A IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE ENTRE PSICOLOGIA E PEDAGOGIA NA IMPLEMENTAÇÃO DE ABORDAGENS LÚDICAS PARA DESENVOLVER A AUTORREGULAÇÃO EMOCIONAL EM CRIANÇAS: INSIGHTS DO PROJETO DE EXTENSÃO “ESCOLA DO FUTURO” EM UMA BRINQUEDOTECA UNIVERSITÁRIA EM MOSSORÓ RN.

THE IMPORTANCE OF INTERDISCIPLINARITY BETWEEN PSYCHOLOGY AND PEDAGOGY IN THE IMPLEMENTATION OF PLAYFUL APPROACHES TO DEVELOP EMOTIONAL SELF-REGULATION IN CHILDREN: INSIGHTS FROM THE EXTENSION PROJECT “ESCOLA DO FUTURO” IN A UNIVERSITY TOY LIBRARY IN MOSSORÓ RN.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8277456


Ana Paula Felipe Ferreira Da Silva¹
Antônio Robson Nogueira Da Silva²
Gilza Iale Camelo Da Cunha Lopes³
Maria Da Conceição Fernandes De França4
Sara Cristina Rodrigues Dos Santos Silveira5


RESUMO

A promoção da autorregulação emocional em crianças é fundamental para o seu desenvolvimento saudável e aquisição de habilidades socioemocionais ao longo da vida. Este estudo relata a experiência de um projeto de extensão conduzido por estudantes de Psicologia e Pedagogia em uma brinquedoteca universitária em Mossoró, RN. O objetivo principal foi trabalhar as emoções das crianças utilizando os personagens do filme Divertida Mente, buscando promover a compreensão, nomeação e autorregulação emocional. A metodologia empregada foi um estudo descritivo observacional, com o formato de relato de experiência e o registro das observações em um diário de campo. A revisão bibliográfica realizada em bases de pesquisa como Scielo, Lilacs, Pepsic e livros proporcionou um embasamento científico para as práticas do projeto. A integração entre os campos da Psicologia e Pedagogia foi essencial para o sucesso do projeto, permitindo a combinação de conhecimentos teóricos e práticos na criação de um ambiente propício ao desenvolvimento emocional das crianças. As crianças envolvidas no projeto tiveram a oportunidade de nomearem as emoções, entenderem que todas as emoções importam, o projeto também proporcionou conhecimento para autorregulação emocional e o autoconhecimento das crianças. O autoconhecimento na infância desempenha um papel crucial no desenvolvimento emocional e no bem-estar geral das crianças. O processo de autoconhecimento envolve a compreensão e a consciência de si mesmo, incluindo as emoções, pensamentos, habilidades, valores e identidade pessoal.

Palavras-chave: Psicologia; Emoções; Autorregulação emocional; Educação.

ABSTRACT

Promoting emotional self-regulation in children is essential for their healthy development and acquisition of socio-emotional skills throughout life. This study reports the experience of an extension project conducted by Psychology and Pedagogy students in a university toy library in Mossoró, RN. The main objective was to work on children’s emotions using the characters from the film Diverta Mente, seeking to promote understanding, naming and emotional self-regulation. The methodology used was a descriptive observational study, with the format of an experience report and the recording of observations in a field diary. The bibliographic review carried out in research bases such as Scielo, Lilacs, Pepsic and books provided a scientific basis for the project’s practices. The integration between the fields of Psychology and Pedagogy was essential for the success of the project, allowing the combination of theoretical and practical knowledge in the creation of an environment conducive to the emotional development of children. The children involved in the project had the opportunity to name their emotions, understand that all emotions matter, the project also provided knowledge for emotional self-regulation and self-knowledge for children. Self-awareness in childhood plays a crucial role in children’s emotional development and general well-being. The process of self-knowledge involves understanding and awareness of oneself, including emotions, thoughts, skills, values ​​and personal identity.

