A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DEMOCRÁTICA  NO APERFEIÇOAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PARTICIPATIVA NA EDUCAÇÃO EM SUAS AÇÕES COLETIVAS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10050559


Eneias Moreira1;
Érik Serafim da Silva2


Resumo

O artigo põe em evidência a Gestão educacional em caráter democrático participativo, mostrando seu potencial de contribuir nas ações coletivas propondo melhorias sobre o futuro da sociedade. Desenvolvido no município Estância Turística Ouro Preto do Oeste- RO, o estudo bibliográfico fala na Gestão democrática participativa e se justifica ao contribuir no debate da gestão educacional para o futuro pensando a educação na área de abrangência da pesquisa. Portanto, como objetivo geral, buscamos: “Analisar a importância do Gestor democrático no aperfeiçoamento da administração participativa envolvendo a família, a comunidade, os profissionais e os alunos nas ações coletivas como melhoria para o futuro da sociedade”. Especificamente, pensamos em “envolver a família, a comunidade, os profissionais e os alunos em ações coletivas”; “Gerir e aperfeiçoar o gerenciamento Institucional” e “Aperfeiçoar o debate em torno da busca, aperfeiçoamento e conhecimento na perspectiva da educação futura. Com um método qualitativo e uma metodologia baseada em estudo de livros e artigos científicos buscamos ampliar o aprendizado adquirido no decorrer do curso. Por fim, entendemos que a gestão democrática e participativa é uma prática possível, as teorias mostraram a viabilidade e esclareceram dúvidas, os resultados deram evidência disso e mostraram a pertinência do estudo proporcionando a convicção final de que estamos no caminho certo.   

Palavras-chave: Aprendizagem. Futuro. Melhoria. Sociedade.  

INTRODUÇÃO

O artigo é parte do compromisso na conclusão do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia e visa contribuir para a reflexão e o debate no campo democrático e participativo da sociedade atual. Ao pensar um tema voltado ao “O papel do Gestor democrático no aperfeiçoamento da administração participativa capaz de envolver família/comunidade/profissionais e alunos em ações coletivas com melhoria para o futuro da sociedade”, não poderíamos deixar de contribuir, uma vez que estudamos sobre o gestão e precisamos aperfeiçoar conhecimento nesta área.

Trata-se de um estudo realizado no município Estância Turística de Ouro Preto do Oeste – RO. O município fica localizado na Região Central do Estado e se esforça para transformar em um espaço turístico. Características como o Morro Chico Mendes, o Bosque Municipal e a Praça da Liberdade são fatores que influenciam no espaço, além da iniciativa de arborizar a cidade com ipês visando seu período de floração que transformaria a cidade em um espetáculo com cores brancas, amarelas e rosa. Para contemplar esse cenário, a gestão democrática e participativa seria apropriada também. 

O objeto de estudo, gestão democrática participativa, é alvo de debates e de divergências no campo democrático, pois somos fruto de uma herança autoritária onde sempre predominou a imposição de forças e falar em democracia põe a estrutura em jogo. Por outro lado, percebe-se que há uma força e defesa das ações democráticas que vem desde a Revolução Industrial mostrando a importância e viabilidade do trabalho coletivo. Quando esse trabalho fica bem distribuído e entendido nas suas funções, a possibilidade do sucesso é maior, segundo as teorias, daí a necessidade de uma gestão democrática, participativa.

Quanto à justificativa desta pesquisa, espera-se que ao contribuir no debate da gestão educacional de cunho democrático e participativo, possamos fazer parte do debate nesta perspectiva construindo um paradigma que não é novo, mas faz parte dos debates atuais. Como estudante e pesquisador não podemos deixar de contribuir na missão e busca de aperfeiçoamento no campo do saber. É na aventura e na oportunidade que vamos ampliando o espaço do conhecimento e melhorando-o, pois ele está sempre em construção.

