Keila Cristina Finelon da Silva1; Vanessa Barros de Mendonça1;
Joanne Figueiredo de Oliveira2; Klenda Pereira de Oliveira2.
1 Discentes do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
2 Especialista, Docente do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
Resumo
Um dos principais fatores que limitam hoje a vida do idoso é o desequilíbrio. Em 80% dos casos não pode ser atribuído a uma causa específica, mas sim a um comprometimento do sistema de equilíbrio como um todo. Este trabalho objetiva mostrar a importância da Fisioterapia e visando que os dados levantados poderão beneficiar os pacientes e os profissionais. Trata-se de uma revisão de literatura de artigos científicos indexados nas bases de dados MEDLINE (literatura internacional em ciências da saúde), LILACS (literatura latino-americana e do Caribe em ciências da saúde), PUBMED (Sistema Online de Busca e Análise de Literatura ) e PEDro (base de dados em evidências em fisioterapia) publicados entre os anos de 2001 a 2018. Considera-se que a fisioterapia promove uma série de mecanismos neurais no organismo destes indivíduos, possibilitando a partir disso a aquisição e o aprimoramento das habilidades funcionais com intervenções mais efetivas para a prevenção de quedas são baseadas no treino de equilíbrio e no fortalecimento de membros inferiores. Conclui-se que a maioria dos pacientes responde satisfatoriamente, e níveis de resistência podem ser notados em poucos casos.
Palavras-chave:Fisioterapia; Equilíbrio; Idosos.
THE IMPORTANCE OF PHYSIOTHERAPY IN BALANCE CHANGES IN ELDERLY
Abstract
One of the main factors that limit the life of the elderly today is imbalance. In 80% of cases, it cannot be attributed to a specific cause, but to a compromise of the balance system as a whole. This work aims to show the importance of Physiotherapy and aiming that the collected data can benefit patients and professionals. This is a literature review of scientific articles indexed in the databases MEDLINE (international literature on health sciences), LILACS (Latin American and Caribbean literature on health sciences), PUBMED (Online System for Search and Analysis of Literature) and PEDro (evidence base in physiotherapy) published between 2001 and 2018. Physiotherapy is considered to promote a series of neural mechanisms in the body of these individuals, making it possible to acquire and improve skills Functional interventions with more effective interventions for the prevention of falls are based on balance training and strengthening of lower limbs. It has shown that most patients respond satisfactorily, and resistance levels can be noted in a few cases.
Keywords: Physiotherapy; Balance; Seniors.
1 INTRODUÇÃO
Com o passar dos anos, o organismo humano passa por um processo natural de envelhecimento, gerando modificações funcionais e estruturais no organismo, diminuindo a vitalidade e favorecendo o aparecimento de doenças, sendo mais prevalentes as alterações sensoriais, as doenças ósseas, cardiovasculares e o diabetes (RUSSO, 1998).
Segundo Toledo e Barela (2010), em 2050, a população mundial idosa será de aproximadamente dois bilhões de pessoas. Pesquisas indicam que, como os idosos são os que mais fazem utilização dos serviços de saúde, os estudos têm sido mais direcionados no sentido de explicar os fatores que mais contribuem para um envelhecimento saudável. Entretanto torna-se cada vez mais necessário examinar as possíveis alterações decorrentes do processo de envelhecimento e quais suas contribuições para o desequilíbrio postural em idosos.
Um dos principais fatores que limitam hoje a vida do idoso é o desequilíbrio. Em 80% dos casos não pode ser atribuído a uma causa específica, mas sim a um comprometimento do sistema de equilíbrio como um todo. Em mais da metade dos casos o desequilíbrio tem origem entre os 65 e os 75 anos aproximadamente e cerca de 30% dos idosos apresenta os sintomas nesta idade. As quedas são as consequências mais perigosas do desequilíbrio e da dificuldade de locomoção, sendo seguidas por fraturas, deixando os idosos acamados por dias ou meses e sendo responsáveis por 70% das mortes acidentais em pessoas com mais de 75 anos (BITTAR et al, 2002).
De acordo com Shuway-Cook e Woollacott, (2010), o envelhecimento biológico normalmente leva à diminuição das reservas funcionais do organismo. Este efeito pode ser observado em todos os aparelhos e sistema: muscular, ósseo, nervo, circulatório, pulmonar, endócrino e imunológico. Todavia, a velocidade e a extensão desse declínio variam muito entre os diversos tecidos e funções como variam também de um indivíduo para outro (heterogeneidade).