Keywords: Psychology; emotions; emotional self-regulation; Education

INTRODUÇÃO

A promoção da autorregulação emocional em crianças é fundamental para o seu desenvolvimento saudável e aquisição de habilidades socioemocionais ao longo da vida. O presente trabalho é um relato de experiência de um projeto de extensão entitulado Escola do Futuro, onde foi trabalhado o lúdico com crianças em uma brinquedoteca da Universidade Potiguar na cidade de Mossoró RN, o projeto tinha como proposta trabalhar as emoções, permitir que as crianças tivessem essa experiência de conhecer melhor e nomear suas emoções a fim de uma melhor compreensão e autoconhecimento. Através do autoconhecimento as crianças podem passar a entenderem melhor suas emoções e o quanto mais cedo isso for feito, melhor será para permitir que elas desenvolvam um maior autoconhecimento emocional.

O projeto de extensão Escola do Futuro é interdisciplinar envolve Unidades Curriculares da área de Ciências Humanas e concentra-se em diversos aspectos, incluindo questões humanas e socioculturais, avaliação e currículo na educação básica, a profissão docente e identidade profissional, bem como o sistema de proteção social no Brasil. O projeto tem como alvo crianças em situação de vulnerabilidade, oferecendo reforço escolar e acesso a serviços de saúde mental, atividades corporais, movimento e apoio social. O projeto é conectado com a Brinquedoteca Social e o Piquenique Literário.

O objetivo geral do projeto Escola do Futuro é promover a aprendizagem significativa que esteja ligada à responsabilidade social, por meio de práticas pedagógicas e garantindo o acesso aos direitos na infância. Os objetivos específicos do projeto Escola do Futura são: Desenvolver práticas relacionadas à alfabetização e letramento; Trabalhar com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), seguindo os cinco campos de experiências: o eu, o outro e nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e formas; escuta, fala, pensamento e imaginação; espaços, tempos, quantidades, relações e transformações, assim como suas competências e habilidades; Criar práticas de educação socioemocional em conjunto com a promoção de direitos humanos; Realizar ações integradas entre as diversas Unidades Curriculares, baseadas em temas transversais que enfatizam a diversidade e inclusão.

Com relação a trabalhar as emoções das crianças na brinquedoteca, sabe-se que ao reconhecerem suas próprias emoções, as crianças podem entender melhor suas reações e comportamentos, promovendo a autocompreensão e a capacidade de lidar com suas emoções de forma saudável. É cada vez mais crescente o número de crianças com algum tipo de transtorno, ou que sofre Bullying. É notório o aumento das taxas de suicídio infantil no mundo, trabalhar o autoconhecimento, as habilidades sociais e a regulação emocional com crianças é cada vez mais importante.  

O desenvolvimento emocional está intimamente ligado às habilidades sociais, ao trabalhar as emoções, as crianças aprendem a compreender as emoções dos outros as suas próprias, a serem empáticos com os sentimentos alheios e a responder de maneira apropriada. Isso ajuda a promover relacionamentos saudáveis, a construção de amizades e a resolução pacífica de conflitos. Ensinar habilidades de regulação emocional desde cedo permite que as crianças aprendam a lidar com o estresse, a frustração, a raiva e outras emoções desafiadoras. Isso inclui estratégias como respiração profunda, contar até dez, identificar pensamentos negativos e substituí-los por pensamentos positivos.

Aprender a regular as emoções é fundamental para o bem-estar emocional e o sucesso acadêmico das crianças. Trabalhar as emoções ajuda as crianças a desenvolverem uma autoestima saudável. Ao compreenderem e expressarem suas emoções de maneira adequada, as crianças se sentem mais confiantes em si mesmas e em suas habilidades emocionais. Isso contribui para um senso de autoeficácia e resiliência emocional. As emoções desempenham um papel importante no desenvolvimento cognitivo das crianças.

Ao trabalharem as emoções, as crianças são capazes de melhorar sua capacidade de atenção, memória e resolução de problemas. Além disso, a compreensão emocional pode promover um ambiente propício à aprendizagem, ajudando as crianças a se concentrarem melhor e a lidarem com as demandas acadêmicas. Promover o desenvolvimento emocional desde cedo é fundamental para a saúde mental das crianças. Ao aprenderem a lidar com suas emoções, as crianças estão menos propensas a desenvolverem problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Elas desenvolvem habilidades que as auxiliam a enfrentar os desafios da vida de forma saudável e a construir resiliência emocional.

