REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202510061409
Izabelle da Silva Andrade
Leonardo de Sá Leitão Machado de Abreu Lima
Paula Adriana Fontes
RESUMO
Introdução: A crescente adesão da população às academias de ginástica reflete a busca por benefícios relacionados à saúde, prevenção de doenças, melhora estética e incremento do desempenho físico. Contudo, o aumento do número de praticantes tem sido acompanhado por maior incidência de lesões musculoesqueléticas, frequentemente associadas à execução inadequada dos exercícios, ao excesso de carga e à prática sem acompanhamento profissional qualificado. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo analisar a relação entre a prática de exercícios físicos em academias e a ocorrência de lesões musculoesqueléticas, destacando a importância do acompanhamento do profissional de Educação Física na prevenção desses agravos. Metodologia: O estudo será realizado com a coleta de dados de fontes secundarias, por meio de levantamento bibliográfico e baseado na experiência vivenciada por autores. Resultados: A supervisão profissional em academias contribui para a redução de lesões musculoesqueléticas, melhora do desempenho físico e maior adesão ao treinamento, reforçando a importância de estratégias preventivas na prática segura de exercícios. Conclusão: A redução de lesões em ambientes de treinamento físico está diretamente associada à supervisão profissional, à correta execução dos exercícios e à implementação de estratégias preventivas, promovendo a segurança, a eficiência e a continuidade da prática física.
Palavras-chave: Educador físico, lesões, acompanhamento, equipe multidisciplinar, academia.
ABSTRACT
Introduction: The growing adherence of the population to fitness centers reflects the pursuit of health benefits, disease prevention, aesthetic improvement, and enhanced physical performance. However, the increase in the number of practitioners has been accompanied by a higher incidence of musculoskeletal injuries, often associated with improper exercise execution, excessive load, and training without the guidance of qualified professionals. Objective: This study aims to analyze the relationship between physical exercise in gyms and the occurrence of musculoskeletal injuries, highlighting the importance of supervision by Physical Education professionals in preventing such conditions. Methodology: The study will be conducted through the collection of secondary data, based on a literature review and the experiences reported by various authors. Results: Professional supervision in gyms contributes to the reduction of musculoskeletal injuries, improved physical performance, and greater adherence to training, reinforcing the importance of preventive strategies for the safe practice of physical exercise. Conclusion: The reduction of injuries in fitness environments is directly associated with professional supervision, proper exercise execution, and the implementation of preventive strategies, promoting safety, efficiency, and continuity of physical activity.
Keywords: Physical educator, injuries, supervision, multidisciplinary team, gym.
INTRODUÇÃO
A crescente adesão da população às academias reflete a busca por melhora da saúde, desempenho físico, bem-estar e objetivos estéticos. Entretanto, estudos recentes apontam que mais da metade dos praticantes relatam pelo menos uma lesão musculoesquelética anual, especialmente nas regiões do joelho, ombro e coluna lombar — locais que suportam elevada carga mecânica e são muito exigidos nos exercícios de resistência. Em pesquisa realizada com mais de 700 membros de academias na Arábia Saudita, verificou-se prevalência de lesões em cerca de 57%, com maior incidência em joelho e ombro, além de associação significativa entre lesões e ausência de instrutor profissional (ALQAHTANI et al., 2024). Outro estudo realizado em Bangladesh identificou que participantes que realizavam treino de força tinham risco aproximadamente quatro vezes maior de desenvolver lesões musculoesqueléticas, sendo os principais fatores de risco a carga excessiva, a execução incorreta dos exercícios e a orientação insuficiente do treinador (HOSSAIN et al., 2024). Esses achados reforçam que, sem supervisão adequada e progressão de carga bem dosada, a prática de exercícios em academias pode aumentar o risco de agravos à saúde musculoesquelética.