As manifestações dos distúrbios do equilíbrio corporal têm grande impacto para os idosos, podendo levá-los à redução de sua autonomia social, uma vez que acabam reduzindo suas atividades de vida diária, pela predisposição a quedas e fraturas, trazendo sofrimento, imobilidade corporal, medo de cair novamente e altos custos com o tratamento de saúde (VEROM, 2012).
Este artigo de revisão de literatura, justifica-se pela importância da Fisioterapia e visando que os dados levantados poderão beneficiar os pacientes e os profissionais com a utilização de mais um estudo, contribuindo para seus atendimentos; e tem como objetivos: identificar os benefícios da Fisioterapia, descrever as alterações de equilíbrios em idosos e analisar a Fisioterapia na melhoria da qualidade de vida dos idosos.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 ENVELHECIMENTO
A literatura define o envelhecimento como variadas modificações que ocorrem com o avançar da idade, podendo então observar a redução progressiva da funcionalidade tanto física quanto mental, o que não pode ser visto como fragilidade, mas como um mecanismo normal do organismo como um todo (VILELA, BERGAMO, E COLS 2010).
De acordo com Freitas e Sheicher (2008), no envelhecimento uma das causas mais graves são as quedas, que são reconhecidas como um fator importante na saúde pública entre os idosos; entende-se por queda a perda total de equilíbrio postural, o qual se relaciona as instabilidades nos mecanismos neurais e osteoarticulares que envolvem a manutenção da postura. Epidemiologicamente, 51% de pacientes acima de 85 anos sofrem por quedas, pelo menos uma vez ao ano, frequentemente são mais comuns entre as mulheres, e constituem a sexta causa de óbito em indivíduos acima de 65 anos.
Considera-se que a população acima dos 65 anos chegue a 85% de queixas de equilíbrio, a maioria associadas a várias etiologias, tais como, alteração do sistema vestibular, redução da acuidade visual, da aptidão de acomodar a visão, alterações proprioceptivas, déficits de músculos esqueléticos e hipotensão estática (FIGUEIREDO, LIMA, GUERRA, 2007).
Nas alterações fisiológicas do envelhecimento, as doenças crônicas, interações farmacológicas ou distúrbios específicos influenciam na perda do controle postural. A presença das afecções vestibulares nos idosos afeta o equilíbrio, principalmente aqueles que são acometidos por outras doenças (GAZZOLA, RODRIGUES, E COLS, 2006).
Para Borges e Cintra (2010), depois dos problemas relacionados ao aparelho locomotor e os de origem cardiovascular, as alterações na visão têm sido a terceira causa de incapacidade funcional nos idosos.
A visão prevalece sobre todos os sistemas sensoriais, pois o indivíduo realmente tende sempre que possível, utilizar e confiar especialmente na visão para muitas funções simples e complexas que exigem coordenação. Esclarece também que o sistema visual fornece o balanço natural dentro dos limites da base de apoio, trazendo informações de como manter o alinhamento da cabeça e do tronco quando o centro de massa é titubeante no seu alicerce, trazendo consigo um feedback visual permitindo assim, menor variabilidade dos deslocamentos do centro de pressão na postura ortostática de longo período (SOARES, 2010).
O idoso passa por mudanças estruturais e funcionais no sistema neuromuscular além de alterações sensoriais, dentre as quais causa principalmente uma queda dos níveis de força, e redução na elasticidade do tecido conectivo muscular (FREITAS, BARELLA, 2006).
No idoso, também ocorre à redução na sensação vibratória, senso de posição e sensibilidade decorrente do sistema somatossensorial que apresenta perda de fibras sensoriais e de receptores proprioceptivos, com diminuição do número de corpúsculos de Pacini, Merkel e Meissner, causando prejuízos funcionais (RICCI, GAZZOLA, E COLS, 2009).
2.3 CONTROLE MOTOR
O controle postural envolve controlar a posição do corpo no espaço por proposito duplo de estabilidade e orientação. A orientação postural é definida como a habilidade de manter uma relação apropriada entre os segmentos corporais e entre o corpo e o meio ambiente da tarefa. O termo postura é frequentemente utilizado para descrever o alinhamento biomecânico do corpo e a orientação do corpo no ambiente. Para a maioria das tarefas funcionais, mantemos uma orientação vertical do corpo. No processo de estabelecimento da orientação vertical, foram usadas múltiplas referências sensoriais, incluindo a gravidade (sistema vestibular), a superfície de sustentação (sistema somatossensorial) e o relacionamento do corpo com os objetivos no seu ambiente (sistema visual) (SHUMWAY-COOK E WOOLLACOTT, 2010).