Como justificativa da temática trabalhada de acordo com Goleman (2003) e Cardeiras (2012), o mundo globalizado e industrializado, com a participação cada vez mais atuante das mulheres/mães no mercado de trabalho e as novas configurações familiares, têm impactado as dinâmicas familiares e a gestão do tempo dedicado à criação dos filhos. Nesse contexto, surge uma pressão crescente em relação à produtividade e ao sustento da família, resultando em uma diminuição proporcional na atenção às necessidades afetivas/emocionais da criança. Diante dessas demandas familiares, Goleman (2003) argumenta que é importante a escola assumir a responsabilidade de promover a educação emocional. É cada vez mais emergente a necessidade de trabalhar as emoções das crianças em diferentes espaços, seja na escola ou em espaços de lazer.

DESENVOLVIMENTO

O projeto de extensão escola do futuro foi idealizado para as turmas de pedagogia, porém com a adesão também de alunos do curso de psicologia, foi distribuído os grupos em dias de semana, cada noite era um grupo diferente na brinquedoteca da universidade, trabalhando o lúdico com as crianças inscritas por seus pais e responsáveis no projeto. Os objetivos do projeto trabalhado pelos discentes de psicologia foi identificar e nomear as emoções, também foi objetivo do projeto compreender as emoções, com esse projeto as crianças podem desenvolver a compreensão das emoções, expor para às crianças que todas as emoções são normais e têm um propósito. Desenvolver a empatia das crianças também era um dos objetivos do projeto bem como aprendizado de estratégias de regulação emocional.

A frequência de crianças no projeto era em média de cinco crianças por quarta-feira, o horário era de 19h as 21h horas, os encontros aconteceram nos meses de abril, maio e junho de 2023, a equipe de estudantes de psicologia, recebia as crianças com acolhimento, trabalhando o lúdico através de jogos de tabuleiro, fantoches, roda de conversa e outros recursos que serão detalhados nos próximos tópicos, a turma de psicologia, optou por trabalhar as emoções a partir dos personagens do filme Divertida Mente (Docter & Rivera 2015).

Os recursos utilizados no projeto foram os brinquedos e jogos da brinquedoteca da universidade, bem como jogo de tabuleiro e fantoches elaborados pelos estudantes do curso de psicologia e pedagogia, além de objetos usados como projetor multimídia, tablet, lápis de cor, papel, dentre outros.

Para embasar as práticas do projeto, foi realizada uma revisão bibliográfica em bases de pesquisa como Scielo, Lilacs, Pepsic e livros. A metodologia utilizada foi um estudo descritivo observacional com formato de relato de experiência, sendo as observações registradas em um diário de campo. A utilização dessas fontes proporcionou uma maior compreensão da temática e embasamento científico para a atuação no projeto de extensão. O relato de experiência, conforme Grollmus e Tarres (2015), é uma narrativa em primeira pessoa que detalha a vivência, contribuindo metodologicamente de forma embasada cientificamente.

Algumas das crianças que participaram do projeto nas quartas-feiras, eram filhos das alunas do curso de pedagogia, quem interagiam no projeto, bem como filhos de funcionários da universidade. No formulário de inscrição era solicitado sinalizar qual tipo de necessidade dessa criança para ser acompanhada, se tinha Dificuldade na escrita (disgrafia) é comum que crianças apresentem dificuldades na escrita, o que pode incluir problemas com a coordenação motora fina, dificuldade em segurar o lápis corretamente, letras malformadas, dificuldade em organizar ideias no papel e erros ortográficos frequentes. A disgrafia pode afetar a fluência da escrita e a expressão escrita de maneira geral. (LEVINE, 2003)

Outras crianças, porém, apresentam dificuldade na fala (dislalia/disfluência), podem enfrentar dificuldades na articulação correta dos sons da fala, resultando em erros de pronúncia, para Levine (2003), isso pode ser causado por problemas na coordenação dos músculos envolvidos na produção da fala ou por atrasos no desenvolvimento da linguagem. A dislalia pode afetar a clareza e a compreensibilidade da fala. No formulário também tinha a opção de marcar caso a criança tivesse TDAH, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, que é uma condição que afeta a capacidade de uma criança de se concentrar e prestar atenção. As crianças com TDAH podem ter dificuldade em focar em tarefas por longos períodos de tempo, serem facilmente distraídas e terem dificuldade em seguir instruções. Isso pode impactar negativamente o aprendizado em sala de aula.