Nesse contexto, o profissional de Educação Física desempenha papel fundamental na prevenção desses agravos, por meio da prescrição adequada de exercícios, supervisão da execução correta dos movimentos e orientação individualizada das cargas de treinamento. Evidências sugerem que os programas de exercício supervisionados reduzem significativamente o risco de lesões em comparação aos não supervisionados. Uma meta-análise recente mostrou que programas de prevenção de lesões com supervisão apresentaram redução de risco (RR ≈ 0,67), enquanto programas sem supervisão não tiveram benefício estatisticamente relevante (RR ≈ 1,04) (GILCHRIST et al., 2023). Além disso, estudo comparativo com praticantes de levantamento de peso revelou que aqueles que treinavam sem supervisão apresentaram taxas de lesões musculoesqueléticas consideravelmente maiores em relação aos que recebiam orientação profissional (ALVI et al., 2024). Portanto, a atuação do educador físico — através de avaliação inicial, planejamento de progressão de cargas, correção técnica e feedback constante — não apenas minimiza riscos de lesões, mas também favorece maior segurança, eficácia nos resultados e fidelização dos praticantes.
O profissional de Educação Física desempenha um papel fundamental na prevenção dessas lesões, por meio da prescrição adequada de exercícios, correção da execução dos movimentos e orientação individualizada dos praticantes (Soares & Melillo, 2023). Estudos indicam que a supervisão profissional reduz significativamente a incidência de lesões, promovendo uma prática mais segura e eficaz (Jordão, 2022).
Além disso, a atuação interdisciplinar entre profissionais de Educação Física e fisioterapeutas tem se mostrado eficaz na prevenção e reabilitação de lesões, proporcionando um atendimento mais completo e integrado aos praticantes (Mota, 2022). A combinação de conhecimentos e práticas dessas duas áreas contribui para a segurança, eficiência e continuidade da prática de exercícios físicos nas academias.
Estudos indicam que a prática de exercícios físicos em academias pode resultar em lesões musculoesqueléticas, especialmente quando realizada sem orientação profissional adequada. Uma pesquisa realizada por Souza et al. (2015) revelou que 44,4% dos praticantes de musculação relataram ter sofrido algum tipo de lesão, sendo as distensões musculares as mais comuns. Além disso, a maioria dos indivíduos afetados (60%) precisou modificar seu programa de treinamento devido às lesões, e 80% observaram melhora nos sintomas após as alterações.
Analisar a relação entre a prática de exercícios físicos em academias e a ocorrência de lesões musculoesqueléticas, destacando a importância da supervisão do profissional de Educação Física e da atuação interdisciplinar na prevenção e reabilitação desses agravos.
1. REFERENCIAL TEÓRICO
Objetivo geral
Analisar a partir de evidências científicas disponíveis, a relevância do acompanhamento do profissional de Educação Física na prevenção e recuperação de lesões em academias, destacando suas contribuições para a segurança, eficácia e continuidade da prática de exercícios físicos.
Objetivos específicos:
- Identificar os tipos mais comuns de lesões musculoesqueléticas em academias.
- Investigar os fatores de risco associados à ausência de supervisão profissional durante os treinos.
- Avaliar estratégias de prevenção e intervenção aplicadas por profissionais de Educação Física.
- Analisar os efeitos do acompanhamento profissional na recuperação de praticantes lesionados.
- Sintetizar recomendações baseadas em evidências para a prática segura de exercícios em academias.
1.1 Identificar as principais lesões associadas à prática de exercícios em academias.
- Distensões musculares
- Lesão em fibras musculares devido a alongamento excessivo ou sobrecarga.
- Comum em músculos posteriores de coxa, quadríceps e lombares (Souza et al., 2015).
- Entorses articulares
- Lesões de ligamentos causadas por movimentos bruscos ou instabilidade articular.
- Frequentemente afetam tornozelos e joelhos (Santana, 2020).
- Tendinites
- Inflamação dos tendões devido a sobrecarga repetitiva.
- O ombro, cotovelo e joelho são as regiões mais afetadas (Indicatti & Bellini, 2020).
