REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7149815
Autora:
Raynara Alves Lucena1
Orientadora:
Iara Maria Pires Perez2
RESUMO
O objetivo geral foi proporcionar bem-estar, segurança ao cliente e principalmente, tentar amenizar os medos e angustias ao adentrar no ambiente cirúrgico e possíveis traumas posteriormente. A humanização está vinculada aos direitos humanos, é um princípio que deve ser aplicado a qualquer aspecto do cuidado. Na assistência humanizada o usuário participa das tomadas de decisões quanto ao tratamento tendo sua autonomia preservada. Na relação profissional e paciente, o profissional deve valorizar a efetividade e a sensibilidade como elementos necessários ao cuidado, é preciso que haja um encontro entre pessoas, compartilhando saber, poder e experiência vivida, mantendo relações éticas e solidárias. O presente trabalho fundamenta-se em um estudo descritivo de revisão bibliográfica, de caráter exploratório. Através de das seguintes bases de dados: Revista de estudos acadêmicos ISSN: 2595-1661, Ano IV, Vol, IV, n.8, jan.-jun., 2021 e artigos científicos com ano de 2010 a 2022. Fazendo o uso da palavra-chave humanização e centro cirúrgico na base de dado virtual LILACS e Google Acadêmico.
Palavras-chave: Humanização. Centro-cirurgico. Cuidado de enfermagem.
ABSTRACT
The general objective was to provide well-being, safety to the client and, above all, to try to alleviate fears and anxieties when entering the surgical environment and possible traumas later. Humanization is linked to human rights, it is a principle that must be applied to any aspect of care. In humanized care, the user participates in decision- making regarding the treatment, with their autonomy preserved. In the professional- patient relationship, the professional must value effectiveness and sensitivity as necessary elements of care, there must be a meeting between people, sharing knowledge, power and lived experience, maintaining ethical and solidary relationships. The present work is based on a descriptive study of bibliographic review, of an exploratory nature. Through the following databases: Journal of academic studies ISSN: 2595-1661, Year IV, Vol, IV, n.8, jan.-jun., 2021 and scientific articles from 2010 to 2022. Using the keyword humanization and surgical center in the virtual database LILACS and Google Scholar.
Keywords: Humanization. Surgery Center. Nursing care.
1. INTRODUÇÃO
Um dos aspectos fundamentais frente a necessidade na urgência e emergência é o significado desta situação para o paciente, para seus familiares e para toda a equipe cuidadora, já que na maioria das vezes representa um momento de grande ansiedade tanto para paciente quanto para a família, por isso é necessário que a equipe fique atenta aos acontecimentos à sua volta, pois sem isso como iremos planejar, implementar, e avaliar as ações de enfermagem que contemplam a humanização de sua relação com estas famílias, sem ser um observador hábil.
A humanização está vinculada aos direitos humanos, é um princípio que deve ser aplicado a qualquer aspecto do cuidado. Na assistência humanizada o usuário participa das tomadas de decisões quanto ao tratamento tendo sua autonomia preservada. Na relação profissional e paciente, o profissional deve valorizar a efetividade e a sensibilidade como elementos necessários ao cuidado, é preciso que haja um encontro entre pessoas, compartilhando saber, poder e experiência vivida, mantendo relações éticas e solidárias.
O objetivo geral foi proporcionar bem-estar, segurança ao cliente e principalmente, tentar amenizar os medos e angustias ao adentrar no ambiente cirúrgico e possíveis traumas posteriormente.
O presente trabalho fundamenta-se em um estudo descritivo de revisão bibliográfica, de caráter exploratório. Através de das seguintes bases de dados: Revista de estudos acadêmicos ISSN: 2595-1661, Ano IV, Vol, IV, n.8, jan.-jun., 2021 e artigos científicos com ano de 2010 a 2022. Fazendo o uso da palavra-chave humanização e centro cirúrgico na base de dado virtual LILACS e Google Acadêmico.