No formulário também tinha a opção de marcar se a criança tinha algum tipo de dificuldade de memória (memória de curto prazo, memória de trabalho), é comum que algumas crianças apresentem dificuldades em lembrar informações temporariamente, como sequências de números, instruções ou detalhes específicos. A memória de curto prazo e a memória de trabalho desempenham um papel importante no aprendizado, e dificuldades nessas áreas podem tornar a assimilação e a retenção de informações mais desafiadoras. Outra dificuldade comum em crianças é a dificuldade de processamento (dislexia, discalculia, a dislexia é uma dificuldade de processamento que afeta a leitura, a escrita e a compreensão de texto.

Crianças com dislexia podem ter dificuldade em reconhecer e associar sons às letras, decodificar palavras e entender o significado do texto. Da mesma forma, a discalculia é uma dificuldade de processamento relacionada à matemática, afetando a compreensão de números, cálculos e conceitos matemáticos. Das crianças atendidas no projeto tinha 1 que tinha laudo confirmado de TDAH, as demais no geral não apresentavam queixa de nenhum tipo de dificuldade de aprendizado. (LEVINE, 2003)

Participaram do projeto em média 20 crianças, sendo 4 delas com presença frequente nas quartas, as demais compareciam em média de 1 a 2 encontros. A faixa etária das crianças eram entre 4 e 12 anos, no geral eram crianças ativas, participativas, que se engajavam bem na proposta do projeto. Apenas uma das crianças participantes do projeto tinha laudo confirmado de TDAH, mesmo assim apresentou desenvoltura e engajamento nas atividades propostas.

Sobre o cronograma das atividades no primeiro encontro, foi realizado uma roda de conversa onde foi incialmente solicitado para cada um se apresentar, incluindo as crianças e os estudantes de psicologia e pedagogia presentes no projeto nas quartas-feiras na brinquedoteca, cada um deveria dizer o nome, fazer um gesto como bater palma, fazer um legal e a pessoa do lado deveria repetir e da continuidade fazendo sua apresentação, com essa dinâmica foi possível trabalhar a memória deles, após a apresentação foi realizado uma dinâmica na roda de conversa trabalhando as emoções, distribuído cartas com a imagem dos personagens do filme Divertida mente (alegria, tristeza, medo e nojo).

Cada criança que pegava uma carta deveria falar sobre aquela emoção, o que te deixa com medo, e assim seguia entre todos do círculo, após essa rodada foi solicitado que as crianças falassem abertamente sobre suas emoções afim de identificar sobre nomear o que eles sentiam. Ao final foi entregue atividades para colorir, com os personagens do filme Divertida mente. Com a atividade da roda de conversa foi possível proporcionar as crianças nomearem e conhecerem melhor as emoções, com o recursos trabalhado no tabler foi prossivel promover o autoconhecimento e a autorregulação emocional das crianças e as atividades para colorir proporcionou as crianças relaxamento, estímulos a criatividade, concentração, coordenação motora fina.

Descrevendo sobre o segundo encontro foi passado um trecho do filme Divertida mente da Disney através de projetor multimidia com o objetivo de as crianças se familiarizarem melhor com os personagens e a história do filme, após o filme foi passado uma atividade para colorir onde os desenhos eram os personagens do filme questão. Com essa ação foi possível reconhecer e nomear as emoções além de conhecer melhor os personagens trabalhados na proposta do projeto.

Relatando o terceiro encontro foi trabalhado as emoções através de uma peça teatral com fantoches, com os personagens do filme Divertida mente, nesse encontro foi possível ver a empolgação das crianças em ver os personagens e conhecer melhor de estratégias sobre como trabalhar as emoções como raiva, medo, nojo e tristeza. Nessa ação o objetivo foi promover a autorregulação emocional

Sobre o quarto encontro foi apresentado para as crianças um jogo das carinhas, onde eles teriam que reproduzir a carinha da carta em um tempo Record, quem terminasse primeiro marcava ponto, o jogo trabalha a habilidade motora, coordenação motora e percepção visuoespacial.