- Síndrome do impacto subacromial (ombro)
- Compressão dos tendões do ombro em movimentos repetitivos acima da cabeça.
- Comum em exercícios de musculação que envolvem elevação de braços (Jordão, 2022).
- Lesões na coluna lombar
- Hérnias de disco, lombalgias e contraturas musculares causadas por má postura ou sobrecarga.
- A má execução de exercícios como agachamento e levantamento terra é um fator de risco (Soares & Melillo, 2023).
- Fraturas por estresse
- Pequenas fissuras nos ossos devido a sobrecarga repetitiva, menos frequentes, mas relatadas em casos de treino intenso sem supervisão (Mota, 2022).
- Inflamações articulares (artrite induzida por exercício)
- Lesões crônicas em articulações devido a treinos excessivos e sem orientação (Pinto & Oliveira, 2017).
1.2 Fatores Biomecânicos e sobrecarga.
A sobrecarga mecânica é outro fator central. A repetição de movimentos de alta intensidade, sem adequada recuperação, pode levar a processos inflamatórios e degenerativos, como tendinopatias e lombalgias crônicas (Almeida et al., 2018). A soma de cargas externas (peso, resistência, impacto) com cargas internas (tensão muscular, forças articulares) determina o estresse suportado pelos tecidos, e quando ultrapassa a capacidade de adaptação, ocorre a lesão (Bahr, 2016).
O treinamento excessivo, conhecido como overtraining, também contribui para a fadiga muscular, reduzindo a capacidade de absorção de impacto e aumentando a vulnerabilidade a rupturas musculares e lesões por esforço repetitivo (Soligard et al., 2019). Dessa forma, o equilíbrio entre estímulo, recuperação e correção de padrões de movimento é fundamental para a prevenção.
1.3 Investigar como a supervisão do profissional de Educação Física contribui para a prevenção dessas lesões.
A supervisão do profissional de Educação Física constitui um fator determinante para a prevenção de lesões durante a prática de exercícios em academias. Por meio de orientação técnica, correção de postura e ajustes de carga, o profissional minimiza o risco de distensões, entorses e inflamações articulares (Souza et al., 2015; Santana, 2020).
Além disso, estratégias educativas aplicadas pelo profissional, como instruções sobre biomecânica, aquecimento, alongamento e fortalecimento muscular, promovem maior consciência corporal nos praticantes e contribuem para hábitos de treino mais seguros (Pinto & Oliveira, 2017; Jordão, 2022). A literatura aponta ainda que a supervisão profissional aumenta a adesão ao treinamento e reduz a recorrência de lesões, garantindo uma prática física mais segura, eficaz e sustentável (Mota, 2022).
1.4 Papel do profissional de educação física.
A prevenção e recuperação de lesões em academias não dependem apenas da atuação do profissional de Educação Física. A integração de uma equipe multidisciplinar, composta por fisioterapeutas, nutricionistas, médicos do esporte e psicólogos, potencializa a segurança e eficácia dos programas de treinamento (Mota, 2022; Jordão, 2022).
O profissional de Educação Física exerce papel essencial na promoção da saúde, no desempenho esportivo e na qualidade de vida, atuando em diferentes contextos sociais. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de graduação em Educação Física, sua formação deve assegurar competências para planejar, executar e avaliar práticas corporais em dimensões educacionais, recreativas, de saúde e de rendimento, sempre com base em princípios éticos e científicos (Brasil, 2018).
As DCNs estabelecem que a atuação desse profissional deve contemplar tanto a saúde coletiva quanto o desenvolvimento humano, enfatizando o compromisso social da profissão. Isso significa que o educador físico não apenas ensina técnicas de exercícios, mas também promove cidadania, inclusão e práticas voltadas à prevenção de doenças e à melhoria da qualidade de vida (Souza & Antunes, 2020).
No âmbito da regulação profissional, o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e os Conselhos Regionais (CREFs) têm como função fiscalizar, orientar e normatizar o exercício da profissão. Segundo as resoluções do sistema CONFEF/CREF, cabe ao profissional atuar de forma segura e responsável, respeitando limites técnicos e legais, além de zelar pela saúde e integridade física dos praticantes (CONFEF, 2021).