Portanto, definimos como objetivo: “Analisar a importância do Gestor democrático no aperfeiçoamento da administração participativa envolvendo a família, a comunidade, os profissionais e os alunos nas ações coletivas como melhoria para o futuro da sociedade”, com objetivos específicos de “envolver a família, a comunidade, os profissionais e os alunos em ações coletivas; gerir e aperfeiçoar o gerenciamento Institucional e Aperfeiçoar o debate em torno da busca, aperfeiçoando conhecimento na perspectiva futura da educação.    Acredita-se que a gestão democrática e participativa teria outro viés no sistema educacional com fomento à família e comunidade, aos professores e aos alunos rumo às ações coletivas. Uma sociedade não evolui bem se as ideias, que às vezes nascem no indivíduo, não forem compartilhadas.  

Mostramos que apesar do amparo legal na Constituição e na LDB, falta uma normativa que estabeleça regras claras sobre a gestão democrática ainda incerta com denominações diferentes. Precisamos contribuir no município Estância Turística Ouro Preto do Oeste – RO, pois as experiências cotidianas e os comentários sobre gestão democrática na região dão evidências de indefinições e até mesmo, contradições sobre o tema, por isso procuramos contribuir para o esclarecimento de dúvidas que pairam sobre o tema. 

Estamos cientes de que não se trata de um novo paradigma, mas trata-se de um desafio que merece debate e sentimos a necessidade de contribuir para o aperfeiçoamento neste campo do saber. Certamente demos o primeiro passo em direção ao diálogo na área de abrangência da pesquisa. Enfim, oferecemos recursos para instigar o leitor a olhar para a gestão democrática com a percepção em mais de um viés e entender que as distintas formas de ações coletiva têm sua importância, exceto quando não se respeita a coletividade, há imposição de forças e neste caso não aparece gestão democrática nem aparece gestão participativa. 

1. O PLANEJAMENTO E AS AÇÕES COLETIVAS

Partimos do princípio de que a escola possui todo um planejamento com ações coletivas que fortalecem a unidade escolar e que esse planejamento exige orientações pedagógicas e administrativas. Esse é um espaço sujeito a questões financeiras e estruturas físicas e tudo isso faz parte da realidade, esta é a comunidade escolar com seus desafios e perspectivas, portanto, precisa de estratégia que favoreça as suas ações e envolva a todos como unidade coletiva. Isso requer do gestor muito cuidado, bom senso e diálogo participativo.

Conforme mostra (HORA, 2009, p. 34): “… a escola não é apenas a agência que reproduz as ações sociais, mas um espaço em que a sociedade produz os elementos da sua própria contradição…”, sendo assim, fica evidente a necessidade de estarmos atentos ao que circunda esse espaço, pois acrescenta a autora: “Na medida em que a educação é dialética e assume formas de regulação ou libertação, a escola é a arena onde os grupos sociais lutam por legitimidade e poder”. 

Vimos nas citações a importância da gestão participativa, pois ela proporcionará o direito e a liberdade destes envolvidos a esta compreensão, porém é preciso ajustar dois fatores em jogo: o olhar dos órgãos oficiais que pensam a democratização como meio facilitador e de acesso para as camadas mais vulneráveis da sociedade e os educadores que veem a democratização na perspectiva do desenvolvimento pedagógico como oportunidades educacionais e segundo Hora (2009), há educadores que veem a democratização como mudança nos processos administrativos dentro do sistema escolar.

A escola clássica, no bojo da consolidação da Revolução Industrial no início do século, foi representada por meio de três movimentos: a administração científica de Taylor, a administração geral de Fayol e a administração burocrática originada de uma difusão da racionalidade de Weber. Esses movimentos têm mantido seus princípios presentes nas práticas administrativas atuais. (HORA, 2009, p. 36).

Vejam como foi estruturada e fundamentada a escola atual. Se de um lado houve e ainda há uma visão administrativa, científica e burocrática que sustentou a educação até aqui, agora entramos em outra era onde vemos a necessidade de ajustes que deem respostas à demanda atual. A busca por uma educação que envolva todas as instâncias da sociedade e distribua as funções de acordo que a necessidade e potencial de cada um. Se no sistema de produção, a grande evolução se deu quando o trabalho passou a ser coletivo, certamente a administração realmente coletiva tende a ser sucesso.