Controle motor é o processo pelo qual o padrão de movimento envolve o sistema nervoso e muscular, que permite movimentos e posturas habilidosas e coordenadas como exemplo as tarefas diárias comer, caminhar, ir às compras. (BAGESTEIRO,2009).
A manutenção do equilíbrio postural depende da harmonia entre as informações dos sistemas sensoriais (visual, proprioceptivo e vestibular), do processamento do SNC e o apropriado desempenho do sistema efetor (neuromuscular) (RICCI, ARATANI E COLS 2010).
De acordo com Ricci, Gazzola e Cols (2009), os sistemas sensoriais oferecem informações ao SNC sobre a posição e o movimento do corpo, consequentemente, cada um deles fornece uma estrutura de identificação diferente para o controle postural. A interpretação dessas informações sensoriais pelo SNC tem implicação na ativação de controle, alinhamento e tônus corporal em relação à gravidade.
Alfieri e Moraes (2008) afirma que as informações desses sistemas (visuais, vestibular e proprioceptivo), além da biomecânica e adequação de forças musculares, são fatores destacados na literatura para prover o controle postural. No idoso tanto o SNC como o periférico sofrem alterações, sendo neste último, perdas de fibras mielinizadas e diminuição da velocidade de condução nervosa.
De acordo com Bechara e Santos (2008), o sistema vestibular como principal dentre os outros quando se trata da manutenção do equilíbrio, o que faz com que este sistema seja mais explorado em vários estudos com idosos, pois relatam que a degeneração vestibular tem como causa primária a instabilidade corporal.
Luiz, Rebelatto e Cols (2009), afirma que parte do aprendizado motor de um indivíduo é mediado pelo sistema visual, esse aprendizado é devido ao somatório das informações vestibulares, proprioceptivas e do próprio visual ao possibilitar que no meio externo sejam feitas as tarefas diárias de forma eficaz e com pouco esforço.
O sistema visual é o que mais colabora para o movimento, ele fornece informações sobre direção e velocidade do indivíduo. Como a perca da visão da maioria dos idosos é degradada as informações ficam reduzidas ou confusas (BAGESTEIRO, 2009).
O controle postural requer uma interação completa entre o sistema neural e musculoesquelético, o que inclui as relações biomecânicas entre os segmentos corporais (FERREIRA, MARQUES, 2009).
Portanto o equilíbrio é um componente básico para execução das várias atividades diárias e, as modificações nos sistemas sensoriais (vestibular, visual e somato-sensitivo) e músculos-esqueléticos levam a redução do controle postural e deve ser investigada (SANTOS, 2009).
2.2 FISIOTERAPIA
Considerando-se os vários procedimentos usados pelos fisioterapeutas durante a assistência ao paciente, os exercícios fisioterapêuticos encontram-se entre os recursos fundamentais, ocupando o centro dos programas elaborados para melhorar ou restaurar as funções de um indivíduo ou prevenir as disfunções. Exercício fisioterapêutico é o treinamento sistemático e planejado de movimentos corporais, posturas ou atividades físicas, com a intenção de proporcionar ao indivíduo meios de tratar ou prevenir comprometimentos, melhorar, restaurar ou aumentar a função física, evitar ou reduzir fatores de riscos relacionados à saúde e otimizar o estado de saúde geral, o preparo físico ou a sensação de bem-estar (KISNER, 2005).
A prevenção de quedas em qualquer ambiente ou contexto é desafiante pois envolve uma série de componentes que fazem uma complexa intervenção e avaliação. As pessoas mais idosas, que residem em lares ou instalações de cuidados a idosos, são uma população reconhecida com alto risco de queda devido a muitos dos indivíduos ter historial de quedas, défices nas atividades de vida diárias, disfunções cognitivas e visuais, serem polimedicamentados, sentirem dor, terem incontinência urinária assim como redução dos níveis de força e equilíbrio (FRANCIS-COAD, 2018).
