A INICIAÇÃO CIENTÍFICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA: CONTEXTOS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES.

SCIENTIFIC INITIATION IN BASIC EDUCATION: CONTEXTS, CHALLENGES AND POSSIBILITIES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12788388


Ilda Neta Silva de Almeida [1]
Nerci Maria Rezende[2]
Ana Paula Gomes dos Santos[3]
Seila Alves Pugas[4]
Débora Gene Pereira[5]
Simone Maia Bezerra [6]


Resumo: Este artigo destaca a importância da iniciação científica (IC) na educação básica, sublinhando seu papel crucial na promoção da aprendizagem significativa e na formação cidadã dos estudantes. O objetivo é mostrar como a IC pode desenvolver habilidades cognitivas e sociais essenciais para uma formação completa. A análise inclui contextos, desafios e oportunidades da IC na Educação Infantil, no Ensino Fundamental e no Ensino Médio. A pesquisa foi realizada por meio de uma revisão bibliográfica, adotando uma abordagem qualitativa e descritiva. Os resultados mostram que a iniciação científica pode ser fundamental na formação cidadã dos estudantes, proporcionando uma aprendizagem contextualizada, transformadora e que potencializa habilidades e competências essenciais para a vida em sociedade. Além disso, o estudo revela que a IC não é mais vista apenas como um caminho para quem tem interesse específico na ciência, mas sim como uma parte essencial dos processos de ensino e aprendizagem, alinhada com a educação integral promovida pela Base Nacional Comum Curricular. Isso amplia o papel da IC, tornando-a uma ferramenta vital para o desenvolvimento educacional e social dos estudantes.

Palavras-chave: Iniciação científica. Educação básica. Aprendizagem significativa. Formação cidadã.

Abstract: This article highlights the importance of scientific initiation (CI) in basic education, highlighting its crucial role in promoting meaningful learning and the citizenship formation of students. The objective is to show how CI can develop cognitive and social skills essential for complete training. The analysis includes contexts, challenges and opportunities for CI in Early Childhood Education, Elementary School and High School. The research was carried out through a literature review, adopting a qualitative and descriptive approach. The results show that scientific initiation can be fundamental in the citizenship training of students, providing contextualized, transformative learning that enhances essential skills and competencies for life in society. Furthermore, the study reveals that CI is no longer seen just as a path for those who have a specific interest in science, but rather as an essential part of the teaching and learning processes, aligned with the integral education promoted by the National Common Curricular Base. This expands the role of CI, making it a vital tool for the educational and social development of students.

Keywords: Scientific initiation. Basic education. Meaningful learning. Citizen training.

INTRODUÇÃO

A iniciação científica (IC) na educação básica tem se mostrado uma práxis pedagógica relevante, proporcionada aos estudantes a oportunidade de desenvolver habilidades investigativas, críticas, questionadoras e reflexivas. Esta abordagem educativa vai além da mera transmissão de conhecimento, promovendo uma aprendizagem ativa e significativa[7] que prepare os alunos para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.

Ao contrário de décadas atras a IC era praticada somente nas instituições de Ensino Superior, porém, atualmente vivemos em uma era marcada por rápidos avanços tecnológicos e pela expansão do acesso ao conhecimento. As tecnologias de informação e comunicação têm mudado a maneira como aprendemos, trabalhamos e nos relacionamos. Nesse contexto, a iniciação científica surge como uma ferramenta essencial para capacitar os estudantes a navegarem e aproveitar essas mudanças de forma crítica e responsável desde a Educação Infantil até o ensino superior.  Evidência desta mudança consta na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em algumas de suas competências para a educação básica:

Competência 2: Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

Competência 4: Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo (BRASIL, 2018, pg.11).

Assim conforme a BNCC, a IC na educação básica não apenas potencializa os sujeitos a buscar conhecimento e informações de maneira rigorosa, mas também os prepara para serem agentes transformadores na sociedade. Eles se tornam capazes de contribuir de maneira significativa para o desenvolvimento social, político e econômico do país, sempre pautados por princípios éticos e um profundo senso de responsabilidade cidadã. Na educação básica ao engajarem em projetos de pesquisa, os estudantes aprendem a utilizar as tecnologias de forma produtiva, ampliando seu acesso a fontes de informação variadas e confiáveis.

