REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202409071258
Paula Marisane Winck Becker1
Rosa Elaine Greque Tavares2
RESUMO: O presente trabalho de conclusão do curso propõe uma reflexão sobre a influência das emoções no processo do ensino de aprendizagem a partir de uma discussão teórica do quanto as emoções influenciam nas tomadas de decisões de cada indivíduo. A pesquisa identificou uma complexa união de fatores, procurando trazer pontos bem relevantes que são vivenciados diariamente por docentes e discentes. Dentre todos resultados, a referida pesquisa obteve a intenção de trazer questões tanto biológicas quanto inerentes encontradas no dia a dia sendo que, será no ambiente escolar ou acadêmico onde o pedagogo, por meio de sua prática pedagógica, construirá um espaço para as possibilidades das relações institucionais e interpessoais.
PALAVRAS-CHAVE: Emoções; Escola; Educação; Aprendizagem; Influência;
Sabemos que o ser humano é um ser emotivo, as emoções estão presentes em todos os minutos de nossas vidas, sendo elas boas ou não, positivas ou negativas, estamos atrelados a elas no nosso dia a dia. Elas influenciam em nossas tomadas de decisões, quando, como e de que forma realizamos nossas atividades, sendo estas ligadas a área da vida pessoal, trabalho e escolar. As emoções influenciam o nosso processo de ensino aprendizagem quer nós estejamos percebendo isso ou não.
A emoção humana é uma vivência constituída histórica e culturalmente que integra componentes de representação (símbolos, ideias, valores, ideologias); de expressão, e de manifestação corpórea (motóricofisiológicas) amalgamados. A emoção se manifesta dirigida ao objeto da atividade, é gênese e sustentação da atividade humana (Camargo; Bulgacov, 2016, p. 217).3
Damásio (1995), neurocientista português, nos traz, em seus estudos, que as funções cognitivas, como o pensar, o induzir, o raciocinar e o tomar decisões, são guiadas pela emoção e pela avaliação e julgamento das consequências das ações.
Sabemos também, que a palavra emoção origina-se do verbo mover, o qual significa tudo ou aquilo que nos faz mexer ou movimentar, tal fato ocorre tão somente quando sentimo-nos motivados e/ou impulsionados a fazermos algo e/ou tomarmos alguma atitude. EKMAN, 1994 e DAMÁSIO, 1996, trazem as emoções como sendo classificadas em primárias – básicas ou utilitárias-, secundárias ou sociais e de segundo plano (ou estado de ânimo).
O ser humano, tanto crianças, adolescentes, adultos e idosos, buscam por atividades e ocupações que os façam sentir-se bem, em contrapartida, procuram evitar situações ou atividades nas quais possam se sentir mal, sendo, portanto, as emoções uma fonte essencial de aprendizagem. Todavia, é muito mais fácil aprender algo que gostamos pois de tal forma iremos sentirmo-nos bem. O ambiente pedagógico em sala de aula deve ser propiciador de emoções positivas aos educandos, visando com que ele sinta-se bem e busque ampliar seus horizontes no campo de ensino aprendizagem.
Scherer, 1987, 2001 na obra intitulada O que são emoções? E como podem ser medidos. Diz que:
[…] a emoção é definido como um episódio de mudanças sincronizadas e inter-relacionadas no estados de todos ou da maioria dos cinco subsistemas organísmicos em resposta a avaliação de um evento de estímulo externo ou interno como relevante para principais preocupações do organismo.(Scherer, 1987,2001, tradução nossa).1
Portanto, podemos definir as emoções como sendo respostas do organismo a eventos do ambiente, o que vem a desencadear padrões de ativação fisiológica específicos e envolvendo aspectos cognitivos, de comportamento e ainda do sistema autonômico simpático e parassimpático, os quais controlam ações do organismo. Sendo elas também, partes integrais das interações com o meio e com os outros (SACHARIN, SCHLEGEL e SCHERES, 2012).