2. HUMANIZAÇÃO NA ENFERMAGEM
Humanizar se institui como um processo vivencial que permeia toda a atividade, tanto do trabalho, quanto das pessoas envolvidas na enfermagem, oferecendo ao paciente um tratamento humano, dentro das circunstâncias peculiares de um hospital. Humanizar também pode ser compreendido como centralizar toda a política de saúde e ações em seu todo, mobilizando o cuidado com o ser humano. A esse respeito, por meio da Portaria nº 881/2001 do Ministério da Saúde, a Secretaria de Assistência à Saúde criou o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar – PNHAH, com o objetivo de aprimorar as relações entre os profissionais e os usuários do serviço de saúde (AMESTOY; SCWARTZ; THOFEHRN, 2016).
Esse aprimoramento envolve os profissionais da enfermagem entre si e com a comunidade, com o intuito de melhorar a qualidade e eficácia dos serviços de saúde. Humanização em saúde respeita a vida humana, considerando as circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas que fundamentam um relacionamento humano. Para que haja a integração da equipe de enfermagem são fundamentais a valorização e o respeito entre estes profissionais, pois o reflexo positivo na relação entre eles influencia a confiança e a segurança do paciente quanto à sua internação e aos cuidados prestados (BACKES, LUNARDI; LUNARDI, 2016).
Se o paciente sentir que pode confiar no profissional de enfermagem, diminui sua ansiedade, repercutindo sobre seu estado psicológico, físico e mental. Nesse âmbito, se deve olhar sobre o cansaço físico e a escassez de funcionários como desfavoráveis para a segurança do paciente. O paciente que está internado tem o direito de ter sua dignidade mantida, respeitando suas necessidades, valores, princípios éticos e morais e crenças. Outrossim, o paciente internado tem direito a ter alívio da dor e de seu sofrimento, usufruindo de todos os recursos tecnológicos e psicológicos disponíveis para seu atendimento (BAREMBLITT, 2015).
Este paciente deve ter, ainda, sua privacidade preservada, usufruindo de um ambiente que possa facilitar o seu pronto restabelecimento, mantendo a melhoria de sua assistência. Quando se respeita e se atende às necessidades e direitos do paciente, os enfermeiros com quem este se relaciona poderão alcançar o sucesso em seu trabalho. Se enfatiza que o avanço tecnológico deve ser associado à humanização e à comunicação terapêutica, tendo em vista obter resultados mais satisfatórios em relação ao bem-estar dos pacientes. Uma prática humanizada requer que os profissionais de saúde articulem o saber científico com o cuidado com o ser que está sofrendo com a doença (CAMPONOGARA, et al, 2015).
Mas, o atendimento humanizado em enfermagem tem sido um desafio constante entre os profissionais da saúde, pois muitos ainda resistem a essa prática. Faz-se necessário que os enfermeiros acreditem que o cuidado humanizado é essencial para a prática junto ao enfermo durante sua internação. A humanização deve se tornar o foco em todas as esferas que abrangem o cuidar e as especialidades que assistem às pessoas, principalmente para atender a pacientes da oncologia, os quais passam longos períodos internados (CARVALHO; PAULA; MORAES, 2017).
Para tanto, faz-se necessário que a mulher se submeta de forma periódica a um exame clínico de baixo custo nominado Papanicolau, tendo em vista a detecção precoce da doença. Assim, diagnosticar, inicialmente, o câncer dá a possibilidade de tratar essa doença que se apresenta de forma agressiva (CAMPONOGARA, et al, 2015).
Segundo Amestoy, Schwartz; Thofehrn (2016) na civilização contemporânea, as condições objetivas e subjetivas para obter muita humanidade para todos os membros da espécie humana estão já dadas pelo alto grau de potência produtiva. A enfermagem precisa considerar o ser humano em sua totalidade no processo de cuidar e educar, respeitando suas características individuais, suas crenças, seus costumes valorizando o papel de cada profissional na realização deste processo. A interação entre a equipe de saúde, o doente e a família são essenciais para a efetivação do cuidado (CAMPONOGARA, et al, 2015).
Segundo Corbani; Bretas; Matheus (2019) a equipe de enfermagem, dentre outras inúmeras funções deve estabelecer um vínculo de familiarização, responsabilidade e comprometimento com sua equipe e cliente. Familiarizar-se com a equipe para que a cada procedimento aprenda mais, e repasse aos membros a fim de enriquecê-los de conhecimento. E, familiarizar-se com o cliente para que haja uma linha de confiança.