Descrevendo o quinto encontro, foi elaborado um jogo de tabuleiro intitulado jogo das emoções, nesse jogo as emoções como raiva caso não fosse regulado corretamente, o participante voltava uma casa, exemplo de frases do jogo de tabuleiro, (em um momento de muita raiva você xingou um colega, volte uma casa) fazendo com que eles entendessem a forma mais adequada de lhe darem com as emoções. Frases como: A noite quando a luz apagou e você ficou com medo, começou a pensar em coisas engraçadas e logo pegou no sono, avance 1 casa. Trabalhando uma espécie de premiação quando ele fazia um comportamento esperado.

Como relato do sexto encontro, as crianças ficaram a vontade para brincar com o brinquedo de sua preferência, é importante deixar fluir livremente, a brinquedoteca da universidade é equipada com diversos recursos onde estimulam o cognitivo para uma melhor desenvoltura na atenção e aprendizado.

Quadro 1: Resumo das ações e os respectivos objetivos.

Ação:Recurso:Fonte:Objetivo:
Trechos do filme Divertida MenteProjetor, tablet<https://www.youtube.com/watch?v=_3d_shXj6Pg>Conhecendo os personagens do filme Diversida Mende da Disney para trabalhar as emoções de forma lúdica.
Roda de conversa sobre emoções.Impressão de cardes dos personagens do filme Dirvertida Mente<https://www.disney.com.br/disney-momentos-magicos/divertida-mente-enfeites-para-datas-comemorativas-2>Nomear e conhecer as emoções
Teatro com Fantoches do personagens do filme Divertida Mente5 Fantoches confeccionados por um ateliê a pedido dos estudantes.Ideia dos estudantes do projeto, bem como elaboraçãp do roteiro da peça teatral.Promover a autorregulação emocional
Jogo das carinhas (dados) e cartas, trabalhando as emoções e habilidade motora.Face chance rubik´s cube.Jogo de dados Face chance rubik´s cube de um dos estudantes de psicologia, disponível no Amazon.Trabalhar habilidade motora, coordenação motora, percepção visuoespacial e as emoções.  
Trabalhando as emoções através do jogo de tabuleiro.Jogo das Emoções, impresso em lona (tabuleiro), com dado e personagens.Recurso criado e desenvolvido pelos estudantes de psicologia usando o app Canva.Autorregulação emocional.
Uso de círculo das emoções.Tablet com o sistema de círculo giratório, como uma roleta.<https://wordwall.net/pt/resource/4627148/divertidamente>  Promover o autoconhecimento e a autorregulação emocional das crianças.
Brincadeiras livres, atividade para colorir com os personagens do filme Divertida MentePapel, lapis de cor.<https://danieducar.com.br/atividades-de-alfabetizacao-divertida-mente/>  Relaxamento, criatividade, concentração, coordenação motora fina.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi realizado contação de história através de fantoches, onde segundo as pesquisas de Friedberg e McClure (2004), a utilização contagem de história através de fantoches revela-se como um meio eficaz para abordar as emoções. Os estudiosos complementam afirmando que, ao longo da leitura, é aconselhável estabelecer diálogos com as crianças sobre sua compreensão dos eventos e os sentimentos retratados pelos personagens da história.

Na atividade de roda de conversa, foi possível criar um momento onde todas as crianças participaram, tiveram o seu momento de fala, independente de idade, todos participaram, interagiram, se conheceram melhor, podendo assim socializar-se. Conforme mencionado por Piaget (1994), é reconhecido que as crianças, ao passo que aprimoram suas habilidades cognitivas, também progridem em áreas como a socialização e a afetividade. Nesse sentido, considerando as relações interpessoais como fundamentais para o desenvolvimento humano, uma educação integral deve abranger os aspectos cognitivo, emocional e moral, com o objetivo de fortalecer a competência social, conforme afirmado por Morales (2009).