Dentro do contexto das emoções podemos citar duas situações que podem fazer-se presentes em nosso dia a dia variando de acordo com o momento vivenciado, sendo estes associados a dopamina e ao cortisol. A dopamina , um dos hormônios da felicidade, à atenção e à memória, este neurotransmissor é liberado em nosso organismo toda vez que conquistamos satisfação de vivenciar e/ou compreender algo novo. Em contrapartida o cortisol quando está em altos níveis na corrente sanguínea envia sinais de alerta para o cérebro, o qual, direciona a atenção para o foco onde encontra-se a preocupação, prejudicando a memória e o aprendizado, reduzindo drasticamente a qualidade do mesmo.
As amígdalas cerebrais são responsáveis por nossas emoções. A aprendizagem está intrinsecamente relacionada aos estímulos que recebemos e são captados pelos órgãos dos sentidos, sendo estes estruturalmente ligados às amígdalas, não havendo, de tal forma, separação entre aprendizagem, cérebro e afetividade. A maneira como somos motivados e estimulados a acreditar em nossas capacidades, impulsiona-nos a aprender ou não. São fatores determinantes para enfrentarmos os desafios do nosso dia a dia em todo e qualquer momento de aprendizagem, o ambiente, o clima emocional e a qualidade das relações por nós vivenciadas.
Em momentos de ansiedade e/ou tristeza, por exemplo, há um déficit na concentração, provocando dificuldade na capacidade de compreensão, percepção e assimilação das informações. Uma criança que tenha dificuldade de aprendizagem, ao não conseguir entender o que se passa com ela, com suas emoções, acaba por ficar insegura e passa a acreditar que não tem potencial intelectual para conseguir realizar qualquer atividade e/ou tarefa, perdendo gradativamente a sua autoestima e trazendo prejuízo ao seu desempenho.
Nesta etapa, propomos com este trabalho reflexões sobre as possibilidades de compreender os fatores emocionais que influenciam a aprendizagem dos escolares, nesta perspectiva quando pensamos em ambiente escolar se torna impossível ter uma visão individualista, de acordo com o artigo: A influência das emoções no processo de ensino e aprendizagem dos autores, ASINELLI-LUZ, A.; HICKMANN, A. A.; HICKMANN, G. M; ressaltamos que, a totalidade do ambiente escolar é a somatória do que está ao seu entorno.
Objetivamente o processo se dará de maneira em envolver o indivíduo em sua caminhada, com o objetivo final que é a sua introdução na sociedade, como cidadão preparando-o para trilhar com seus próprios passos, rumo a suas conquistas como perante o Estado.
Efetivamente deve-se entender que cada indivíduo tem sua particularidade caracterizada advindo de suas raízes e é, neste olhar que se faz necessário que todo núcleo de aprendizado deva unir-se em volta do aluno, mesmo vindo como sua singularidade arraigada este estará em construção do seu saber.
Quanto à quem, efetivamente o envolverá será o professor e todos os integrantes daquela escola, a comunidade e seu núcleo familiar; aqui nesta etapa ao pensarmos nos assuntos propostos nas aulas da disciplina de Neurociência, do curso de Especialização em Ensino de Filosofia da UFPEL é oportuno trazer à tona e de grande consideração a questão emocional na aprendizagem.
Conforme o artigo utilizado, os autores mencionam as influências das emoções no aprendizado de escolares fazemos a seguinte análise; a questão emocional neste processo da aprendizagem não pode ser deixada de ser incluída em discussões, rodas de conversa onde primeiramente inserindo nas salas acadêmicas dos futuros professores, sim, porque o começo de toda construção do saber do indivíduo se dará na sala de aula.
Certamente é preciso lembrar que a relação do professor e aluno se mostra dentro de uma interação e está interligada à alguns fatores dentre eles é, ao domínio daquele tema que o professor apresentará na sala de aula, como uma reação a esta questão o aluno se mostrará emocionalmente envolvido com o professor no tema proposto na sala de aula.
Em conformidade a esta perspectiva observamos se fazer necessário materiais didáticos onde serão tratados assuntos e metodologias relacionados aos processos formativos de gestores, novas maneiras e estratégias de promover o conhecimento, pois, além de adquiri-lo, é necessário saber aplicá-lo e adaptá-lo às novas informações dentro do contexto escolar.
