A MÚSICA COMO INSTRUMENTO DE ENSINO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7699649


Cristiane Ferreira de Oliveira
Daiana Batista dos Santos
Elessandra Alves do Prado Da Silva
Lucimar Mota Moreira
Sonia Maria de Carvalho


RESUMO

O artigo vem de encontro ao importante momento que vivemos, onde a tecnologia avança rapidamente e o mundo se transforma. Observando que na educação infantil, as mudanças e inovações também vêm ocorrendo, buscando formas e instrumentos que possam otimizar a forma de ensinar, parte-se deste pressuposto para apresentar o tema como uma ferramenta de ensino a ser aplicada pela psicopedagogia clínica. A música pode tornar o aprendizado, mais eficaz, assim como possibilitar desenvolver nos alunos em atendimentos, habilidades ainda não trabalhadas, ou até mesmo, algumas outras que sejam até então desconhecidas, proporcionando a ligação do lúdico com a realidade. O artigo contempla a importância das através de oficinas musicais com atividades e identificação de som e terapia musical. Para o melhor entendimento o artigo terá em seu referencial teórico o embasamento de alguns autores como Alencar Brito, Piaget e outros.

PALAVRAS-CHAVE: Psicopedagogo. Música. Lúdico, discente.

ABSTRACT

The article reflects the important moment we live in, where technology advances rapidly and the world changes. Observing that in early childhood education, changes and innovations have also been occurring, seeking forms and instruments that can optimize the way of teaching, this assumption is used to present the theme as a teaching tool to be applied by clinical psychopedagogy. Music can make learning more effective, as well as making it possible to develop skills in students that have not yet been worked on, or even some others that are hitherto unknown, providing the connection between playfulness and reality. The article contemplates the importance of musical workshops with activities and identification of sound and music therapy. For a better understanding, the article will have in its theoretical framework the basis of some authors such as Alencar Brito, Piaget and others.

KEYWORDS: Psychopedagogue. Music. Ludic, Student.

1. INTRODUÇÃO

A música é uma linguagem capaz de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos. Ela está presente em várias culturas e consiste numa importante forma de expressão humana. E vendo a música como uma ferramenta de aprendizagem, rapidamente pode-se lembrar de canções que se tornaram ícones e embalaram a infância de muitos alunos e com o passar do tempo foram sendo adaptadas às realidades vivenciadas tanto no âmbito escolar como em situações comuns do dia-a-dia. Com o desejo de confrontar conceitos e opiniões, optou-se pelo tema, como uma forma de colocar em discussão a importância de se usar ferramentas alternativas focando na ludicidade e na expressão de sentimentos por parte dos alunos envolvidos. 

Como objetivo parte-se do desenvolvimento cognitivo das crianças, estimulando sua criatividade, atenção, valorização pessoal, possibilitando um melhor rendimento escolar, através do prazer em aprender. E ainda possibilitar conhecer novos mundos através dos sons que lhes forem apresentados.

2. A MÚSICA COMO INSTRUMENTO PSICOPEDAGÓGICO

Para resultados positivos é preciso compreender todas as características que a música apresentada à criança deve ter, uma vez que a música deve estar ligada ao nível de desenvolvimento em que ela se encontra, sendo de responsabilidade dos educadores colocá-la neste contexto.

Segundo o RCNEI, a música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festa e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. Faz parte da educação há muito tempo, sendo que, já na Grécia antiga, era considerada como fundamental para a formação dos futuros cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia.

No início da educação no Brasil, o cuidar das crianças aparece como algo em muita significância para sociedade, onde o objetivo básico era a ordem em sala de aula, a disciplina e assim foi por muitos anos. Loureiro (2003) confirma quando diz que para a escola, o que importava era utilizar o canto como forma de controle e integração dos alunos, desse modo, pouca ênfase era dada aos aspectos musicais na perspectiva pedagógica.

Em 1998, foi publicado, pelo Ministério da Educação (MEC), o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil – RCNEI (Brasil, 1998). Esse documento torna-se orientação metodológica para a educação infantil, nele, o ensino de música está centrado em visões novas como a experimentação, que tem como fins musicais a interpretação, improvisação e a composição, ainda abrange a percepção tanto do silêncio quanto dos sons, e estruturas da organização musical.

