A IMPORTÂNCIA DA IDENTIDADE VISUAL NA EXPERIÊNCIA GASTRONÔMICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202201182036


Denis Fulco Ramos


RESUMO

Este artigo aborda a relevância da identidade visual na experiência gastronômica, analisando como cores, logotipos, embalagens e design de interiores influenciam a percepção do público e auxiliam na construção de marcas fortes no setor de alimentação. A pesquisa revela que uma identidade visual bem definida e coerente é fundamental para melhorar a satisfação do cliente e fortalecer a presença da marca no mercado. A experiência gastronômica é uma combinação de sabores, aromas e de estímulos visuais. Neste sentido, o conceito de identidade visual se torna essencial, pois vai muito além da estética. Este artigo visa discutir a importância de elementos visuais na construção da marca e na percepção do consumidor em estabelecimentos do setor alimentício. As cores desempenham um papel significativo nas emoções e comportamentos dos consumidores. Estudos mostram que determinadas cores podem provocar sensações específicas, influenciando a decisão de compra. Restaurantes que adotam uma paleta de cores adequada podem aumentar o desejo de consumo e construir um ambiente mais agradável. Segundo Kuehnel (2013), cores quentes, como o vermelho e o laranja, são frequentemente associadas à energia e ao entusiasmo, enquanto cores frias podem trazer uma sensação de serenidade.

Palavras-chave: Identidade visual, Experiência gastronômica,Cores, emoções

Logotipo

A criação de um logotipo eficaz é uma etapa fundamental no desenvolvimento da identidade visual de um restaurante. O logotipo deve ser único, fácil de lembrar e comunicar os valores do estabelecimento. Com a saturação do mercado, um logotipo forte pode ser a chave para diferenciar uma marca. De acordo com Aaker (1996), o reconhecimento imediato pode resultar em fidelização e preferência do consumidor.

Um dos pioneiros no conceito de branding moderno foi David Aaker , um especialista em marketing e autor de livros influentes como “Building Strong Brands” e “Managing Brand Equity”. Aaker introduziu muitos dos princípios que governam o branding atual, focando em elementos como identidade da marca, valor da marca e o impacto emocional que as marcas podem ter sobre os consumidores.

Outro nome notável é Philip Kotler , um renomado professor de marketing e autor de “Marketing Management”, que também discutiu a importância de construir e gerenciar marcas de maneira estratégica. Além desses, a prática do branding evoluiu com a contribuição de muitos outros especialistas ao longo das décadas, refletindo mudanças nas dinâmicas de mercado, comportamento do consumidor e inovações tecnológicas. A técnica abrange um conjunto de práticas e abordagens que continuam a se desenvolver e se adaptar ao longo do tempo.

O Funil de Criação de Valor é um conceito que descreve as etapas que uma empresa deve seguir para agregar valor aos seus produtos ou serviços, maximizando a satisfação do cliente e a lealdade à marca. Essa abordagem é fundamental em um ambiente competitivo, onde consumidores estão cada vez mais exigentes e informados sobre suas opções. Vamos explorar as etapas deste funil e os autores que contribuíram para esses conceitos.

Para entender melhor o Growth Hacking , é preciso conhecer um funil dividido em 5 estágios que norteiam seu funcionamento. Organize o seu planejamento desta forma:

1. Aquisição de Clientes (Acquisition): Neste estágio, você deve pensar em ações que possam atrair clientes para o seu negócio. O conceito de aquisição é amplamente discutido por Sean Ellis , que cunhou o termo “Growth Hacking” em 2010. Sequencialmente, ele enfatizou a importância de estratégias criativas e eficazes para gerar interesse inicial e atrair novos usuários.

2. Ativação (Activation): Após atrair clientes, o foco deve estar em gerar experiências positivas para aqueles que responderam às suas ações de marketing. Aaron Ginn , um dos primeiros defensores do Growth Hacking, propõe que a ativação é sobre garantir que os usuários não apenas cheguem ao seu produto, mas que também tenham um primeiro contato memorável e funcional, resultando em ações desejadas.