Além disso, a sociedade atual exige indivíduos conscientes de seus direitos e deveres, e que possuam um forte compromisso ético com a vida social, política, econômica e cultural do país. A IC contribui para a formação desses cidadãos ao fomentar uma cultura de investigação e questionamento, essencial para o exercício pleno da cidadania. Os estudantes são incentivados a buscar conhecimento e informações de fontes seguras e bem fundamentadas, evitando assim o casuísmo, o senso comum e as opiniões ou crenças limitantes que muitas vezes dominam o discurso público.

Competência 7: Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta (BRASIL, 2018, pg.11).

Essa prática educativa também contribui na formação de indivíduos capazes de resistir aos movimentos negacionistas, que frequentemente se baseiam em percepções rasas e não fundamentadas. Ao desenvolver habilidades críticas e reflexivas, os alunos são preparados para discernir entre informações verídicas e fake news, fortalecendo seu compromisso com a verdade e a integridade científica.

ao longo do Ensino Fundamental, a área de Ciências da Natureza tem um compromisso com o desenvolvimento do letramento científico, que envolve a capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas também de transformá-lo com base nos aportes teóricos e processuais das ciências. Em outras palavras, apreender ciência não é a finalidade última do letramento, mas, sim, o desenvolvimento da capacidade de atuação no e sobre o mundo, importante ao exercício pleno da cidadania (BRASIL, 2018, pg.11).

Deste modo a questão central que orienta este estudo é: como a iniciação científica pode contribuir para a formação e as aprendizagens dos estudantes da educação básica? A metodologia é de natureza qualitativa, com pesquisa bibliográfica, com nuances descritivas e argumentativas. A escolha da temática se justifica pela concepção das pesquisadoras entenderem que este elemento deve ser destacado nos processos de ensino aprendizagem para formar gerações comprometidas com a busca e produção do conhecimento e não reprodutores de informações rasas.

O estudo se estrutura em apresentar três tópicos, sendo o primeiro sobre os contextos da iniciação cientifica na educação básica; o segundo tópico versa sobre os desafios da implementação da iniciação científica e por último possibilidades e benefícios da iniciação cientifica.

CONTEXTOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

A iniciação científica (IC) na educação básica envolve a introdução de metodologias científicas no ambiente escolar, incentivando os alunos a desenvolverem projetos de pesquisa desde cedo. Como mencionamos anteriormente a BNCC (2018) propõe uma educação com IC nas áreas de Ciências da Natureza bem como de forma interdisciplinar com as outras áreas do conhecimento.

O itinerário formativo ideal para o desenvolvimento e aprimoramento da IC é um currículo, integrado, interdisciplinar, contextualizado, fluído, em movimento e focado na educação integral dos estudantes.

A BNCC afirma, de maneira explícita, o seu compromisso com a educação integral. Reconhece, assim, que a Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – considerando-os como sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades (BRASIL, 2018, pg.16)

Assim este tópico versa identificar e analisar as diferentes formas e contextos em que a iniciação científica pode ser adotada na educação básica, destacando as metodologias utilizadas e o papel dos professores como mediadores do processo investigativo.

Na Educação Infantil, a IC pode ser desenvolvida de forma lúdica, contextualizada e envolvente, explorando os campos de experiências e aproveitando a curiosidade natural das crianças. Este processo permite que as crianças tenham seus primeiros contatos reais com o conhecimento científico, estimulando-as a fazer perguntas, observar fenômenos e buscar respostas. Integrar o ensino de ciências naturais nas práticas pedagógicas da Educação Infantil enriquece a formação das crianças e favorece sua iniciação científica. 