Responsabilidade para com a equipe para que o que lhe seja confiado (tarefas) sejam cumpridas da forma correta, sem erros. E para com o cliente, para que este possa confiar o cuidado em suas mãos, sem margem de desconfiança. Comprometimento com a equipe para que não haja lacunas no atendimento ao cliente. E para com o cliente para que ao cobrir as lacunas sobre o ar de satisfação e gratidão (FERREIR; MISHIMA, 2014).
Segundo Lima; Jorge; Moreira (2016) o cliente hospitalizado não deve ficar à mercê de qualquer cuidado. Deve estar ciente do que transcorre a sua volta, os procedimentos, as medicações, enfim tudo que acontece e que se relacione a ela naquele meio. Deve haver um vínculo entre equipe e usuário que transmita confiança. Com isso, estimula-se o autocuidado, favorecendo uma recuperação rápida e a satisfação das partes envolvidas.
Ao conceber-se o doente como sujeito ativo do cuidado, ele tem o direito de receber informações relacionadas à sua patologia, o que significa agir com respeito, dialogando, incluindo-o nas decisões sobre o seu processo de saúde e doença. (OLIVEIRA; BRUGGEMANN, 2013).
A humanização se apresentava para nós como estratégia de interferência no processo de produção de saúde levando em conta que sujeitos, quando mobilizados, são capazes de transformar realidades transformando-se a si próprios neste mesmo processo. Investíamos na produção de um novo tipo de interação entre os sujeitos que constituem os sistemas de saúde, retomando a perspectiva de rede descentralizada e corresponsável que está na base do SUS. Uma rede comprometida com a defesa da vida, rede humanizada porque construindo permanente e solidariamente laços de cidadania (OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2016).
Segundo Pessini; Bertachini (2014) mostra que humanizar a atenção e a gestão em saúde no SUS se apresentava como meio para a qualificação das práticas de saúde: acesso com acolhimento; atenção integral e equânime com responsabilização e vínculo; valorização dos trabalhadores e usuários com avanço na democratização da gestão e no controle social participativo. A primeira reflexão a ser feita com relação à proposta de humanização é que, se ela se torna necessária, fica claro que havia, pelo menos em parte significativa das práticas de saúde, uma “desumanização” revelando as lacunas como os poucos dispositivos de fomento à congestão e a valorização e inclusão dos gestores, trabalhadores e usuários no processo de produção de saúde; modelo de atenção centrado na relação queixa-conduta (LIMA; JORGE; MOREIRA, 2016). Dessa forma segundo Pessini; Bertachini (2014) os profissionais que desenvolvem qualquer tipo de trabalho no âmbito hospitalar têm uma função de extrema importância que é, entre muitas outras, ouvir; planejar, praticar, promover; enfim são inúmeras as funções desempenhadas. Diante de todo desconforto do meio hostil hospitalar (casos patológicos, pessoas, situações críticas. etc.) cria-se uma convivência desagradável para os que convivem dia a dia. Chamados a prestar atendimento de forma humana, e mergulhados cotidianamente na necessidade de tratar paciente/cliente de maneira íntegra e digna (real necessidade) sobressai a carência de humanização entre as equipes.
Entende-se que um bom profissional deve saber trabalhar os métodos de comunicação a seu favor, sempre lembrando que humanizar o seu atendimento alem de ser o certo também é uma maneira de facilitar sua aproximação com o paciente e uma ferramenta que possibilita alcançar sua meta com o paciente. (BAREMBLITT, 2015).
Muitas vezes uma comunicação não verbal positiva com um sorriso vem a ajudar mais que a medicação, exemplo onde isso pode ser aplicado e nas unidades cirúrgicas, onde os pacientes se encontram com receios e que se nos profissionais parássemos apenas alguns minutos para conversar, tirar dúvidas ou simplesmente ouvir, essa atitude vem a acalmar e tão logo essa pessoa não necessitaria de um aumento de medicamento para controlar a ansiedade (AMESTOY; SCHWARTZ; THOFEHRN, 2016).
O profissional deve estar atento a sua postura em relação a comunicação, especialmente a não verbal, já que por motivo de rotina nossas atitudes mudam, principalmente os pequenos gestos e com isso perdemos o nosso lado humanizado e nos tornamos mecânicos.