A American Geriatric Society recomenda uma avaliação dos riscos multifatoriais, podendo ser incluída a avaliação do equilíbrio e da mobilidade, visão, posição ortostática ou hipotensão postural, assim como uma revisão à medicação que o paciente toma e o seu ambiente em casa. Para isto é também fundamental que haja um follow-up e uma gestão compreensiva dos fatores de risco identificados sendo essenciais para a eficácia desta estratégia (USPSTF, 2018).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão de literatura de artigos científicos indexados nas bases de dados MEDLINE (literatura internacional em ciências da saúde), LILACS (literatura latino-americana e do Caribe em ciências da saúde), PUBMED (Sistema Online de Busca e Análise de Literatura) e PEDro (base de dados em evidências em fisioterapia). Para a busca foram utilizados os seguintes descritores: Fisioterapia, Equilíbrio, Idosos e seus correspondentes em inglês. Estes descritores poderiam estar no título ou no resumo.
Os títulos e resumos dos artigos foram avaliados seguindo os critérios de inclusão: estudos que abordassem utilização sobre a Fisioterapia nas alterações de equilíbrio em idosos publicados entre os anos de 2001 a 2018. Já os critérios de exclusão foram: artigos indisponíveis na íntegra e publicados antes de 2001.
A busca foi conduzida entre os meses de Abril de 2020 a Setembro de 2020 por duas (02) pesquisadoras de forma independente, seguindo os critérios de inclusão e exclusão da pesquisa. Dos 20 artigos selecionados, 12 não seguiam os critérios de inclusão.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Autor/Ano | Tempo | Conclusão |
Soares e Sacchelli 2008 | -/- | Aumento de Força Muscular |
Ishigaki, Ramos, Carvalho e Lunardi 2014 | -/- | Fortalecimento MMII |
Hewitt et al 2014 | 0-7 meses | Redução da probabilidade de queda |
Silsupadol et al 2009 | -/- | Melhora no equilíbrio |
Hughes et al 2013 | 10 anos | Alteração na força muscular |
Madureira et al 2007 | Sessões | Melhora na Escala de Berg |
Santos et al 2008 | 2 meses | Melhora no equilíbrio |
Ribeiro e Pereira 2005 | 2 meses | Melhora no equilíbrio |
Estudos relatados por Ishigaki e colaboradores (2014) afirmam que as intervenções mais efetivas para a prevenção de quedas são baseadas no treino de equilíbrio e no fortalecimento de membros inferiores, este fato reporta-nos para a importância da Fisioterapia enquanto papel principal na prevenção de quedas em idosos com alto risco de queda.
Estudos longitudinais após a mudança na força muscular em 10 anos em adultos mais velhos (idade média do início do estudo = 60) mostrou uma perda de 12 a 17% da força dos flexores e extensores do joelho em dois tipos de músculos. Entretanto, ganhos da força também foram observados em alguns indivíduos, o que também mostra a heterogeneidade do processo de envelhecimento (HUGHES et al., 2013).
Estudo como os de Silsupadol et al (2009) enfatizaram a importância de treinamento específicos para melhora do equilíbrio. Neste estudo comparou-se o efeito de três diferentes treinos de equilíbrio sobre o desempenho de dupla tarefa em 23 idosos com alterações de equilíbrio. Os grupos foram divididos em G1 (treino de equilíbrio com tarefa simples) G2 (treino com dupla tarefa: equilíbrio tarefas cognitivas com instruções fixas) e G3 (treino com tarefas duplas: equilíbrio e tarefas cognitivas com instruções variadas). Todos os grupos melhoraram o equilíbrio funcional expressos nos escores da escala de equilíbrio de Berg em aproximadamente 5 pontos sugerindo uma redução de 40% no risco de quedas. Porém apenas G1 apresentou resultados significativos da confiança no equilíbrio através do teste activeis specific balance confidence (ABC) e somente G2 e G3 melhoraram significativamente no teste de marcha de 6 metros com tarefa dupla.
No estudo de Soares e Sacchelli (2008) foi possível verificar o efeito de um programa de cinesioterapia no equilíbrio de idosos em que os resultados encontrados apresentam um aumento de três pontos na Escala de Equilíbrio de Berg (EEB) após o programa, apresentando melhora estatisticamente significante no risco de quedas, sendo que o programa de treinamento abrangeu componentes como força, flexibilidade, e aspectos somatossensoriais, vestibulares e visuais.