3. Retenção (Retention): A retenção se refere a como você pode fazer seus clientes voltar a usar seu produto. Brian Balfour , especialista em marketing de crescimento e CEO da empresa de consultoria Coelevate, argumenta que este é um dos estágios mais críticos. Por exemplo, no Twitter, uma meta de retenção era que um usuário seguisse pelo menos outras 30 pessoas, pois isso aumentava a probabilidade de retorno ao aplicativo.

4. Faturamento (Revenue): Com clientes retidos, que continuam utilizando seu produto ou serviço, você poderá gerar faturamento para a sua empresa. A relação entre retenção e receita é apoiada por estudos de Reed Hastings , co-fundador da Netflix, que mostrou que a experiência contínua dos usuários e a valorização do serviço influenciam diretamente na conversão e monetização.

5. Recomendação (Referrals): Por último, se você mantiver seus clientes atraídos pelo seu negócio, eles indicarão seu produto ou serviço para amigos, que poderão se tornar novos clientes. Gabriel Weinberg , co-autor do livro Traction , ressalta que uma recomendação de alguém que conhecemos e confiamos possui muito mais valor do que qualquer anúncio feito por uma marca. Portanto, conseguir indicações positivas dos seus clientes deve ser o mantra da maioria dos negócios, já que este canal tem um ROI extremamente elevado.

Compreender e implementar esses cinco estágios do funil de Growth Hacking, associados às teorias e práticas dos autores mencionados, pode ajudar as empresas a crescer de forma sustentável e eficaz, aproveitando a dinâmica entre atração, engajamento e fidelização de clientes.

A coerência de todos os elementos de identidade visual é fundamental para construir uma conexão forte com os clientes. Os aspectos visuais devem ser consistentes em todos os pontos de contato da marca, desde o menu até o site e as redes sociais. Segundo uma pesquisa da Harvard Business Review (2016), empresas que investem em branding consistente aumentam seu valor em até 20%. Essa integridade é crucial para estabelecer a confiança do consumidor e reforçar a proposta de valor da marca.

Segundo uma pesquisa da Nielsen (2019), 73% dos consumidores estão dispostos a mudar seus hábitos de compra para reduzir seu impacto ambiental. As marcas que investem em soluções ecologicamente corretas não apenas atraem um público mais consciente, mas também solidificam sua imagem no mercado.

O design de interiores é um dos principais elementos que compõem a experiência do cliente em um restaurante. Espaços bem projetados e confortáveis incentivam a permanência dos clientes. Elementos como iluminação, disposição dos móveis e decoração devem estar alinhados com a proposta da marca. Ambientes temáticos têm mostrado grande sucesso, criando uma experiência imersiva que envolve o cliente de maneira completa. Segundo Bitner (1992), a ambientação de um espaço pode influenciar diretamente na satisfação do cliente.

A pesquisa de Mazuy (2016), que analisou as preferências de cores em embalagens alimentícias em diferentes culturas, descobriu que o uso de cores tradicionais e culturalmente significativas pode aumentar a aceitação do produto em mercados internacionais.

Chavarria (2014) investigou a relação entre cores de pratos e a percepção de sabor e frescor dos alimentos, descobrindo que pratos vermelhos eram considerados mais apetitosos por aumentar a expectativa de sabor. A identidade visual desempenha um papel primordial na experiência gastronômica, influenciando não apenas a percepção do cliente, mas também o sucesso da marca no competitivo mercado alimentar. Em sua pesquisa, Keller (2001) enfatiza que a cor da marca pode influenciar a maneira como os consumidores percebem a qualidade e a proposta de valor dos produtos, investir em uma identidade visual bem projetada e consistente pode ser uma estratégia fundamental para qualquer restaurante que busca se destacar e conquistar o público. Assim, compreender e aplicar os princípios discutidos neste artigo é essencial para profissionais do setor gastronômico que desejam aprimorar sua presença no mercado.

