A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202503311431


Carlos Alexandre Caxito dos Santos1
Orientador(a): Joana Venancio²


RESUMO

A ludicidade tem sido amplamente reconhecida como um fator essencial para o desenvolvimento infantil, promovendo a aprendizagem de maneira dinâmica e significativa. No contexto da educação infantil, as práticas lúdicas favorecem o desenvolvimento cognitivo, social, emocional e motor das crianças, tornando o ambiente escolar mais inclusivo e estimulante. No entanto, desafios como a falta de formação docente, infraestrutura inadequada e resistência de algumas instituições ainda limitam a implementação efetiva dessa abordagem. O objetivo deste estudo foi analisar a importância do lúdico na educação infantil, destacando seus impactos no desenvolvimento da criança e os desafios para sua aplicação no currículo escolar. A pesquisa adotou uma metodologia baseada em revisão bibliográfica, utilizando artigos científicos e documentos normativos publicados entre 2020 e 2024. Os resultados indicaram que a ludicidade melhora significativamente o desempenho acadêmico, estimula a criatividade e fortalece as habilidades socioemocionais das crianças. No entanto, a formação insuficiente dos professores e a escassez de materiais lúdicos ainda representam obstáculos à sua implementação. Conclui-se que a ludicidade deve ser integrada de forma planejada ao currículo da educação infantil, exigindo investimentos em capacitação docente, políticas públicas de incentivo e maior envolvimento da comunidade escolar. O reconhecimento do brincar como um direito da criança e como uma metodologia de ensino eficaz é essencial para garantir uma educação mais inovadora, acessível e equitativa.

Palavras-chave: Educação Infantil; Ludicidade; Aprendizagem; Desenvolvimento Infantil; Práticas Pedagógicas.

1 INTRODUÇÃO

A ludicidade tem sido cada vez mais reconhecida como um elemento essencial no desenvolvimento infantil, especialmente no contexto da educação infantil. O ato de brincar, além de ser uma necessidade inerente à infância, é um meio fundamental para a construção do conhecimento, favorecendo aspectos cognitivos, emocionais, sociais e motores da criança (Oliveira, 2023). O lúdico,

quando inserido no ambiente escolar, permite que os pequenos explorem o mundo ao seu redor de forma espontânea e prazerosa, tornando o aprendizado mais significativo e motivador. No entanto, apesar de sua importância amplamente reconhecida, ainda existem desafios para sua implementação efetiva nas práticas pedagógicas, seja por falta de recursos, formação docente ou entendimento sobre seu real impacto no aprendizado (Modesto; Silva; Fukui, 2020).

Ao longo dos anos, diversos estudos apontaram a relevância do lúdico como ferramenta pedagógica, destacando que, quando os jogos e brincadeiras são utilizados intencionalmente no ensino, há uma melhora no engajamento das crianças, na socialização e no desenvolvimento das habilidades necessárias para a construção do conhecimento (Dos Santos Pereira; De Lima; Dos Santos Pereira, 2020). Brincar na educação infantil não deve ser considerado apenas como um momento de lazer, mas sim como uma estratégia de ensino estruturada, que respeita o desenvolvimento integral da criança. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reforça essa perspectiva ao destacar que a aprendizagem na educação infantil deve ocorrer por meio de experiências lúdicas, promovendo interações e brincadeiras que favoreçam o desenvolvimento pleno da criança (Silva, 2022).

A importância do lúdico na educação infantil está diretamente relacionada ao desenvolvimento das habilidades socioemocionais, motoras e cognitivas das crianças. Ao brincar, a criança experimenta diferentes papéis sociais, aprende a resolver conflitos, expressa emoções e desenvolve sua criatividade (Trevezani et al., 2021). Além disso, o brincar é essencial para a construção da identidade e autonomia, aspectos fundamentais para a formação do indivíduo. Estudos apontam que crianças que têm mais oportunidades de brincar na primeira infância apresentam um desenvolvimento mais equilibrado e uma melhor adaptação ao ambiente escolar (Reis, 2020). Dessa forma, é fundamental que educadores e gestores escolares compreendam o valor do lúdico e busquem formas de incorporá-lo de maneira planejada e intencional no currículo educacional.

