A PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS E ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE EM RELAÇÃO À TOXOPLASMOSE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202408272351


Alexandre Bruno de Andrade Haine; Caroline Monteiro Molina; Janaína Nóbrega da Conceição; Jéssica Monteiro Molina; Layla Vasconcelos Soares; Ruth Reis Gonçalves; Tais da Nóbrega; Orientador: Prof. Dr. Silvio Luis Pereira de Souza


RESUMO 

A toxoplasmose, uma zoonose causada pelo Toxoplasma gondii, é transmitida entre  animais e humanos, sendo prevalente em várias espécies, com os felídeos atuando como  hospedeiros definitivos. A infecção pode ocorrer por ingestão de fezes contaminadas com  oocistos esporulados, assim como hortaliças, frutas, verduras ou carnes cruas contendo  cistos teciduais. Em pessoas saudáveis, os sintomas são leves, mas durante a gravidez,  pode afetar o feto, causando problemas no desenvolvimento. Este estudo tem como  objetivo avaliar o conhecimento de profissionais e estudantes da saúde sobre a  toxoplasmose, promovendo educação e prevenção. O método utilizado foi a revisão da  literatura em artigos, livros e portais educacionais. Foi efetuado um questionário online  no qual foi revelado que, embora a maioria dos participantes tenham conhecimento sobre  a doença, há ainda uma parcela significativa que não está familiarizada com ela, como  por exemplo 43,4% dos voluntários não sabiam sobre transmissão vertical, 58%  acreditavam que outros animais além dos gatos poderiam transmitir via fecal, ressaltando  a importância contínua da educação e conscientização para melhorar a prevenção. 

Palavras-chave: toxoplasmose, zoonose, felídeos, saúde pública, gravidez.

ABSTRACT 

Toxoplasmosis, a zoonosis caused by Toxoplasma gondii, is transmitted between animals  and humans, being prevalent in various species, with felids acting as definitive hosts.  Infection can occur through the ingestion of feces contaminated with sporulated oocysts,  as well as vegetables, fruits, greens, or raw meats containing tissue cysts. In healthy  individuals, the symptoms are mild, but during pregnancy, it can affect the fetus, causing  developmental problems. This study aims to evaluate the knowledge of health  professionals and students about toxoplasmosis, promoting education and prevention.  The method used was a literature review of articles, books, and educational portals. An  online questionnaire revealed that, although the majority of participants are  knowledgeable about the disease, a significant portion is still unfamiliar with it. For  example, 43.4% of the volunteers did not know about vertical transmission, and 58%  believed that animals other than cats could transmit it via feces, highlighting the ongoing  importance of education and awareness to improve prevention.

Keywords: toxoplasmosis, zoonosis, felids, public health, pregnancy. 

INTRODUÇÃO 

As zoonoses são doenças infecciosas e  parasitarias, consideradas de grande  importância para a saúde pública  mundial, visto que podem ser  transmitidas entre animais e seres  humanos. Uma das zoonoses existentes é  a toxoplasmose, que é causada pelo  Toxoplasma gondii, um protozoário  intracelular obrigatório da ordem  Coccidia e filo Apicomplexa (ROVID,  Anna, 2017, p. 1). A zoonose em  questão é altamente prevalente em  diversas espécies animais, incluindo  mamíferos e aves. Certos felídeos,  principalmente os gatos domésticos, desempenham o papel de hospedeiros  definitivos ou completos, enquanto o ser  humano e outros animais atuam como  hospedeiros intermediários  (KAWAZOE, Urara. 2005, p. 169). 

O ser humano pode contrair o parasita  por meio de alimentos crus ou mal  cozidos (como carnes) que contenham  cistos teciduais. É possível que ocorra a  transmissão por hortaliças, frutas e água  que contenham oocistos esporulados,  bem como através da forma congênita,  em que a mãe que contrair o parasita pela  primeira vez durante a gravidez  transmite para o feto (SOBREIRA, Elisangela. 2017). A ingestão de fezes de  gatos ou outros felídeos selvagens que  contenham oocistos esporulados devido  a condições do ambiente, também é uma  forma de transmissão. Entretanto, essa  transmissão ocorre apenas se o felídeo  estiver infectado pela primeira vez,  momento esse em que a literatura  denomina de fase aguda, no qual a  transmissão ocorre apenas durante a  primeira semana após infectado e as  fezes precisam estar em contato com um  ambiente propício por cerca de 1 a 5 dias  para criar esporus. Já na fase crônica, o  felídeo não transmite a infecção pelos os  oocistos nas fezes, entretanto, ele passa a  conter cistos teciduais. 

