao estarem na presença desta figura demonstram, por exemplo, apreensão e confusão, mantendo-se distantes das figuras quando estas retornam.
Quadro 2. Reações de crianças com a saída e o retorno das figuras.
Tipo de Apego | Saída da figura de apego | Retorno da figura de apego |
Apego Seguro | A criança sente angústia. | É reconfortada quando a figura retorna. |
Apego Inseguro Ambivalente | A criança fica aborrecida e inconsolável. | Pode procurar a figura como também pode rejeitá-la. |
Apego Inseguro Evitativo | Não se afeta. | Evita a figura de apego no seu retorno. |
Fonte: Autoras (2023).
Em suma, crianças inseguras vivenciam figuras de apegos negligentes, de forma que, na vida adulta isso pode se manifestar através do psicológico e comportamentos destes mesmos adultos. Contudo, para Dos Santos (2020), na vida adulta a Teoria do Apego pode se manifestar através de outras nomenclaturas, considerando que, na fase adulta há a existência de fatores sociais, econômicos e de autonomia do sujeito. Portanto, ao chegar nessa fase, a análise não se limita somente à mãe-bebê, se estendendo a outros indivíduos que se relacionam com este sujeito em questão e levando em consideração a subjetividade deste mesmo adulto. Para melhor exemplificar como a Teoria do Apego se transfere para a vida adulta, veja o quadro 3 a seguir.
Quadro 3. Teoria do apego na fase adulta.
Segura ou Autônoma | Existe uma experiência de infância vivaz, demonstrada através da positividade e equilíbrio quanto à descrição de temas considerados traumáticos, há ainda confiança em relacionamentos, inclusive os amorosos. |
Evitativo ou Desapegado | Há uma ideação relacionada às vivências infantis apresentando falhas na memória desse período e efeitos vivenciados na infância que não são aceitos ou são suavizados. Este sujeito é negativo no relacionamento familiar e ao seu funcionamento. |
Preocupado ou Ansioso | É caracterizado por experiências confusas e/ou conflitantes da infância, demonstra dificuldades em relembrar situações dessa fase, tal como, sentem dificuldades em revisitar a origem de emoções negativas. Os relacionamentos deste indivíduo costumam ser frustrantes e diante destes relacionamentos apresentam-se confusos e angustiados. |
Desorganizado ou Desorientado | Quando confrontado com assuntos traumáticos seus relatos de experiências apresentam-se de forma desorientada e de modo desorganizado. Neste tipo de padrão de apego, há a possibilidade de que essas pessoas tenham passado por eventos traumáticos na infância, tais como o luto, abusos psicológicos, físicos, sexuais e outros traumas. |
Fonte: Autoras. Adaptado de Dos Santos (2020).
DEPENDÊNCIA EMOCIONAL PARA A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
A dependência emocional para a mulher está atrelada à submissão em relação ao outro, onde esta não possui autonomia em diversos aspectos da sua vida, e assim torna-se vulnerável às situações de violência e envolvimento em relacionamentos abusivos. Segundo Guimarães e Pedrosa (2015), essa vulnerabilidade está associada a aspectos subjetivos de cada uma, nas relações pessoais e em diferentes contextos sendo sociocultural ou econômico. Outros fatores como: isolamento social, dependência financeira, perda de liberdade, autoestima fragilizada, falta de apoio e dificuldade de acesso à informação também são alguns dos possíveis fatores que contribuem para a permanência e vulnerabilidade dessa mulher à dependência emocional e à relação abusiva.
Para tanto, a Terapia Cognitivo Comportamental é uma das abordagens mais recomendadas para o atendimento a mulheres em dependência emocional e vítimas de relacionamentos abusivos e violência doméstica, pois utiliza técnicas que focam na ressignificação de eventos traumáticos e na redução de sintomas de ansiedade, depressão e transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) (BECK, 2021).
Além disso, a TCC possibilita que, durante a relação terapêutica, sejam produzidas mudanças cognitivas e modificações nos pensamentos da mulher para produzir uma mudança tanto emocional quanto comportamental de longa duração, considerando que a base do modelo cognitivo está na interação entre pensamentos, sentimentos e comportamentos.