Dessa forma, o papel do profissional de Educação Física é multifacetado: envolve desde a atuação em escolas, academias e projetos sociais até o acompanhamento especializado em grupos populacionais específicos. Sempre fundamentado na ciência do movimento humano, sua prática deve respeitar os princípios legais e éticos da profissão, em consonância com as DCNs e com a fiscalização dos Conselhos Regionais.
2 METODOLOGIA
2.1 Tipo de Estudo
Este estudo caracteriza-se como uma revisão narrativa de caráter sistemático, cujo objetivo é reunir, analisar e sintetizar informações sobre a atuação do profissional de Educação Física na prevenção e recuperação de lesões em academias. A revisão narrativa permite descrever tendências, resultados e lacunas na literatura científica, fornecendo uma visão abrangente do tema.
2.2 Coleta de dados
Para o levantamento da literatura serão utilizados livros, revistas, diretrizes sociedade brasileiras, artigos encontrados em bases de dados. (Scientific Eletronic Library), PubMed (Serviço de National Library of Medicine).
Para a busca de artigos, serão utilizados os descritores: Musculação, treinamento, prevenção de lesões, acompanhamento de um profissional de educação física, lesões musculoesqueléticas, exercício supervisionado.
2.3 Análise de dados
Os dados coletados nos artigos selecionados serão organizados e analisados de forma qualitativa e narrativa. Inicialmente, cada estudo será lido integralmente para identificação de informações relevantes relacionadas à prevenção e recuperação de lesões em academias, com ênfase na atuação do profissional de Educação Física.
Extração de informações principais: dados sobre tipo de lesão, população estudada, métodos de prevenção, estratégias de intervenção profissional e resultados observados.
A análise qualitativa das evidências disponíveis permite identificar padrões importantes sobre a ocorrência de lesões musculoesqueléticas no contexto das academias. Os estudos revisados apontam que as lesões mais frequentes estão relacionadas a distensões musculares, entorses, tendinites e sobrecargas articulares, especialmente nas regiões do ombro, joelho e coluna lombar, áreas que suportam maior demanda mecânica durante os exercícios resistidos. Esses achados reforçam que tais estruturas corporais estão mais vulneráveis quando não há progressão adequada da carga ou execução correta dos movimentos (ISLAM et al., 2024; HETAIMISH et al., 2024).
Entre os fatores de risco associados, a ausência de supervisão profissional se destaca como um elemento recorrente. A falta de orientação adequada favorece a execução incorreta de exercícios, o uso de cargas excessivas e a adoção de técnicas inadequadas, aumentando de forma significativa a probabilidade de lesões. Além disso, a prática sem acompanhamento está frequentemente associada a níveis menores de adesão e continuidade no treinamento, já que o praticante não recebe suporte técnico para alcançar seus objetivos de forma segura e eficaz (NOTEBOOM et al., 2023; ALVI et al., 2024).
No que se refere às estratégias de prevenção, a atuação do profissional de Educação Física se mostra essencial. A prescrição individualizada de treinos, a supervisão contínua da técnica, o ajuste progressivo das cargas e a implementação de programas de conscientização sobre alongamento, aquecimento e recuperação são medidas eficazes para minimizar riscos. Essas intervenções qualitativas não apenas reduzem a incidência de lesões, mas também contribuem para a melhoria da performance e da motivação dos praticantes (GILCHRIST et al., 2023; GOOSSENS et al., 2024).
Por fim, os resultados observados em diferentes estudos sugerem que a intervenção profissional está diretamente relacionada a maiores índices de recuperação e retorno seguro à prática. A combinação de acompanhamento sistemático com estratégias de prevenção favorece não apenas a reabilitação em casos de lesão, mas também a manutenção da prática regular de exercícios físicos, promovendo saúde, desempenho e bem-estar de forma sustentável (ALVI et al., 2024; HETAIMISH et al., 2024).