A ludicidade na educação infantil pode ser aplicada de diversas formas, desde o uso de jogos, contação de histórias, dramatizações, músicas e atividades sensoriais até a exploração de espaços ao ar livre e materiais não estruturados (Araújo et al., 2023). Cada uma dessas atividades proporciona experiências únicas para a criança, permitindo a construção de conhecimentos de maneira ativa e significativa. Além disso, a ludicidade também está associada ao desenvolvimento da linguagem e da comunicação, visto que, ao brincar, a criança aprimora suas habilidades verbais e não verbais, aprende a argumentar, negociar e interagir com os outros de maneira mais eficaz (Fernandes, 2022).

Apesar dos benefícios evidentes da ludicidade, sua aplicação na educação infantil ainda enfrenta desafios significativos. Muitos professores não recebem uma formação adequada para utilizar metodologias lúdicas de forma eficiente, o que pode levar a uma subutilização desses recursos na sala de aula (Lima; Lima; De Jesus Nascimento, 2020). Além disso, a falta de materiais didáticos e espaços apropriados para brincadeiras também pode comprometer a inserção do lúdico no cotidiano escolar. Outro aspecto importante é a visão equivocada de que o brincar não é uma atividade séria, o que leva alguns gestores e educadores a priorizarem métodos tradicionais de ensino em detrimento das práticas lúdicas (Dos Santos Barbosa; Poletto, 2022).

A metodologia utilizada neste trabalho baseia-se em uma revisão bibliográfica, analisando estudos recentes sobre o impacto da ludicidade na educação infantil. Foram consultados artigos científicos, dissertações, teses e documentos normativos que abordam o tema, considerando publicações entre 2020 e 2024. A pesquisa qualitativa visa compreender como o brincar contribui para o processo de ensino-aprendizagem e quais são os principais desafios para sua implementação nas escolas. Além disso, foram analisadas diretrizes oficiais, como a BNCC, para entender como a legislação educacional brasileira orienta a inserção da ludicidade no ensino infantil (De Henrich Barba; Bolsanello, 2022).

O presente estudo tem como objetivo analisar a importância do lúdico na educação infantil, destacando sua influência no desenvolvimento da criança e sua contribuição para o processo de ensino-aprendizagem. Entre os objetivos específicos, pretende-se investigar como os professores utilizam estratégias lúdicas em sala de aula, quais são os desafios enfrentados na implementação dessas práticas e quais benefícios podem ser observados no desenvolvimento das crianças. Além disso, o estudo busca discutir o papel das políticas educacionais na promoção da ludicidade e apontar recomendações para potencializar sua aplicação no contexto escolar (Da Cruz; Kawakami, 2024).

A relevância desta pesquisa está na necessidade de reforçar o papel do lúdico como elemento fundamental para a educação infantil, contribuindo para uma prática pedagógica mais dinâmica, inclusiva e eficaz. No âmbito educacional, compreender a importância da ludicidade pode ajudar na formação de professores mais preparados para utilizar estratégias lúdicas de forma intencional e planejada, favorecendo o aprendizado das crianças (Sales, 2020). No campo social, a valorização do brincar pode impactar positivamente a infância, garantindo que todas as crianças tenham acesso a experiências enriquecedoras e que respeitem seu desenvolvimento. Do ponto de vista das políticas públicas, a pesquisa reforça a importância da criação de programas e incentivos para a capacitação docente e a disponibilização de recursos adequados para a prática lúdica na educação infantil (De Melo Rodrigues et al., 2022).