A integração dos Campos de Experiência da BNCC na Educação Infantil promove a aprendizagem inicial em ciências. Ao explorar “O eu, o outro e o nós”, incentivamos as crianças a observarem e refletirem sobre a diversidade biológica e social ao seu redor, introduzindo-as a conceitos científicos de forma contextualizada. No campo “Corpo, gestos e movimentos”, proporcionamos experiências sensoriais e motoras que são fundamentais para o desenvolvimento das habilidades de observação e análise. Em “Traços, sons, cores e formas”, as crianças expressam suas descobertas sobre o mundo natural através da arte, o que facilita a compreensão de fenômenos científicos. O campo “Escuta, fala, pensamento e imaginação” enriquece a comunicação e o pensamento crítico, elementos essenciais para o aprendizado científico. Finalmente, “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações” abordam diretamente conceitos matemáticos e científicos, como o ciclo de vida das plantas, através de atividades práticas. Dessa maneira, os campos de experiência se inter-relacionam e fortalecem a formação inicial das crianças em ciência (ALMEIDA et al, 2024, pg7).

Ao envolver os pequenos em atividades dos campos de experiências que promovem a exploração, a observação e a experimentação; os educadores criam um ambiente de aprendizado ativo e colaborativo. À medida que as crianças desenvolvem habilidades investigativas e críticas desde cedo, aprendem a pensar de forma científica enquanto se divertem e descobrem o mundo ao seu redor. Essa abordagem não apenas contribui para o desenvolvimento integral dos alunos, mas também os prepara para etapas futuras da educação. Ao cultivar uma atitude investigativa e curiosa, a iniciação científica na Educação Infantil ajuda as crianças a compreenderem melhor o mundo, tornando-se mais conscientes e engajadas em seu processo de aprendizagem.

Neste sentido o papel do professor na Educação Infantil quanto a IC é criar situações que estimulem as crianças a questionarem, pensar, levantar hipóteses, buscar soluções e experimentar as vivências adequadas para sua idade, dentro do contexto de infância e não em contexto de escolarização precoce.

Alguns exemplos de experimentos que favorecem a IC e ou conhecimento em ciências na Educação Infantil podem ser encontrados na obra “Ensinando ciências” da Alessandra et al 2020. A seguir um exemplo de proposta para a Educação Infantil.

Atividade Prática: Descobrindo a Densidade dos Objetos
Objetivo: Favorecer a vivência das crianças na iniciação científica, explorando conceitos de densidade e flutuação através de uma experiência prática e divertida.
Materiais Necessários: Uma grande bacia com água. Vários objetos pequenos (pedras, rolos, moedas, pedaços de isopor, clipes, brinquedos de plástico, etc.). Papel e lápis para registrar os resultados
Passo a Passo: 1- Introdução: Reúna as crianças e explique que elas vão descobrir se diferentes objetos flutuam ou afundam quando colocados na água. Pergunte o que elas acham que vai acontecer com cada objeto e por quê .2-Experimentação:Distribua os objetos para as crianças e peça que, um a um, coloquem cada objeto na bacia de água. Peça que observem e registrem se o objeto flutuou ou afundou.3-Observação e Registro: Ajude as crianças a fazerem uma tabela simples, desenhando os objetos e marcando se eles flutuaram ou afundaram. Incentive as crianças a pensarem sobre por que alguns objetos flutuam e outros não.4-Discussão e Reflexão: Reúna as crianças para discutir os resultados. Pergunta: “Por que você acha que alguns objetos flutuaram enquanto outros afundaram? “Explique de forma simples o conceito de densidade, utilizando exemplos de objetos testados.5-Extensão da Atividade: Introduza variações como comparar objetos do mesmo material com diferentes tamanhos ou formas. Incentive as crianças a fazerem lances antes de testar novos objetos.

Fonte: Atividade adaptada pelas autoras desta pesquisa, com base em leituras da obra de ARCE 2020.

No Ensino Fundamental a IC, vem como proposta de ser trabalhada por meio dos componentes curriculares que compõem os anos iniciais e finais. Há possibilidade da interdisciplinaridade, do desenvolvimento de projetos, mostras científicas, seminário, exposições, oficinas e outras estratégias metodológicas que possibilitem os estudantes a protagonizarem as habilidades e competências próprias de cada ano/série do Ensino Fundamental.