Diversos estudos apontam que as emoções e os sentimentos exercem influência na motivação para o aprendizado, conforme destacado por Amaral (2007). Além disso, de acordo com as pesquisas de Pena e Repetto (2008), a inteligência emocional está associada ao desempenho acadêmico e à manifestação de comportamentos disruptivos no contexto escolar. Nesse sentido, é evidente que o desenvolvimento da inteligência emocional não apenas desempenha um papel fundamental nos aspectos emocionais e psicológicos, mas também impacta o desempenho pedagógico das crianças. O projeto em questão demonstrou a importância de intervenções preventivas para a atuação escolar e social dessas crianças, em que atividades lúdicas e dinâmicas podem auxiliar no desenvolvimento das habilidades relacionadas à inteligência emocional. Essas intervenções visam abordar a consciência emocional e estratégias de regulação emocional, com o objetivo de melhorar a autoestima e promover o desenvolvimento de habilidades para o gerenciamento das emoções, como ressaltado por Cruvinel e Boruchovitch (2010).

Foram abordadas as emoções com as crianças afim de nomear e conhecer melhor cada uma delas, conforme destacado por Goleman (2003), aqueles que possuem habilidades para lidar com frustrações e controlar suas emoções são os que apresentam maior sucesso em suas relações pessoais e profissionais, reforçando assim a importância de se investir no desenvolvimento emocional. Trabalhar as emoções desde cedo com as crianças sem dúvidas proporciona ganhos consideráveis para a formação desses sujeitos.

Com o feedback das mães das crianças que também participavam do projeto, ouve melhora no comportamento das crianças, no lidar com as emoções, após a participação do projeto, conforme mencionado por Alzina (2000), os benefícios do trabalho com as emoções vão além das conquistas individuais, envolvendo a promoção de condutas construtivas e a prevenção de comportamentos destrutivos, como violência familiar, prostituição, dependência química, depressão, automutilação, ansiedade, distúrbios alimentares, estresse e até mesmo o suicídio entre crianças e adolescentes. Além disso, Cardeira (2012) destacou a relação entre o trabalho da educação emocional e a redução do fenômeno do bullying.

Para Piaget (1954), o desenvolvimento cognitivo é um processo continuo e complexo e que ocorre a medida que ela vai realizando interações com o ambiente, por isso é tão importante as crianças estarem em ambientes como a brinquedoteca que são espaços de desenvolvimento e que proporcionam estímulos de aprendizado.

Segundo Lev Vygotsky a linguagem e a comunicação são primordiais para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças, ele defende que a interação social e feedbacks positivos dos professores e colegas de classe tem um poder relevante para a eficácia da aprendizagem da criança, por isso é tão importante a socialização das crianças para o desenvolvimento na comunicação.

Vygotsky (1978), argumenta ainda que a aprendizagem ocorre quando a criança é exposta a desafios dentro de sua ZDP “zona de desenvolvimento proximal” e recebe orientação adequada. A ZDP é a diferença entre o que a criança é capaz de fazer sozinha e o que ela é capaz de fazer com a ajuda de um adulto. É fundamental o suporte dos professores, pedagogos, psicólogos e dos pais da criança estarem presentes dando orientação a essa criança, uma vez que são eles quem podem oferecer a assistência necessária para que a criança alcance seu potencial máximo de desenvolvimento, a interação com colegas de sala também contribuem significativamente para essa evolução na comunicação.

Segundo Wallon (1989), que foi um psicólogo e médico francês, que abordava o assunto do desenvolvimento cognitivo interligado intimamente com o desenvolvimento emocional, o desenvolvimento da personalidade na infância é influenciado por três fatores principais: o biológico, o social e o cultural, por isso são tão importantes que nessa fase da infância as crianças consigam interagir com outras pessoas mas que seja acompanhado pelos pais e professores para garantir que esse seja um ambiente seguro, estimulante e que consiga adquirir interações positivas, para um desenvolvimento de sua personalidade de forma saudável.

CONSIDERAÇÕES

Neste relato de experiência, exploramos o uso dos personagens do filme Divertida mente para trabalhar as emoções com crianças em uma brinquedoteca, envolvendo estudantes de psicologia e pedagogia. Destacamos a importância da empatia para estabelecer conexões genuínas com as crianças e a relevância dos personagens do filme como recursos para identificar e compreender emoções. A abordagem lúdica e criativa na brinquedoteca proporcionou um ambiente propício para a expressão emocional das crianças. A integração entre psicologia e pedagogia fortaleceu a formação profissional dos estudantes. Observamos um impacto positivo nas crianças, com maior habilidade de identificação e expressão emocional, além do desenvolvimento da autorregulação emocional. Concluímos que essa experiência foi benéfica e enriquecedora para todos os envolvidos, proporcionando um aprendizado lúdico sobre as emoções. No entanto, reconhecemos que existem diferentes abordagens e perspectivas para trabalhar as emoções com base nos personagens do filme Divertida mente e muito ainda pode ser explorado.