Deve se lembrar que comunicação e humanização têm que estar juntas, para que o profissional alcance excelência em sua função, aquele que conhece e utiliza esses recursos atinge melhor resultado, seja ele com pacientes mais calmos, recuperações mais rápidas e com isso há a diminuição de possíveis problemas logo trazendo queda nos custos (LIMA; JORGE; MOREIRA, 2016).
Segundo Oliveira; Bruggemann (2013) mostra que a comunicação afeta os mínimos aspectos da vida. A categoria ser qualquer, mas sobre toda a comunicação se esforça no sentido de um objetivo comum. No entanto, a percentagem exata de influência pode ser diferente de variáveis, tais como o alto-falante e do ouvinte. Para melhorar a comunicação competência, uma deve ser motivado a alterar a atual forma de comunicar e de estar aberto para aprender e desenvolver novas competências para que o resultado é o aumento mais forte autoconfiança e um relacionamento que melhora tanto a vida profissional e pessoal.
Assim Baremblitt (2015) relata que a comunicação é um importante aspecto para se estabelecer o cuidado de enfermagem que vislumbra uma assistência de qualidade. Dessa forma a comunicação colabora para a promoção do cuidado emocional. Conclui-se que pacientes crianças, adolescentes ou adultos independentes de qual for sua doença, terá grande melhoras quando a enfermeira sem ocultar nada, tenha para com ele uma comunicação adequada.
Muitas vezes uma comunicação não verbal positiva com um sorriso vem a ajudar mais que a medicação, exemplo onde isso pode ser aplicado e nas unidades cirúrgicas, onde os pacientes se encontram com receios e que se nos profissionais parássemos apenas alguns minutos para conversar, tirar dúvidas ou simplesmente ouvir, essa atitude vem a acalmar e tão logo essa pessoa não necessitaria de um aumento de medicamento para controlar a ansiedade. Objetivamos com este estudo refletir sobre as interfaces do cuidado emocional ao cliente hospitalizado, vislumbrando a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem. Esta reflexão originou-se das inquietações (OLIVEIRA; BRUGGEMANN, 2013).
Acreditamos que tais medidas são difíceis de serem implementadas e, muitas vezes, corre-se o risco de a possibilidade de humanização do atendimento ficar restrita à “boa vontade” e esforço individual dos trabalhadores, sem uma política mais efetiva nesse sentido.
2.1 HUMANIZAÇÃO NO CENTRO CIRÚRGICO
Caetano (2013), afirmou que os enfermeiros precisam atuar como agentes morais, humanitários e parceiros para prestar cuidados holísticos. Isso ocorre porque os avanços tecnológicos levaram ao cuidado cada vez mais despersonalizado. Atuando de forma acadêmica, científica e clínica, o enfermeiro pode prestar um cuidado humanizado.
O cuidado humanizado requer a interação da ciência e dos valores humanos. Esse conceito foi originalmente definido como “cuidado humanizado é definido como a interação de conhecimentos e valores que resulta em saúde de qualidade”. É essencial que os cuidadores concentrem a atenção em uma coisa sem dispersá-la; isso lhes permite fornecer cuidados de maior qualidade. Além disso, pacientes satisfeitos levam a melhores demandas em relação aos seus cuidados. Isso também ajuda os prestadores de serviços de saúde a atender às necessidades de seus clientes de maneira abrangente, o que inclui cuidar de seus medos, dúvidas e preocupações (AMESTOY; SCHWARTZ; THOFEHRN, 2016).
Todos esses são aspectos significativos do cuidado de enfermagem, pois os enfermeiros enfrentam diariamente sentimentos e medos sobre os procedimentos sanitários e problemas de saúde. Na era das instituições tecnológicas, parece que o papel do cuidado humano está ameaçado pela tecnologia médica. É o que afirma Caetano (2013), que viu falta de cuidado em muitas sociedades tecnológicas; eles geralmente implementam curas radicais sem levar em conta os custos. Além disso, a gestão burocrática e as restrições foram vistas como efeitos negativos da tecnologia.
Cuidar é um aspecto essencial da enfermagem que ajuda a preservar, melhorar e proteger a humanidade. Também é usado para ajudar os pacientes a entender sua doença, dor e sofrimento. Através da enfermagem, os pacientes podem aprender o autocontrole, o autoconhecimento e o autocuidado tudo isso enquanto estão cercados pela solidariedade e cuidado das pessoas ao seu redor (AMESTOY; SCHWARTZ; THOFEHRN, 2016).
