REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412061316
MENEGHINI, Olinda 1
RESUMO – O presente trabalho objetiva explorar as relações entre a mineração e a religiosidade na ocupação e o estabelecimento de limites e construção do território Sul-mato-grossense, em mais de três séculos de colonização. Devido à sua localização fronteiriça e ao isolamento físico a época, a integração da região de Corumbá com Paraguai e Bolívia, aconteceu naturalmente. A multiplicidade de costumes apresentadas por esses homens e mulheres que passaram a habitar a região aos poucos gerou a integração de culturas e o sincretismo religiosos em suas manifestações. Uma destas manifestações é o Banho de São João que é um misto de fé e alegria que acontece na passagem do dia 23 para o dia 24 de junho, nas cidades pantaneiras de Corumbá e Ladário, situadas às margens do rio Paraguai, em Mato Grosso do Sul. A festa tem duração de três a quatro dias, atraindo milhares de pessoas entre moradores fiéis e turistas da região como bolivianos, paraguaios e de outras partes do país. Para atingir nossos objetivos, foram reunidas informações obtidas em fontes primárias dos séculos XVIII (correspondências oficiais) e XIX (notícias de jornais), levantamento bibliográfico, entrevistas e depoimentos de moradores locais turistas. O eixo central de análise baseia-se em momentos históricos que remetem à ocupação de regiões com relevantes recursos minerais ou episódios de migração motivados pela descoberta de ouro ou diamante. Em Mato Grosso, os primeiros núcleos de ocupação foram iniciados e mantidos por causa da mineração e garantiram a expansão do território brasileiro a oeste, em uma dinâmica de “corridas” por ouro e diamantes.
Palavras-chave: mineração; religiosidade; colonialismo; migração.
ANTECEDENTES HISTÓRICOS
A prospecção de recursos minerais está intimamente ligada à colonização e à ocupação do território que atualmente compreende o Brasil. Em sua carta, um dos primeiros documentos oficiais que descreveu os recursos naturais que despertariam os interesses dos colonizadores portugueses, Pero Vaz de Caminha (1450-1500) chamou atenção para possíveis ocorrências minerais, como relatado no trecho:
O Capitão, quando eles [indígenas] vieram, estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar de ouro mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa por estrado. […] um deles pôs olho no colar do Capitão, e começou de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro. Também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal como se lá também houvesse prata (Caminha, 1500).
Embora o próprio Caminha admita, mais adiante, que não havia evidências de que ali existissem minérios, o seu relato expõe a importância dada à época pela coroa portuguesa e pela missão liderada por Pedro Álvares Cabral (1467-1520) aos recursos minerais das regiões a serem colonizadas.
[…] No caso de Mato Grosso, a busca e a descoberta de ouro e diamantes foram fatores determinantes para sua ocupação e o estabelecimento de limites em mais de três séculos de colonização, iniciada em 1719 com a ocupação do território que atualmente compreende a capital, Cuiabá. Os eventos culminaram na incorporação das terras mais a oeste à então colônia e viriam a desempenhar um papel fundamental na construção do conhecimento (geo)científico do Brasil. (Garcia; Bonfim, 2022, p. 1).
Dados históricos e geológicos foram reunidos e “[…] obtidos em consulta bibliográfica, em trabalhos de campo, em documentação manuscrita e notícias de jornais que remetem aos primórdios da colonização da região, estabelecida desde o século XVIII […]” (Garcia; Bonfim, 2022, p. 2).
A mineração de ouro é uma ocupação e um estilo de vida que está associado a um rico imaginário de bem-estar, sorte, riqueza súbita e a experiência de estar capturado em círculos viciosos de trabalho duro e consumo conspícuo […]. Idéias [sic] religiosas desempenham um papel significativo nas interpretações que muitos garimpeiros fazem da sua própria situação e a de outros. No que diz respeito à relação entre Deus e ouro, destacam-se três aspectos dessa religiosidade. Primeiramente, idéias cristãs predominam de forma generalizada e raramente são conectadas à religião institucional, a igrejas específicas ou a regras muito estritas de conduta […] (Theije, 2008, p. 70).
A ideia sobre extrair ouro da terra, a igreja considerava não é “[…] uma atividade comum e os homens precisam levar em conta tanto a qualidade do ouro quanto a interferência de Deus em sua empreitada, para ganhar acesso às riquezas minerais […]” (Theije, 2008, p. 70).