Madureira et al (2007), ao investigarem por 12 meses o efeito de um programa de treinamento de equilíbrio funcional em 66 mulheres idosas (idade acima de 65 anos), observaram melhora nos escores da escala de equilíbrio de Berg de 5 pontos. Além da escala de equilíbrio de Berg, outros testes foram aplicados possibilitando aos investigadores observarem a melhora, não apenas no equilíbrio funcional. Mais também no equilíbrio estático, na mobilidade e na redução do número de quedas. O protocolo de treinamento do equilíbrio foi exercícios de caminhada com movimentação de cabeça, ombro, associados a movimentos de membro superiores e inferiores (15 minutos iniciais), marcha tandem (pé ante pé), andar na ponta dos pés, andar sobre os calcanhares, passadas laterais, equilíbrio em apoio unipodal e voltar a calma (15minutos) na frequência de uma vez por semana.
Conforme Buranello et al (2011) o equilíbrio e o risco de quedas estão intimamente relacionados, sugerindo que a chance de um idoso sofrer uma queda está relacionada com as condições de manutenção do seu equilíbrio corporal, visto que quanto melhores as condições de manutenção de equilíbrio menor será o risco de quedas. A eficácia da prática de exercícios físicos na redução do risco de quedas vem sendo abordada em alguns estudos.
Santos et al (2008) verificaram que uma abordagem especifica de estimulação sensorial contribuirá para melhora do equilíbrio em um período de 2 meses nos exercícios de movimentos de cabeça, pescoço e olhos exercícios de controle postural em posição variada, em apoio unipodal, marcha e uso de superfícies instáveis com 45 minutos de duração, duas vezes por semana. Os resultados mostram em média uma melhora de 3 pontos nos escores da escala de equilíbrio de Berg.
O estudo randomizado de Hewitt et al. (2014) é outro dos exemplos consistentes na literatura da aplicabilidade de várias técnicas na prevenção de quedas. O grupo que realizava intervenção passou pela primeira etapa (0-6meses) onde cumpria treino progressivo de resistência e 2 a 3 séries 10 a 15 repetições de cada exercício, e na 13 segunda etapa (7-12meses) consistia na manutenção do programa de resistência, suporte de peso e equilíbrio e exercícios funcionais. Posto isto, este programa de exercício demonstrou potenciais benefícios diretos na redução da probabilidade de queda e das suas possíveis sequelas como evitar o aumento da mortalidade e morbilidade, lesão, hospitalização, perda de confiança, mobilidade reduzida e qualidade de vida mais baixa
Ribeiro e Pereira (2005) verificaram o efeito de uma abordagem específica de reabilitação vestibular em 30 idosos da comunidade sobre a melhora do equilíbrio e a possibilidade de sofrer queda. O tempo de intervenção foi de 2 meses, 3 vezes por semana, em que os idosos realizavam individualmente os exercícios propostos. O grupo experimental apresentou uma melhora de 2 pontos na escala de equilíbrio de Berg e a diminuição de 30,4% na probabilidade de quedas comparado ao grupo controle. O presente estudo além de propor exercícios de estimulação não só vestibular, mais visual e proprioceptivo, demonstrou resultados similares, porém em um número maior de idosos assistidos por hora de intervenção.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na revisão de literatura podemos constatar que as alterações no sistema nervoso central, musculoesquelético, sistema somatossensorial e sistema vestibular recorrentes do processo de envelhecimentos são as principais causas da queda em idosos particularmente idosos mais frágeis. A integração desses sistemas se comporta de forma sistemática, ou seja, um influencia o outro e todos influenciam no equilíbrio, os quais trabalham de forma cooperativa, afim de controlar a orientação e a estabilidade do corpo.
Embora fatores patológicos no idoso reduzam a eficácia do controle motor, os principais sistemas que são mais afetados durante o envelhecimento em relação ao equilíbrio são os sistemas visual, vestibular e proprioceptivo, cada um com sua função determinante, embora necessitem um do outro para um melhor desempenho.
Os idosos estão ficando cada vez mais em números elevados e a investigação detalhada de cada sistema, e as mudanças que ocorrem em função do envelhecimento é imprescindível para um melhor entendimento e com isso estabelecer medidas preventivas e ou de intervenção.
Há uma grande complexidade na relação idoso, desequilíbrio e controle motor, o que mostra que quanto mais entendido estiver o assunto, mais diferenciado será o tratamento e, com isso um resultado positivo, trazendo a fisioterapia um respaldo maior.
Considera-se que a Fisioterapia melhora a força e o equilíbrio do idoso, possibilitando a partir disso a aquisição e o aprimoramento das habilidades funcionais primordiais para execução de atividades motoras.
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