A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7799890


Soeli Esberce


RESUMO 

Este trabalho apresenta a importância do brincar na educação infantil, cuja faixa etária compreende crianças de 0 a 05 anos. O objetivo geral consiste em discutir as contribuições que a brincadeira pode oferecer à aprendizagem e ao desenvolvimento infantil. A brincadeira é vista na literatura como um recurso que pode estimular o desenvolvimento da criança e proporcionar meios facilitadores para a aprendizagem escolar. Ao final da pesquisa concluiu-se que o ato de brincar é algo essencial para o desenvolvimento do ser humano, pois além de natural e prazeroso, as brincadeiras são excelentes oportunidades para que as crianças vivam experiências que irão ajudá-las a amadurecer emocionalmente e desenvolver capacidades indispensáveis à sua futura vida profissional, tais como, concentração, atenção e outras habilidades psicomotoras. 

Palavra-chave: Brincar, Aprendizagem, Educador. 

  1.  INTRODUÇÃO 

Os jogos e brincadeiras contribuem com a criança no processo de imaginação, pensamento, criação e relacionamento com os demais de seu convívio diário. A brincadeira é atividade física ou mental que se faz de maneira espontânea e que proporciona prazer a quem a executa (QUEIROZ, 2003, pg 158). 

A educação infantil é a primeira etapa da educação básica, a partir da lei n° 12.796/13 essa etapa passou a ser obrigatória. Essa lei prevê, por exemplo, o pleno desenvolvimento da criança de até cinco anos de idade nos aspectos físico, emocional, intelectual e social. 

No Brasil existem leis que regulamentam as instituições escolares, as quais também estão inseridas na educação infantil, mas isso às vezes tem sido um problema pois algumas instituições não atendem essa necessidade.Essas leis existem para garantir o direito da criança à educação, sabendo-se que junto a ela, está o brincar. A partir deste princípio, as crianças têm a oportunidade de frequentar a educação básica para que possam desenvolver suas habilidades aprendendo a se inserirem no convívio social. É na escola que as crianças ampliam os seus conhecimentos, no entanto, cabe à instituição escolar, a responsabilidade de oferecer espaço, materiais e novas aprendizagens relacionadas aos conteúdos programáticos elaborados pelo educador. Além de promover todos esses requisitos, também é responsável pela organização das turmas, separando-as por faixa etária. As crianças necessitam da interação com outras pessoas, para se desenvolverem, porém, por serem ainda pequenos é necessário que todos da turma tenham praticamente a mesma idade, pois a troca de aprendizagens é muito importante para que eles possam interagir entre si e se descobrirem uns com os outros. É também nesta fase da vida que elas começam a desenvolverem suas personalidades, e a escola faz parte dessa importante tarefa que é a formação do indivíduo como cidadão, como pessoa que sabe expressar-se e conviver em sociedade, sabe-se que na educação infantil, as crianças passam a maior parte do tempo brincando. 

O brincar é de extrema importância na vida dos seres humanos, pois na brincadeira, a criança aprende a ser criativa e a expressar seus sentimentos de forma saudável, e através dos jogos compreendem que na vida sempre existem regras a serem seguidas e que nem sempre serão somente vitórias, mas que em algum momento passarão por fracassos, e nesses momentos precisam continuar seguindo em frente. O educador tem papel fundamental nessa aprendizagem que os alunos levam para toda a vida, é sua tarefa buscar meios pelos quais as crianças possam interagir através de brincadeiras e com outras pessoas e se socializar, e esse ato de brincar é algo essencial para o desenvolvimento do ser humano.

  1.  A LUDICIDADE E A CRIANÇA 

Quando se fala de brincar logo é associa-se à palavra a criança, pois o brincar faz parte da vida desde o nascimento. O ato de brincar é algo tão natural que um simples cabo de vassoura se torna um cavalo de corrida ao qual ela monta ou amarra uma corda e puxa. Segundo Maluf (2007, p.09), “brincando a criança alimenta sua vida, liberando assim sua capacidade de criar e reinventar o mundo”. 