Segundo Hora (2009), a gestão democrática educacional carrega consigo o compromisso sociopolítico envolvendo ações reais dentro do interesse coletivo que envolve alteração na estrutura interna da educação institucional com a distribuição de riquezas e benefícios que vão além do limite da escola. Essa ação transformadora ajudará as classes populares na medida em que favorecerá na compreensão de mundo e no exercício da cidadania. Somente a gestão com uma equipe consciente de suas atribuições trarão benefícios à comunidade.

A possibilidade de uma ação administrativa na perspectiva de construção coletiva exige a participação de toda a comunidade escolar nas decisões do processo educativo, o que resultará na democratização das relações que se desenvolvem na escola, contribuindo para o aperfeiçoamento administrativo-pedagógico. (HORA, 2009, p. 36).

Não temos como fugir desta realidade, pois “A participação é um direito e um dever de todos que integram uma sociedade democrática, ou seja, participação e democracia são dois conceitos estritamente associados.”. (HORA, 2009, p. 36). Se a participação é um direito e um dever, também é dever da gestão democrática dar a oportunidade a todos na partilha desses compromissos e benefícios que envolvem o ambiente coletivo na escola e comunidade escolar, daí a importância de estar atentos às orientações aqui propostas.

Vamos ver duas citações presentes na obra Sociedade da transparência do filósofo Byung-Chul Han (2017), para entendermos um pouco mais os dramas que dificultam o desenvolvimento atual. Perceba que no primeiro momento o filósofo se vale de Hegel para falar na negatividade como instrumento de transformação, pois temos medo da contradição e segundo o autor, é a partir dela que surge o novo, o conhecimento. 

De acordo com Hegel, no pensar habita uma negatividade que lhe permite fazer experiências transformadoras. A negatividade do tornar-se outro é constitutiva para o pensar, e nisso reside sua diferença do cálculo, que permanece sempre igual. Essa igualdade é a condição de possibilidade da aceleração. Já a negatividade não apenas cunha experiência, como também o conhecimento. (HAN. 2017, p 71).

É preciso ter coragem de discutir os problemas internos que nos afligem, ou que denotam um atraso na evolução do conhecimento coletivo. A aceleração atual promovida pelas inovações não foi suficiente para sanar os problemas internos porque novos desafios surgiram com base na realidade atual e não havendo a compreensão sobre esses novos desafios, teremos dificuldades para uma evolução adequada mesmo estando em plena era das informações. Essa é uma das razões de preocuparmos em discutir a gestão democrática participativa.

A atual crise epocal não é a aceleração, mas a dispersão e a dissociação temporal. Uma discronia temporal faz com que o tempo gire como uma biruta, sem rumo, transformando-o em mera sequência da atualidade pontual, atomizada. Com isso, o tempo se torna aditivo e esvaziado de toda e qualquer narratividade. … (HAN. 2017, p 77).

Conforme mostra Luck, et al. (2009), com o advento da democracia e o aperfeiçoamento na qualidade da educação pública que foi uma força poderosa, força que veio estimular novas formas de gerir as escolas. Um conjunto de fatores influenciaram na mudança da conduta corporativa conservadora dando prioridade aos interesses pessoais e coletivos. Trata-se de um movimento que iniciou na década de 1980, que influenciou nas reformas educacionais instigando o poder legislativo à novas proposições, dentre elas a participação na escolha dos gestores, nos conselhos escolares e no repasse dos recursos financeiros.