A questão central a ser respondida neste estudo é: De que forma o lúdico contribui para o desenvolvimento infantil e a melhoria do processo de ensino- aprendizagem na educação infantil? A pesquisa busca compreender quais são os principais impactos do brincar na formação da criança e como ele pode ser integrado de maneira mais eficiente ao currículo educacional. Dessa forma, espera-se que os resultados obtidos possam contribuir para uma maior valorização da ludicidade nas escolas, incentivando a adoção de práticas pedagógicas que respeitem a infância e promovam um aprendizado mais significativo.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O Lúdico na Educação Infantil: Estratégias e Práticas Pedagógicas

A ludicidade é um dos pilares fundamentais para o ensino na educação infantil, sendo considerada um meio essencial para o desenvolvimento integral da criança. A utilização de jogos, brincadeiras e atividades lúdicas no ambiente escolar promove a construção do conhecimento de maneira prazerosa, respeitando o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças (Oliveira, 2023). No entanto, para que essa abordagem seja eficaz, é necessário que os

educadores compreendam o papel do lúdico e utilizem estratégias pedagógicas que favoreçam a aprendizagem por meio da brincadeira. Dessa forma, o lúdico deixa de ser apenas um momento recreativo e passa a ser uma ferramenta metodológica essencial para a prática docente.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reforça a importância da ludicidade na educação infantil ao estabelecer que a aprendizagem nessa etapa deve ocorrer por meio de interações e brincadeiras, proporcionando às crianças experiências que estimulem sua curiosidade e criatividade (Modesto; Silva; Fukui, 2020). Nesse sentido, o próprio documento estabelece:

Na Educação Infantil, as interações e as brincadeiras, e não os conteúdos em si, são os eixos estruturantes das práticas pedagógicas. Elas promovem experiências significativas e estimulam a aprendizagem e o desenvolvimento integral das crianças (Brasil, 2017, p. 37).

Os professores, portanto, devem planejar atividades que unam o lúdico ao desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas e socioemocionais. No entanto, para que isso ocorra de maneira eficaz, é necessário que os docentes tenham formação adequada e acesso a recursos que possibilitem a implementação dessas práticas.

Entre as principais estratégias utilizadas na educação infantil estão os jogos simbólicos, a contação de histórias, as dramatizações, a musicalização e o uso de brinquedos educativos. Essas atividades permitem que as crianças desenvolvam a imaginação, a linguagem e a capacidade de resolver problemas de forma criativa (Dos Santos Pereira; De Lima; Dos Santos Pereira, 2020). Além disso, as interações sociais promovidas pelo lúdico são essenciais para a aprendizagem cooperativa, ajudando as crianças a compreenderem regras, limites e valores como respeito e empatia.

A tabela 1 apresenta algumas das principais estratégias lúdicas utilizadas na educação infantil e seus respectivos benefícios para o desenvolvimento da criança.

Tabela 1 – Estratégias Lúdicas na Educação Infantil e Seus Benefícios                               

Fonte: Oliveira (2023).

A adoção de práticas lúdicas na educação infantil também contribui para a adaptação da criança ao ambiente escolar, tornando-o mais acolhedor e estimulante. Quando as atividades lúdicas são inseridas no cotidiano da sala de aula, há um aumento no engajamento dos alunos, pois o aprendizado passa a ser associado a momentos de prazer e diversão (Silva, 2022). Além disso, a ludicidade pode ser utilizada como estratégia para a inclusão de crianças com dificuldades de aprendizagem, pois permite a adaptação do ensino às necessidades individuais de cada aluno.

Outro ponto relevante é a influência das brincadeiras no desenvolvimento das habilidades motoras das crianças. Atividades como circuitos lúdicos, brincadeiras ao ar livre e jogos que envolvem movimento contribuem para o aprimoramento da coordenação motora global e fina (Trevezani et al., 2021). Dessa forma, a ludicidade não se restringe apenas ao desenvolvimento cognitivo, mas também à saúde física e ao bem-estar das crianças.

Os desafios para a implementação efetiva da ludicidade na educação infantil incluem a falta de formação específica para os professores e a ausência de materiais adequados. Muitos educadores ainda encontram dificuldades para integrar o lúdico às atividades pedagógicas de maneira intencional, uma vez que nem sempre receberam treinamento adequado durante sua formação acadêmica (Reis, 2020). Além disso, há uma concepção equivocada de que brincar é apenas um momento de distração e não uma metodologia de ensino.