Quando o professor tem em seu planejamento a ludicidade, poderá oferecer aos seus educandos diversas formas de aprender brincando. Quando a criança sente prazer por aquilo que está fazendo, ela se sente livre para dar vida e nomes que ela deseja a qualquer objeto. 

As crianças não brincam somente quando entram para a educação infantil, ainda nos primeiros meses de vida, aprendem o prazer de brincar. Quando elas descobrem partes do seu corpo, são capazes de ficarem horas brincando. No instante em que começam a engatinhar, também é um grande momento de descobertas, pois é quando elas passam a observar o espaço em que estão inseridas, e com isso, a explorar um pouco mais o mundo que as rodeia. 

Na fase inicial da atividade lúdica, o próprio corpo é objeto que desperta a curiosidade. Procura repetir o exercício lúdico de levar a mão e os dedos à boca. Quando adquire esta coordenação de movimentos, surgem novas descobertas como a de unir uma mão à outra e segurar firmemente objetos a fim de manuseá-los. (PIAGET, 2006, p. 18). 

A mudança de interesse da boca para a mão marca uma passagem, é a fase em que a criança presta atenção a tudo e principalmente ao que está ao alcance de suas mãos, manuseia-os e, com isso, começa a desenhar o seu espaço. Aos poucos, devido ao incentivo e motivação melhora sua coordenação motora e amplia a conquista dos espaços. Na medida, que cresce adquire capacidade para circular engatinhando, caminhando, explorando o espaço e aprendendo a organizar o seu próprio espaço. (PIAGET, 2006 ,p. 18-19). 

Quando a criança começa a explorar o espaço em que se insere, passa a interagir com outras crianças, e vai acumulando experiências que lhe serão úteis para a vida toda. 

Nas palavras de Maluf (2007, p. 21) afirma que: 

A criança é curiosa e imaginativa, está sempre experimentando o mundo e precisa explorar todas as suas possibilidades. Ela adquire experiências brincando. Participar de brincadeiras é uma excelente oportunidade para que a criança viva experiências que irão ajudá-la a amadurecer emocionalmente e  aprender uma forma de convivência mais rica e a desenvolver capacidades indispensáveis à sua futura atuação profissional, tais como atenção, concentração e outras habilidades psicomotoras. 

Promover brincadeiras, jogos, faz-de-conta entre outras atividades lúdicas, o professor não estará somente ajudando a criança a criar sua própria identidade, como também estará aperfeiçoando as habilidades motoras, que também são indispensáveis para o desenvolvimento integral de seus alunos. 

Brincando as crianças desenvolvem a autonomia e a identidade, entre outros aspectos importantes que conseguem desenvolver através do brincar. Reforçando essa ideia, Maluf (2007, p.20) diz: “é importante à criança brincar, pois ela irá se desenvolver permeada por relações cotidianas, e assim vai construindo sua identidade, a imagem de si e do mundo que a cerca”. 

Ainda, Santos (2014, p.12) nos ajuda a suplementar a ideia citada acima, dizendo que: 

[…]brincar é a primeira conduta inteligente do ser humano. Quando a criança nasce suas brincadeiras tornam-se tão essenciais como o sono e a alimentação. Portanto, na escola, a criança precisa continuar brincando, para que seu desenvolvimento e crescimento físico, intelectual, afetivo e social, possa evoluir e se associar a construção do conhecimento de si mesma, do outro e do mundo; enfim do campo de possibilidade que a vida lhe reserve. 

Toda a ação feita pela criança na escola vem ampliando seu leque de informações e aprendizagens que são os conhecimentos que ela vai adquirindo. Por isso a importância de deixar a criança explorar cada parte do ambiente em que se insere. 

A partir do momento que a criança passa a explorar as coisas que a cerca e a usar os brinquedos, muitas vezes dá outro significado para aquilo que se brinca. É importante observar quando a criança dá outro significado para o brinquedo que brinca, pois é possível observar o sentimento que ela está sentindo no momento, ou se está expondo pra fora seus conflitos internos. 

Winnicott (1975, p. 162-163) diz que: “É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu.” Nesse sentido a criança descobre o dentro (interno) e o fora (externo) e começa a se perceber como pessoa no mundo. 