Não basta planejar apenas, é preciso, acima de tudo, pensar na qualidade do aprendizado, conforme mostra a citação: “Se realmente há a preocupação com a aprendizagem, deve-se questionar se a forma como se planeja tem em mente também o ensino, ou seja, deve haver uma correlação entre ensino-aprendizagem.”. (KLOSOUSKI & REALI, 2008, p. 6). É essa correlação entre ensino e aprendizagem que vai fazer a diferença e todos os envolvidos no processo, inclusive a gestão, deve estar ciente das ações e reações no processo de ensino-aprendizagem.

2 A GESTÃO E O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

Para entendermos a reflexão que estamos propondo aqui sugerimos que o leitor, primeiramente, entenda e faça a distinção entre a gestão democrática e a gestão participativa, pois estamos falando de modelos que são sinônimos, ambos buscam a participação dos membros da organização nas decisões. A principal diferença entre eles é que a gestão democrática é baseada na eleição de representantes que tomam decisões em nome dos membros da organização, enquanto a gestão participativa é baseada na participação direta dos membros da organização nas decisões.

Conforme mostra Luck, et al. (2009, p. 33), “Estamos vivendo no meio da terceira onda de organização e orientação das estruturas e funcionamento das instituições, pelas quais o enfoque é o da gestão, em superação às limitações da administração.”. Devemos compreender que cada etapa na evolução do conhecimento exigiu ajustes e não será diferente nesse momento, portanto o estudo apresentado neste artigo quer ser pertinente quando questiona as bases estruturais de uma gestão.

A lei por si só não altera a realidade. É óbvio que todas as metas do Plano Nacional de Educação, como política pública que é voltada para a melhoria da educação, repercute no cotidiano das escolas, sejam elas públicas, municipais, estaduais ou particulares. No entanto, trata-se de um propósito legal que somente repercutirá em ambiente propício a alterações, com interferência na cultura escolar. (FERREIRA e NOGUEIRA, 2016, p. 11).

A citação acima é pertinente e vem complementar os argumentos de Luck., et al. (2009), pois vem mostrar que a lei em si não alterará a realidade, precisa-se de uma ação consciente dos envolvidos no ambiente. Esse espaço escolar só mudará se houver alterações que influenciam a cultura local. Para isso acontecer, o ponto de partida é o órgão gestor e a partir dele muda-se o ambiente e assim vão sendo construídas novas realidades, outra dimensão que não permite a instituição e os envolvidos permanecerem na mesmice.

Segundo Luck., et al (2009), é comum a queixa de gestores sobre a sobrecarga de compromissos, a alegação de que os professores se limitam a sala de aula, que alguns não fazem nem o necessário, bem como a queixa em relação a participação dos pais, no entanto, sabemos que o trabalho participativo exige do envolvido maior engajamento. Para isso acontecer, é preciso que os processos decisórios sejam conscientes e todos os envolvidos nele devem participar, estar ciente da importância de sua contribuição, caso contrário, essas decisões ficarão presas às regras (leis). 

Os gestores escolares, atuando com seus líderes, são os responsáveis pela sobrevivência e pelo sucesso de suas organizações. Chamamos de liderança a um conjunto de fatores associados como, por exemplo, a dedicação, a visão, os valores, o entusiasmo, a competência e a integridade expressos por uma pessoa, que inspira os outros a trabalharem conjuntamente para atingirem objetivos e metas coletivos. Luck, et al (2009, p. 33).

Vimos na citação que a gestão escolar depende da sintonia entre seus líderes, pois são eles os responsáveis pelo sucesso ou fracasso do ambiente de trabalho. Para que esse ambiente seja de sucesso é preciso que haja nele muita dedicação e todos os envolvidos façam a sua parte, é preciso uma visão do que se busca é onde se quer chegar para se ter entusiasmo e competência nas ações. Havendo esse conjunto de ações, todos os envolvidos são inspirados a contribuir para atingir as metas desejáveis.

3 A DIMENSÃO PEDAGÓGICA DA ESCOLA

Se considerarmos determinados momentos da história recente, veremos que “…o pensamento predominante era o de que as melhores escolas eram aquelas organizadas segundo o modelo de administração clássica, que enfatiza a obediência às regras e o cumprimento à risca dos regulamentos. Luck, et al. (2009, p. 78). No entanto, sabe-se que a realidade exige “…professores que pensem constantemente e criativamente…”, Luck., et al (2009, p. 78),  que tome decisões rápidas, inteligentes dentro da dinâmica do mundo atual. 