No Ensino Fundamental, o primeiro elemento que merece destaque é sobre a alfabetização científica, que para além da alfabetização e letramento matemático e de Língua Portuguesa, propõem ambientar a aprendizagem dos estudantes nos amoldes da busca pelo conhecimento, informações e saberes científicos.

Na alfabetização científica, assim como anunciado para o letramento científico, existe também preocupação com os benefícios do ensino de Ciências para as pessoas, a sociedade e o meio-ambiente. Sendo assim, a alfabetização deve desenvolver nos estudantes a capacidade de organizar seu pensamento de maneira lógica, auxiliando na construção de uma consciência mais crítica em relação ao mundo que a cerca (SASSERON, 2008, p. 11).

 Nesse sentido, desde o início dos três primeiros anos alfabetizadores até o nono ano do Ensino Fundamental, deve haver possibilidade de os estudantes desenvolver a compreensão dos três elementos essenciais da IC:

A compreensão básica de termos e conceitos científicos fundamentais, a compreensão da natureza da ciência e dos fatores éticos e políticos que circundam sua prática e o entendimento das relações existentes entre ciência, tecnologia, sociedade e meio ambiente (SASSERON, 2008, p. 11).

 Estudos têm ressaltado a importância da pesquisa científica no meio escolar enquanto forma de aprendizado científico e instrumento de aprofundamento de conhecimentos (LORENZONI; SALGADO, 2019); bem como opção metodológica preparando os estudantes para a compreensão mais profunda dos conhecimentos científicos e para a resolução de problemas de forma autônoma e criativa (OLIVEIRA,2020).

Este processo é facilitado por professores capacitados, que atuam como mediadores e orientadores, auxiliando os alunos na construção de conhecimento de forma ativa e colaborativa. Em diferentes contextos escolares, a iniciação científica pode ser adotada de diversas formas, como feiras de ciências, clubes de pesquisa e projetos interdisciplinares ou mesmo o incentivo cotidiano para práticas de pesquisas nos ambientes escolares. Segue um exemplo prático de atividade potencializadora do conhecimento científico e consequentemente da IC.

Atividade: Explorando a Ciência dos Alimentos
Objetivo: Estimular a curiosidade científica dos alunos e desenvolver habilidades de observação, registro, análise e comunicação por meio da exploração dos alimentos que consumimos diariamente.
Descrição da Atividade:1Introdução ao Tema: Iniciar com uma breve discussão sobre a importância dos alimentos em nossa vida. Explicar como os alimentos são uma rica fonte de conhecimento científico, abordando aspectos como nutrição, origem, processos de conservação e biodegradabilidade.2Divisão em Grupos: Dividir a turma em pequenos grupos de 4 a 5 alunos. Cada grupo escolherá um tipo de alimento para investigar (por exemplo, frutas, vegetais, grãos, laticínios, carnes).3-Observação e Registro: Fornecer aos grupos alimentos variados dentro de sua categoria para observação. Equipar os grupos com lupas, cadernos de anotações, lápis e, se possível, tablets ou celulares para tirar fotos. Orientar os alunos a observarem e registrar características como cor, textura, cheiro, forma e tamanho.4-Pesquisa Complementar: Após a observação inicial, cada grupo deve escolher um alimento específico para estudar mais detalhadamente. Utilizar a biblioteca da escola ou acesso à internet para pesquisar sobre o alimento escolhido: origem, processo de produção, valor nutricional, formas de consumo e curiosidades.5-Experimentos Simples: Propor a realização de experimentos simples, como: Testar a acidez de frutas usando indicadores de pH naturais (como repolho roxo). Observar o processo de decomposição de diferentes alimentos ao longo do tempo. Investigar o efeito de diferentes métodos de conservação (refrigerador, sal, vinagre) sobre a durabilidade dos alimentos.6-Análise e Discussão: Cada grupo prepara um pequeno relatório ou apresentação sobre suas descobertas e experimentos. Organizar uma sessão de compartilhamento onde cada grupo apresenta suas observações e pesquisas para a turma.7Reflexão e Conclusão: Conduzir uma discussão sobre o que os alunos aprenderam com a atividade. Perguntar como a pesquisa e os experimentos ajudaram a entender melhor os alimentos que consumimos e a importância de práticas alimentares saudáveis.
Materiais Necessários:Lupas.Cadernos de anotações. Lápis. Tablets ou celulares (opcional). Diferentes tipos de alimentos. Materiais para experimentos (repolho roxo, vinagre, sal, etc.)
Avaliação: Avaliar a participação ativa dos alunos durante a observação, pesquisa e experimentos. Considerar a qualidade das anotações e registros feitos. Avaliar a clareza e a criatividade das apresentações dos grupos. Refletir sobre o engajamento dos alunos e o desenvolvimento das habilidades de investigação científica.
Extensão da Atividade: Promover um projeto contínuo de investigação sobre a ciência dos alimentos, explorando diferentes temas como alimentação sustentável, segurança alimentar e impacto ambiental da produção de alimentos. Criar um “Diário Alimentar Científico” onde os alunos podem registrar suas descobertas e reflexões regularmente.