O professor também deve fazer parte das brincadeiras, interagindo com eles, principalmente quando é convidado para fazer parte da brincadeira. Lembrando que o professor ao ver as crianças brincar, é uma ótima ferramenta para a observação das aprendizagens, e se o professor também brinca, poderá fazer questionamentos envolvidos com a brincadeira. Isso faz com que o professor consiga ver quais os sentimentos, emoções que a criança está carregando no momento. 

Dentro das escolas, é necessário que o educador esteja em constante observação de seus alunos na hora da brincadeira. Todas as atividades aplicadas pelo professor precisam ser trabalhadas ludicamente. 

Brincando a criança consegue dar outro significado a sua própria realidade, por isso a importância da observação do educador. De acordo com Friedmann (2006, p.55): “Por meio da atividade lúdica, não somente se abre uma porta para o mundo social e para a cultura infantil, como se encontra uma rica possibilidade de incentivar seu desenvolvimento”. Brincar deve fazer parte do cotidiano infantil, é por meio dele que a criança se descobre e descobre tudo o que o rodeia de modo prazeroso, de modo que ela nunca se cansa, pelo contrário, está sempre disposta a brincar mais. 

O brincar traz uma contribuição no processo de desenvolvimento da criança, cabe aqui salientar que o brincar na escola não é a mesma coisa que brincar em casa, ou, no parquinho das instituições escolares. Sendo que nas escolas o espaço é apropriado para que as crianças aperfeiçoem suas habilidades, e em casa as brincadeiras geralmente são mais livres. 

A diferença que existe entre esses dois ambientes entre a escola e a moradia dos alunos, é que geralmente nas escolas as brincadeiras ao ar livre, as crianças têm a possibilidade de usar os materiais didáticos colocados à disposição pelos professores. Em casa geralmente as crianças optam por aquele brinquedo do qual tem mais afinidade, dando um significado maior para tal brinquedo. 

Importante ressaltar que na escola é possível aperfeiçoar as habilidades das crianças, desde que o professor tenha ciência da importância da prática lúdica em sala de aula, lembrando que ao brincar a criança tem a possibilidade de viver várias emoções. Trabalhar o lúdico não remete somente o brincar com amor e alegria, é necessário também que se trabalhem outras emoções. De acordo com SANTOS (2014, p. 12): 

Na escola, necessariamente, não é preciso trabalhar somente com satisfação e prazer utilizando a alegria e o amor. É interessante trabalhar com raiva, tristeza, nojo e surpresa de forma lúdica e viver essas emoções no jogo, na fantasia e no faz de conta.Com isso, há uma possibilidade de a criança aprender a conviver com elas, aceitando a melhor cada situação quando vivida na realidade, pois todas essas emoções são importantes para construir a personalidade das pessoas. 

O professor pode utilizar jogos para trabalhar com as outras emoções, visto que no jogo, nem sempre se tem a satisfação e a alegria de ganhar. Nos jogos se obtém o aprendizado de que nem sempre serão apenas vitórias, mas terão também as derrotas e frustrações, com isso aprende-se a lidar com essas emoções, pois servirão para aprendizagens futuras. 

A mudança na metodologia do professor poderá sofrer transformações a partir do momento que este entender que a prática deve estar vinculada à teoria. Caso contrário, se este educador apenas tiver o conhecimento teórico em relação ao lúdico, e não colocá-los em ação, pouco se aproveita para seus alunos. 

Pode-se dizer que ao trabalhar com o lúdico em sala de aula, está preparando o indivíduo para um estado interior fértil, o que facilitará os processos de socialização, expressão, comunicação e também na aquisição e construção do conhecimento. 

A ludicidade é uma necessidade do ser humano, que faz o sujeito sentir-se bem em todos os seus aspectos, isto é, pessoal, social e cultural, entre outros. Enquanto o sujeito brinca, se diverte e aprende, fica impossível fazer a dicotomiaentre esses elementos, pois é necessário na educação infantil trabalhar com as crianças, e fazer com que eles aprendam brincando. 