Trabalhar de forma eficaz na área da saúde requer uma relação de trabalho solidária e colaborativa. Isso ocorre porque a avaliação dos eventos diários depende da percepção, que é o processo que as pessoas usam para avaliar diferentes eventos. Ferreira e Mishima (2014), observaram que as pessoas podem avaliar o mesmo evento de forma diferente devido às experiências e perspectivas individuais. Isso ilustrou a importância das equipes de enfermagem no cuidado ao paciente – sejam eles saudáveis ou doentes.
A formação continuada dos profissionais de enfermagem considera a noção de que a assistência prestada ao paciente cirúrgico e sua família deve refletir um comportamento humanizado.
Essa ideia se baseia no fato de que uma das experiências mais intensas na vida das pessoas é passar por uma intervenção cirúrgica. Essa experiência afeta o estado psicológico, espiritual e biológico do paciente que inclui sentimentos como medo, dúvida e esperança. Consequentemente, esses pacientes cirúrgicos são levados a um perigoso estado de identidade e perigo à integridade pessoal. Portanto, é crucial estudar como esses pacientes se comportam de forma diferente; no entanto, não há muitos estudos sobre cuidados de enfermagem diferenciados ao paciente cirúrgico ou enfermagem humanizada em geral por falta de pesquisas sobre o assunto (AMESTOY; SCHWARTZ; THOFEHRN, 2016).
Caetano (2013), acredita que tratar pacientes como indivíduos é impossível nas salas de cirurgia. Por isso, os enfermeiros dos centros cirúrgicos devem agir mais como técnicos do que como pessoas que cuidam. Isso significa que eles se separam do cuidado total de seus pacientes e as famílias são ignoradas. Em contrapartida, Caetano (2013), acredita que os enfermeiros devem tratar os pacientes como personalidades totais, o que só pode ser realizado com a retirada de seus papéis técnicos.
Caetano (2013), acreditava que o enfermeiro deveria prestar um cuidado humanizado por meio da atuação acadêmica, científica e profissional. Mais especificamente, Caetano acreditava que os enfermeiros precisam atuar como agentes humanitários e parceiros para prestar cuidados holísticos. Isso porque os avanços tecnológicos levaram a um cuidado despersonalizado que pode ser remediado pelo enfermeiro. O cuidado humanizado requer a interação da ciência e dos valores humanos.
Originalmente, sua definição era “o cuidado humanizado é definido como a interação de conhecimentos e valores que resulta em saúde de qualidade”. Os cuidadores precisam se concentrar em uma coisa sem dividir sua atenção; isso lhes permite fornecer cuidados de maior qualidade. De fato, pacientes satisfeitos aumentam suas demandas por cuidados de maior qualidade. Os enfermeiros lidam diariamente com os seus próprios medos e preocupações. Eles também enfrentam os medos, dúvidas e preocupações dos pacientes, além de atender às suas necessidades (AMESTOY; SCHWARTZ; THOFEHRN, 2016).
Caetano (2013), acreditava que a importância desses aspectos do cuidado de enfermagem estava ameaçada pelas instituições tecnológicas do século XXI. Ela acreditava que essas instituições descuidadamente implementavam curas radicais sem levar em conta o custo. Os enfermeiros ajudam os pacientes a cuidar de si mesmos e uns dos outros por meio de seus cuidados. Cuidar é um aspecto importante da enfermagem com a finalidade de melhorar, proteger e preservar a humanidade. Também permite que os pacientes entendam sua dor e doença enquanto estão cercados pelo apoio das pessoas ao seu redor.
Alguns efeitos colaterais negativos percebidos da tecnologia foram burocracias e restrições. As equipes de enfermagem saudáveis ou doentes são cruciais para o cuidado do paciente, pois suas avaliações diárias dependem da percepção. Isso porque os eventos são avaliados por meio do processo de percepção, que é dependente de experiências e perspectivas individuais. Ferreira e Mishima (2014), observaram que as pessoas podem avaliar o mesmo evento de forma diferente devido às diferenças nas perspectivas e experiências individuais.