A formação da criança acontece de forma gradativa de forma que esta começa a diferenciar das demais crianças identificando suas particularidades e sendo capaz de conviver com quem não é igual para a integração aos grupos de sua convivência. Nesse processo, a autoestima e a auto realização desempenham um papel muito importante.

Nesta perspectiva, o fazer musical, a exploração sonora, a expressão corporal, o escutar e o perceber com significado, a improvisação, a composição, a comunicação de sentimentos, a experiência social e a utilização dos instrumentos do cotidiano tomam lugar de destaque na prática docente através do jogo que dá prazer, espaço de múltiplas descobertas que conduzem à sistematização da experiência, a partir da qual se estruturaram as habilidades musicais específicas. (BEYER, 1999, p.60)

Todo ser humano é dotado de um espectro de diferentes capacidades que formam o conjunto das habilidades humanas e, nessa visão de homem, todas as inteligências detêm a mesma importância como defende Gardner (1994, 1995). Para Gardner, mesmo que uma inteligência se apresenta como independente, é possível a correlação entre dois ou mais tipos delas. O ser humano pode ser dotado de mais de uma inteligência e delas fazer uso.

RCNEI, coloca que para esta fase os objetivos estabelecidos para a faixa etária de zero a três anos deverão ser aprofundados e ampliados, garantindo-se, ainda, oportunidades para que as crianças sejam capazes de:

• Reconhecimento e utilização expressiva, em contextos musicais das diferentes características geradas pelo silêncio e pelos sons;

• Participação em jogos e brincadeiras que envolvam a dança e/ou a improvisação musical;

• Repertório de canções para desenvolver a memória musical;

• Exploração e identificação de elementos da música para se expressar, interagir com os outros e ampliar seus conhecimentos do mundo;

• Percepção e expressão de sensações, sentimentos e pensamentos, por meio de improvisações, composições e interpretações musicais.

É importante ser fiel ao nível de entendimento da criança, respeitando sua faixa etária, com músicas apropriadas, de forma a não comprometer o desenvolvimento das mesmas.

Algumas situações mostram o uso da música de forma pouco producente, e às vezes até repetitiva. Brito (2003) critica as apresentações musicais que utilizam gestos repetitivos, pois acredita que esse molde não enriquece a proposta musical dentro da sala de aula, apenas perde-se tempo com repetições e excluem a possibilidade de criação, podando toda e qualquer chance de uma manifestação criativa da criança.

Ainda nos dias de hoje é possível encontrar crianças que são impedidas de usar sua criatividade, uma vez que já se impõem músicas ou atividades já prontas, canções folclóricas já cantadas há décadas de maneira mecânica e em momentos específicos da rotina escolar, sem que estas tenham o conhecimento da história que a música traz, trabalhando apenas a memorização e gestos corporais estereotipados que deixam as crianças desinteressadas e poucos contribuem no seu desenvolvimento.  

Ensinar música, a partir dessa óptica, significa ensinar a reproduzir e a interpretar músicas, desconsiderando as possibilidades de experimentar, improvisar, inventar como ferramenta pedagógica de fundamental importância no processo de construção do conhecimento musical (BRITO 2003, p. 52).

Com o aparecimento da linguagem, as condutas são profundamente modificadas no aspecto afetivo e no intelectual. Além de todas as ações reais ou materiais que é capaz de efetuar, como no curso do período precedente, a criança torna-se, graças à linguagem, capaz de reconstituir suas ações passadas, sob forma de narrativas, e de antecipar suas ações futuras pela representação verbal. Daí resultam três consequências essenciais para o desenvolvimento mental: uma possível troca entre os indivíduos, ou seja, o início da socialização da ação; uma interiorização da palavra, isto é, a aparição do pensamento propriamente dito, que tem como base a linguagem interior e sistema de signos, e, finalmente, uma interiorização da ação como tal, que, puramente perceptiva remota a que era até então, pode daí em diante se reconstituir no plano intuitivo das imagens e das “experiências mentais”. (PIAGET, 2001 p.24).