A RELAÇÃO COM OUTRAS CRIANÇAS 

A relação com outras crianças é de grande importância para as mesmas, para que elas passem a interagir umas com as outras e ter um bom entrosamento, de acordo com Valle (2010, p.43), os jogos coletivos talvez representem o instrumento mais específico da educação da cooperação. 

Contudo, ao propormos jogos para crianças da educação infantil, temos que levar em conta as características de organização espacial dessa faixa etária, assim como a dificuldade que podem encontrar em estabelecer estratégias de jogos. 

A utilização de jogos como elementos que ajudam na socialização da criança é uma excelente possibilidade de aprender brincando. Segundo OLIVEIRA (2000, p. 22) diz: 

As brincadeiras em conjunto vêm a ser a melhor experiência de socialização, uma vez que, para fazer parte do grupo, é preciso aprender gradativamente a tomar conta dos próprios impulsos de hostilidade e desagregação, já que estes também podem ser identificados pelas outras crianças, que passarão a poder a vir a excluir ou menosprezar aquele não se integra bem. 

As brincadeiras que envolvem a socialização entre as crianças, geralmente são arraigadas de regras. Essas regras são combinadas entre os participantes da brincadeira, aqueles que não estão dispostos a aceitar as condições para entrar no grupo, as próprias crianças o excluem. 

É a partir dos jogos que as crianças aprendem a criar regras. Crianças que não participam de jogos, por não gostar, ou por não serem instigados a aprenderem a cooperar com outras pessoas, poderão ter maiores propensões a frustrações  futuramente. 

É no brincar, através de situações imaginárias no faz de conta que a criança traz a vida real para a sua brincadeira revivendo alguns momentos. Esse brincar de faz-de-conta ajuda-a a criar e aceitar regras que contribuem para que ela entenda a sociedade em que está inserida. 

Ao considerar essa ideia os jogos preparam as crianças para a vida, levando-as a se sentirem mais confiantes em si mesmas, para terem autonomia e personalidade. Vygotsky (1998, p. 97) considera que a zona de desenvolvimento proximal, (ZDP) auxilia as pessoas a serem autônomas na resolução dos seus problemas. Porém, são necessários a interação e o compartilhamento de experiências, pois, somente assim, a criança acaba incorporando novas aprendizagens. 

Para ele, o (ZDP) zona de desenvolvimento proximal, exerce papel significativo no desenvolvimento da aprendizagem, sendo que, nesta situação, a criança cria possibilidades de ir mais além, de realizar aquilo que sozinha deixaria de fazê-lo. 

Por essas colocações, é importante as crianças interagirem umas com as outras, e na escola a possibilidade de interação é ainda maior. Os jogos pedagógicos trazem aspectos importantes, ao trazê-los para sala de aula, são inúmeras as vantagens que envolvem aspectos motores, cognitivos, afetivos, morais e sociais. 

Com os jogos é possível criar situações para as crianças progredirem no processo de aprendizagem. Possibilitam também o relaxamento, a recreação, o entrosamento, e o convívio com os outros. São estratégias educativas que o professor pode utilizar e que geralmente a criança se interessa proporcionando prazer no processo ensino aprendizagem. 

Todas as crianças devem ter o seu direito de brincar garantidos, pois isso se constitui em um requisito para crescer bem e desenvolver-se como pessoa. A escola deve ser um espaço privilegiado para que as mesmas possam desenvolver-se livremente. Sendo assim, deve criar condições para os alunos realizarem suas atividades lúdicas e também para que sejam usadas como estratégia de aprendizagem. 

Para uma aprendizagem eficaz é preciso que o aluno construa o conhecimento, assimile os conteúdos e o jogo é um excelente recurso para facilitar a aprendizagem, neste sentido.Carvalho (1992 p. 14) afirma: 

[…] desde de muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos e mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto real valor e atenção às atividades vivenciadas naquele instante. 

Durante o jogo a criança sente-se livre, para fazer suas escolhas, vindo a ter o sentimento de sujeito de poder fazer diferente conforme sua vontade. Mas, para que ela venha a ter essa possibilidade de poder, ela necessita da interação com o outro. 