RELACIONAMENTO CONJUGAL ABUSIVO NO BRASIL
De acordo com o Artigo 1° do Decreto n° 1.973 de 1° de agosto de 1996, enquadra-se como violência contra a mulher quaisquer atos ou condutas que estejam baseados em gênero, que ocasionam mortes, danos ou sofrimentos, sejam físicos, sexuais ou psicológicos à mulher, não importando o local onde este ocorra. Foi a Lei Maria da Penha quem tipificou a violência doméstica feminina como crime contra a mulher, dividindo os tipos de violência como física, psicológica, sexual, patrimonial e moral (Lei n° 11.340, 2006). Segundo Baldissera (2021), aproximadamente 30% de mulheres que já se relacionaram contam ter vivenciado em algum momento dentro do relacionamento uma situação de violência física e/ou sexual.
Sabe-se, portanto, que a violência contra a mulher é um modo de violência de gênero, haja vista que, ela dirige-se ao gênero feminino, historicamente mulheres sofreram e continuam a sofrer os efeitos da desigualdade em vários âmbitos no meio social, homens ocupando locais de poder ao passo que, mulheres ocupam o espaço da manutenção de papéis sociais tais como o cuidado com a casa e com a família, que as foram impostos. Atrelado aos papéis determinados de forma histórica, a violência contra a mulher torna-se fato comum, por haver uma naturalização em sociedade de comportamentos violentos e machistas por parte do homem, e, por neste ambiente a mulher ter como encargo a permanência na obediência ao marido (Cerqueira, 2022).
Para a psicóloga Valeska Zanello (2020), o dispositivo amoroso é o fator que se torna mais central na vida das mulheres, assim como, também é o fator que mais pode as desempoderar, da mesma forma que empodera o público masculino, que tem a vida facilitada por mulheres. A dedicação dessa mulher torna- se quase que exclusiva ao amor, e, o empenho da mulher para se alcançar e manter um amor devem ser altas. A responsabilidade do casamento é imposta ao gênero feminino, enquanto suprir as necessidades financeiras e da casa é de maior responsabilidade masculina, mesmo em um ambiente em que a mulher também trabalhe. Até mesmo a agressividade é expressa de formas distintas, a mulher expressa a agressividade direcionada para si mesma, termo nomeado de “auto agressividade”, ao passo que, ao homem foi permitido e ensinado o direcionamento dessa raiva para objetos e pessoas ao longo da vida.
METODOLOGIA
De acordo com Gil (2002), a metodologia utilizada na presente pesquisa é considerada como sendo uma pesquisa bibliográfica, esse método de estudo é realizado conforme a busca e seleção de materiais que estejam já disponíveis em acervos digitais e físicos, tais como, artigos científicos, livros, revistas e etc.
Para levantamento de publicações adicionadas na argumentação da pesquisa, foram utilizados livros físicos de biblioteca pessoal, artigos científicos e dissertações, sendo estas duas últimas encontradas na internet. As plataformas científicas utilizadas para auxiliar nas pesquisas foram: Google Acadêmico, Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e, principalmente, Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PEPSIC). O corte temporal na busca dos artigos foi de 2017 a 2023. Os descritores aplicados para rastreio do tema foram: Dependência Emocional; Terapia Cognitivo-Comportamental; Teoria do Apego; Relacionamento Abusivo; Transtorno de Personalidade Dependente; Psicologia. Ao todo foram reunidos 19 (dezenove) artigos, no qual, apenas 11 (onze) foram utilizados, haja vista que, os demais artigos fugiam da temática proposta.
O tipo de pesquisa escolhida foi a qualitativa, neste tipo de pesquisa, a subjetividade do sujeito tem maior relevância na produção do conhecimento. Apesar de estar mais intrinsecamente ligada à subjetividade, este tipo de pesquisa não deixa de ser científica, devendo o pesquisador se utilizar de fontes seguras no estudo dos temas (Proetti, 2018).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
INTRODUÇÃO AO MODELO COGNITIVO
Compreende-se que, em alguns casos a permanência da mulher em relações abusivas, com aspectos de violência, se origina de uma forma distorcida ou disfuncional de visualizar os fatos, que consequentemente influenciam a emoção e o comportamento. No entanto, destaque-se que não significa que os conflitos conjugais e decorrências psicológicas provenientes destes são causados pelos pensamentos, mas que os mesmos modulam e mantêm as emoções disfuncionais, independentemente de suas origens.