[…] A produção aurífera está tão intrinsecamente relacionada à história cuiabana e mato-grossense, que tanto o brasão da capital quanto o do estado fazem referências ao metal […]. No brasão do estado [Figura 1] observa-se, além de um monte dourado, a inscrição em latim “Virtute Plusquaum Auro”, que pode ser traduzida como “Pela virtude mais que pelo ouro”, demonstrando a importância do metal para a história local. (Garcia; Bonfim, 2022, p. 1-2).
Figura 1. O brasão d’Armas do Estado de Mato Grosso, criado em 14 de agosto de 1918
Fonte: Assembleia Legislativa de Mato Grosso (2019, p. 2).
Fundamentando-se em Vanda da Silva, em Administração das Terras: a Concessão de Sesmarias na Capitania de Mato Grosso (1748-1823) (2008), Rosa et al. (2016) afirmam que
[…] a Provisão do Rei autorizava a concessão de terras na capitania mato-grossense para homens com grandes “posses”. A legislação previa que cada morador poderia requerer até três léguas em quadra ou 13.068 hectares, para cada sesmeiro, nos espaços considerados sertões, enquanto que, nos caminhos das minas poderiam conceder apenas meia légua de terra em quadra.
Amparada nos ensinamentos de Vanda da Silva, em Quem é Quem na Posse das Terras na Capitania de Mato Grosso (2011), Rosa et al. (2016, p. 4-5) afirmam
Alguns dados sobre a capitania de Mato Grosso, nesse período, corroboram a linha argumentativa que desenvolvemos até o momento. Da observação do perfil dos sesmeiros na capitania, nesse período, constata-se (1) a concentração de diferentes atribuições em torno da figura do sesmeiro, que por vezes assume a função de representante político, proprietário de engenho, minerador e militar, ao mesmo tempo; e (2) como a grande maioria dos elementos analisados nesse levantamento estão associados, de uma forma ou outra, à função estatal de administração e defesa do território colonial ou à dinâmica de expansão da mineração. A evidência ratifica nosso enquadramento inicial – podemos ver no início da ocupação das terras mato-grossenses os propósitos explícitos de defesa militar e extração aurífera […].
Tal caráter também é enfatizado uma vez que tem que ser considerado que se está pensando de uma capitania de fronteira, quando as tropas militares eram importantes na manutenção das áreas fronteiriças e os cargos militares eram considerados de prestígio (Figura 2) (Rosa et al., 2016).
Figura 2. Atividades realizadas nas capitanias – econômicas, administrativas, militares e religiosas dos proprietários de terras das Sesmarias do Mato Grosso, 1770-1810
Fonte: adaptado de Rosa et al. (2016, p. 5).
Nas quadro 1 pode-se observar que a atividade principal era a mineração. No quadro 2 aparecem as atividades administrativas, dentre outros 11 padres, segundo historiador Ronaldo Vainfas, os padres tinham facilidade de aprender a língua, e catequisavam os índios ao memo tempo em que os utilizavam como mão de obra. sendo visível a importância que se dava a influência da igreja nas capitanias. A autoridade de que desfrutam os proprietários de terra, por serem não só detentores de poder econômico tinham os militares a serviço da coroa além de guardar as fronteiras, privilegiavam os que possuíam maior poder econômico (Rosa et al., 2016).
A exploração de minérios na região de Cuiabá teve curta duração, as técnicas eram precárias e as minas no sub-solo eram de aluvião, fazendo com que as expedições seguissem mais a Oeste (Figura 3) (Boxer, 1969; Garcia, 2001; Monteiro, 2023; Rosa et al., 2016).
Figura 3. Expedições saídas de São Paulo
Fonte: Morais (2009).
Quando a passagem de barcos brasileiros e paraguaios pelo Rio Paraguai foi liberada a ocupação da região mais a oeste teve início com a expectativa de encontrar ouro, a área do atual município de Corumbá devido à importância comercial que passou a ter, a localidade foi elevada a distrito em 1838 e, em 1850, a município. Durante a Guerra do Paraguai (1864 a 1870), a freguesia de Santa Cruz de Corumbá foi o terceiro maior porto da América Latina até 1930 (Prefeitura Municipal de Corumbá, 2024).
INFLUÊNCIAS
Até a década de 1950, os rios Paraguai, Paraná e Prata eram os únicos meios de integração da região. Por isso, a cidade vivia sob a influência dos países da Bacia do Prata, dos quais herdou grande parte dos seus costumes, hábitos e linguagem e inclusive religiosidade (Prefeitura Municipal de Corumbá, 2023).