Conforme se encontra no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, vol. 2, p. 21); 

A criança é um ser social que nasce com capacidades afetivas, emocionais e cognitivas. Tem desejo de estar próxima às pessoas de interagir e aprender com elas de forma que possa compreender e influenciar seu ambiente. Ampliando suas relações sociais. Interações e formas de comunicação, as crianças sentem-se cada vez mais seguras para se expressar, podendo aprender, nas trocas sociais com diferentes crianças e adultos, cujas percepções e compreensões da realidade também são diversas. 

Durante essa fase, as crianças apreciam a companhia dos adultos e também de outras crianças, o relacionamento sadio, alegre, carinhoso, afetivo que recebe é indispensável para o equilíbrio emocional.Crianças jogam a fim de se divertir e aprender lições de vida em sociedade. Já para os adultos, os jogos e brincadeiras têm objetivos diferentes, que condizem com seu modo de vida. 

Os jogos de regras também exercem relevante papel, porque, dessa forma, a criança aprende os limites desde cedo, e os limites precisam fazer parte do cotidiano da criança. Visto que se vive num mundo de infinitas regras, é preciso conviver com isso, para que se possa viver harmoniosamente. 

Portanto, para que o educando se sinta bem acolhido a sala de aula precisa ser um ambiente acolhedor e solidário. A maioria das crianças passa a maior parte de sua infância dentro das escolas, e é nesse espaço que precisam expressar seus sentimentos. 

Para que possa existir afeto com os demais colegas, em sala de aula o professor deve sempre os motivar, valorizando as brincadeiras mais simples. A criança só será capaz de se sentir solidária e de retribuir carinho e compaixão se ela vivenciar boas ações. Se ela não aprender isso, não conseguirá ser sensível se comparada a uma criança que está a todo o momento vivenciando afeto com outras pessoas. 

  1.  BRINCAR NA ESCOLA 

Brincar na escola através do lúdico pode ser muito mais prazeroso dependendo dos tipos de brincadeiras e situações. O educador deve estar sempre em busca de novas formas de trabalhar com as crianças, para que as brincadeiras não se tornem rotineiras e entrem em comodismo. 

No entanto, às vezes, a escola não oferece condições para a realização desse trabalho, por isso o próprio educador deve criar brinquedos para seus alunos e inovar com as brincadeiras. 

Para que o lúdico possa exercer seu papel no auxílio à aprendizagem das crianças, os educadores da atualidade já sabem que a atividade lúdica é uma forma educativa de atividades humanas e não servem somente para aprender os conteúdos escolares. É muito mais que isso, pois serve também para afiar as habilidades e ensinar as pessoas a serem mais humanas. 

Segundo SANTOS (2014, p.11): 

As atividades lúdicas representadas pelos jogos, brinquedos e dinâmicas são manifestações presentes no cotidiano das crianças e portanto na sociedade desde o início da humanidade, pois todo o ser humano sabe o que é brincar, como se brinca, porque se brinca, porém a grande dificuldade surge no momento em que se pretende formular um conceito claro sobre o lúdico. 

Sintetizar o lúdico é descrever aquilo que se sente quando brinca, é o momento prazeroso que se tem ao fazer algo. Alguns teóricos defendem que ao brincar o lúdico é vivenciado. SANTOS (2014, p.11) afirma: 

Ao formular algumas atividades lúdicas, alguns teóricos acreditam que o brincar não se define com palavras, por se tratar de atividades que têm origem na emoção. Outros definem o brincar como uma atividade espontânea, natural e descomprometida de resultados. Ainda há aqueles que o diferencia do brincar do jogar, colocando que o brincar é uma atividade espontânea e sem regras e o jogar se caracteriza pelo cumprimento das regras. 

Ao falar de lúdico é possível conectá-las com o prazer, com as emoções que carrega ao praticar algo. As crianças quando brincam com prazer e com vontade, nada mais é do que a ludicidade envolvida. 