A superação desses desafios requer investimentos na capacitação dos professores e na disponibilização de espaços adequados para atividades lúdicas. É fundamental que as escolas ofereçam brinquedos, materiais pedagógicos e áreas externas que possibilitem a realização de brincadeiras direcionadas ao desenvolvimento das crianças (Araújo et al., 2023). Além disso, políticas educacionais devem incentivar a integração do lúdico ao currículo escolar, garantindo que todas as crianças tenham acesso a experiências de aprendizagem prazerosas e enriquecedoras.

A tecnologia também tem se mostrado uma aliada na promoção da ludicidade na educação infantil. Aplicativos educacionais, jogos digitais e ferramentas interativas podem ser utilizados para potencializar o aprendizado e estimular a curiosidade das crianças (Fernandes, 2022). No entanto, é importante que o uso dessas tecnologias seja equilibrado e supervisionado pelos professores, garantindo que elas complementem as experiências lúdicas presenciais e não substituam as interações sociais fundamentais para o desenvolvimento infantil.

Outro aspecto relevante é a participação da família no processo educativo. O incentivo às brincadeiras dentro de casa e a valorização do lúdico como parte essencial da infância contribuem para a continuidade das aprendizagens adquiridas na escola (Lima; Lima; De Jesus Nascimento, 2020). Quando a família compreende a importância do brincar, há uma maior colaboração entre escola e comunidade, criando um ambiente mais favorável ao desenvolvimento infantil.

Diante desse contexto, é possível afirmar que a ludicidade desempenha um papel essencial na educação infantil, favorecendo o desenvolvimento integral das crianças e tornando o aprendizado mais significativo. O desafio, no entanto, está na superação das barreiras que ainda impedem sua plena implementação nas práticas pedagógicas. A formação contínua dos professores, a disponibilização de recursos e o incentivo às políticas públicas que valorizam o brincar são aspectos fundamentais para garantir que todas as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade, pautada na ludicidade e no respeito ao desenvolvimento infantil (Dos Santos Barbosa; Poletto, 2022).

Assim, a educação infantil deve reconhecer e valorizar o lúdico como parte essencial do processo educativo. Somente por meio da integração das brincadeiras ao ensino será possível proporcionar às crianças um ambiente de aprendizado mais dinâmico, inclusivo e estimulante. Dessa forma, o lúdico não apenas contribui para a formação acadêmica das crianças, mas também para sua construção como indivíduos capazes de interagir de maneira criativa e crítica com o mundo ao seu redor (De Henrich Barba; Bolsanello, 2022).

2.2 Impacto da Ludicidade no Desenvolvimento e Aprendizagem Infantil

A ludicidade é um elemento essencial para o desenvolvimento integral das crianças, sendo amplamente reconhecida por contribuir para o crescimento cognitivo, emocional, social e motor. No contexto da educação infantil, as atividades lúdicas desempenham um papel fundamental na construção do conhecimento, permitindo que as crianças aprendam de maneira espontânea e prazerosa (Oliveira, 2023). O brincar não deve ser visto apenas como um momento de lazer, mas como uma estratégia pedagógica que favorece a aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades essenciais para a vida escolar e social.

Estudos indicam que a ludicidade promove a construção ativa do conhecimento, pois a criança, ao brincar, experimenta diferentes papéis, interage com o meio e desenvolve sua capacidade de resolução de problemas (Modesto; Silva; Fukui, 2020). Além disso, a ludicidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento da autonomia infantil, uma vez que possibilita a tomada de decisões, o estabelecimento de regras e a criação de soluções para desafios impostos pelo próprio ato de brincar. Dessa forma, a aprendizagem por meio do lúdico se torna mais significativa e duradoura.

A relação entre ludicidade e desenvolvimento cognitivo tem sido amplamente estudada por pesquisadores da área da educação infantil. O brincar estimula o raciocínio lógico, a criatividade e a capacidade de concentração das crianças (Dos Santos Pereira; De Lima; Dos Santos Pereira, 2020). Além disso, jogos educativos e atividades lúdicas favorecem o aprendizado de conteúdos matemáticos, linguísticos e científicos de forma natural, reduzindo a resistência ao aprendizado e promovendo uma maior motivação escolar.