Síntese e interpretação: após a categorização, os dados serão analisados de forma crítica, comparando os diferentes estudos e destacando convergências, divergências e lacunas na literatura.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM ACADEMIAS.
As lesões musculoesqueléticas têm sido cada vez mais discutidas no contexto da prática de exercícios em academias, uma vez que podem comprometer tanto o rendimento quanto a continuidade do treinamento. Pesquisas recentes apontam que fatores como execução incorreta dos movimentos, excesso de carga e ausência de supervisão profissional estão entre as principais causas de tais lesões. Regiões como ombro, coluna lombar e joelho se destacam pela maior suscetibilidade, por suportarem esforços repetitivos e sobrecargas constantes durante os treinos de força (Soares et al., 2019).
Em estudo realizado por Oliveira et al. (2020), verificou-se que cerca de um terço dos praticantes de musculação relataram algum episódio de lesão musculoesquelética no período de um ano. Entre os tipos mais recorrentes, observaram-se distensões, tendinites e lesões articulares, geralmente associadas à utilização de cargas elevadas sem progressão adequada. Os autores ressaltam que a presença de acompanhamento especializado reduz significativamente a probabilidade de ocorrência de lesões, indicando a importância do suporte técnico contínuo.
De forma semelhante, Ferreira e Costa (2019) analisaram modalidades de treino funcional em alta intensidade e observaram que a combinação de volume elevado com pouca adaptação prévia aumenta o risco de sobrecarga musculoesquelética, sobretudo em membros superiores. Para os autores, a periodização individualizada e a adaptação progressiva aos exercícios são estratégias fundamentais para a prevenção.
3.1.1 FATORES DE RISCOS E CAUSAS ASSOCIADAS.
As lesões musculoesqueléticas em praticantes de exercícios resistidos não acontecem de forma isolada, mas estão relacionadas a um conjunto de fatores de risco que envolvem tanto aspectos individuais quanto variáveis do treinamento. Segundo Soares et al. (2019), a má execução técnica dos movimentos aparece como uma das principais causas, já que compromete a distribuição adequada da carga sobre músculos e articulações. Esse erro muitas vezes decorre da falta de orientação profissional ou do excesso de confiança do praticante ao executar exercícios complexos sem supervisão.
Outro fator amplamente relatado é o uso inadequado da carga de treinamento. Oliveira et al. (2020) apontaram que a progressão abrupta de pesos aumenta o estresse sobre tecidos musculares e articulares, favorecendo distensões, rupturas parciais e processos inflamatórios. A pressa por resultados estéticos, somada a métodos de treino pouco individualizados, tende a potencializar esse risco, principalmente entre iniciantes.
3.1.2 DE QUE FORMA A PRESENÇA DE UM PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA INFLUENCIA NA PREVENÇÃO DE LESÕES EM ACADEMIAS?
O acompanhamento profissional atua de forma preventiva por meio da prescrição adequada de exercícios, correção da técnica de execução e adaptação de cargas e intensidade de treinamento conforme as características individuais do praticante (Pinto & Oliveira, 2017; Soares & Melillo, 2023). Além disso, a supervisão favorece a educação postural e biomecânica, promovendo maior consciência corporal e minimizando fatores de risco.
Pesquisas mostram que programas supervisionados apresentam menor ocorrência de lesões em comparação com treinos realizados sem orientação especializada. Jordão (2022) enfatiza que a presença do profissional não apenas reduz o risco de agravos, mas também melhora a adesão ao treino e o desempenho físico, refletindo em benefícios de longo prazo para a saúde e segurança do praticante.
Portanto, a atuação do profissional de Educação Física vai além da orientação do exercício: ela constitui uma estratégia central de prevenção, que integra conhecimento técnico, acompanhamento individualizado e educação preventiva, garantindo que a prática em academias seja eficaz, segura e contínua.