Em indivíduos saudáveis, a  toxoplasmose geralmente provoca  apenas sintomas leves ou pode ser  assintomática. Contudo, se a infecção  ocorrer pela primeira vez durante a  gestação, o parasita pode afetar o feto e  comprometer seu desenvolvimento.  Caso não seja diagnosticada e tratada  precocemente, a toxoplasmose congênita  pode influenciar a formação do sistema  nervoso do bebê, resultando em  problemas como a microcefalia  (MENEZES, Maíra. 2023).

Figura 1. Fontes de infecção por T. gondii em seres humanos 
Fonte: Toxoplasmose na cadeia produtiva da carne / Pâmella Oliveira Duarte … [et al.].  – Campo Grande, MS : Embrapa Gado de Corte, 2018. PDF (36 p.). – (Documentos /  Embrapa Gado de Corte, ISSN 1983-974X ; 252) 

OBJETIVO 

Este trabalho tem como objetivo  principal averiguar a percepção e  conhecimento de profissionais e  estudantes da área da saúde acerca da  toxoplasmose e através de uma  abordagem acadêmica, pretende-se  promover o conhecimento sobre a  doença, suas formas de transmissão e  prevenção, visando contribuir para uma melhor educação em saúde e prevenção  da toxoplasmose. 

MATERIAIS E MÉTODOS 

Para alcançar os objetivos propostos, foi  realizada uma revisão da literatura  científica sobre toxoplasmose, com  apoio de artigos obtidos no Google  Academy, PubMed, MDPI, SciELO,  revisão de livros e portais educacionais.  Além disso, foi conduzido um estudo utilizando questionário online via  Google forms na data de 25 de abril de  2024 com duração de três dias, no qual  100 (cem) respostas foram coletadas  para avaliar a percepção e conhecimento  de profissionais e estudantes da área da  saúde sobre toxoplasmose, sendo que, a  primeira pergunta contém opções de  resposta e as demais questões são de  verdadeiro ou falso: 

1. Você sabe o que são zoonoses e  como são transmitidas? 

2. Para que as fezes dos felinos se  tornem infectantes, é preciso que ocorra  a esporulação dos oocistos em contato  com o meio ambiente e em condições  adequadas. 

3. Cães, aves e outros animais  transmitem a infecção via fecal.

4. A toxoplasmose pode ser  transmitida ao feto durante a gravidez se  a mãe adquirir a infecção pela primeira  vez durante a gestação. 

5. Oocistos encontrados na água  podem ser eliminados através de fervura  ou filtração. 

6. Evitar o consumo de carnes mal  cozidas ou cruas, evita o risco de contrair  a toxoplasmose 

7. É possível se infectar com  toxoplasmose por hortaliças e frutas E em resposta ao questionário, foi feito  uma devolutiva contendo um panfleto,  com o propósito de promover  conhecimento sobre a toxoplasmose. 

RESULTADOS  

Os voluntários envolvidos na pesquisa  sobre toxoplasmose apresentaram  diversas lacunas de conhecimento e  equívocos significativos em relação à  doença e suas formas de transmissão.  Analisando os dados coletados de 100  participantes através do Google Forms,  pode-se destacar os seguintes pontos de  erro: 

Um percentual de apenas 48% dos  voluntários demonstrou compreensão  acerca do termo “zoonoses” e sua  natureza bidirecional de transmissão  entre animais e humanos, revelando uma  falta de conhecimento fundamental  sobre o assunto. Já 28% dos participantes  erroneamente acreditam que as zoonoses  são transmitidas exclusivamente de  animais para humanos, negligenciando a  via de transmissão também de humanos  para animais.

Figura 2. Gráfico representativo da resposta da primeira pergunta do questionário feito  via google forms. 

Um percentual de 32% dos voluntários  não reconheceram a necessidade da  ocorrência de esporulação em oocistos  presentes nas fezes de felídeos  infectados pela toxoplasmose,  denotando um desconhecimento crucial  sobre o mecanismo de contágio. E isso é  um equívoco, já que para ocorrer o  contágio via fezes de felino, o animal  precisa defecar as fezes com os oocistos,  e o ambiente em contato com os oocistos  precisa estar em condições adequadas de  temperatura, umidade e oxigenação por  um período de 1 a 5 dias, para que assim  ocorra a esporulação e os oocistos se  tornem infectantes. 

Cerca de 58% dos participantes  acreditam erroneamente que outros  animais além dos felinos possam  contaminar o ambiente (águas, frutas,  verduras) através de oocistos presentes  nas fezes, divergindo do consenso  científico estabelecido, que afirma que  apenas as fezes de felinos podem conter  oocistos, que uma vez ingerido, se  tornam infectantes. Em relação a outros  animais, a transmissão ocorre apenas se  eles estiverem infectados, conterem  cistos teciduais e forem consumidos.  