No âmbito social, a ludicidade proporciona interações fundamentais para o desenvolvimento das habilidades comunicativas e emocionais das crianças. Ao brincar, a criança aprende a compartilhar, a esperar sua vez e a respeitar regras, desenvolvendo competências importantes para a convivência em grupo (Silva, 2022). A brincadeira também possibilita a expressão de sentimentos e emoções, sendo uma ferramenta eficaz para a identificação e o manejo de questões emocionais desde a infância.

A tabela 2 apresenta uma síntese dos principais impactos da ludicidade no desenvolvimento infantil, considerando diferentes aspectos da aprendizagem e do crescimento da criança.

Tabela 2 – Impactos da Ludicidade no Desenvolvimento Infantil

Fonte: Oliveira (2023).

A aprendizagem baseada no lúdico também se destaca na construção das habilidades motoras. Jogos que envolvem movimentação, equilíbrio e coordenação são fundamentais para o desenvolvimento motor da criança, melhorando sua percepção espacial e sua capacidade de locomoção (Trevezani et al., 2021). Além disso, atividades que envolvem manipulação de objetos, como jogos de encaixe e pintura, auxiliam na coordenação motora fina, preparando a criança para a escrita e outras atividades acadêmicas.

Outro impacto significativo do lúdico na aprendizagem infantil é o fortalecimento da linguagem e da comunicação. Crianças que participam de jogos e brincadeiras que envolvem diálogos e narrativas demonstram maior facilidade na organização do pensamento e na construção de frases coerentes (Reis, 2020). A contação de histórias, por exemplo, além de estimular a imaginação, favorece a aquisição de novas palavras e melhora a capacidade de interpretação textual.

A ludicidade também se destaca como uma ferramenta inclusiva, permitindo que crianças com diferentes ritmos de aprendizado tenham oportunidades equitativas de desenvolvimento (Araújo et al., 2023). Em ambientes escolares que valorizam o lúdico, é possível observar uma maior participação de alunos com dificuldades de aprendizagem, pois as atividades são adaptáveis e promovem uma experiência mais interativa e menos excludente.

Apesar de todos esses benefícios, a implementação da ludicidade na educação infantil ainda enfrenta desafios. Muitos professores encontram dificuldades para integrar práticas lúdicas ao currículo escolar devido à falta de recursos e formação adequada (Fernandes, 2022). Além disso, há uma concepção equivocada de que o brincar não é um método de ensino eficiente, o que leva algumas escolas a priorizarem abordagens mais tradicionais de ensino. Nesse sentido, destaca-se a análise de Lima, Lima e De Jesus Nascimento (2020), que afirmam:

Quando bem conduzida, a ludicidade se mostra como ferramenta imprescindível no processo ensino-aprendizagem, pois ela não apenas transmite conhecimentos, mas também possibilita que a criança construa seu saber de maneira ativa, divertida e significativa, despertando o interesse e contribuindo para a formação de sujeitos críticos e autônomos (Lima; Lima; De Jesus Nascimento, 2020, p. 6).

Para superar esses desafios, é fundamental que haja investimentos na capacitação docente e na disponibilização de materiais adequados para a prática lúdica. Professores bem-preparados são capazes de utilizar o lúdico de forma estratégica, integrando-o ao planejamento pedagógico e garantindo que ele contribua efetivamente para a aprendizagem das crianças.

A tecnologia também tem sido uma aliada na promoção da ludicidade na educação infantil. Aplicativos educacionais, jogos digitais e plataformas interativas podem complementar as experiências lúdicas presenciais, oferecendo novas formas de aprendizado e explorando diferentes estímulos sensoriais (Dos Santos Barbosa; Poletto, 2022). No entanto, é importante que o uso da tecnologia seja equilibrado, garantindo que as interações presenciais e o contato com o meio físico continuem sendo priorizados.

Outro aspecto essencial para a valorização do lúdico na educação infantil é o envolvimento da família no processo de aprendizagem. Quando os pais compreendem a importância do brincar e incentivam essa prática em casa, a criança tem um desenvolvimento ainda mais significativo (De Henrich Barba; Bolsanello, 2022). Assim, é fundamental que as escolas promovam parcerias com as famílias, conscientizando sobre os benefícios da ludicidade e orientando sobre formas de integrá-la ao cotidiano infantil.

