A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA ESCOLA

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.12753210


Maria Sebastiana Ferreira Rauch


RESUMO: Este trabalho aborda questões referentes à relação família e escola e suas implicações na aprendizagem escolar. Sabe-se que a educação é um tema bastante importante para estar somente nas mãos da escola ou somente nas mãos da família. Por essa razão é torna-se interessante compreender como acontece essa relação que muitas vezes é conflitante e carente de atenção de algum lado das partes. Para tanto, é importante entender que a educação deve ser partilhada, com envolvimento da família e da escola para só assim construir o cidadão consciente que irá atuar na sociedade. Mediante o exposto, o objetivo do presente material, consiste em compreender a importância da família no processo ensino-aprendizagem, na busca de uma aprendizagem significativa no desenvolvimento escolar. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa, baseando-se nos principais autores que versam sobre a temática central. Por meio do aporte teórico observou-se que tanto a escola como a família são referências fundamentais para o desenvolvimento da criança, quanto mais intensa, colaborativa e próxima for esta relação, mais positiva será o desempenho escolar do aluno/filho. É importante termos em mente a relevância da participação dos pais na educação e aprendizagem de seus filhos de modo consciente e permanente.

Palavras-chave: Família. Escola. Relação.

ABSTRACT: This work addresses issues relating to the family and school relationship and its implications for school learning. It is known that education is an important enough topic to be only in the hands of the school or only in the hands of the family. For this reason, it is interesting to understand how this relationship happens, which is often conflicting and in need of attention from either side. To this end, it is important to understand that education must be shared, with the involvement of the family and school in order to build a conscious citizen who will act in society. Based on the above, the objective of this material is to understand the importance of the family in the teaching-learning process, in the search for meaningful learning in school development. To this end, bibliographical research was carried out, of a qualitative nature, based on the main authors who deal with the central theme. Through theoretical support, it was observed that both the school and the family are fundamental references for the child’s development. The more intense, collaborative and close this relationship is, the more positive the student/child’s academic performance will be. It is important to keep in mind the relevance of parents’ participation in their children’s education and learning in a conscious and permanent way.

Keywords: Family. School. Relationship.

1 INTRODUÇÃO

A família é o primeiro grupo social que oportuniza o desenvolvimento de uma criança, é no círculo familiar que se encontra afeto, carinho, aprende sobre princípios, valores, respeito, cultura e ética. Para Tiba (1996, p.178). “É dentro de casa, na socialização familiar, que um filho adquire, aprende e absorve a disciplina para, num futuro próximo, ter saúde social”. 

Segundo Costa e Silva (2019), o conceito de família vem mudando nas últimas décadas. Tradicionalmente, a palavra família é automaticamente associada a um grupo formado por pai, mãe e filhos. Atualmente, porém, o conceito foi ampliado para compreender famílias como um grupo de pessoas que vivem em uma mesma casa, mantidas em contato por laços afetivos ou parentesco.

A família desempenha um papel importante na formação do indivíduo porque permite e contribui para a constituição da sua essência. Segundo Nogueira (2006), a influência da vida familiar nas crianças não se limita a fornecer modelos, mas também inclui o desenvolvimento moral das crianças. O estilo familiar, os padrões correcionais, os sistemas de crenças, os valores, a forma como são estruturados e a forma como as crianças são tratadas são fatores que têm um impacto significativo no desenvolvimento das habilidades sociais.

Carvalho (2004) coloca que a família possui o papel incontestável na educação formal e informal. Consequentemente é vital a sua participação no período escolar dos filhos. É de extrema importância que a família esteja presente e em sintonia com a escola, pois como fruto dessa relação, o desempenho escolar da criança é muito enriquecido e desenvolvido tanto cientificamente quanto emocionalmente.

Costa e Silva (2019), destacam que a família e a escola são entes fundamentais no desenvolvimento de ações que favoreceram o êxito escolar e social das crianças, agindo como parceiras ou até mesmo uma equipe coordenada e com um objetivo em comum: o desenvolvimento da criança. Ambas devem agir no mesmo sentido, seguindo as mesmas diretrizes e parâmetros. Sabendo que a educação acontece em ambos os ambientes, escolar e familiar, esta interação se torna de grande valia para que seja atingido o sucesso no processo de ensino aprendizagem.