Durante o processo de pesquisa foi possível compreender que a música pode ser usada como uma forma de expressão de sentimentos e comunicação, onde pode-se descobrir os bons e maus sentimentos. Por esse motivo é importante que se permita que as crianças vivenciem a música na sua totalidade, criando som, possibilitando a expressão.

Neste projeto deixa-se claro que a música não é apenas um dom para quem tem seu entendimento, mas sim um processo a ser adotado na vida de todos. Até mesmo empresas estão adotando a prática de possibilitar aos seus colaboradores a música no ambiente de trabalho como meio de aliviar a tensão

O ensino de música Educação Infantil, pode contribuir não só para a formação musical dos alunos, mas principalmente como uma ferramenta eficiente de transformação social, onde o ambiente de ensino e aprendizagem pode proporcionar o respeito, a amizade, a cooperação e a reflexão tão importantes e necessárias para a formação humana. Assim, é interessante que ela esteja presente no ambiente escolar.

Na escola, o ensino musical não tem a intenção de formar o músico profissional, assim como o ensino das ciências não visa à formação de cientistas. Para as educadoras musicais Hentschke e Del Ben (2003) as funções da música no contexto escolar são:

[…] auxiliar crianças, adolescentes e jovens no processo de apropriação, transmissão e criação de práticas músico-culturais como parte da construção de sua cidadania. O objetivo primeiro da educação musical é facilitar o acesso à multiplicidade de manifestações musicais da nossa cultura, bem como possibilitar a compreensão de manifestações musicais de culturas mais distantes. Além disso, o trabalho com música envolve a construção de identidades culturais de nossas crianças, adolescentes e jovens e o desenvolvimento de habilidades interpessoais. 

Segundo o R.C.N. E. I. “As crianças interagem com a música, as brincadeiras e aos jogos: cantam enquanto brincam, acompanham com sons os movimentos de seus carrinhos, dançam e dramatizam situações sonoras diversas, conferindo personalidades e significados simbólicos aos objetos sonoros e a sua produção musical”. Os aspectos instintivos e afetivos da música se destacam para crianças de até três anos e, por isso, devem ser trabalhados nas creches.

A pedagoga e especialista em música para crianças, Maria Lucia Cruz Suzigan, afirma: “a música estimula áreas do cérebro não desenvolvidas por outras linguagens, como a escrita e a oral“.

A música, por ser uma atividade artística de grande influência emocional no ser humano de forma profunda, e desta forma tem na educação e na escola infantil uma função indiscutivelmente essencial. Música é o envolvimento sistemático do tempo e de tons no espaço que a criança pequena se liga de forma integral. Uma vez que existe a vivência deste movimento. Ressalvando-se ainda que permite-se a possibilidade de levar este impulso ao encontro de leis e formas claras de pensar, sentir e agir, porém mantendo-lhe o ambiente lúdico e de fantasias que lhe é próprio. 

Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa (Aguiar, 1977: 58). Essa afirmação tem alicerçado o nosso planejamento; sempre contemplamos o lúdico em nossas atividades. E como resposta há crianças envolvidas e participativas.

Além das letras onde estão inseridos números e quantidades, a música traz uma influência com os elementos rítmicos, que, por ser dividido em tempos (espaços de tempos) e estruturado em forma de compassos que se repetem, desenvolvendo desde o pensar sequencial e lógico, que é base do raciocínio matemático. Para crianças de três a seis anos, as possibilidades para trabalhar com música se ampliam. 

3. CONCLUSÃO

Com o artigo, foi possível ver a tamanha necessidade que se tem nos dias de hoje de desenvolver métodos eficazes que proporcionem um aprendizado através da ludicidade.

A música já é usada em diversos segmentos, e na educação infantil assim como em todos os outros vem a somar para o desenvolvimento do indivíduo, lembrando que quando utiliza-se ferramentas lúdicas o resultado tende a ser mais rápido e eficaz. Sendo ainda de sua importância que sejam trazidas ao dia a dia dos alunos suas vivências do ambiente nos quais estes estão inseridos. Com isso o profissional da Psicopedagogia deve estar sempre disposto a buscar novos métodos capazes de otimizar o atendimento dos alunos, bem como trabalhar na mesma linha de planejamento das escolas e seus profissionais.

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