Spence e Levitan (2021) apontam para uma possível explicação de mediação emocional de pelo menos algumas correspondências entre sabor e cor. Vale a pena notar que esse tipo de explicação também tem sido usado para explicar muitas outras correspondências, como aquelas entre sabor e forma ou aroma e cor (ou seja, onde uma explicação estatística ou de objeto de origem ainda não foi divulgada.

Figura 02: Distribuições sobre clusters por gosto. A) De palavras no Experimento B) De similaridades de imagens

Fonte: Velasco et al (2015)

Velasco et al., 2015, em seu trabalho O sabor das cores realizou vários experimentos e os resultados do Experimento 1–4 revelam uma série de insights. Primeiro, as correspondências cor-gosto e objetos de origem podem ser avaliados por meio de análise de processamento de imagem e tarefas de correspondência. Segundo, as cores que correspondem a categorias específicas de gosto são mais variadas do que o documentado antes. Terceiro, as pessoas parecem, até certo ponto, corresponder às cores que correspondem a um objeto de origem específico, o que pode ajudar a explicar o nível de variabilidade nos dados. Supondo que a conta de aprendizagem associativa das correspondências sabor-forma esteja correta até certo ponto, é razoável esperar variações nos dados, pois a saliência de objetos envolvendo cores e gostos aos quais as pessoas são expostas pode variar.

Compreender a dinâmica entre cores, psicologia das cores e sua aplicação prática no setor alimentício é fundamental para o sucesso de um restaurante. Cada aspecto da experiência do cliente, desde a apresentação dos pratos até o design do ambiente e as embalagens, contribui de maneira significativa para a forma como os clientes percebem a marca e suas ofertas. Neste contexto, as seguintes considerações são essenciais:

Percepção de Qualidade: As cores podem influenciar a percepção de frescor e qualidade dos alimentos. De acordo com Spence e Piqueras-Fiszman (2014), um restaurante que utiliza cores adequadas em seu branding e na apresentação dos pratos pode aumentar as expectativas dos clientes sobre a experiência gastronômica.

Criação de Ambiente: A atmosfera de um restaurante é crucial para a experiência do cliente. Labrecque e Milne (2013) enfatizam que cores bem escolhidas podem criar um ambiente acolhedor e confortável, incentivando os clientes a permanecerem por mais tempo e, consequentemente, a consumirem mais.

Decisão de Compra: A psicologia das cores se estende para além do ambiente físico e se aplica também ao design de menus e embalagens. Singh (2006) conclui em sua pesquisa que uma apresentação visual atraente pode levar a decisões de compra mais favoráveis, destacando a importância de um design cuidadoso.

Fidelização do Cliente: Em um mercado competitivo, onde a lealdade do cliente é cada vez mais desafiada, Baldinger e Rubinson (1996) argumentam que um restaurante que compreende e aplica esses princípios de cores e emoções pode diferenciar sua marca e criar vínculos mais fortes com seus clientes.

Marca e Identidade Visual: A consistência nas cores e na identidade visual do restaurante reforça a lembrança da marca. Aaker (1996) aponta que quando os clientes sentem uma conexão emocional com a marca, eles são mais propensos a recomendar o restaurante a outras pessoas, ampliando assim o alcance do negócio.

Em um setor tão dinâmico e competitivo como o de restaurantes, entender e aplicar conceitos relacionados à psicologia das cores e à percepção emocional dos alimentos é vital para o sucesso. Os operadores de restaurantes que reconhecem a importância desses subtemas estão melhor preparados para criar experiências memoráveis para os clientes, influenciar suas decisões de compra e fomentar a lealdade à marca. Dessa forma, o investimento em conhecimento sobre como as cores impactam a experiência gastronômica não é apenas um detalhe estético, mas sim uma estratégia abrangente e integrada que pode levar a um aumento significativo nas vendas e na satisfação do cliente, garantindo um futuro promissor para o negócio.

Referências

AAKER, David. Building Strong Brands . Free Press, 1996.

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LABRECQUE, L. I., & MILNE, G. R. “To Be or Not to Be Different: Exploration of Norm Deviance in Brand Personality Perceptions.” Journal of Brand Management , 2013.

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