3.1.3 ESTRATÉGIAS DE REABILITAÇÃO E ADESÃO AO EXERCICIO.
A reabilitação de lesões musculoesqueléticas em praticantes de musculação deve ser vista como um processo contínuo que envolve tanto a recuperação da função quanto a manutenção do vínculo do indivíduo com a prática de exercícios. Segundo Oliveira et al. (2020), uma das estratégias mais eficazes é a prescrição de exercícios terapêuticos adaptados, que possibilitam a ativação muscular controlada sem agravar a lesão. Essa abordagem reduz o tempo de inatividade, melhora a circulação local e auxilia na reorganização das fibras musculares.
Além da reabilitação física, a literatura destaca a importância da progressão gradual de cargas. Ferreira e Costa (2019) ressaltam que o retorno ao treino deve respeitar o princípio da sobrecarga progressiva, evitando estímulos excessivos que possam gerar recidivas. O acompanhamento profissional nessa fase é essencial, pois garante que a técnica seja corrigida e que o planejamento do treino leve em conta a individualidade biológica do praticante.
Outro aspecto relevante é a motivação do indivíduo para manter-se ativo durante e após o processo de reabilitação. De acordo com Rodrigues et al. (2020), estratégias de adesão incluem a definição de metas realistas, a diversificação dos métodos de treino e a utilização de programas supervisionados em grupo. Esses elementos contribuem para que o praticante não abandone a atividade física, favorecendo tanto a recuperação quanto a prevenção de novas lesões.
Por fim, Soares et al. (2019) enfatizam que a integração entre profissionais de Educação Física, fisioterapeutas e médicos potencializa os resultados da reabilitação. A atuação multidisciplinar permite que sejam aplicados protocolos específicos para cada tipo de lesão, ao mesmo tempo em que se mantém a prática de exercícios segura e adaptada. Essa integração fortalece a confiança do praticante no processo e aumenta a probabilidade de retorno e permanência regular nas academias.
A literatura analisada mostra que as lesões musculoesqueléticas em academias não podem ser interpretadas como eventos isolados, mas sim como resultado de múltiplos fatores de risco. Os estudos revisados reforçam que aspectos técnicos, como execução incorreta de exercícios e progressão inadequada de cargas, permanecem como os principais desencadeadores de lesões (Soares et al., 2019; Oliveira et al., 2020). Essa constatação nos ensina que a qualidade do movimento deve ser priorizada em qualquer programa de treinamento, independentemente do nível de experiência do praticante.
Outro ponto enfatizado pelos autores é que a prevenção não depende apenas do ajuste da carga, mas também de uma visão integral do praticante. Fatores individuais como histórico prévio de lesão, desequilíbrios musculares e baixa flexibilidade aparecem repetidamente como variáveis que aumentam a vulnerabilidade do sistema musculoesquelético (Ferreira & Costa, 2019). Assim, a literatura sugere que programas de exercício precisam considerar a individualidade biológica e não se limitar a prescrições padronizadas.
4 CONCLUSÃO
A prática de exercícios físicos em academias oferece benefícios para saúde, desempenho e bem-estar, mas apresenta risco significativo de lesões musculoesqueléticas quando realizada sem supervisão adequada. Distensões musculares, entorses, tendinites e lesões na coluna lombar são as mais comuns, geralmente associadas à execução incorreta dos exercícios e à sobrecarga.
O acompanhamento do profissional de Educação Física mostrou-se essencial para a prevenção dessas lesões. Por meio da prescrição individualizada, correção técnica, ajuste progressivo de cargas e estratégias educativas, o profissional contribui para maior segurança, adesão ao treino e recuperação eficaz em casos de lesões.
Além disso, a atuação integrada de uma equipe multidisciplinar potencializa os resultados, oferecendo suporte completo ao praticante e promovendo um ambiente de treino seguro, eficiente e sustentável. Assim, a supervisão qualificada se confirma como elemento central para a promoção da saúde, desempenho físico e continuidade na prática de exercícios em academias.
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