Para que ocorra a formação dos cistos  teciduais, o animal precisa ser infectado,  através da ingestão de oocistos em  hortaliças ou fezes, ou de carne que contendo cistos teciduais. E é necessário  que os oocistos ingeridos, liberam  esporozoítos, que se multiplicam como  taquizoítos no intestino delgado. Assim,  esses taquizoítos podem se disseminar  para tecidos extra-intestinais  rapidamente, invadindo novas células.  Com o tempo, os taquizoítos se  transformam em bradizoítos, formando  cistos teciduais. 

Um percentual de 43,4% dos voluntários  não possuem conhecimento acerca da  transmissão vertical da toxoplasmose, ou  seja, da mãe para o feto durante a  primeira gestação, demonstrando uma  falta de percepção dos riscos potenciais  para a saúde fetal. Um contingente de  27% dos participantes desconhece a  eficácia da fervura ou filtração da água na eliminação de oocistos de  toxoplasma, evidenciando uma falta de  familiaridade com medidas preventivas  simples. 

Um percentual de 24% dos voluntários  não reconhece a importância de evitar o  consumo de carne crua ou mal cozida na  redução do risco de contrair  toxoplasmose, revelando uma falha na  compreensão das estratégias de  prevenção da doença. Por último, um  alto percentual de 51% dos participantes  desconhece a possibilidade de adquirir  toxoplasmose através do consumo de  hortaliças e frutas contaminadas,  indicando uma falta de informação  abrangente sobre as diferentes vias de  transmissão da doença.

Figura 3. Tabela representativa das respostas do questionário feito via google forms. 

DISCUSSÃO 

Essas falhas e equívocos evidenciam a  necessidade premente de programas  educacionais e de conscientização  pública voltados para a disseminação de  informações corretas e medidas  preventivas eficazes contra a  toxoplasmose e outras doenças  zoonóticas. 

A integração entre disciplinas como  manejo e clínica de animais silvestres,  clínica médica e cirúrgica de equinos, e avicultura e ornitopatologia forneceram  um conhecimento aprofundado sobre a  toxoplasmose em diferentes espécies,  como equinos, mamíferos aquáticos e  aves. Isso enriqueceu a compreensão das  peculiaridades de transmissão e  manifestação da doença em variados  grupos de animais. Além disso, o  aprendizado em saúde pública,  saneamento e zoonoses permitiu uma  contextualização ampla dos aspectos  epidemiológicos, medidas preventivas e políticas de controle relacionadas à  toxoplasmose. Essa integração entre  disciplinas foi essencial para embasar e  enriquecer o artigo, proporcionando uma  abordagem abrangente e fundamentada  sobre o tema. 

CONCLUSÃO 

A pesquisa sobre toxoplasmose entre  profissionais e estudantes da área da  saúde revelou um panorama interessante.  Embora a maioria dos participantes  demonstraram conhecimento sobre o  assunto, é preocupante notar que ainda  existe um número significativo de  voluntários que não estão familiarizados  com essa zoonose. Isso ressalta a  importância contínua da educação e  conscientização sobre a toxoplasmose,  tanto para profissionais de saúde quanto  para a população em geral, visando  melhorar a prevenção, diagnóstico e  tratamento dessa condição.

REFERÊNCIAS: 

1. ROVID, Anna. 2017. Toxoplasmose.  Traduzido e adaptado à situação do  r. 2024 Brasil por Mendes, Ricardo, 2019.  Disponível em  https://www.cfsph.iastate.edu/diseaseinf o/factsheets-pt/. 

2.KAWAZOE, Urara. 2005.  Toxoplasma gondii. In: Neves D.P. (Ed.)  Parasitologia Humana. 11.ed. São Paulo:  Atheneu, 169p. 

3.SOBREIRA, Elisangela. Os Silvestres  e a Nossa Saúde: a toxoplasmose e o  contato com felinos selvagens. Fauna  News – Portal de notícias especializado  em animais silvestres Fauna News, 22  ago. 2017. Disponível em:  <https://faunanews.com.br/os-silvestres e-a-nossa-saude-a-toxoplasmose-e-o-contato-com-felinos-selvagens/>.  Acesso em: 25 abr. 2024 

4.MENEZES, Maíra. Toxoplasmose:  pesquisa mostra impacto da infecção na  formação de neurônios,13 set. 2023.  https://portal.fiocruz.br/noticia/toxoplasmose-pesquisa-mostra-impacto-da infeccao-na-formacao-de-neuronios acessado em: 28 de ab


Autora para correspondência/Corresponding author: Caroline Monteiro Molina:
E-mail:  medvetcarolinemonteiro@gmail.com