A participação na gestão escolar requer envolvimento de todos, preferencialmente em todas as decisões, pois essa coletividade mobilizada na mesma direção estará apta a tomadas de decisões nas múltiplas ações que uma gestão requer na atualidade. Conforme se pode ver em Luck, et al (2009, p. 21): “Os gestores participativos baseiam-se no conceito de autoridade compartilhada, por meio da qual o poder é dividido com representantes das comunidades escolar e local…”. Este novo estilo de liderança que envolve participação e compartilhamento de responsabilidades, também gera credibilidade e aceitação de riscos.

O desenvolvimento de equipe é uma dimensão básica do estilo de gestão participativa. O diretor eficaz é um líder que trabalha para desenvolver uma equipe composta por pessoas que em conjunto são responsáveis por garantir o sucesso da escola. Luck, et al (2009, p. 42).

Trabalhar em equipe é o novo desafio e ele exige, como mostra Luck., et al (2009, p. 49), “Um estilo de liderança que permite participação limitada e evita os excessos da liderança diretiva…”. Trata-se de um estilo que vê a instrução como elemento de contribuição gerador de um alto grau de confiança nos membros desse coletivo. É por essa razão que a gestão participativa busca envolver professores e funcionários, pais e alunos, além de representantes das comunidades no processo pedagógico. 

Conforme mostra Luck, et al (2009, p. 52): “Os líderes escolares eficazes, avaliados em pesquisas feitas com alunos apontados por dirigentes educacionais, são capazes de empregar uma série de habilidades e liderança…”, estes líderes definem objetivos claros com potencial  motivador, mobilizador que impulsionam uma ação proativa. Esse estilo de gestão participativa são os responsáveis pelas mudanças na escola. É preciso um trabalho paciente que estimule novas habilidades e assim garantir uma boa tomada de decisão.     

4 METODOLOGIA

A metodologia adotada partiu de uma abordagem qualitativa centrada no estudo em livros e artigos científicos. Trata-se de um esforço contínuo para ampliar o debate e aprendizado adquirido no decorrer do curso, pois vimos que a gestão democrática e participativa é uma premissa possível e as teorias estudadas deram evidências de que há alternativas viáveis para esta proposta, que as mudanças constantes da era moderna exigem adequação para atender a demanda atual no campo democrático social.     

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para entendermos melhor o que foi proposto aqui, primeiramente, sugerimos que o leitor entenda a distinção entre a gestão democrática e a gestão participativa, pois falamos em modelos que são sinônimos e ambos buscam a participação dos membros da organização nas decisões. A principal diferença entre eles é que a gestão democrática é baseada na eleição de representantes que tomam decisões em nome dos membros da organização, enquanto a gestão participativa é baseada na participação direta dos membros da organização nas decisões.

O estudo em caráter qualitativo se valeu de estudo em livros e artigos para dar suporte aos argumentos aqui propostos. Primeiramente, procuramos mostrar como se dá o planejamento e as ações coletivas mostrando que a gestão participativa proporciona o direito à liberdade, mas que às vezes há contradição entre o que pensa os órgãos oficiais sobre a democratização e o que pensam os professores e essa distinção de ideias dificulta no momento decisório.

Sendo assim, mostramos fundamentos no sentido da gestão democrática como compromisso sociopolítico e o envolvimento nas ações coletivas capazes de mexerem e alterarem a estrutura interna da instituição. Sinalizamos que a participação nas ações democráticas é um direito e sendo um direito, a gestão democrática deve estar aberta ao diálogo e ajuste à partilha e compromissos nas ações, pois em plena era das evoluções tecnológicas, com tantas informações à disposição, vemos atrasos assustadores nas ações sociais.