Fonte: Atividade adaptada pelas autoras desta pesquisa, com base em leituras da obra de OLIVEIRA 2020.

Neste contexto, ao elaborar as atividades e ou propostas voltadas para a IC, o professor deve relacioná-las com situações-problema que motivem os alunos na busca por soluções.

As atividades propostas não devem envolver apenas a manipulação de materiais, mas, também, a investigação e reflexão acerca dos procedimentos adotados. Portanto o ensino das ciências é sem dúvida aquele que desperta maior interesse e prazer ao aluno na aquisição do conhecimento, devendo seguir alguns procedimentos metodológicos adequados, tais como: observação, experimentação, solução de problemas, unidades de trabalho, discussões, leituras e método científico propriamente dito (CARVALHO, 2001, p.45).

Neste processo, o professor deve fazer apontamentos sem apresentar as respostas finais aos alunos, mas de modo a conduzi-los ao princípio do pensamento científico (CARVALHO, 2001), pois é por meio das vivências e práticas pedagógicas do ensino e aprendizagem de ciências que a IC aos poucos vai se consolidando nos estudantes da educação básica.

No Ensino Médio a IC, ocorre de modo transdisciplinar e interdisciplinar por meio dos componentes curriculares da Base Comum e dos Itinerários formativos. Assim as competências gerais da Ciências da Natureza de acordo com a BNCC são:

1-Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas relações entre matéria e energia, para propor ações individuais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e/ou global. 2- Construir e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar decisões éticas e responsáveis.3-Analisar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC)(BRASIL, 2018,p.537).

Essas competências para o ensino de Ciências da Natureza no Ensino Médio representam uma visão holística e dinâmica da educação científica. Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, compreendendo as relações entre matéria e energia, nos ajuda a propor soluções práticas que melhoram a produção e reduzem impactos ambientais. Isso nos chama a agir tanto localmente quanto globalmente para melhorar a qualidade de vida fundamentada em decisões éticas e responsáveis. As competências da BNCC não só enriquecem o aprendizado científico, mas também preparam os alunos para serem cidadãos críticos, inovadores e responsáveis, capazes de enfrentar os desafios do mundo moderno de maneira ética e sustentável. Deste modo o professor tem um papel relevante como mediador, orientador, problematizador e favorecedor das aprendizagens dos estudantes como ativos, autônomos e capazes.

O professor deve compreender o seu papel no aprendizado do aluno, de modo a contribuir positivamente para a consolidação do conhecimento e ao mesmo tempo incentivar que o aluno seja o protagonista no processo de aprendizado. A mensuração da aprendizagem do aluno pode ser feita por meio da troca de informações, analisando o modo como pensam e os argumentos utilizados, além da comparação dos registros e produções realizadas pelos alunos (BIZZO, 2012).