Entretanto, quando se menciona que nas unidades acadêmicas, os futuros docentes precisam ter estudos mais aprofundados sobre as questões que envolvem as emoções, dessa forma passa o docente a entender que atuará como representante político-social da educação por uma gestão escolar aberta, participativa e engajada com os anseios da sociedade.
Mais uma vez trazemos a tona sobre formação continuada, sabemos que o acadêmico sai das universidades com a clareza de que, ele sempre precisará estar estudando e buscando pelo seu próprio conhecimento, por vezes solitário usando do seu tempo e vida, mais consciente que é para seu crescimento enquanto profissional de responsabilidade de estar renovando seu conhecimento e mente aberta para o crescimento.
O propósito de todo conhecimento deste professor grande parte será compartilhado com seus alunos em uma construção mútua, o saber e a educação tenha seu olhar voltado para todas as questões deste indivíduo, o cuidado de tratar o assunto emoções na aprendizagem é algo que se faz necessário, devendo estar voltado aos cursos de futuros pedagogos e todos aqueles voltados à licenciatura.
Portanto, investir na formação continuada do professor é de fundamental importância para o processo de qualificação de ensino-aprendizagem. Sendo assim, professores e escolas são responsáveis por esse processo. A escola, por sua vez, deve incluir a formação continuada em seus planos de investimentos, garantindo o aprimoramento da atuação dos professores em sala de aula e, consequentemente, a melhoria da aprendizagem.
Dessa forma, a escola deve estabelecer junto aos professores alguns direcionamentos lembrando que, aprender é entender algo que não se entendia antes aprendendo descobrimos a melhor maneira, isto estimula o aprender.
A sociedade evolui e se transforma a cada dia. Sendo assim, ocorrem intensas mudanças tanto na escola como no papel do professor. Ou seja, o professor de hoje não é o mesmo de ontem, nem será o mesmo de amanhã. É preciso recriar a sua prática pedagógica de acordo com as necessidades que se apresentam no cotidiano da escola.
Com o avanço da tecnologia em todos os setores da sociedade, inclusive na educação, surgem novas formas de ensino e o uso de outras ferramentas mais prioritárias do que as tradicionais apostilas. Além disso, os alunos não são os mesmos. Nascidos em um contexto digital e em um mundo que tem pressa, eles esperam por um ensino diferente e mais interessante.
Por essa razão, os desafios de ser professor nos dias atuais são muito maiores, o que torna necessário conhecer esses desafios para se preparar e superálos, a fim de continuar a missão de com o avanço da tecnologia surgem novas formas de ensino e outras formas de ferramentas.
Mesmo não obtendo a totalidade das escolas o ensino e a inclusão passam a estar mais próximos, permitindo o envolver de toda sala de aula, sabe-se ainda que se faz necessário mais educadores e condições melhores nas salas de aula, algumas coisas não mudam, escolas sucateadas, depredadas, apenas em promessas de conclusão para um melhor ensino público.
As relações entre professor e estudantes
A função do educador não é somente informações ou conhecimentos, mas, sobretudo, ajudar o escolar a conhecer a si mesmo e a tomar ciência de suas ações.
Por isso, o professor precisa acolher e praticar a escuta ativa. Por outro lado, no processo de ensino-aprendizagem, o estudante precisa aceitar a si mesmo e aceitar as pessoas, com seus defeitos e qualidades (Mello; Rubio, 2013).
Sendo também papel do educador prover conhecimentos, desenvolver habilidades e contribuir com valores para esses alunos. Desse modo, crianças e adolescentes poderão se integrar a uma sociedade e agir de forma ética e responsável. Na concepção de Freire (1997), a educação deve ser libertadora, contribuindo para que o escolar desenvolva seu senso crítico e analítico das situações.
Nesse contexto, a educação para o homem passa a ter dois momentos: no primeiro, há o conhecimento e o desvelamento do mundo; em um segundo, ocorre a prática da transformação, libertando-o da opressão. Em resposta a isso, a educação e a pedagogia são práticas libertadoras e constantes na vida do ser humano (Mello, 2013).