Portanto, as emoções, os comportamentos e o funcionamento do organismo são influenciados pelas percepções que o sujeito tem dos eventos, isto quer dizer que não é o episódio em si que determinará seus aspectos emocionais e suas tomadas de decisões, mas sim as lentes as quais o sujeito se utiliza para enxergar o mundo. Observa-se que há um determinado padrão de pensamento, que pode ser acessado e compreendido através da identificação das regras cognitivas que foram desenvolvidas ao longo da vida de uma pessoa, que reforça a permanência da vítima no ciclo vicioso de uma relação abusiva e da violência doméstica. Para a compreensão dessa permanência, deve ser observada também quais são os reforçadores positivos identificados pela vítima do abuso e da violência. Esses reforços positivos podem vir, por exemplo, após uma briga por meio de um pedido de desculpas, uma aparente mudança de comportamento por parte do agressor com promessas ou presentes, entre outras atitudes, que irão influenciar diretamente na reconsideração da tomada de decisão por parte da vítima.
Assim, seguindo esse pressuposto sobre as regras cognitivas e reforçadores positivos dentro dessa dinâmica disfuncional de uma relação abusiva, é possível observar, conforme Moreira (2011) enfatiza, a importância trabalhar dentro do processo psicoterapêutico tais dispositivos moduladores, através, por exemplo, do desenvolvimento de regras, padrões e pressupostos novos e adaptativos.
Tanto Beck (2021) quanto Guimarães (2015) discorrem sobre a efetividade da Terapia Cognitivo Comportamental para diversos problemas de caráter psiquiátrico e psicológico. Guimarães (2015) destaca que, para cada problema e contexto há diferentes técnicas e estratégias que podem ser utilizadas, tanto em configurações grupais como individualmente, que possui o intuito de contribuir para o desenvolvimento de pensamentos mais flexíveis e comportamentos adaptativos, e assim possibilitar a minimização do sofrimento apresentado.
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO BASEADA NO FUNDAMENTO TEÓRICO DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Inicialmente, o Psicólogo deve exercer um importante papel na compreensão do cenário em que a mulher está inserida, a partir de uma perspectiva histórica, social, econômica e emocional, observando, principalmente, as consequências do abuso contra a mulher deixadas na história da sociedade e como essas marcas pode ser analisadas, inclusive, como uma das formas de violação dos Direitos Humanos, visto que está estritamente ligado ao direito à vida, à saúde e à integridade física, além de um sério problema de saúde pública que deve provocar discussões acerca de melhorias em políticas públicas que abordem o tema e assegurem os direitos da mulher, bem como fomentem o rompimento desse padrão de comportamento deixado como herança cultural de um modelo patriarcal. Identificar dentro dessas interfaces como se deu o processo de desenvolvimento psíquico e emocional da mulher é substancial para a condução do processo psicoterapêutico em direção ao resgate da subjetividade dessa mulher, a partir da definição do que pode ser as crenças nucleares que reforçam a manutenção de um relacionamento abusivo e quais as implicações das cognições disfuncionais dentro dessa relação, a fim de que seja possível produzir mudanças emocionais e comportamentais duradouras.
São identificados pela TCC três níveis de cognições, sendo eles: os pensamentos automáticos, as crenças intermediárias e as crenças centrais, segundo Beck (2021), onde os pensamentos automáticos são inerentes às particularidades do sujeito, em que se entende como um fluxo de processamento cognitivo dos fatos que ocorrem na vida dessa pessoa. Já as crenças intermediárias são as regras que uma pessoa desenvolve, ou suposições, como “se eu fizer isso… então isso me ocorrerá como consequência…” e são essas regras que darão sentido ou direção a um sujeito no decorrer da sua vida e que estão diretamente apoiadas às crenças centrais. As crenças centrais são formadas na infância, são duradouras e medulares, desenvolvidas a partir das primeiras interações da criança com outros indivíduos que possuem importante significado para sua vida, como a família. Essas interações fortalecem suas ideias e por isso as crenças centrais são consideradas globais e tidas subjetivamente para o sujeito como verdades absolutas.
A partir dessa compreensão é possível destacar o papel da cultura como importante fonte para essas crenças, onde conseguimos identificar, por exemplo, em que a mulher em toda a sua história carrega em si um viés de submissão e de inferioridade, levada a um estado de passividade, incapaz de desenvolver senso crítico, autonomia, independência e são submetidas a todo tipo de provações. Tal retrato é observado na literatura dos famosos romances, como também contos de fadas.
Dessa forma, ressalta-se a fundamental importância do profissional possuir repertório durante a abordagem do tema transcorrido, dado a sua complexidade e as inúmeras interfaces que estão por trás da forma como uma mulher compõe esse mundo, considerando que seus afetos e comportamentos são fixados pelo seu modo de pensar, sentir e agir, como qualquer outro indivíduo, segundo Beck (Beck et al., 1997).