A ideia de que a assistência prestada ao paciente cirúrgico e sua família deve ser humanizada é considerada na educação permanente dos profissionais de enfermagem. Essa noção se baseia no fato de que se acredita que uma das experiências mais intensas da vida de alguém seja a intervenção cirúrgica. Essa experiência afeta o estado psicológico, espiritual e biológico de um paciente cirúrgico incluindo emoções como medo, dúvida e esperança (AMESTOY; SCHWARTZ; THOFEHRN, 2016).
Consequentemente, acredita-se que esses pacientes estejam em um estado perigoso de identidade e integridade pessoal. Não há muitos estudos sobre o tema do paciente cirúrgico e cuidados de enfermagem diferenciados. Isso porque não há muitas pesquisas sobre enfermagem humanizada em geral.
Como resultado, os enfermeiros dos centros cirúrgicos são mais técnicos do que cuidadores. Isso porque Caetano (2013), acredita que tratar pacientes como indivíduos é impossível nas salas de cirurgia. Ao remover seus papéis técnicos, os enfermeiros estariam tratando os pacientes como pessoas completas em vez de apenas tratar seus sintomas. Caetano (2013), acredita que os enfermeiros devem tratar os pacientes como personalidades totais em vez de papéis técnicos separados por reduzir fatores de risco, melhorar a promoção da saúde, implementar processos humanizados e cuidados básicos e individualizados ao meio ambiente e aos clientes.
2.2 ENFERMAGEM E SEGURANÇA DO PACIENTE NO CENTRO CIRÚRGICO
Várias intervenções para melhorar a segurança do paciente em cirurgia foram introduzidas, incluindo verificações adicionais para confirmar procedimentos e novas políticas para governar a sala de cirurgia. Além disso, muitos hospitais estão investindo em programas de treinamento de segurança para seus funcionários em um esforço para melhorar a cultura de segurança nas salas de cirurgia (TOFFOLETTO; RUIZ, 2013).
No entanto, embora existam muitas novas iniciativas de segurança, existem poucas ferramentas disponíveis para medir o efeito real das intervenções sobre os resultados. Este é um problema crítico na validação dos esforços de melhoria da segurança do paciente. Além disso, a coleta de dados sobre erros médicos em cirurgia é difícil porque os quase-acidentes muitas vezes não são relatados e os eventos sentinela pode ser raros. Usando um instrumento de medição válido e confiável (SILVA et al, 2020).
Aplicando um axioma fundamental de gestão empresarial, afirmamos que o feedback preciso e científico do pessoal da linha de frente é um componente crítico de qualquer intervenção bem-sucedida. Na verdade, as atitudes sobre a cultura entre os trabalhadores têm sido associadas a comportamentos de redução de erros na aviação, e aos resultados dos pacientes em unidades de terapia intensiva (CAMPIONE, FAMOLARO, 2018).
Com base nesta associação demonstrada na literatura e em nossa própria experiência clínica, propomos que as percepções de quão seguro é um local de trabalho, conforme reconhecido pelos provedores de linha de frente, é um substituto confiável e válido de eventos adversos. Na verdade, é talvez o único substituto que temos para medir o risco de segurança (CAMPOS, et al, 2018).
Uma cultura de sala de cirurgia “insegura”, conforme avaliada por provedores de linha de frente, pode de fato ser um fator de risco importante para a ocorrência de um evento sentinela. Os hospitais são incentivados a começar a medir a cultura no ano anterior ao novo requisito. Embora existam muitas pesquisas de avaliação da qualidade de vida e outros aspectos do bem-estar, não existem ferramentas de medição confiáveis para cultura que tenham sido amplamente adotadas no ambiente cirúrgico (TOFFOLETTO; RUIZ, 2013).
Os avanços tecnológicos e científicos na área da saúde têm proporcionado um aumento significativo no número de intervenções cirúrgicas, muitas vezes realizadas em condições inseguras, interferindo na promoção e recuperação da saúde dos pacientes. Assim, a insegurança e a vulnerabilidade dos pacientes têm aumentado consideravelmente no contexto científico e assistencial, à medida que a ocorrência de eventos adversos é potencializada nas instituições hospitalares, representando um grave problema de saúde pública (SILVA et al, 2020).