A estrutura e funcionamento do Ensino Médio desenham um cenário mais ativo e produtivo quanto as produções resultantes da IC por meio do itinerário formativo desta etapa da educação básica.  Os estudantes são jovens de 13 a 17 anos com maior autonomia, engajamento, independência e repertório histórico mais amplo do que os estudantes das etapas anteriores., nesse sentido o protagonismo estudantil será importante para a produção de conhecimentos e desenvolvimentos de projetos e/ou mesmo preparação para a IC no Ensino Superior. A seguir um exemplo de proposta contribuitiva para a IC no Ensino Médio.

Título da Atividade: Investigação Científica sobre o Impacto Ambiental da Comunidade Local
Objetivos: Introduzir os estudantes aos métodos de pesquisa científica. Desenvolver habilidades de observação, coleta e análise de dados. Incentivar a compreensão sobre questões ambientais locais. Promover o trabalho em grupo e a comunicação científica. Duração: 6 semanas
Etapas da Atividade
Semana 1: Introdução e Planejamento
1-Aula de Introdução: Explicar os conceitos básicos de iniciação científica e pesquisa ambiental. 2- Formação de Grupos: Dividir os estudantes em grupos de 4 a 5 pessoas.
3- Escolha do Tema: Cada grupo escolherá um problema ambiental específico na comunidade local (ex.: poluição de rios, desmatamento, descarte de lixo).4- Elaboração de Hipóteses: Orientar os grupos a formularem hipóteses relacionadas ao tema escolhido.
Semana 2: Pesquisa Teórica
1-Levantamento Bibliográfico: Os grupos deverão pesquisar artigos científicos, livros e outras fontes confiáveis sobre o tema escolhido.2-Registro das Informações: Cada grupo deve elaborar um resumo do que foi encontrado na literatura.
Semana 3: Planejamento da Pesquisa de Campo
1-Desenvolvimento de Métodos: Orientar os grupos na definição dos métodos de coleta de dados (ex.: entrevistas, questionários, observações diretas).2-Planejamento Logístico: Organizar como e onde os dados serão coletados, definir responsabilidades dentro do grupo.
Semana 4: Coleta de Dados
1-Trabalho de Campo: Os estudantes realizarão a coleta de dados de acordo com o planejamento.2-Registro das Informações: Todos os dados coletados devem ser registrados de forma organizada.
Semana 5: Análise de Dados e Elaboração do Relatório
1-Análise de Dados: Orientar os grupos a analisarem os dados coletados, procurando padrões e relacionando com a hipótese inicial.
2-Elaboração do Relatório: Cada grupo deve preparar um relatório detalhado contendo: introdução, metodologia, resultados, discussão e conclusão.
Semana 6: Apresentação dos Resultados
1-Preparação da Apresentação: Orientar os grupos na criação de uma apresentação visual (ex.: slides, pôster).2-Apresentação Oral: Cada grupo apresentará seus resultados para a turma e possivelmente para a comunidade escolar.3-Discussão: Realizar uma sessão de perguntas e respostas para incentivar a troca de ideias e reflexões sobre as pesquisas apresentadas.
Materiais Necessários: Computadores com acesso à internet. Materiais para coleta de dados (ex.: cadernos de campo, gravadores de áudio, câmeras fotográficas) Software de apresentação (ex.: PowerPoint, Google Slides)
Avaliação: Participação e envolvimento dos estudantes em todas as etapas. Qualidade e profundidade da pesquisa teórica. Precisão e organização na coleta e análise de dados. Clareza e coerência na apresentação oral e escrita dos resultados.

Fonte: Atividade adaptada pelas autoras desta pesquisa, com base em leituras do livro ciências da natureza: origens: ensino médio GODOY, AGNELO, MELO (2020)

DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DA INICIAÇÃO CIENTÍFICA

De um modo geral a IC intenta em suas tessituras teórico-práticas:  desenvolver o pensamento crítico e reflexivo, estimular os alunos a questionarem, investigar e refletir sobre fenômenos científicos, promovendo uma compreensão profunda dos conceitos; desenvolver habilidades de pesquisa, fomentar o interesse pela ciência, preparar para a aquisição e a produção de conhecimentos científicos e por fim preparar para o Ensino Superior. 