Diante desse contexto, conclui-se que a ludicidade exerce um impacto positivo no desenvolvimento infantil, abrangendo aspectos cognitivos, sociais, emocionais e motores. Para que seu potencial seja plenamente aproveitado, é necessário que as escolas e os educadores reconheçam a importância do brincar e promovam sua integração ao currículo escolar de forma planejada e estruturada.

A valorização da ludicidade na educação infantil não apenas facilita o aprendizado das crianças, mas também contribui para a formação de indivíduos mais criativos, autônomos e preparados para os desafios da vida. Assim, é essencial que políticas educacionais incentivem a adoção de práticas lúdicas, garantindo que todas as crianças tenham acesso a um ensino que respeite suas necessidades e potencialize seu desenvolvimento de maneira integral (Cintra; De Oliveira; De Oliveira, 2022).

2.3 Desafios e Perspectivas para a Inserção da Ludicidade no Currículo Escolar

A ludicidade tem se consolidado como uma estratégia pedagógica fundamental para o desenvolvimento infantil, proporcionando uma aprendizagem mais significativa e prazerosa. No entanto, sua inserção efetiva no currículo escolar ainda enfrenta desafios que vão desde a formação docente até a infraestrutura inadequada nas instituições de ensino (Silva, 2022). Apesar das diretrizes educacionais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), reconhecerem a importância do lúdico na educação infantil, ainda há resistências e dificuldades na implementação dessa abordagem no cotidiano escolar.

A formação dos professores é um dos principais desafios para a integração da ludicidade no ensino infantil. Muitos docentes não recebem capacitação adequada para trabalhar com práticas lúdicas de maneira estruturada e intencional (Reis, 2020). Dessa forma, o brincar, em algumas escolas, acaba sendo tratado apenas como um momento de recreação, sem uma articulação clara com os objetivos pedagógicos. Essa lacuna na formação docente compromete a utilização do lúdico como ferramenta de ensino e aprendizado, limitando seu impacto no desenvolvimento integral das crianças.

Outro obstáculo significativo é a falta de infraestrutura e materiais adequados para a realização de atividades lúdicas. Em muitas instituições de ensino, principalmente em áreas com menos recursos, há escassez de brinquedos educativos, jogos pedagógicos e espaços adaptados para brincadeiras (Araújo et al., 2023). Isso dificulta a aplicação de metodologias lúdicas, forçando os professores a recorrerem a abordagens mais tradicionais de ensino, o que pode reduzir o interesse e a motivação dos alunos pelo aprendizado.

A resistência de algumas instituições e famílias em reconhecer o valor da ludicidade na educação infantil também é um fator limitante. Há uma percepção equivocada de que o brincar é uma atividade secundária e que não contribui para o desenvolvimento acadêmico da criança (Fernandes, 2022). Essa visão pode levar gestores escolares e responsáveis a priorizarem métodos tradicionais de ensino, restringindo a aplicação de práticas lúdicas na rotina escolar. No entanto, estudos comprovam que o aprendizado por meio do lúdico não apenas melhora o desempenho acadêmico, mas também favorece a socialização, a criatividade e a autonomia infantil.

A tabela 3 apresenta os principais desafios para a inserção da ludicidade no currículo escolar e suas possíveis soluções.

Tabela 3 – Desafios e Soluções para a Inserção da Ludicidade no Currículo Escolar

Fonte: Silva (2022).

Além dos desafios, é fundamental discutir as perspectivas para a ampliação da ludicidade na educação infantil. A valorização do lúdico passa pelo reconhecimento de que o brincar não é apenas uma forma de entretenimento, mas um direito da criança, garantido por diretrizes educacionais e pela legislação brasileira (Sales, 2020).

Nesse contexto, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) estabelece diretrizes claras sobre a centralidade do brincar na educação infantil, afirmando:

As práticas pedagógicas que compõem o cotidiano das instituições de Educação Infantil devem ter como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, que devem estar presentes em todas as experiências oferecidas às crianças (Brasil, 2017, p. 36).

Nesse sentido, políticas públicas voltadas para a capacitação docente e o fornecimento de materiais lúdicos podem contribuir para uma maior integração do brincar ao currículo escolar.