Em prol da segurança do paciente, buscam-se reduzir e / ou mitigar atos relacionados ao sistema de saúde considerados inseguros, bem como utilizar as melhores práticas para atingir os resultados esperados. Destaca-se, ainda, que o cuidado seguro influência direta e intimamente na qualidade do cuidado prestado à população; os pacientes, por sua vez, têm adquirido consciência de seus direitos, estabelecendo critérios que refletem suas escolhas e atitudes frente aos serviços de saúde, visando, assim, evitar a ocorrência de eventos adversos, torná-los visíveis caso ocorram e minimizar seus efeitos por meio de intervenções eficazes (CAMPIONE, FAMOLARO, 2018).
No hospital, o Centro Cirúrgico (SC) é o local onde ocorre a maioria dos eventos adversos relacionados à saúde dos pacientes. Sua causa é multifatorial e atribuída à complexidade dos procedimentos, à interação das equipes interdisciplinares e ao trabalho sob pressão, pois, embora as intervenções cirúrgicas façam parte da assistência à saúde, contribuem para a prevenção de problemas de integridade física e perda de vidas, eles estão consideravelmente associados a riscos de complicações e morte (CAMPOS, et al, 2018).
Estima-se que, a cada ano, entre 234 milhões de cirurgias realizadas em todo o mundo, ocorram dois milhões de óbitos e 7 milhões de pacientes são vítimas de complicações pós-cirúrgicas, 50% das quais poderiam ter sido evitadas. Entre as cirurgias de alta complexidade em países desenvolvidos, as taxas de complicações variam entre 3 e 16% e, a cada 300 pacientes admitidos, um morre (CAMPOS, et al, 2018).
Em sua segunda Campanha Global, a Cirurgia Segura Salva Vidas, um dos objetivos da Aliança Mundial para a Segurança do Paciente foi fortalecer as práticas de segurança cirúrgica estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O programa abordou questões importantes de segurança, como práticas de segurança anestésicas inadequadas, infecções cirúrgicas evitáveis e falta de comunicação entre os membros da equipe cirúrgica (TOFFOLETTO; RUIZ, 2013).
As atividades na sala de cirurgia envolvem tarefas complexas, repletas de variações e incertezas, exercidas em condições ambientais dominadas pela agilidade, precisão e estresse. Portanto, essas atividades requerem maior atenção dos profissionais nos processos que envolvem o paciente, principalmente do enfermeiro, tendo em vista o contato próximo com o paciente em suas ações de cuidado (SILVA et al, 2020).
Portanto, uma das responsabilidades do enfermeiro é informar ao paciente cirúrgico sobre seu problema de saúde, o procedimento cirúrgico e, principalmente, como ele pode participar de sua recuperação pós-operatória, dando conselhos pré e pós-operatórios em linguagem clara, com respeito ao seu conhecimento e cultura (CAMPIONE, FAMOLARO, 2018).
A atividade educativa é inerente ao papel do enfermeiro, pois passa dia e noite com o paciente, permitindo-lhe promover espaço de orientações e capacitação para o seu autocuidado, com orientações sobre os procedimentos e cuidados, além de promover a saúde e prevenir. complicações potenciais. Essa situação torna esse profissional o elemento da equipe de saúde com maior oportunidade de orientar o paciente (CAMPOS, et al, 2018).
Além disso, a contribuição da enfermagem no início, durante e após o final da cirurgia é claramente importante, por exemplo, certificando a identidade e consentimento do cliente, o local e o procedimento; verificando os sinais vitais e mantendo o paciente monitorado e com acesso venoso; eliminando a presença de qualquer risco, como perda de sangue, dificuldades de vias aéreas, reações alérgicas e complicações pós-operatórias; entre outras funções (TOFFOLETTO; RUIZ, 2013).
Por outro lado, identificar as situações que remetem a possíveis erros na assistência perioperatória ao paciente cirúrgico é o principal desafio do enfermeiro. Destacam-se: falha do equipamento anestésico, falta de equipe treinada, equipe cirúrgica trabalhando sob pressão, uso de novas tecnologias com conhecimento limitado, entre outros. Esse contexto chama a atenção para ampliar o olhar do enfermeiro em busca de novos conhecimentos, visando a segurança do paciente no centro cirúrgico e tendo em vista a constante ocorrência de riscos, erros e acidentes, revelando a necessidade de implementação de mudanças (SILVA et al, 2020).