A implementação da IC enfrenta diversos desafios. Entre eles, destaca-se a falta de recursos materiais e financeiros, a necessidade de formação continuada de professores e a resistência por parte de alguns educadores e gestores escolares.

 É preciso ressignificar as concepções de ensino, relação professor aluno e a relação do estudante com o conhecimento, este último deve ser concebido como protagonista, ativo e capaz de buscar conhecimentos e construir seus repertórios formativos.

[…] a escola não pode mais proporcionar toda a informação relevante, porque esta é muito mais móvel e flexível do que a própria escola, o que ela pode fazer é formar os alunos para que possam ter acesso a ela e dar lhe sentido, proporcionando capacidades de aprendizagem que permitam uma assimilação crítica da informação. Devem aprender a construir seu próprio julgamento ou ponto de vista (POZO E CRESPO 2009, p. 24).

Para além da falta de materiais, recursos, programas de incentivo, bolsas de estudos, laboratórios de pesquisa, precisamos também pensar no ambiente escolar que favoreça a IC por meio da problematização de ideias, do compartilhamento de saberes, construção coletiva e colaborativa dos processos de aprendizagem para os estudantes.

Fomentar um ambiente que estimule os alunos a explorarem e a refletirem sobre suas ideias; – Criar múltiplas oportunidades de interação, o trabalho cooperativo e o questionamento mútuo; – Fomentar e alimentar a partilha e a discussão; – Ajudar os alunos a relacionarem nova informação com a que já possuem e a sistematizarem o que aprenderem; e – Decidir o apoio a fornecer aos alunos sem coarctar a sua responsabilidade primeira pela procura de uma solução ou pela exploração da situação (TENREIRO-VIEIRA, C.; VIEIRA, 2014 p. 20).

A IC favorece tanto o desenvolvimento cognitivo quanto o social dos estudantes. Por meio da pesquisa científica, os alunos aprendem a formular hipóteses, coletar e analisar dados e comunicar seus resultados de maneira clara e objetiva. Além disso, a iniciação científica promove habilidades socioemocionais, como trabalho em equipe, responsabilidade e ética, essenciais para a formação de cidadãos. Esses aspectos favorecem uma aprendizagem significativa, que transcende a memorização de conteúdos e se traduz em compreensão profunda e aplicação prática do conhecimento.

Considerações Finais

A iniciação científica na educação básica apresenta-se como uma ferramenta pedagógica, capaz de transformar a aprendizagem dos estudantes em repertórios culturais e de conhecimentos científicos essenciais para o desenvolvimento e exercício da cidadania. “A leitura do mundo precede a leitura da palavra” (FREIRE, 1987) concordamos com o autor e entendemos que a IC, contribui para que os estudantes  tenham leitura de mundo, de contexto e de conjuntura política, econômica, cultural e social , pois todo  itinerário formativo que contempla a IC parte de conhecimentos referenciados, sustentados em aportes científicos  sólidos, considerando ainda  abordagens problematizadoras, contextualizadas e relacionadas aos contextos de vivências dos estudantes.

A ciência, o saber e o conhecimento não são neutros nem apolíticos;  neste estudo concebemos o ensino de ciências disciplinar ou interdisciplinar como base norteadora que possibilita o desenvolvimento da IC, da alfabetização e letramento cientifico, elemento importante na formação social.

Ao enfrentar os desafios e explorar as possibilidades de alfabetizar científica e tecnologicamente os estudantes por meio da IC, é possível criar um ambiente educativo que valorize a curiosidade, a investigação e o pensamento crítico, preparando os alunos não apenas para o Ensino Superior, mas também para participação ativa e responsável na sociedade. Assim, a iniciação científica não apenas favorece a aprendizagem significativa em diversas áreas do conhecimento, mas também contribui na formação de cidadãos conscientes e comprometidos com o bem comum. Bizzo (1998) adverte que, no passado, pensava-se que apenas aqueles que viriam  a  ser cientistas  poderiam  se  interessar pelo conhecimento científico. Atualmente, considerando a crescente importância dos conhecimentos científicos e tecnológicos em nossa sociedade, bem como a rapidez com que essas informações são disseminadas, o ensino de Ciências enfrenta um novo desafio: ajudar a alfabetizar científica e tecnologicamente o cidadão comum.