Se considerarmos a origem histórica dos brasileiros veremos que temos um antecedente conturbado, conforme mostrou Darcy Ribeiro (1995), somos fruto de uma radical mudança com a introdução radical do protagonista europeu superagressivo com múltiplas ações, inclusive como infecção mortal. Acrescenta a isso o personalismo mostrado por Freyre (2004), com a formação patriarcal e cristã, mesclada a outras formas de religiosidade que dificilmente desaparecerá. Qualquer ação que tenta mudar os critérios, corre o risco de sofrer ameaças e por fim, Souza (2018), atualiza as informações dos dois primeiros.  

Do ponto de vista ideológico, a nação demorou a despertar e os poucos que desafiou o poder sempre foram intimidados, punidos ou, de forma mais dramática, até exterminados da sociedade. Politicamente falando, o país passou por muitas conquistas e evoluções rumo ao campo democrático, muitas vezes avançando, outras vezes retrocedendo na história. (ROCHA, 2020, p. 161).

Complementando o raciocínio anterior, na citação acima, vimos que houve um despertar, mas paralelo a reação, veio também, a intimidação e até punições de forma dramática. No entanto, tivemos algumas conquistas e evoluções no campo democrático. Um exemplo mais claro, talvez esteja em outra obra do mesmo autor Rocha (2021), onde ele faz uma referência irônica ao personagem Freire para mostrar que o referido Freire soube denunciar o modelo de educação e sociedade pouco promissor daquele período.

Outro interessante artigo para ajudar nas reflexões é do grande influenciador do século XX, John Dewey. Com o título: Educação, sociedade e democracia: John Dewey nos manuais de História da Educação e/ou Pedagogia (Brasil, século XX). Retiramos do artigo duas citações para mostrar que, “A investigação buscou compreender o pensamento de John Dewey, sobretudo em torno de ideias como Educação, Política e Democracia, assim como sua repercussão em movimentos pedagógicos, sobretudo, o escolanovismo. (LIMA. Jr, 2019, p. 7) 

Em outro momento vimos que o autor “…vislumbrou na Educação, uma estratégia de divulgação dos princípios políticos da democracia, como forma de consolidar os direitos políticos e sociais dos cidadãos.”. (LIMA. Jr, 2019, p. 7). O artigo é sugestivo por tratar do influenciador na educação brasileira que inspirou, por exemplo, o educador Anísio Teixeira e a Escola Nova com repercussões na renovação do ensino. Espera-se que os argumentos propostos aqui sirvam de estímulo à nova busca e entendimento sobre o personagem Dewey.

Percebemos que a gestão e o desenvolvimento profissional trazem o enfoque na terceira onda de organização e funcionamento das instituições e que a lei em si só não mudará a realidade, portanto, é preciso ação consciente e aí aparece a importância desta pesquisa que quer mostrar a viabilidade desta reflexão. A sintonia entre seus líderes é de fundamental importância e esta é a razão de que todos precisam estar cientes do seu compromisso nas ações e estarem preparados para as reações da comunidade às inovações.

Na dimensão pedagógica vimos que é preciso que os gestores estejam envolvidos em todas as decisões coletivas e que os professores pensem constantemente e criativamente. É uma forma de ação em que o estilo de liderança deve evitar os excessos na liderança diretiva, mas terem habilidade para contribuírem nas ações sem se sobrepor. Estamos falando de um trabalho paciente capaz de estimular habilidades e garantir a tomada de decisões.

A democratização da educação indica a necessidade que o processo educativo tem de ser um espaço para o exercício da democracia. E para que isso aconteça, que seja concebida uma nova forma de conceber a gestão da educação: a gestão democrática. (SANTANA, 2018. p. 526).