Assim, mudanças científicas, assistenciais e culturais na segurança do paciente cirúrgico são fundamentais para a implementação de medidas eficazes de prevenção e redução de riscos e eventos adversos. É preciso construir uma cultura que compreenda os valores, crenças e padrões do que é importante em uma instituição e quais atitudes e comportamentos relacionados à segurança do paciente são necessários, recompensados e esperados (CAMPIONE, FAMOLARO, 2018).
Portanto, a implantação da cultura de segurança nas instituições de saúde, especificamente no Centro Cirúrgico, pode estar diretamente associada à redução de eventos adversos e mortalidade, implicando em melhorias na qualidade da assistência à saúde dos pacientes. Partindo dessa premissa, da atualização constante no contexto profissional de segurança do paciente e das preocupações da OMS com cirurgias seguras para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), pretende-se proporcionar ao paciente um processo de recuperação positiva, protegido contra eventos adversos relacionados à cuidado inseguro e despreparado (TOFFOLETTO; RUIZ, 2013).
Diante desse contexto, temas relacionados à segurança do paciente devem ser disseminados com urgência, por se tratar de um problema de saúde pública. Portanto, para implementar estratégias de segurança, as organizações de saúde devem adotar um modelo de “cultura de segurança, definida como um produto de valores, atitudes, competências e padrões de comportamento individuais e coletivos, que determinam comprometimento, estilo e proficiência na administração de um cofre e organização saudável” (SILVA et al, 2020).
3. CONCLUSÃO
Segundo os profissionais de saúde, a humanidade vai do conforto emocional ao conforto físico e comprometimento profissional. Fatores elevados para ansiedade e estresse em pacientes. A comunicação estabelecida entre a equipe assistencial e o cliente contribui claramente para uma permanência mais tranquila no hospital, garantindo uma recuperação mais rápida e confortável do pré-operatório ao pós- operatório. Portanto, o enfermeiro deve continuar sua formação e educação continuada para obter assistência qualificada em uma visão centrada nas pessoas e compartilhar seus conhecimentos com a equipe de trabalho.
Ao final do estudo, um longo caminho permanece pela frente em direção à segurança efetiva para os pacientes perioperatórios, tendo em vista os diversos gargalos que de alguma forma prejudicam sua segurança. Destacam-se: erros na montagem da sala cirúrgica; não implementação de todas as etapas do processo de enfermagem; ausência de diálogo entre paciente e equipe sobre medos, ansiedade, dúvidas no pós-operatório; falta de compreensão da equipe multiprofissional; movimento e ruído excessivos na sala de cirurgia; não aplicação do checklist recomendado pela OMS.
Concluindo, as reflexões sobre a segurança do paciente e os processos no Centro Cirúrgico precisam ser aprofundadas, demandando mais estudos sobre o tema com vistas a novas discussões e a busca de melhores práticas. O engajamento de toda a equipe médica e de enfermagem é fundamental para uma assistência de qualidade e segurança ao paciente cirúrgico, buscando eliminar possíveis riscos e erros que são frequentes.
As competências do enfermeiro cirúrgico, devem ser compreendidas para além das práticas organizacionais, enfocando a relação com a segurança do paciente. Quanto às limitações no desenvolvimento desta pesquisa, aponta-se o pequeno número de artigos selecionados, devido à indisponibilidade de alguns achados na versão completa. No entanto, ao final deste estudo, após o alcance do objetivo, foram identificados os principais erros na atuação do enfermeiro no cuidado ao paciente cirúrgico, sendo insuficiente na segurança do paciente, e foram sugeridas soluções para melhorar o cuidado.
Diante do exposto, espera-se que esta pesquisa contribua para o aprimoramento e desenvolvimento do conhecimento científico sobre a atuação do enfermeiro na segurança do paciente. Assim, este estudo pretende constituir-se em um instrumento de divulgação desta temática, incentivando novas pesquisas, tendo em vista não só a sua relevância científica, mas também a relevância social da melhor assistência prestada ao paciente cirúrgico.
REFERÊNCIAS
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1Acadêmica do 10º período do Curso de Enfermagem da Faculdade Unibrás de Goiás.
2Professora Especialista em Políticas públicas e saúde da família multiprofissional da Faculdade Unibrás de Goiás e orientadora da pesquisa.