Para que as crianças venham a obter o prazer nas atividades realizadas na escola, é importante que o professor proporcione essa tarefa. É ele o responsável por criar brincadeiras, momentos e espaço que proporcione as atividades lúdicas na escola. 

Da mesma maneira que os jogos, as brincadeiras também merecem espaço no dia a dia escolar. As brincadeiras, por diversas vezes são entendidas pelos professores como tempo perdido e que não geram resultados positivos na aprendizagem. 

No entanto, de acordo com Maluf (2007, p.29): 

O professor deve organizar suas atividades, selecionando aquelas mais significativas para seus alunos. Em seguida, deverá criar condições para que estas atividades significativas sejam realizadas.Destaca-se a importância dos alunos trabalharem em sala de aula, individualmente ou em grupos. As brincadeiras enriquecem o currículo, podendo ser propostas na própria disciplina, trabalhando assim o conteúdo de forma prática e no concreto. Cabe ao professor, em sala de aula ou fora dela, estabelecer metodologias e condições para desenvolver e facilitar esse tipo de trabalho. 

Somente será possível estabelecer condições favoráveis de aprendizagens para os alunos em sala de aula, se realmente o educador tiver bases teóricas consistente em relação ao brincar 

É preciso que a brincadeira na escola seja encarada como algo positivo, pois deve existir por parte dos educadores, a preocupação de estar criando condições que favoreçam e enriqueçam as aprendizagens dos educandos. 

Algumas escolas já estão em busca de maiores conhecimentos acerca do brincar, pois os professores sabem do papel essencial que exercem na vida de seus alunos. MALUF (2007, P. 29) diz: 

É necessário apontar para o papel do professor na garantia e enriquecimento da brincadeira como atividade social do universo infantil. As atividades lúdicas precisam ocupar um lugar essencial na educação. […]o professor é figura essencial para que isso aconteça, criando espaços, oferecendo materiais adequados e participando de momentos lúdicos. 

Os educadores poderiam inclusive propor para os demais colegas criarem em seus planejamentos atividades que resgatem algumas brincadeiras populares para interagirem com seus alunos. 

Brincar é tão importante que é viável pensar que as crianças passam um bom tempo de seus dias nas escolas. Mas o que elas levam da escola para viver humanamente a vida. Como desenvolver neles a vontade e o desejo de brincar e como ensinar ou o que ensinar. Pois tem muitas crianças que não têm a mesma desenvoltura para interagir com outras crianças. 

Os questionamentos devem fazer parte do planejamento. Assim, é de extrema necessidade que os profissionais de educação infantil tenham em seus planejamentos uma aula ou um projeto ao qual sejam organizadas atividades metodológicas onde devem centralizar suas atenções nas dimensões que o brincar vai tornar na vida das crianças. 

  1.  O BRINQUEDO 

O brinquedo estimula a criatividade porque faz com que a criança libere a imaginação e passe a desenvolver outras habilidades. Ao mesmo tempo também propicia a concentração e o engajamento com outras crianças. 

Antigamente os brinquedos usados eram artesanais, confeccionados pelas próprias crianças com a ajuda do educador, como petecas, bilboquê, entre outros. Nos dias atuais, as crianças não apreciam mais tanto os brinquedos tradicionais pelo fato de existirem outras atividades que envolvem a tecnologia, como jogar videogame, assistir televisão, mexer no computador, tablet, entre outros

equipamentos eletrônicos que estão à disposição deles. Outro motivo que leva as crianças deixarem de lado os brinquedos tradicionais é o consumismo em massa de brinquedos modernos, sendo que muitos desses brinquedos são fascinantes e encantam as crianças. Por isso a importância do educador conhecer e considerar cada objeto usado na educação infantil, pois estes devem ter como objetivo agregar um aprendizado à criança. 

Nas palavras de (VALLE 2010 p.33): 

Para muitos educadores, o brinquedo não é apenas um objeto, pois possibilita que a criança se transporte para um mundo imaginário, funcionando como um suporte para as brincadeiras. Podemos imaginar, por exemplo, uma criança brincando de casinha com uma casa de bonecas em que possa interagir com as peças e partes da residência. À medida que brinca, dá função para os objetos (brinquedos), que “suportam” (no sentido de alicerçar) a brincadeira, pois ela gira em torno da casa de brinquedos. 

