THE INFLUENCE OF MUSIC ON PERFORMANCE DURING PHYSICAL ACTIVITIES
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410301203
Andrei Luiz de Oliveira Solimões¹;
Orientador: Luiz Henrique Carvalho Dantas².
RESUMO
Este estudo visa descrever evidências de como a preferência musical pode mediar as respostas ao exercício e os benefícios de desempenho, identificando quais fatores podem ser particularmente benéficos para otimizar o desempenho. No mais, as implicações práticas para os praticantes serão destacadas com considerações para estratégias para provocar o desempenho máximo através da preferência musical. A metodologia de pesquisa deste estudo ocorreu através de um estudo do tipo revisão de literatura, não carecendo da participação populacional ou amostras. Assim, os artigos foram extraídos pela primeira vez pelos autores. Os textos completos dos artigos relevantes foram então avaliados de forma independente pelos autores e orientador. As compreensões de cada estudo relacionados com a temática proposta foram extraídos de todos os experimentos incluídos. Quando os dados sobre a música e sua relação com a atividade física, estes não foram fornecidos explicitamente, os outros conteúdos significativos foram analisados para verificar qual extração de dados seria viável das obras para incorporar este estudo de revisão. Através das evidências atuais, conclui-se, portanto, que um aspecto importante para aumentar o desempenho com a música é a escolha pessoal. Em muitas academias, vestiários e ambientes de competição, a música é tocada em um alto-falante. Os dados atuais disponíveis sugerem, portanto, que se a música tocada nos alto-falantes não for preferida pelo indivíduo que se esforça, o desempenho pode sofrer depredações. Assim, treinadores e atletas devem considerar as preferências musicais individuais ao tentar otimizar o desempenho e o treinamento.
Palavras-chave: Musicoterapia. Desempenho. Benefícios. Atividade Física.
ABSTRACT
This study aims to describe evidence of how music preference can mediate exercise responses and performance benefits, identifying which factors may be particularly beneficial for optimizing performance. In addition, the practical implications for practitioners will be highlighted with considerations for strategies to elicit maximum performance through musical preference. The research methodology of this study was based on a literature review study, without the participation of the population or samples. Thus, the articles were extracted for the first time by the authors. The full texts of the relevant articles were then independently evaluated by the authors and advisor. The understandings of each study related to the proposed theme were extracted from all the experiments included. When the data on music and its relationship with physical activity were not explicitly provided, the other significant contents were analyzed to verify which data extraction would be feasible from the works to incorporate this review study. Through the current evidence, it is therefore concluded that an important aspect to increase performance with music is personal choice. In many gyms, locker rooms, and competition environments, music is played over a loudspeaker. The current data available therefore suggests that if music played over the speakers is not preferred by the individual who strives, the performance may suffer from depredations. Thus, coaches and athletes must consider individual musical preferences when trying to optimize performance and training.
Keywords: Music therapy. Performance. Benefits. Physical Activity.
1 INTRODUÇĀO
Descrições de ouvir diferentes tipos de ritmos e melodias durante atividades físicas ou esportivas foram observadas há milhares de anos. Mesmo séculos atrás, diferentes tipos de música muitas vezes tinham o poder de impulsionar indivíduos a conflitos ou paz entre culturas e religiões (Nascimento, 2021).
Nesta perspectiva, a ênfase inicial na importância da preferência musical foi descrita para afetar os sentimentos gerais de positividade ou negatividade dos indivíduos. Assim, os efeitos individuais e culturais da preferência musical foram amplamente descritos, mas o papel distinto que ela tem na otimização do desempenho moderno do esporte e no exercício só se tornou um tópico proeminente de investigação recentemente (Silva, 2023).
A música durante a competição tornou-se particularmente proeminente durante as competições olímpicas do século XX. Entre as cerimônias olímpicas (ou seja, abertura, prêmios de medalhas) e a incorporação em alguns eventos (ginástica, patinação artística), a associação de música e esportes tornou-se mais amplamente aceita (Silva, 2023).
Atualmente, a música está associada a quase todos os eventos esportivos e tem sido sugerida como um dos principais fenômenos com a competição esportiva. Com o surgimento de programas de exercícios recreativos e individualizados, a incorporação da música no treinamento aumentou. Novos desenvolvimentos em tecnologia portátil aumentaram a facilidade de acesso e permitiram a escolha individual da música durante o exercício (Ferraz et al., 2023).
Atletas de várias modalidades relataram ouvir música durante as sessões de treinamento físico, pré-competição e aquecimento com base em sua crença de que melhora o humor, a motivação e ajuda a alcançar os melhores níveis de desempenho. Com isso, grandes quantidades de investigações se concentraram nos potenciais benefícios da música durante o exercício principalmente como, mas não se limitando a, um meio de melhorar o desempenho máximo (Freitas, 2019).
Assim, a música e o desempenho foram sistematicamente explorados na literatura, o que equivale a uma riqueza de evidências que descrevem efeitos e/ou benefícios durante o exercício e o treinamento. Devido a isso, nem toda a literatura pode ser englobada na revisão atual.
A revisão presente neste estudo se concentrará principalmente no papel que a preferência musical desempenha em relação às respostas e ao desempenho do exercício. Um histórico geral sobre como a música influencia os diferentes tipos de respostas ao exercício será discutido, seguido de como a seleção e a preferência musical são comumente determinadas.
Por fim, o restante da revisão descreverá evidências de como a preferência musical pode mediar as respostas ao exercício e os benefícios de desempenho, identificando quais fatores podem ser particularmente benéficos para otimizar o desempenho. No mais, as implicações práticas para os praticantes serão destacadas com considerações para estratégias para provocar o desempenho máximo através da preferência musical.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Classificação e Tipo de Estudo
O desenho do estudo adere às regras atuais de revisão de literatura.
2.2 Participantes, Amostras ou População
Estudo do tipo revisão de literatura, não carecendo da participação populacional ou amostras.
2.3 Critérios de Inclusão e Exclusão
Após a busca dos artigos de principal interesse, a seleção ocorreu por meio dos critérios de inclusão e exclusão. Para a inclusão, os artigos e demais obras coletadas para este estudo precisaram obter os seguintes critérios, tais como: a) Pertencer a temática proposta; b) Publicado entre os períodos de 2019 a 2024; e c) Destacar a musicoterapia no desempenho de atividades físicas e seus benefícios.
Para a exclusão, foram direcionados os critérios como: a) Não possuir vinculo com a temática norteadora, b) Publicação inferior ao período datado para esta pesquisa – dos últimos 6 anos e c) Outros estudos que não forneçam dados satisfatórios das problemáticas interpostas neste estudo.
2.4 Instrumentos e Procedimentos para a Coleta de Dados
Esta pesquisa é de caráter transversal que ocorreu por meio de uma pesquisa bibliográfica de Artigos e demais documentos pertencentes a literatura da educação física e da saúde na qual ocorreu em um espaço temporal de 6 anos (2019 – 2024), entre os meses de janeiro de 2020 a agosto de 2024.
A pesquisa on-line efetuada buscou arquivos com a temática proposta nesta pesquisa, delimitando-se em apresentar uma exploração sobre a musicoterapia no desempenho de atividades físicas e seus benefícios.
A busca destes arquivos ocorreu por meio de periódicos multidisciplinares e específicos da área da saúde, como: Portal Periódicos da CAPES, Eric, PubMed, Scientific Electronic Library Online – Scielo; Medline, Eric, Lilacs, BVS, revistas brasileiras multidisciplinares e repositórios nacionais da Universidade Federal do Amazonas (UFAM/TEDE) e Universidade de São Paulo – USP.
2.5 Análise de Dados
Os artigos foram extraídos pela primeira vez pelos autores. Os textos completos dos artigos relevantes foram então avaliados de forma independente pelos autores e orientador. As compreensões de cada estudo relacionados com a temática proposta foram extraídos de todos os experimentos incluídos.
Quando os dados sobre a música e sua relação com a atividade física, estes não foram fornecidos explicitamente, os outros conteúdos significativos foram analisados para verificar qual extração de dados seria viável das obras para incorporar este estudo de revisão.
2.6 Cronograma
3 RESULTADOS
A música foi postulada para influenciar o desempenho do exercício através de três tipos principais de mecanismos: psicológico, fisiológico e psicofisiológico. A secção de Discussão a seguir revisa brevemente as mudanças psicológicas e fisiológicas para o exercício enquanto ouve música (Ferraz et al., 2023).
Além disso, entrelaça dentro de cada uma dessas seções a interrelação dessas áreas por meio de mecanismos psicofisiológicos (Ferraz et al., 2023). Essa secção em vigor, serve como base para explicar as descobertas mecanicistas de como a preferência musical pode influenciar as respostas do exercício em seções posteriores, ausentando-se de uma amostra de dados, em consequência de ser um estudo de revisão.
4 DISCUSSĀO
4.1 Mudanças Fisiológicas nos Praticantes de Atividades Físicas Após Musicoterapia
Os mecanismos fisiológicos responsáveis pela melhoria do desempenho ao ouvir música são numerosos, mas as contribuições precisas são difíceis de isolar. Em parte, isso pode ser devido a mudanças fisiológicas sistêmicas concomitantes durante o exercício, além da natureza pleiotrópica da resposta à música. A evidência coletiva sugere que a música induz alterações na fisiologia em duas grandes áreas: (1) ativação neural, (2) respostas metabólicas (Silva, 2023). Embora outras evidências fora dessas áreas tenham sido documentadas, elas parecem ser as mais relevantes para a resposta do exercício e serão o foco da parte restante desta seção.
Embora existam evidências conflitantes, uma infinidade de investigações, muitas das quais não podem ser abordadas nesta revisão, descreveram alterações neurais induzidas pela música durante o exercício, tanto centralmente quanto perifericamente. Várias investigações mostraram que a música aumenta a atividade em partes do cérebro que são importantes para a excitação fisiológica, a emoção e a percepção (Freitas, 2019).
Estudos anteriores relataram aumentos no giro frontal inferior esquerdo e na ativação do córtex insular ao ouvir música durante o exercício isométrico usando ressonância magnética funcional. A ativação dessas regiões cerebrais pode sugerir possíveis aumentos na velocidade de processamento cognitivo e na organização do movimento enquanto ouve música durante o exercício (Anastacio Junior, 2019).
A organização do movimento com música pode ser particularmente benéfica para a eficiência do exercício. Além disso, outras evidências mostraram que a atividade das ondas theta, que reflete que o relaxamento e o sono, diminuem na superfície do córtex enquanto ouve música, provavelmente indicando mudanças na excitação fisiológica, o que pode melhorar o desempenho do exercício (Silva, 2023).
Alterações neurológicas ao ouvir música também podem se manifestar em divisões periféricas, como ativação do sistema nervoso autônomo e somático. Por exemplo, ouvir música durante o ciclismo tem sido associado à prevenção da diminuição da variabilidade da frequência cardíaca (VCH) após o exercício, indicando a preservação da estimulação parassimpática após o estresse físico (Souza et al., 2024).
No entanto, isso pode ser afetado diferencialmente pelo tipo de música que o indivíduo está ouvindo. Foi demonstrado que a música relaxante diminui os níveis de norepinefrina, enquanto a música de ritmo rápido demonstrou aumentar os níveis de epinefrina com exercícios (Souza et al., 2024).
As catecolaminas plasmáticas mais baixas foram observadas por outros grupos enquanto ouviam música clássica durante a corrida na esteira. Embora não confirmado, foi sugerido que as diminuições nas catecolaminas refletem menor saída simpática, possivelmente influenciando assim o sangue e o fornecimento de oxigênio ao músculo esquelético periférico (Anastacio Junior, 2019).
Por outro lado, ouvir música excitante durante um aquecimento demonstrou aumentar as catecolaminas, o que pode influenciar a ativação muscular e as respostas metabólicas durante o exercício subsequente. Em relação à ativação motora somática, foi relatado que os estímulos auditivos estão acoplados ao controle e à saída do motor (Freitas, 2019).
Ferraz et al., (2023) mostraram aumento da ativação bilateral do córtex motor primário e da área motora suplementar quando os indivíduos ouvem música durante a deambulação. Essas mudanças resultaram em melhor desempenho motor da parte superior do corpo. Recentemente, Vagetti et al. (2023) mostraram que ouvir música de ritmo acelerado aumentou o limite de fadiga neuromuscular durante o exercício de extensor do joelho.
É importante ressaltar que as reduções na fadiga neuromuscular ocorreram simultaneamente com o aumento da potência e desempenho, sugerindo melhor eficiência muscular. Coletivamente, como a música influencia os fatores neurológicos durante o exercício ainda está sendo explicada, mas as evidências atuais sugerem uma capacidade única da música de controlar a estimulação autônoma durante e após o exercício, juntamente com o melhor desempenho da produção motora (Freitas, 2019).
Tabela 1 – Os valores médios, padrões e a análise pelo Teste t mostraram significância estatística nos campos da capacidade funcional, dor e aspectos emocionais, evidenciando diferenças notáveis entre o grupo de indivíduos ao avaliar a qualidade de vida antes e depois da intervenção com musicoterapia.
A música tem sido bem estabelecida para influenciar o metabolismo do exercício indiretamente. Ouvir música rápida demonstrou aumentar o débito cardíaco e o consumo de oxigênio (VO2) durante o exercício em estado estacionário em comparação com a não ter música (Vagetti et al., 2023).
Na mesma perspectiva, isso foi acompanhado por diminuições na resistência vascular sistêmica. Essas descobertas indicariam que a música pode diminuir a eficiência cardiovascular, o que pode ser considerado indesejável durante o exercício em estado estacionário (Freitas, 2019). No entanto, as diminuições simultâneas na resistência vascular também podem indicar que o aumento do débito cardíaco está emparelhado com menos impedância ao fluxo sanguíneo, o que pode ser favorável durante o exercício máximo, pois o fornecimento de oxigênio pode ser um fator limitante para o desempenho máximo (Bezerra; Sarmento, 2020).
Isso é ainda mais reforçado por descobertas de aumento do VO2max ao ouvir música de ritmo acelerado durante o exercício aeróbico máximo. Esse aumento plausível no fluxo sanguíneo também pode explicar parcialmente achados anteriores de aumento da depuração de lactato enquanto ouve música. Franco-Alvarenga et al. (2019) mostraram que jogadores treinados de futebol tinham níveis mais baixos de lactato no sangue após exercícios de alta intensidade enquanto ouviam música motivacional em comparação com nenhuma música.
Assim, ouvir música motivacional durante a recuperação do exercício também demonstrou estar associado ao aumento da depuração do lactato em homens ativos. Se as sugestões de aumento do fluxo sanguíneo para o músculo esquelético em funcionamento durante a audição de música forem verdadeiras, então melhorias na recuperação aguda podem sustentar os efeitos ergogênicos da música, especialmente no contexto de exercícios repetidos (Ferraz et al., 2023).
Ouvir música durante o exercício também foi relatado para alterar as respostas hormonais, especificamente no eixo hipotufisário hipotalâmico (HPA). Vagetti et al. (2023) mostraram que ouvir música de ritmo acelerado durante exercícios de alta intensidade resultou em concentrações salivares mais altas de cortisol em comparação com a não ter música.
Figura 1 – Dados relativos à qualidade de vida pré e pós intervenção da musicoterapia.
Essas descobertas foram reforçadas por outros, mostrando que a música motivacional resulta em elevações sustentadas do cortisol após o exercício. Embora as consequências das respostas alteradas do cortisol no desempenho ao ouvir música não sejam totalmente claras, o aumento do cortisol pode melhorar a disponibilidade do substrato durante o exercício e a recuperação, apesar do aumento da gluconeogênese e da mobilização de ácidos graxos livres (Vagetti et al., 2023).
No entanto, os efeitos da música no HPA parecem depender se a música é considerada sedativa ou estimulante. Foi demonstrado que a música sedativa diminui os níveis de cortisol após exercícios de alta intensidade de curto prazo. Assim, isso apoia a ideia de que diferentes tipos de música podem alterar as respostas fisiológicas ao exercício de forma diferente, destacando ainda mais a importância de entender como a preferência musical influencia as respostas ao exercício (Nascimento, 2021).
4.2 Preferência Musical Durante as Práticas de Exercícios Físicos e seus Benefícios
Uma ampla definição de trabalho de música preferida é qualquer música, gênero, ritmo, etc., que os indivíduos consideram mais favoráveis quando apresentados a uma série de escolhas musicais. A preferência musical pode permanecer estática ou exibir fluidez, pois o aumento da exposição a certas melodias pode possivelmente aumentar ou alterar a preferência ao longo do tempo (Silva, 2023).
Não preferido é considerado menos favorável quando apresentado com escolhas musicais. Vale a pena notar que pode-se argumentar que, ao permitir que os indivíduos escolham sua música não preferida, ainda há algum nível de risco de viés de preferência, mesmo para música desfavorável (Bezerra; Sarmento, 2020).
Assim, muitos estudos categorizaram a música em alguns critérios e, em seguida, os pesquisadores escolherão aleatoriamente a música não preferida específica com base nesses critérios, a fim de eliminar qualquer possível preferência. Foi demonstrado que a preferência musical media repetidamente os benefícios musicais enquanto responde e realiza exercícios (Silva, 2023).
Para o contexto de discussão nesta revisão, isso foi demonstrado na resistência e modos de exercício de resistência. Várias estratégias de tempo, ou seja, durante o exercício, pré-exercício, aquecimento, etc., foram estudadas, onde a música pode ser tocada durante ou antes do exercício e pode mudar a eficácia da música (Franco-Alvarenga et al., 2019).
Embora as investigações iniciais tenham relatado uma maior eficácia da música preferida, os mecanismos pelos quais a música preferida impõe um benefício maior ainda estão sendo elucidados. As mudanças na resposta ao exercício com preferência musical variável parecem ser de natureza pleiotrópica e podem ser psicológicas, fisiológicas e/ou psicofisiológicas (Da Silva Júnior, 2019).
Assim, compreende-se que o exercício de resistência depende fortemente de ser capaz de sustentar repetidamente a força muscular e combater a fadiga. Embora a música tenha sido amplamente demonstrada para melhorar o desempenho do exercício de resistência, a preferência musical pode determinar a eficácia da melhoria do desempenho e das respostas psicológicas ao exercício, embora nem todos os estudos tenham mostrado benefícios (Silva, 2023).
Em particular, a preferência musical e as respostas durante o exercício de resistência são os mais bem descritos de todos os modos de exercício. Nascimento, (2021) investigou os efeitos de ouvir música preferida e não preferida durante o exercício nas respostas psicológicas ao esforço físico.
Ele relata que as mudanças no RPE não eram diferentes entre as condições, embora houvesse uma tendência para o RPE mais baixo com música preferida. No entanto, o prazer e o interesse no exercício foram maiores com a música preferida em comparação com nenhuma música e música não preferida. Essas diferenças só eram aparentes em indivíduos que tinham o foco mais tensional na música durante o exercício (Nascimento, 2021).
Isso sugeriria que os benefícios da música preferida dependem do participante direcionar sua atenção para a música versus a tarefa. Embora o tamanho da amostra fosse grande, uma limitação para esta investigação foi o desenho do estudo entre grupos. As respostas à música são altamente individualizadas com base em muitos fatores, incluindo gênero, idade e motivação intrínseca/extrínseca (Nascimento, 2021).
Assim, pode ter sido difícil comparar o desempenho enquanto ouvia música entre indivíduos neste caso. No entanto, Da Silva Júnior (2019) seguiu isso submetendo homens saudáveis ao esporte à falha na intensidade de energia crítica enquanto não ouviam música, e música preferida ou não preferida.
É importante ressaltar que um design de crossover foi usado e mostrou que, embora a frequência cardíaca não fosse diferente entre as condições, o RPE era maior durante a condição não preferida em comparação com a falta de música e a música preferida. Além disso, a distância ciclada foi maior ao ouvir música preferida versus não preferida (Da Silva Júnior, 2019).
Isso sugere que a música não preferida resulta em uma capacidade dissociativa piorada, mesmo além da de nenhuma música, e que a música preferida pode ser ideal para o desempenho. Outros estudos apoiaram essas descobertas, mostrando que a música preferida aumenta a capacidade de dissociar e diminui o RPE durante o exercício de resistência (Franco-Alvarenga et al., 2019).
Os mecanismos precisos para esse fenômeno não são totalmente compreendidos, mas parece que a música preferida tem uma maior capacidade de desviar o foco tensional do desconforto do exercício para os estímulos externos da música. Evidências anteriores mostraram que um maior foco na música durante o exercício resulta em menor RPE (Bezerra; Sarmento, 2020).
Além disso, ouvir música preferida demonstrou aumentar a tolerância à dor em comparação com outras intervenções de distração, incluindo tarefas cognitivas e humor. No geral, isso sugere que um mecanismo primário de efeitos benéficos da música preferida é através da modulação do foco tensional, permitindo o foco nos estímulos externos da música sobre o desconforto experimentado durante o exercício exaustivo (Bezerra; Sarmento, 2020).
Na mesma perspectiva, houve vários estudos sugerindo que os benefícios da música preferida durante o exercício podem depender do sexo. Foi descrito anteriormente que homens e mulheres podem responder à música durante o exercício de forma incongruente. No entanto, como a preferência musical pode afetar homens e mulheres de forma diferente foi relativamente pouco estudado (Marques, 2023).
Moura (2019) teve estudos com gruposs masculinos e femininos competitivos que completavam um teste de corrida Cooper de 15 minutos enquanto não ouviam música, música preferida ou não preferida. As mulheres tinham distâncias de corrida maiores enquanto ouviam música preferida, enquanto o desempenho masculino não mudou, independentemente da condição.
Além disso, Moura (2019) mostrou que as mulheres aumentaram a frequência cardíaca, o RPE e o tempo de exaustão durante um teste de corrida incremental enquanto ouviam música preferida em comparação com nenhuma música.
No entanto, os homens não viram nenhum benefício aparente em ouvir música preferida. Os autores não delinearam nenhum mecanismo específico responsável por essas diferenças sexuais. No mais, os benefícios aparentes nas mulheres podem ser devidos a diferenças neuropsicológicas subjacentes entre os sexos (Moura, 2019).
Outras evidências mostraram que as mulheres podem exibir maior sensibilidade emocional a estímulos musicais em comparação com os homens. Da mesma forma, estudos de imagens neurais mostraram que as mulheres que ouvem música têm diferentes habilidades de ativação pré-frontal do córtex e capacidade superior de desviar a atenção de pensamentos negativos em comparação com os homens (Jalousie Kommers et al., 2019).
Embora isso permaneça em grande parte especulativo neste momento, as diferenças sexuais na ativação cerebral durante o exercício enquanto ouvem a música preferida podem permitir que as mulheres se desassociem da fadiga física e psicofisiológica em maior grau do que os homens. As diferenças de sexo nas respostas de exercícios ao ouvir música, especialmente no contexto da preferência musical, não são claras e exigirão mais investigações para identificar com precisão os mecanismos responsáveis pelas discrepâncias (Jalousie Kommers et al., 2019).
Do ponto de vista fisiológico, há evidências limitadas para sugerir como a preferência musical muda a resposta do exercício aeróbico. Muitas das observações foram sobre a frequência cardíaca do exercício e mostraram resultados mistos. Carvalho; Da Silva (2020) não mostraram diferenças na frequência cardíaca entre nenhuma música, música preferida ou não preferida durante um teste de ginástica rítmica.
No entanto, vale a pena notar que esses achados foram em homens saudáveis. Outros mostraram mudanças dependentes do sexo na frequência cardíaca do exercício enquanto ouviam música preferida, em que as mulheres têm frequências cardíacas mais altas em comparação com as contrapartes masculinas (Jalousie Kommers et al., 2019).
No que compreende as afirmativas acima, para complicar ainda mais as interpretações, as mulheres não mostraram mudanças no desempenho aeróbico com aumentos simultâneos na frequência cardíaca com a música fazendo o maior impacto além do limiar anaeróbico. Foi demonstrado que as mulheres têm respostas adrenais mais baixas durante o exercício em comparação com os homens, o que pode atenuar o aumento da frequência cardíaca (Marques, 2023).
A função vascular e a capacidade vasodilatadora também foram documentadas como sendo mais altas em mulheres versus homens (Marques, 2023). As razões fisiológicas documentadas para as diferenças na frequência cardíaca do exercício entre os sexos são contraintuitivas em que, embora, fisiologicamente, se esperaria que as mulheres talvez tenham respostas de frequência cardíaca mais baixas, como descrito anteriormente, as evidências sugerem que o oposto é verdadeiro enquanto ouve música preferida (Marques, 2023).
Uma provável explicação para isso é que as mulheres foram sugeridas para serem mais suscetíveis a melhorias de desempenho com música preferida do que os homens enquanto ouvem música preferida e aumentos na frequência cardíaca podem ser simplesmente devido a cargas de trabalho mais altas (Jalousie Kommers et al., 2019).
Isso é apoiado por evidências recentes do meu laboratório mostrando que as mulheres foram capazes de manter a saída de energia melhor do que os homens enquanto ouviam música auto selecionada durante exercícios de alta intensidade (Nascimento, 2021).
CONCLUSĀO
A música fornece um meio muito prático de melhorar o desempenho agudo do exercício. A música é facilmente obtida, econômica e potente como uma intervenção de fácil acesso na prática de atividades físicas.
É importante para esta revisão observar que a música pode ser facilmente personalizada e individualizada. Isso permite que atletas e treinadores ajustem as intervenções musicais em bases situacionais ou características. No mais, denota-se que a música é muito comumente ouvida durante o exercício ou a recuperação, da mesma forma que por atletas competitivos e recreativos.
Embora muitas evidências apoiem o uso de ouvir música preferida durante o exercício como uma intervenção fisiológica, isso pode não ser viável para muitos esportes e atletas. Através da analise de literatura e de dados recentes, mostrou-se que a música preferida ainda mantém o potencial ergogênico, mesmo que o estímulo musical seja aplicado apenas antes do exercício ou durante um aquecimento.
Isso tem importantes implicações pragmáticas, já que o uso da música em esportes e exercícios continua aumentando. Em última análise, as evidências atuais revisadas sugerem que um aspecto importante para aumentar o desempenho com a música é a escolha pessoal. Em muitas academias, vestiários e ambientes de competição, a música é tocada em um alto-falante.
Os dados atuais disponíveis sugerem, portanto, que se a música tocada nos alto-falantes não for preferida pelo indivíduo que se esforça, o desempenho pode sofrer depredações. Assim, treinadores e atletas devem considerar as preferências musicais individuais ao tentar otimizar o desempenho e o treinamento.
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¹ Acadêmico do curso de Educação Física pelo Centro Metropolitano Fametro. Manaus/AM. E-mail:
² Professor Orientador do curso de Educação Física pelo Centro Metropolitano Fametro. Graduado em Educação Física pela Faculdade La Salle Manaus, AM (2008), com Especialização em Docência Universitária pela Faculdade La Salle Manaus, AM (2010), Mestrado em Educação Especial, Área de especialização em Dificuldades de Aprendizagem Específicas pela Universidade do Minho, Braga, Portugal (2015), convalidado pela Universidade Federal de São Carlos, SP (2016), atualmente Doutorando da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto do Programa Doutoral em Ciências do Desporto (2017). Atua profissionalmente na Educação Física com alunos da Educação Básica, Educação Especial e Educação Superior (graduação e especialização). Atua em pesquisas na área da diversidade humana expressa no esporte paralímpico.