Nas últimas décadas do século XIX, recebeu muitos imigrantes paraguaios, bolivianos, italianos, portugueses e, posteriormente, sírio-libaneses, que tiveram participação direta na constituição de sua vida urbana. Efetivos do Exército e da Marinha também contribuíram na formação de sua população. A vila, favorecida por isenções de impostos nos primeiros anos da década de 1870, acolheu várias casas comerciais, aspecto que, somado às imigrações, contribuiu para um rápido crescimento […] (Souza, João Carlos, 2004, p. 331-332).
Devido à sua localização fronteiriça e ao isolamento físico a época, a integração da região de Corumbá, aconteceu naturalmente. A multiplicidade de costumes apresentadas por esses homens e mulheres que passaram a habitar a região aos poucos gerou a integração de culturas e o sincretismo religiosos e suas manifestações: “[…] o século XIX herdou a chamada religiosidade colonial, marcada pelas manifestações da fé por meio de missas grandiosas, funerais e festividades que contavam com a participação de centenas de pessoas […]”, dentre as festividades destaca-se a Festa de São João (Flandoli; Rosa; Dias, 2015, p. 12).
BANHO DE SÃO JOÃO
O caráter cultural e religioso e das transformações que a festa do Banho de São João sofre na cidade em decorrência das próprias mudanças sociais e culturais, do sincretismo religioso e cultural e dos processos de institucionalização, transformam a festa no que ela é hoje:
O Banho de São João é uma manifestação de fé e alegria que acontece na passagem do dia 23 para o dia 24 de junho, nas cidades pantaneiras de Corumbá e Ladário, situadas às margens do rio Paraguai, em Mato Grosso do Sul. Nesta noite de festa, o rio torna-se, para os devotos de São João, outro curso d´água, famoso, conhecido biblicamente por ser o local onde Jesus Cristo foi batizado por seu primo João, o rio Jordão […] (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2019, p. 1).
É uma manifestação soco-profana que tem influência da colonização portuguesa, espanhola e de matrizes da cultura afro-brasileira. É uma tradição transmitido de geração em geração. O Banho de São João é registrado como patrimônio imaterial de Mato Grosso do Sul desde 2021, é uma festa que se realiza durante uma semana e o auge é no dia 23 para 24 de junho onde os andores são levados para receberem o banho nas águas do Rio Paraguai (Figura 4).
Figura 4. Andores conduzidos em procissão por devotos na Ladeira Cunha e Cruz, para o Banho no rio Paraguai, Corumbá, MS
Fonte: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (2019, p. 1).
As famílias realizam novenas nos dias que antecedem o dia 23 para 24, é um momento de confraternização da população, mas que recebe milhares de turistas que frequentam ou pela fé ou também pela festa e pela gastronomia.
O Banho de São João representa o batismo de João Batista nas águas do Rio Jordão (Figura 5). As novenas iniciam no dia 15 de junho, os andores levam o nome das famílias. Além das comidas típicas são erguidas as bandeiras nos mastros e as fogueiras são acesas e são realizadas as danças típicas e músicas. Os fiéis com seus andores descem a ladeira do porto rumo ao rio Paraguai que segundo a crença neste (23 para 24) recebe propriedades benéficas e miraculosas. Tem também uma forma de pedir casamento passando debaixo de 7 andores. Depois do Banho a festa continua na casa das famílias. O banho ocorria à meia-noite, na passagem de 23 para 24 de junho, pois acreditava-se que as águas do rio Paraguai se tornavam milagrosas (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2019).
“[…] Ao analisar as simbologias desse ritual, Eunice Ajala Rocha[1] menciona duas versões preservadas por festeiros e cantadores tradicionais de cururu, que participaram dessas festas desde as primeiras décadas do século XX […]” (Souza, João Carlos, 2004, p. 334).
No momento da festa os devotos costumam rezar o terço, puxado por rezadores experientes, tanto nas festas católicas quanto nas de matriz afro-brasileira. Em seguida, o mastro, com a bandeira de São João é erguido, diante das casas e a fogueira é acesa. O andor é, então, retirado do altar e conduzido pelos adultos para fora do ambiente privado, contorna por três vezes o mastro, com rezas e cantorias, e, em seguida, é conduzido em procissão em direção ao rio Paraguai. Durante o trajeto os participantes do cortejo cantam ladainhas, dão vivas e gritos em homenagem ao santo (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2019, p. 3).
Numa delas, contava-se que, após ter sido decapitado, o corpo de São João Batista foi atirado a uma fogueira, contudo permanecia íntegro, brilhante. Tomado pelos discípulos de Jesus, foi lançado ao rio Jordão. Numa segunda versão, salientava-se que algumas pessoas, ao verem o corpo na fogueira, tentavam apagar o fogo jogando água, mas a fogueira ficava ainda maior. A água que se esparramava junto ao fogo tinha propriedades curativas. Após ser atirado às águas do rio Jordão, o corpo teria encontrado Jesus, momento em que estava inteiro, a cabeça ligada ao tronco e João vivo: foi quando João batizou Cristo e Cristo batizou João. (Souza, João Carlos, 2004, p. 334).
Figura 5. Painel de imagens das manifestações católicas e de matrizes africanas na festa do Banho de São João, em Corumbá
Fonte: Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (2021), Marques (2022), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (2019, p. 95, 97 e 100) e Souza, Paulo Nonato (2021).
Além das danças conhecidas tem também o Siriri e o Cururu[2] são danças cujos instrumentos musicais utilizados são viola de cocho[3] e ganza[4], tocados por homens que improvisam toadas em tons de desafio (Figura 6). Descrito como uma dança circunscrita à região mato-grossense, o siriri é dançado aos pares, ao som de reco-reco, em roda e fileiras, viola de cocho e tambor(Cascudo, 2001; Osorio, 2012).
Figura 6. A arte de confeccionar a viola de cocho
Fonte: Primeira Hora (2022).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ocupação do território brasileiro durante o período colonial se deu extremamente ligada à exploração mineral. O espaço que hoje compreende Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não foi diferente. Os primeiros exploradores atraídos pelo imaginário de bem-estar, sorte riqueza súbita, desbravaram a região e influenciaram na expansão do território (Garcia 2001). Pela condição fronteiriça, ocupação militar e isolamento do restante do país, a ocupação econômica favoreceu a integração entre Corumbá, cidades da Bolívia e Paraguai.
Mais tarde Corumbá, recebeu imigrantes paraguaios, bolivianos, italianos, portugueses e, posteriormente, sírio-libaneses, efetivos do Exército e da Marinha que tiveram participação direta na construção de sua vida urbana. A Igreja esteve presente através de grandes cerimonias religiosas, cortejos e funerais influenciaram na devoção de fiéis e uma delas foi a festa do Banho de São João, uma manifestação socro-profana que tem influência da colonização portuguesa, espanhola e de matrizes da cultura afro-brasileira (Souza, João Carlos, 2004).
As manifestações de matrizes africanas ficavam na própria comunidade, com o passar do tempo foram se inserindo nos rituais da cidade. O “[…] caráter cultural e religioso e das transformações que a festa sofre na cidade em decorrência das próprias mudanças sociais e culturais, do sincretismo religioso e cultural e dos processos de institucionalização […]”, transformam a festa do Banho de São João no que ela é hoje (Flandoli; Rosa; Dias, 2015, p. 9). Em 2019 a festa foi registrada como patrimônio imaterial de Mato Grosso do Sul.
Conforme a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (2022), “O São João Pantaneiro é único, pela tradição do banho ou batismo, com influências da cultura portuguesa e incorporação de danças indígenas e africanas […]”, destacam-se, do cururu e suas violas-de-cocho, os cantadores, sendo as cirandas do siriri no levantamento do mastro do santo.
Referências:
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FLANDOLI, Beatriz Rosália Gomes Xavier; ROSA, Andreia Marsaro da; DIAS, Ramona Trindade Ramos. O Banho de São João: Sincretismo de religiões e culturas e sua adaptação à institucionalização. GeoPantanal, Corumbá, n. 19, p. 9-25, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/revgeo/article/view/1508/1194. Acesso em: 1º maio 2024.
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[1] Profa. Eunice Ajala Rocha, foi professora e pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no Centro Universitário de Corumbá.
[2] Cururu é uma dança folclórica regional típica da região Centro-Oeste. Essa dança tem suas raízes na cultura indígena e é caracterizada por movimentos animados, ritmo marcante e letras improvisadas. Também pode ser somente cantada, com dois violeiros a disputar versos e repentes (Danças Típicas, 2024).
[3] “A VIOLA DE COCHO é um instrumento típico de Mato Grosso; é feita artesanalmente, de um tronco de madeira inteiriça e ainda verde, de preferência, tipo, sarã de leite, por exemplo […]” (Festival Cururu Siriri De Mato Grosso, 2011, grifo do autor).
[4] O ganzá é um instrumento musical medindo de 40 a 70 cm, feito de bambu com ranhuras no sentido transversal ao comprimento. As ranhuras são friccionadas por uma baqueta, pedaço de pau, garfo ou até mesmo pedaço de osso de costela de boi (Osorio, 2012).
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