Deste modo a questão central que orientou este estudo foi como a iniciação científica pode contribuir para a formação e as aprendizagens dos estudantes da educação básica? De acordo com a discussão da pesquisa destacamos que é necessário ambientes favorecedores de vivências e experiências de investigação, curiosidade, questionamentos, busca por informações, levantamento de hipóteses, testagens e realização de pesquisas desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. É notório a importância de conceber o lugar das estratégias de ensino que rompam como o modelo de ensino transmissor e proponha um ensino transformador, ativo e guiado por didáticas em que os estudantes se percebam como protagonistas do processo de ensino e aprendizagem.

BIBLIOGRAFIAS

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TENREIRO-VIEIRA, C.; VIEIRA, R. M. Construindo práticas didático – pedagógicas promotoras da literacia científica e do pensamento crítico. Documentos de Trabajo de Iberciencia, n. 2, 2014.


[1] Mestre em Educação -UFT (2017-2019.) Pedagoga pela Faculdade Aphonsiano (2006). Docência Universitária pela Faculdade Araguaia (2008). Sociologia e educação pela Faculdade Aphonsiano (2009). Professora da educação básica na Rede Estadual de Ensino do Estado do Tocantins (SEDUC). Professora do curso de Pedagogia na Faculdade ITOP. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5069696336132768. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4673-722X. E-mail: ildaneta18@gmail.com

[2] Especialização em Docência do Ensino Superior e Escola de Gestores em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) e Orientação Educacional. 14 anos como professora de ensino superior nos cursos de Pedagogia da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e do Instituto Tocantinense de Pós-Graduação (UNITOP) CV: http://lattes.cnpq.br/8702998158354007     e-mail nerci.rezende@gmail.com

[3]Especialista em Psicopedagogia e Alfabetização e Letramento. Graduação em Pedagogia pela Faculdade ITOP (2012) Servidora Pública Estadual como professora da Educação Básica/ Coordenador Pedagógico. Atualmente é coordenador pedagógico do Governo do Estado de Tocantins. http://lattes.cnpq.br/6659631428545167  e-mail anapgsr10@gmail.com

[4] Mestre em Educação pela UFT – Universidade Federal do Tocantins (2015 -2018). Graduada em Pedagogia. Especialização em Formação de gestores Escolares (2018) ; Especialização em Gestão Educacional e Metodologia do Ensino de Ciências Naturais (Matemática e Ciências) pelo Educon(2006);Especialização em Planejamento e Gestão Ambiental pela Unitins(2004) Professora Efetiva da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Tocantins. CV: http://lattes.cnpq.br/2607812889241792    e-mail seilapugas@gmail.com

[5] Mestrado em Pisicologia Educacional pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada de Portugal (1999), graduação em Pedagogia Habilitação em Supervisão Escolar pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Palmas, Parana (1996). http://lattes.cnpq.br/6639956876040160 e-mail deboragenepereira@gmail.com

[6] Especialista em Gestão e Educação Ambiental pela faculdade Suldamérica (concluído em abril de 2015), graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Tocantins (concluído em janeiro de 2.000) Professora de Biologia do Ensino Médio na rede estadual de ensino do Tocantins desde 2001, atua como professora de Ciências no Ensino Fundamental anos finais no colégio Uperimm desde 2.000. Lates http://lattes.cnpq.br/5287955337873297         E-mail simonemaiab@gmail.com

[7]A Aprendizagem Significativa discutida neste estudo é a proposta por David Ausubel em 1963, que se distingue pela integração entre os conhecimentos já adquiridos e os novos. Essa integração ocorre de maneira não literal e não arbitrária. Nesse processo, os novos conhecimentos tornam-se significativos para o indivíduo, enquanto os conhecimentos prévios ganham novos significados ou se tornam mais estáveis cognitivamente (MORREIRA,2010).