A tecnologia tem sido uma aliada na superação das barreiras para a ludicidade na educação. Jogos digitais, aplicativos educativos e recursos multimídia podem complementar as práticas lúdicas tradicionais, oferecendo novas oportunidades de aprendizado para as crianças (De Melo Rodrigues et al., 2022). No entanto, é essencial que a tecnologia seja utilizada de maneira equilibrada, garantindo que o contato físico, as interações sociais e as brincadeiras presenciais continuem sendo prioridade no processo de aprendizagem.

O envolvimento da comunidade escolar também desempenha um papel crucial na valorização da ludicidade. Quando gestores, professores e famílias compreendem os benefícios do brincar na educação infantil, há uma maior aceitação e incentivo para a implementação dessas práticas (Da Cruz; Kawakami, 2024). Projetos interdisciplinares, feiras lúdicas e eventos que promovam atividades recreativas podem ajudar a aproximar as famílias da escola e fortalecer a percepção de que o aprendizado pode – e deve – ocorrer de maneira prazerosa.

Diante dessas perspectivas, conclui-se que a ludicidade na educação infantil não deve ser tratada como um complemento, mas como um elemento essencial para o desenvolvimento das crianças. Para garantir sua efetiva inserção no currículo escolar, é necessário superar os desafios estruturais, capacitar os professores e conscientizar a sociedade sobre sua importância. Com investimentos adequados e estratégias bem planejadas, é possível transformar o ambiente escolar em um espaço mais dinâmico, inclusivo e estimulante, onde o aprendizado acontece de forma natural e significativa (Silva, 2022).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ludicidade desempenha um papel fundamental no desenvolvimento infantil, contribuindo significativamente para a construção do conhecimento e para a formação integral das crianças. Este estudo demonstrou que a utilização de práticas lúdicas na educação infantil favorece o desenvolvimento cognitivo, motor, emocional e social, tornando o aprendizado mais significativo e prazeroso. No entanto, apesar dos benefícios evidentes, ainda existem desafios que dificultam a implementação efetiva da ludicidade no contexto escolar.

A análise evidenciou que um dos principais obstáculos para a integração da ludicidade no ensino infantil é a falta de formação docente adequada, o que impede muitos professores de aplicarem estratégias lúdicas de forma estruturada e intencional. Além disso, a escassez de recursos e infraestrutura limita a oferta de materiais e espaços apropriados para o desenvolvimento de atividades lúdicas, prejudicando a aplicação dessa abordagem pedagógica. Soma-se a isso a resistência de algumas instituições e famílias, que ainda percebem o brincar como algo secundário, sem compreender sua relevância para o processo de ensino-aprendizagem.

Diante desse cenário, torna-se essencial que políticas educacionais e programas de capacitação docente sejam fortalecidos, garantindo que os professores estejam preparados para integrar a ludicidade ao currículo escolar de maneira eficiente. A conscientização da comunidade escolar, incluindo gestores, professores e famílias, também é um fator determinante para que o lúdico seja valorizado como uma metodologia de ensino eficaz e não apenas como um momento de recreação.

Outro aspecto relevante para a superação dessas barreiras é o uso da tecnologia como ferramenta complementar à ludicidade tradicional. Jogos digitais e plataformas interativas podem ampliar as possibilidades de ensino lúdico, desde que sejam utilizados de maneira equilibrada, sem substituir as interações sociais e o contato físico, essenciais para o desenvolvimento infantil.

Portanto, a inserção da ludicidade no ensino infantil deve ser tratada como uma prioridade, visto que proporciona benefícios amplos e duradouros para as crianças. Para isso, é fundamental que haja um esforço conjunto entre educadores, gestores escolares, famílias e formuladores de políticas públicas. Somente dessa forma será possível garantir um ambiente educacional mais dinâmico, inclusivo e estimulante, no qual a aprendizagem ocorra de forma natural e significativa, respeitando as necessidades e potencialidades de cada criança.

4 REFERENCIAS

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¹Aluno concluinte do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Estácio de Sá.
²Orientador(a) do artigo da Universidade Estácio de Sá.