As técnicas da TCC estão pautadas na compreensão de que cada pessoa atribui um significado diferente para os eventos que ocorrem em suas vidas, e esses significados consequentemente carregam consigo sentimentos diferentes e as respostas a esses fazem referência ao que imaginam e levam a considerações diversas, mas nem sempre reais. E é nessa linha que a TCC possui o caráter de reestruturar e corrigir pensamentos distorcidos e comportamentos disfuncionais que trazem sofrimento para o sujeito.
A reestruturação cognitiva é uma técnica bastante conhecida e pode ser utilizada nos casos de problemas em relacionamentos. Essa técnica na relação terapêutica entre psicólogo e paciente tem como objetivo identificar os pensamentos disfuncionais e distorcidos e transformá-los em adaptativos, realistas e saudáveis, dado que essa ação implica diretamente em mudar a forma como o sujeito irá responder aos eventos e fatos que ocorrem em sua vida, bem como se sente em relação a eles.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando que a violência contra a mulher decorre de uma relação que apresenta desde o início indícios abusivos e que isso é comumente presente em rodas de conversas entre mulheres e outros grupos, bem como pode ser percebida como fruto de uma cultura que apresenta em sua estrutura a desigualdade de gênero na sociedade, estimulando assim inúmeras pressões de um ideal feminino sob as mulheres. O presente trabalho teve como objetivo contribuir na atuação do profissional psicólogo frente a essas queixas.
Portanto, baseado nos princípios éticos que regem essa profissão, para que estejamos aptos e conscientes dessa demanda que exige do psicólogo um conhecimento não somente técnico, como também é de suma importância possuirmos referências que contemplam as muitas facetas da relação abusiva.
Considerando que, a partir disso podemos compreender melhor as consequências dessa relação na vida da mulher e de quais caminhos é possível percorrer para assegurarmos uma evolução terapêutica que faça sentido a ela, proporcionando uma visão primeiramente empática acerca do seu contexto social, econômico e familiar, que interfere diretamente no desenvolvimento das suas perspectivas individuais e influenciam, principalmente, as suas tomadas de decisões.
Além disso, foi substancial destacar o uso da Terapia Cognitivo- Comportamental, por se tratar de uma abordagem que oferece múltiplas intervenções cognitivas e comportamentais para serem utilizadas no atendimento de casos como os de problemas de relacionamentos, depressão, ansiedade, entre outros da psicopatologia. No Modelo Cognitivo, a realidade é um sistema fluido, onde a proposta desse modelo é que as decisões no mundo empírico serão sempre tomadas com informações incompletas e essa incerteza possui alto valor para o processo psicoterapêutico, pois permite que o paciente altere um pensamento inflexível para um flexível, tendo em conta que o conhecer, em qualquer esfera, está diretamente ligado a probabilidades e não a certezas. Nessa perspectiva, o modelo cognitivo está baseado em uma ideia construtivista, sendo o terapeuta aquele que irá ajudar seu paciente a avaliar as evidências que são a favor e as que são contra suas próprias crenças e, a partir disso, conduzi-lo a pensar nos efeitos diretos das diversas maneiras de enxergar o mundo. Ressalta-se que o contato com esse modelo cognitivo gera desconforto, porém quando este desconforto está direcionado ao desenvolvimento de um comportamento que será valorizado, entende-se então que será uma experiência útil dentro da terapia cognitiva.
Confrontar a realidade possui seus desafios para os pacientes e para o terapeuta pois implica na elaboração de uma resposta racional e numa forma diferente de pensar, por isso, se dá grande importância à necessidade de haver equilíbrio com as técnicas da terapia cognitiva com a validação e, principalmente, a empatia para que sejam consideradas emocionalmente pelo paciente como importantes. Por fim, ressalta-se que os efeitos positivos, a progressão e continuidade da terapia cognitiva dependerão imperiosamente de um processo colaborativo que deve ser definido entre o paciente e o psicólogo.
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1 Bacharelado em Psicologia, Faculdade Carajás, e-mail: beacastro.al@gmail.com
2 Bacharelado em Psicologia, Faculdade Carajás, e-mail: lealcarla202@gmail.com
3 Anna Chrystyna Alves Lessa da Rocha, Faculdade Carajás, e-mail: