THE INCIDENCE OF THE USE OF PSYCHOACTIVE AMONG MEDICAL STUDENTS OF A PRIVATE HIGHER EDUCATION INSTITUTION IN THE CITY OF TERESINA-PI
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7869043
Leticia Pontes Marques Reis
Karen Larissa Sousa Queiroz
Rogério de Araújo Medeiros
Vitória de Sá Bezerra
Resumo: O estudo centrou-se no objetivo geral de analisar os fatores biológicos, psíquicos e patológicos que impulsionam o consumo de fármacos psicoativos entre os estudantes de Medicina na cidade de Teresina-Pi. Para tanto, a realização da práxis metodológica utilizada foi estruturada numa abordagem quantitativa que recorreu as pesquisas descritiva e de campo tendo como base de amostragem probabilística do tipo aleatória simples envolvendo um quantitativo final de 312 alunos. A coleta deu-se por meio de questionário eletrônico elaborado na plataforma google form’s e distribuído aos estudantes por envio do link no whatsapp. A conclusão constatada corresponde ao fato de que os alunos do curso de Medicina analisados estão enfrentando uma situação complexa de problemas psicoemocionais, em especial, ansiedade e depressão, motivada, principalmente, pela pressão inerente da formação que estão realizando em uma faculdade privada da cidade de Teresina, Piauí. Para lidarem com esses “problemas” estão recorrendo a psicofármacos que vem os ajudando a enfrentar os desafios que, também, estendem-se às pressões familiares.
Contudo, nem todos estão sendo assistidos por profissionais do ramo como, por exemplo, psiquiatras sendo que alguns estão se medicando sem prescrição médica tendo ainda o fato de que muitos não estão buscando o psicólogo.
Palavras-chave: Dependência; Estudante de Medicina; Fármacos Psicoativos.
Abstract: The study focused on the general objective of analyzing the biological, psychic and pathological factors that drive the consumption of psychoactive drugs among medical students in the city of Teresina-Pi. Therefore, the methodological praxis used was structured in a quantitative approach that resorted to descriptive and field research based on probabilistic sampling of the simple random type involving a final quantitative of 312 students. The collection took place through an electronic questionnaire prepared on the google form’s platform and distributed to students by sending the link on whatsapp. The conclusion found corresponds to the fact that the students of the analyzed medical course are facing a complex situation of psycho-emotional problems, in particular, anxiety and depression, mainly motivated by the inherent pressure of the training they are undertaking at a private college in the city of Teresina, Piauí. To deal with these “problems” they are resorting to psychotropic drugs that have been helping them to face the challenges that also extend to family pressures. However, not all are being assisted by professionals in the field such as, for example, psychiatrists, and some are taking medication without a medical prescription, in addition to the fact that many are not seeking a psychologist.
Keywords: Dependence; Medicine student; Psychoactive Drugs.
INTRODUÇÃO
A incidência considerável do uso de psicoativos tornou-se comum na sociedade contemporânea. Devido a problemas patológicos e, também, a disfunções nervosas que ocorrem devido às pressões sociais impostas pela sociedade, as pessoas estão em busca de uma pílula mágica para o fim do estresse, ansiedade, depressão e etc.1.
Mesmo assim, explica-se que apesar de muito usado atualmente, o uso de psicoativos é comum desde tempos milenares e em culturas diversas. Povos antigos faziam uso dessas substâncias muitas das vezes como medicamento e até mesmo alimento. Porém com o passar do tempo, seu uso foi se popularizando a ponto de não mais ser utilizado para tratamento de transtornos psicológicos, mas também para uso recreativo2.
A procura por essas substâncias está associada a carga de tensões advindas de transtornos de ansiedade, ou mesmo depressivos causados por responsabilidades e estresses causados pela vida moderna. As cobranças são intensas tanto da sociedade, quanto delas próprias, por essa razão muitas recorrem a esse mecanismo de fuga, a fim de buscar por alívio instantâneo, acreditando assim que o fármaco e/ ou a substância será a solução de seus problemas e sem imaginar os riscos que tais substâncias podem proporcionar ao organismo em longo prazo3.
“O uso de calmantes se tornou uma prática comum da sociedade, em todas as classes sociais, ou seja, se tornou parte da cultura da medicação”4. Diante, então, desse contexto, sabe-se que os acadêmicos de medicina buscam auxílio nas substâncias fármacos para aguentarem a ansiedade, insônia, depressão e outros problemas em decorrência da pressão social que é o fato de se formar um médico5.
Por isso, então, estabeleceu-se como problema de pesquisa o seguinte questionamento: Quais os fatores biopsíquicos e patológicos que contribuem para incidência do uso de psicoativos entre os estudantes de Medicina na cidade de Teresina-Pi? e para a construção deste estudo detalha-se estabeleceu-se como objetivo geral o propósito de analisar os fatores biológicos, psíquicos e patológicos que impulsionam o consumo de fármacos psicoativos entre os estudantes de Medicina na cidade de Teresina-Pi.
Além disso, para pormenorizar a pesquisa recorreu-se a objetivos específicos que visam: investigar a ocorrência de transtornos psíquicos entre os estudantes de Medicina na cidade de Teresina-Pi que os levam ao consumo de psicoativos e pontuar os psicoativos mais usados pelos estudantes de Medicina na cidade de Teresina-Pi.
Em relação à justificativa para esse trabalho, explica-se que ocorreu devido a necessidade de entender/saber os motivos que estão levando os estudantes de Medicina à consumir psicoativos enquanto adultos jovens e fisicamente saudáveis no cenário social teresinense. O estudo parte da percepção de conhecimentos empíricos da ingestão comum de medicamentos psicoativos pelo citado tipo por estudantes para suportarem a pressão social, acadêmica e familiar de se tornarem médicos (as) exitosos no campo laboral da saúde.
Sendo assim, explica-se que a realização desta pesquisa para a instituição de ensino superior escolhida constitui-se como um estudo representativo e relevante sobre a realidade dos acadêmicos em relação a ingestão de psicoativos e, principalmente, por a pesquisa revelar os principais aspectos que impulsionam os jovens universitários a esse tipo de tratamento.
Já para a sociedade, esse tipo de estudo representativa o início de um mapeamento, por assim dizer, da incidência do consumo de psicoativos que tornou-se, neste século XXI, uma prática comum e, também, exacerbada devido a tantas situações e opressões da contemporaneidade que afetam emocional dos indivíduos.
Para as pesquisadoras, em questão, pesquisar a incidência de psicoativos entre colegas estudantes de medicina representa a tentativa de buscar embasamento para aquisição de conhecimento sobre os impulsionadores de problemas que remetem o uso de psicoativos avaliando, também, se tais são ingeridos com ou sem supervisão médica.
Por fim, acreditou-se que a pesquisa mostrou-se viável de realização devido ao fato de existir bastante literatura a respeito e, também, porque os sujeitos a serem pesquisados são alunos da mesma faculdade onde as pesquisadoras estudam e convivem durante o período letivo do curso. Este estudo contribui para o conhecimento do uso de psicoativos e, principalmente, os motivos da incidência serem elevados entre jovens adultos dotados de proatividade e conhecimento para lidarem com os problemas sociais com maestria.
CASUÍSTICA E MÉTODOS
O estudo foi uma abordagem quantitativa que recorreu às pesquisas descritiva e de campo para investigação da temática proposta. Estudos quantitativos são aqueles que tratam de investigação de temas de incidência analisável ampla a um contexto da sociedade ou de toda a população6.
Por isso, para esse tipo de abordagem torna-se comum a usabilidade da pesquisa descritiva que é usada para descrever o entendimento dos resultados quantitativos, pois somente pela apresentação numérica e percentual dos dados não há maneiras de promover o entendimento das informações7.
Já em relação à pesquisa de campo ocorre quando a temática analisada precisa ser investigada in loco. Atualmente, a pesquisa desse tipo não é mais realizada, exclusivamente, de modo presencial, podendo, portanto, haver investigação de campo de modo virtual como será, então, a desta pesquisa8.
Explica-se que o lócus da investigação refere-se a uma instituição de ensino superior de Teresina-PI de renome na cidade e que oferece o curso de medicina desde o ano de 2004. O período de coleta deu-se entre agosto e outubro de 2022 e a população do estudo correspondeu aos acadêmicos de Medicina da instituição já apontada.
Sobre a amostragem do estudo escolheu-se a amostragem probabilística do tipo aleatória simples onde os indivíduos são escolhidos sob um cálculo numérico menos complexo levando em consideração valor crítico e margem de erro9. Assim, chegou-se a amostragem de 312 participantes para este estudo que foi calculado levando em consideração alunos dos 1646 matriculados no segundo semestre de 2022. Esse número foi mensurado através da fórmula n = (z2∙0,25∙N) / (E2(N 1) + z2∙0,25) = (1,962∙0,25∙1646) / (0,052∙1645 + 1,962∙0,25) = 312, na qual, z é o valor crítico e a margem de erro e N o tamanho da população, considerando o grau de confiança de 95% (z=1,96), margem de erro E = 5% e N = 1646.
Os critérios de inclusão foram: possuir maior idade; ser acadêmico de medicina da instituição de ensino superior escolhida e assinar o Termo de Concessão de Entrevista Livre e Esclarecido (TCLE). A execução metodológica deste estudo deu-se pela aplicação de questionário eletrônico elaborado na plataforma google form’s e distribuído aos estudantes por envio do link no whatsapp. O questionário teve como teve destaque de sobre quatro fármacos psicoativos específicos sendo: substâncias psicoativas da classe dos estimulantes (ritalina, venvanse) e medicamentos para dormir (benzodiazepínicos, primas a exemplo do zolpidem e rivotril).
Os dados foram analisados descritivamente por suas porcentagens que foram tabuladas automaticamente pela plataforma virtual do google form’s doc’s. Por fim, sobre os aspectos éticos o trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa-CEP por intermédio da Plataforma Brasil e obteve aprovação para execução e publicação sob o número do Parecer Nº5.628.032
RESULTADOS
Os resultados da pesquisa iniciam-se com a informação de que 100% dos participantes aceitaram responder ao questionário confirmando sim no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE. Além desse aspecto muito importante que denota que os dados coletados passam a ser publicados com o aval dos sujeitos envolvidos destaca-se, ainda, que a faixa etária desses estudantes enquadra-se respectivamente em 51,8% para os que possuem 18 a 22 anos, 26,2% referindo-se aos que contam com 23 a 26, 10,5% para os alunos com 27 a 3, 10,5% aos que estão acima de 33 e 1% para os acadêmicos entre 29 a 32. Outro a ponto a se destacar-se refere-se ao sexo dos sujeitos.
O maior público, 67,3%, é do sexo feminino, 31,1% do masculino e 1,6% não quis opinar. Sobre o ciclo que estudam, 55,7% é no clínico, 15,3% encontra-se no básico e 7,3% no internato. Essas primeiras informações fazem parte dos resultados que caracterizam os sujeitos analisados para esta pesquisa. Essa caracterização é importante para que seja possível pontuar mais à frente os acadêmicos de Medicina mais envolvidos com o uso de psicofármacos.
Na segunda etapa da coleta de informações busca-se identificar quais desses alunos já usaram ou usam psicofármacos e 51, 8% (nunca usaram) enquanto que 48,2% (usam). Outro aspecto de informações diz respeito se algum membro da família dos estudantes de Medicina usa psicofármacos e 74% dos acadêmicos apontam que seus familiares são usuários de psicofármacos, 17,9% destaca que não e 8,2% não sabe informar. Tendo essas informações, apresenta-se, então, o período em que os estudantes entrevistados começaram a fazer uso dos psicofármacos e 60,4% esclareceu que teve início quando começou a cursar Medicina, mas 39% fez uso mesmo antes de entrar para faculdade e 0,6% nunca usou. Em continuidade, foi necessário saber em qual ciclo de estudo começaram a ingerir os psicofármacos e os resultados apontam que 65,5% começaram no ciclo básico, 30,9% no clínico e 3,6% no internato.
Na terceira etapa da coleta as informações já se referem as nuances que o impulsionaram ao uso de psicofármacos após ingressar na faculdade de Medicina sendo que 57,3% apontou que o uso de tais medicamentos começou pela pressão da faculdade, já 25,7% revelou que a curso não foi o principal motivo e 17% explicou que de modo algum foi a formação que lhe levou ao uso de psicofármacos. Outro aspecto investigado referiu-se se o motivo seria a pressão familiar e 46,2% aponta que sim, 28,7% diz não e 25,1% explica que em parte.
Já na quarta etapa dos resultados, apresenta-se o tipo de disfunção nervosa, tratamento médico e grupo de psicofármacos que se medica. Assim, destaca-se:
Gráfico 1 – Disfunção nervosa que levou os estudantes de Medicina de uma Instituição de Ensino Superior Privada na Cidade de Teresina, Piauí, Brasil a usarem psicoativos fármacos, em 2022.
O gráfico que 72,2% dos motivos dos estudantes usarem psicofármacos é pela ansiedade. 43,5% por depressão, 36,5% devido à insônia, 36,5% para melhorar o foco nos estudos, 15,3% por pânico, 1,2% relaciona-se o motivo pela esquizofrenia e 1,2% por TDAH. Outra informação refere se ao profissional médico que recorreram:
Gráfico 2 – Profissional médico que os estudantes de Medicina de uma Instituição de Ensino Superior Privada na Cidade de Teresina, Piauí, Brasil recorreram para iniciar tratamento com psicoativos fármacos, em 2022.
Fonte: Autoria própria.
Os números apontam que 73,7% dos estudantes buscaram um psiquiatra. 10,2% realizam automedicação, 9% faz tratamento com outro tipo de profissional médico e 7,2% não possui acompanhamento médico na ingestão de psicofármacos. A seguir, outro dado importante refere-se ao tipo de psicofármacos que é utilizado pelos estudantes analisados:
Gráfico 3 – Grupo de psicofármacos que os estudantes de Medicina de uma Instituição de Ensino Superior Privada na Cidade de Teresina, Piauí, Brasil utilizam no tratamento das disfunções nervosas que possuem, em 2022.
Conforme o observado no gráfico, 61,5% usam antidepressivos, 60,3% ansiolíticos, 20,5% estabilizadores de humor, 10,3% antipsicóticos e 1,3% antidemenciais. Além do tratamento médico, buscou-se, ainda, saber se os acadêmicos recorrem à assistência psicológica sendo apontado que 65,2% aponta que sim (recorrer ao psicólogo) e 34,8% não utiliza de terapia psicológica. Agora na quinta etapa da pesquisa há a frequência de uso dos psicofármacos onde 69% aponta que usa o medicamento diariamente, 23,9% somente quando tem crise e 7,1% em dias alternados. Sobre o tempo de uso dos psicofármacos. 27,4% usa há menos de 6 meses. 26,8% acima de 4 anos. 20,4% há 1 ano, 14% trata-se há 2 anos e 11,5% utiliza há 3 anos.
Na sexta e última fase da coleta apresenta-se as informações sobre a melhora e dependência dos medicamentos onde 95,5% dos estudantes avaliaram resultado positivo no uso dos psicofármacos, mas 4,5% disseram que não se sentem muito bem, ainda e que, nesse contexto, 39,4% se sentem dependente dos psicofármacos, mas 60,6% diz não ser dependente e, ainda, 87,2% aponta que o tratamento com psicofármacos é muito importante para tratar do problema que possui e 12,8% considera que esse tipo de remédio não é muito relevante.
Por fim questiona-se se tais esperam, um dia, não serem usuários de psicofármacos e 90,7% espera que sim, enquanto 9,3% aponta que não. Esses dados representam a opinião real dos entrevistados e a seguir discute-se esses resultados conforme a literatura.
DISCUSSÃO
Os psicoativos fármacos são substâncias químicas que agem no sistema nervoso central de quem os consome e causam alterações na função cerebral. No entanto, de forma geral, todas elas podem trazer prejuízos à saúde” 10.
Atualmente com o avanço da medicina, psiquiatria e neurologia os medicamentos foram criados para ajudar o enfermo enfrentar problemas como, por exemplo, esquizofrenia, depressão, ansiedades e entre outros. Porém, não se pode esquecer que tais fármacos, infelizmente, também são usados indiscriminadamente para provocar sensações alucinógenas11.
Por isso, que os psicoativos são classificados em três espécies: alucinógenos, depressores e estimulantes.
“Os estimulantes são substâncias responsáveis por estimular, ou seja, acelerar as funções do cérebro, o que logo deixa a pessoa mais ativa. Os psicoativos antidepressivos são as que acabam por diminuir a atividade do cérebro e deixam o organismo mais lento. Já as alucinógenas, também chamadas de perturbadoras, modificam o funcionamento normal do cérebro e provocam distorções na percepção” 12.
Os psicoativos como qualquer substância possuem uma dupla funcionalidade. Ou seja, elas não são feitas para drogar e alucinar, mas é quantidade da dosagem e de ingestão de comprimidos que irá provocar o efeito reversos, pois tais fármacos foram produzidos e aprimorados normalizando e/ou estabilizar o fluxo dos neurotransmissores. Porém, um consumo exagerado ou sem necessidade vai provocar a drogadição do indivíduo.
Os psicoativos fármacos são prescritos pelo médico e a venda, mas farmácias somente devem ocorrer com a apresentação da receita e mesmo com toda a supervisão do profissional de medicina, esses medicamentos podem “provocar mudanças significativas no funcionamento do organismo e atuam de modo temporário nos neurônios, afetando o humor, o comportamento e os processos cognitivos”13.
O abuso de substâncias psicoativas pode ocorrer por iniciativa própria, em influência com outros conhecidos que usam ou devido ao tratamento de problemas psiquiátricos e visando solucionar a problemática que os acomete, aumentam a dose dos remédios ludibriados que o problema irá desaparecer de imediato14.
Realizado, então, a abordagem discursiva comenta-se que os resultados encontrados denotam que a maioria dos estudantes analisados estão numa idade jovem (18 a 21) e segundo estudos esse público universitário está sendo um dos maiores usuários de psicofármacos além daqueles que usam esses medicamentos para drogadição13.
Aponta-se, ainda, que os maiores quantitativos de usuários são de acadêmicos de Medicina no ciclo básico, ou seja, nos anos e disciplinas iniciais do curso que conforme percepções de estudiosos é a porta de entrada para que os alunos sintam o peso da responsabilidade estarem se formando em médico (a) e, por isso, torna se até compreensível esse público ser mais vulnerável e até mesmo porque são acadêmicos com idade inicial saindo da adolescência e sem maturidade emocional equivalente14.
Outro ponto relevante é que no universo de 312 alunos o número dos que estudantes que não usam psicotrópicos é quase o mesmo valor dos que usam, pois 51,8% não é usuário, mas 48,2%, sim, e isso é um número importante que deve ser avaliado na faculdade levando em consideração o estado da saúde mental desses estudantes. Nos Estados Unidos, alguns centros acadêmicos decidiram avaliar os problemas emocionais dos alunos na formação de Medicina e chegaram à conclusão que o modo de preparar os estudantes para o mercado soava como uma pressão e não em forma e orientação e tratamento psicológico do corpo docente fez uma diferença gritante na relação com os alunos15.
Essa constatação funde-se com o resultado que os alunos deram que o maior motivo para usarem psicofármacos é o fato da pressão do curso de Medicina e esses gatilhos que pressionam o psicológico dos alunos são, em grande parte, a cobrança por notas altas, pesquisas científicas, participação em congressos, estágios, residência, campo de trabalho pós formação contribuem para que os alunos sintam-se uma pressão antecipada e não se pode esquecer, ainda, da pressão familiar como, por exemplo, as expectativas em cima dos estudantes16.
Sendo assim, muitos problemas emocionais podem desencadear nos estudantes. Na pesquisa realizada os mais pontuados foram ansiedade, depressão, insônia e perda de foco esses transtornos emocionais são cada vez mais crescentes nos cursos só de Medicina, mas formações da área da saúde como um todo17. Esse dado pode ser cruzado com a informação dos alunos ao pontuarem que ansiolíticos e antidepressivos são os psicofármacos mais consumidos por eles e isso reflete o quanto a ansiedade e depressão tem sido um dos maiores problemas entre os acadêmicos que visam trabalhar com a saúde18.
Outro aspecto a ser discutido refere se ao tratamento que é mais indicado ser realizado com um psiquiatra e entre os estudantes analisados houve alguns que nem acompanhamento médico faziam e, em contrapartida, a assistência psicológica é indispensável, pois nesse tipo de tratamento não há como determinar o prazo de cura19. Mesmo assim, deve- se destacar a importância dos psicofármacos para tratamento dos problemas psicoemocionais e os alunos entrevistados acham importante o uso desses medicamentos e mesmo apontando que não são dependentes esperam um dia não precisar recorrer a tais. No campo médico, transtornos complexos precisam ser tratados com medicamentos, pois ainda não se encontrou outra forma de tratamento, mesmo que seja paliativa20.
CONCLUSÕES
O estudo permitiu compreender que os alunos, analisados, do curso de Medicina estão enfrentando uma situação complexa de problemas psicoemocionais, em especial, ansiedade e depressão, motivada, principalmente, pela pressão inerente da formação que estão realizando em uma faculdade privada da cidade de Teresina, Piauí. Para lidarem com esses “problemas” estão recorrendo aos psicofármacos que vem os ajudando a enfrentar os desafios que, também, estendem-se às pressões familiares. Contudo, nem todos estão sendo assistidos por profissionais do ramo como, por exemplo, psiquiatras sendo que alguns estão se medicando sem prescrição médica tendo ainda o fato de que muitos não estão buscando o psicólogo.
A percepção dos resultados desse estudo é que a faculdade deveria agir sobre os fatos constatados porque como instituição de ensino superior que oferta o bacharelado em Medicina, os professores não devem se preocupar, apenas, em ensinar e preparar esses acadêmicos para atender pacientes doentes, mas também ter cuidado para que tais antes de se tornarem médicos não percam a capacidade psicoemocional de serem profissionais competentes para agir sobre urgência, emergência e demais situações da labor médico.
Mais estudos poderiam/poderão ser feitos no futuro para ter detalhes qualitativos de como o curso de Medicina contribui para a pressão psicoemocional desses estudantes e avaliar, intimamente, o que poderia/poderá ser feito para dar aos estudantes de Medicina consciência de uma formação mais humanizada com preocupação holística com o aluno.
Participação dos autores no texto: Karen Larissa Sousa Queiroz realizou o resumo, abstract, introdução e fundamentação teórica. Letícia Pontes Marques Reis discorreu sobre os resultados, otimizou a discussão, conclusões e referências.
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