Cabe salientar que os brinquedos são parceiros silenciosos que vieram para desafiar as crianças, pois a maioria dos brinquedos permite às crianças conhecerem com mais clareza as funções mentais, dentre as quais estão o desenvolvimento do raciocínio lógico abstrato e linguagem. 

O brinquedo na educação infantil pode ser usado como um meio sobre o qual as crianças têm domínio e manipulando-o de forma a elaborar situações de que ela necessita para integrar-se socialmente. Portanto, vale ressaltar que a ludicidade que se insere no ambiente infantil, também se faz presente com o brinquedo, visto que ele faz parte da ação que promove a brincadeira, convidando as crianças a brincarem. 

CONCLUSÃO 

O presente trabalho buscou demonstrar que o brincar é um instrumento fundamental para a aprendizagem, portanto, concluiu-se que o brincar é essencial para o bom desenvolvimento da criança, e também passa a ter sentimentos de liberdade, o que é fundamental para que ela se torne um adulto capacitado a pensar e agir por conta própria. Para ser capaz de falar sobre o mundo, a criança precisa saber brincar com o mundo com a mesma desenvoltura que caracteriza a ação lúdica. É aí que a brincadeira vem sendo um grande aliado nesse processo, podendo ser vista também como um facilitador para o desenvolvimento de habilidades, sejam elas, na escrita, na leitura ou na fantasia. 

Importante ressaltar o papel do professor na garantia do crescimento e aprendizagens das crianças que frequentam a educação infantil, pois nessa etapa se constrói a base para aprendizagens futuras. As atividades lúdicas precisam ocupar um espaço especial na educação, colocando o professor como peça essencial para o desenvolvimento dos mesmos, ele deve criar espaços e oferecer materiais adequados para que se desenvolvam momentos lúdicos e prazerosos para as crianças, pois através das atividades, as crianças desenvolvem suas habilidades motoras e cognitivas, além de expressarem o que estão sentindo. Portanto, cabe aos professores orientarem sempre os pais sobre a importância do brincar no processo ensino-aprendizagem, mas para isso, precisa ter conhecimento sobre o assunto para que as atividades lúdicas proporcionem a garantia de entendimento e assimilação.  

Lembrando, que o brincar também pode ser compreendido como uma linguagem oculta usada pelas crianças, que muitas vezes não é compreendida pelos adultos, mas mesmo assim deve ser respeitada e jamais coibida. Trabalhando com esse intuito o professor estará possibilitando às crianças uma forma de assimilar a cultura e o modo de vida dos adultos. Entre tanto, é fundamental também que a criança tenha tempo para brincar na escola, em casa e na rua, pois no ato de brincar sempre acontece algo mágico, e finalmente, as crianças precisam levar para casa a diversão, a alegria e o prazer, além de gestos e comportamentos que formam nelas o raciocínio, valores e conhecimento do que significa interação com outros. 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Referencial curricular para a Educação infantil: Introdução. Vol.1. Brasília: MEC/SEF, 1998. 

CARVALHO A. et al. Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brinca. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1992. 

FRIEDMANN, Adriana. O desenvolvimento da criança através do brincar. São Paulo: Moderna, 2006. 

KISHIMOTO Tizuko Morchida. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1998. 

MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. 5.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2007. 

OLIVEIRA, Vera Barros de. (org.). O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. 4 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. 

PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. 24 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006. 

_________. O lúdico na formação do educador.6.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2004. 

VALLE, Luciana De Luca Dalla. Jogos, recreação e educação. Curitiba: Editora Fael, 2010. 

VIGOTSKI, Lev.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 

WINNICOTT, D. A criança e seu mundo. Rio de Janeiro: LTC,1982. 

SANTOS, A. A.;PEREIRA, O. J. A importância dos jogos e brincadeiras lúdicas na educação infantil. Revista Eletrônica Pesquiseduca, v. 11, n. 25, p. 480-493, 2019.