REFERÊNCIAS

ALZINA, R. Educacion y bienestar, Barcelona: Editorial Práxis, S.A, 2000.

AMARAL, V. L. (2007). Psicologia da educação. Natal, RN: EDUFRN.

CARDEIRA, A. “Educação Emocional em Contexto Escolar.” Portal dos Psicólogos, 2012.

CRUVINEL, M.; BORUCHOVITCH, E. (2010). Regulação emocional: a  construção de um instrumento e resultados iniciais. Psicologia em Estudo, 15(3), 537-545

DOCTER, P. (Diretor), & RIVERA, J. (Produtor). (2015). Divertida Mente [DVD]. Estados Unidos: Pixar Animation Studios.

FRIEDBERG, R. & MCCLURE, J. (2004). A prática clínica de terapia  cognitiva com crianças e adolescentes. Porto Alegre: Artmed

GOLEMAN, D. Inteligência emocional. Lisboa. Temas editoriais, 12° edição, 2003.

GROLLMUS, Nicholas S.; TARRÈS, Joan P. Relatos metodológicos: Relatos metodológicos: difractando experiências narrativas de investigação. Fórum Qualitative Social Research, v. 16, n. 2, mayo 2015. Disponível em: <file:///C:/Users/Particular/Downloads/2207-9561-1- PB%20(1).pdf> Acesso em: 18 nov 2022.

LEVINE, M.D. O Mito da Preguiça. Nova York: Simon & Schuster, 2003.

MORALES, MS (2009). Ensinar uma vida não é tão difícil. Bilbau: Desclée de Brouwer.

PENA, M.; REPETTO, E. (2008). Estado de la investigación en España  sobre Inteligencia Emocional en el ámbito educativo. Revista Electrónica de Investigación Psicoeducativa, 6(2), 400-420.

PIAGET, J. (1954) The construction of reality in the child Basic Books. New York: Basic Books. DOI: http://dx.doi.org/10.1037/11168-000. Acesso em: 15 jun 2023.

VYGOTSKY, L. S. (1978). Interação entre aprendizagem e desenvolvimento (M. Lopez-Morillas, Trans.). Em M. Cole, V. John-Steiner, S. Scribner, & E. Souberman (Eds.), Mente na sociedade: O desenvolvimento da psicologia superior processos (pp. 79-91). Cambridge, MA: Harvard University Press.

WALLON, H. (1989). Os primeiros passos do pensamento nas crianças. Paris: Quadrige/PUF. (Original publicado em 1945).


¹Graduação em Letras – Língua Portuguesa pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Graduação em Pedagogia (UniBF). Especialização em Educação e Psicologia (FACEL) Docência no Ensino Superior – Universidade Potiguar (UnP). Mestra em Ciências da Linguagem – PPCL (UERN). E-mail: ana.felipe@animaeducacao.com.br
²Graduado em Física pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Especialista em Educação de Jovens e Adultos EJA (IFRN), Pós Graduado em Psicanálise e Terapia Cognitivo-comportamental (TCC) pela Faculdade Metropolitana, Graduando de Psicologia pela (UnP). E-mail: nogueira.robinho@gmail.com
³Graduada em Administração pela Universidade Potiguar (UnP), Pós-graduada em Marketing e Mídias Sociais (UnP), Graduanda em Psicologia (UnP). E-mail: gilzaiale@gmail.com
4Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Especialista em Psicopedagogia Institucional pela Faculdade Atlântico. Mestra em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação/POSEDUC (UERN). E-mail: franca.maria@ulife.com.br
5Graduada em Engenharia Agronomíca pela Universidade Federal Rural do Semi-Arido (UFERSA). Engenheira de Segurança do Trabalho (UnP). Especialista em Gestão Ambiental com Enfase em Auditoria e Perícia pela Facudade Vale do Jaguaribe (FVJ). Graduanda em Psicologia (UnP). E-mail: seguagro@gmail.com