Atualmente podemos ver que o caminho de uma educação inclusiva se faz mais presente em nosso meio, com mais efetivação possível, onde cada passo diário mostra o sacrifício daqueles que por ela lutaram; nesta relação de professor e estudantes a escola ou sala de aula que não desenvolva a intuição e a emoção dos estudantes está condenada, esvaziada de entusiasmo, ela empobrece o cérebro dos seus ocupantes, quer no seu presente, quer na formação futura.
Quando a aprendizagem não parece ser bem-sucedida, precisamos parar e observar com atenção; qual recurso que este aluno tem em suas mãos? Sim pois dispositivos, jogos, em determinados momentos ajuda a criança a não manter a atenção.
Muitas crianças com déficit de atenção, não conseguem acompanhar o professor em alguma atividade, pois a velocidade no processamento de informações é outro ponto importante a inibição da resposta contribuem para acelerar a resposta do cérebro, quando a criança fica para trás ela tem dificuldade em acompanhar o professor, observando a flexibilidade cognitiva, tipo a capacidade de mudar de ideia, claro que não é o mesmo processo de um adulto.
A múltipla atenção simultânea com capacidade de várias tarefas ao mesmo tempo, em determinados casos pode-se afirmar ser uma prática docente qualificada se destaca por vários fatores; dentre eles, podemos citar a projeção de uma metodologia, a qual promova situações de aprendizagens bem estruturadas e significativas aos alunos.
Dessa forma, deve-se levar em consideração o interesse e o conhecimento prévio dos alunos na para a ampliação de seus conhecimentos. Contudo a leitura é uma atividade completa, destacando-se no âmbito formativo e prazeroso.
Ampliando conhecimentos ao abrir ilimitadas portas para novas aprendizagens, podemos dizer que ela se apresenta como fundamental no processo de formação do aluno, desde os primeiros anos na escola.
Com tudo acreditamos que, independentemente do ambiente em que está inserido, o pedagogo, por meio de sua prática pedagógica, constitui um espaço para as possibilidades das relações institucionais e interpessoais.
Compreendendo a importância da presença da prática nestas descobertas do novo, sem rótulos no do aluno mas com uma busca do despertar e levá-lo a conhecer sua própria capacidade, onde este aluno terá despertado seu conhecimento e não excluindo o olhar para a questão das emoções terá a sua prática pedagógica de acordo com as necessidades que se apresentam no cotidiano da escola.
3No original: […]emotion is defined as an episode of interrelated, synchronized changes in the states of all or most of the five organismic subsystems in response to the evaluation of an external or internal stimulus event as relevant to major concerns of the organismo.
REFERÊNCIAS
Camargo, D.; Bulgacov, Y. Recuperação histórica do conceito de emoção em Vigotski: contribuição para a tese da indissociabilidade da emoção na atividade humana. International Journal of Developmental and Educational Psychology, vol. 1, núm. 1, pp. 213-219, 2016.
Damásio A. O erro de Déscartes: emoção, razão e cérebro humano. Lisboa: Europa-América; 1995.
EKMAN, P.(1994). All Emotions are basic. In: EKMAN, P &DAVIDSON, R. (ed.) The nature of emotion: fundamental questions. New York: Oxford University.
MELLO, T.; RUBIO, J. de A. S. A importância da afetividade na relação professor/aluno no processo de ensino/aprendizagem na Educação Infantil. Revista Eletrônica Saberes da Educação, São Roque, SP, v. 4, n.1, p. 1-12, 2013.
SACHARIN, V., SCHLEGEL, K., & SCHERER, K. R.. Geneva Emotion Whee rating study (Report). Genebra, Suiça: University of Geneva, Swiss Center for Affective Sciences, 2012.
1Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal de Santa Maria. Especialista em Educação Infantil: Perspectivas Contemporâneas pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E-mail: paulamwf@hotmail.com 2Licenciatura em Filosofia pela Universidade Católica de Pelotas. E-mail: rosa.tavares@sou.ucpel.edu.br