Como mostra Santana (2018), a democratização na educação é o caminho para o exercício da democracia e para isso acontecer, o exercício na gestão deve adequar a esse princípio buscando alternativas que conduzam os envolvidos nesta direção.  A partilha de conhecimento e a atuação em processos coletivos darão coesão ao ambiente inovador, é o que se espera em uma gestão realmente democrática. Vimos que o princípio da gestão democrática está na constituição e na LDB, mas segundo o autor, não houve a normatização necessária para esta forma de gestão e ela ganhou várias denominações com o mesmo princípio.

Enfim, após as buscas em livros e artigos, com as teorias estudadas e apresentadas neste trabalho, a pesquisa mostrou como resultado, a viabilidade e até mesmo a necessidade de uma gestão democrática e participativa por se tratar de uma experiência pertinente e possível. As teorias esclareceram dúvidas e dão evidências de que a democracia em consolidação no Brasil precisa investir na gestão democrática e participativa. Encontramos, como resultado da pesquisa, evidências que não percebíamos, comprovando, assim, a importância dele para o leitor na convicção de que estamos no caminho certo.   

6 CONCLUSÃO

Partimos do Tema “O papel do Gestor democrático no aperfeiçoamento da administração participativa capaz de envolver a família, a comunidade, os profissionais e os alunos em ações coletivas com melhoria para o futuro da sociedade”, para chegar no Título “A importância da gestão democrática  no aperfeiçoamento da administração participativa na educação em suas ações coletivas”. Percebemos, afinal, que apesar de amparo legal na Constituição e na LDB, falta uma normativa que estabeleça regras claras e a gestão democrática ainda é incerta e ganha denominações diferentes.

Delimitamos a pesquisa ao município Estância Turística de Ouro Preto do Oeste – RO, do Oeste e pela experiência cotidiana sabemos que os comentários sobre a gestão democrática na região são indefinidos, contraditórios, certamente pelas mesmas razões e o artigo pode contribuir para o esclarecimento de dúvidas que pairam sobre os gestores locais. Como o objeto de estudo é gestão democrática participativa, pudemos dar um passo nesta direção e contribuir com o debate sobre o tema.

Considerando o exposto justificamos a iniciativa mostrando a viabilidade de contribuir no debate da gestão educacional de cunho democrático e participativo, fazendo parte do debate nesta perspectiva, afirmando ainda, que estamos cientes de que não se trata de um paradigma novo, no entanto é um desafio nos debates atuais, razão de decidimos contribuir na missão e na busca de aperfeiçoamento neste campo do saber. Temos a certeza que foi dado um passo na direção e que o diálogo em torno da gestão continua ativo.

Adotamos esta escolha e estamos cientes de que não se trata de um novo paradigma, no entanto, sabemos que é um desafio para os debates atuais, razão de decidirmos contribuir na missão e na busca do aperfeiçoamento neste campo do saber. Temos a certeza que foi dado um passo na direção e que o diálogo em torno da gestão continua ativo, entendendo que foi a forma mais viável no momento, mas acreditamos que o debate deve se estender aos gestores do município e região porque ele é esclarecedor e tiraria as dúvidas de muitos gestores no setor de educação da região sobre a polêmica na gestão, assim sendo envolveríamos todo um corpo em ação, as teorias estudadas deram claras evidências de alternativas à proposta.

Utilizamos teóricos em livros, como: Luck, et al (2009), em sua 6ª edição e Hora (2009), com a 15ª edição, além de artigos complementares. Acreditamos ter oferecido recursos que instigue o leitor a olhar para a gestão democrática com a percepção em mais de um viés e entender que as distintas formas de ação coletiva têm sua importância, exceto quando não se respeita a coletividade e há imposição de forças, hierarquias, neste caso, não tem gestão democrática e nem democracia. 

REFERÊNCIAS

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 1Discente do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública do Instituto Federal de Rondônia Campus Porto Velho Zona Norte. E-mail: eneias-moreira@hotmail.com ;
2Docente do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública do Instituto Federal de Rondônia Camus Porto Velho Zona Norte. Especialista em Gestão Pública (CENES) Mestre em Ciências Agrárias Agroecologia (UFPB). e-mail: erik.silva@professor.pb.gov.br