  Sendo assim, a escola e a família juntas têm a característica de se complementarem, uma vez que não se tem como negar a importância do professor no processo de ensino aprendizagem e nem da participação da família em relação ao desempenho escolar. Quanto mais envolvimento entre a família e escola, os educadores tendem a conhecer melhor os pais e a dinâmica familiar, assim possibilitando um trabalho em conjunto que facilitaria o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno (ALBUQUERQUE; AQUINO, 2018).

Entretanto, percebe-se que a importância da família no contexto escolar atualmente apresenta um quadro muito complexo, pois muitos educadores reclamam da dificuldade de interação entre família e escola, e sabem da grande importância que essas duas instituições apresentam para a formação integral das crianças. Portanto deve-se buscar meios para fortalecer maior vínculo entre família e escola no intuito de conseguir a superação desse problema. A escola não pode assumir toda responsabilidade de conflitos que existem nas relações sociais, sozinha. Quando o aluno tem o acompanhamento da família, nas ações focadas no ensino e aprendizagem, o sucesso dos objetivos esperados é garantido. Assim, sabe-se que a parceria entre escola e família, é fundamental por que juntos é mais fácil alcançar os objetivos em comum e isso minimiza os problemas que dificultam o ensino e aprendizagem

Diante do exposto, o problema estabelecido pelo presente trabalho consiste no seguinte questionamento: Qual a importância da participação dos pais na vida escolar dos filhos? 

A fim de responder a seguinte indagação, determinou-se como objetivo geral desta pesquisa: Compreender a importância da família no processo ensino-aprendizagem. Já os objetivos específicos traçados para orientar esta pesquisa, consistem em: Apontar o papel da família na educação dos filhos e apresentar os possíveis fatores que distanciam a família da escola.

Como metodologia, utilizou-se as técnicas da pesquisa bibliográfica que é “[…] desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científico” (GIL, 2002, p. 17), neste caso, a partir de Teses e Dissertações, e da pesquisa qualitativa que “[…] responde a questões muito particulares”, preocupando-se “[…] nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado” (MINAYO, 2012, p. 21), ou seja, trabalha-se com um nível de realidade que tem no seu objeto a característica da subjetividade.

Espera-se que esta pesquisa possa auxiliar professores, pais, profissionais da área educacional, bem como pesquisadores e interessados na área a fim de explorar novas possibilidades da relação familiar entre a escola, a família e os alunos.

2 O PAPEL DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS

Durante a Idade Média, a família era frequentemente o único provedor da educação de uma criança até que a criança atingisse a idade adulta, ganhasse experiência pessoal e se envolvesse em outros grupos sociais. Frequentemente, a educação era fornecida não apenas pela própria família da criança, mas também por outras famílias. O objetivo era preparar as crianças para uma vida de aprendizagem, um papel que agora é comumente atribuído às escolas (SILVA, 2022).

De аcordo com Аriès (2006), umа formа comum nа educаção erа o аprendizаdo por meio dа práticа e, muitаs vezes, essа práticа não аpresentаvа limites entre а profissão e а vidа pаrticulаr. А bаgаgem de conhecimentos, а experiênciа práticа e o vаlor humаno erаm trаnsmitidos por meio do serviço doméstico. А аprendizаgem tinhа como currículo а culturа que erа pаssаdа de gerаção pаrа gerаção.

Dessa forma, a aprendizagem era contextualizada e direcionada especificamente a uma profissão ou aos serviços de cavaleiro. Como a educação da criança poderia ser transferida a outra família ou à Igreja, perdia-se o vínculo familiar entre pais e filhos. Assim, “a família era uma realidade moral e social, mais do que sentimental” (ARIÈS, 2006, p. 12).

Segundo o escritor citado anteriormente, o conceito de família e infância não existia no cotidiano das pessoas antes do século XV. As crianças eram percebidas como “adultos em miniatura” e o mundo era visto como uma entidade única para adultos e crianças. A educação e o aprendizado eram transmitidos por meio da interação direta. Gradualmente, a noção de infância começou a tomar forma, inicialmente como um meio de entretenimento para os adultos e, eventualmente, devido à preocupação moral do clero e dos moralistas, foram criadas escolas para salvaguardar e educar as crianças.

Bock, Furtado e Teixeira (2002) também se referem ao conceito histórico de “família”, observando que ele permaneceu intacto por milhares de anos, mas mudou nos últimos séculos, principalmente após a emancipação feminina. Segundo esses autores, a estrutura pai, mãe e filho mudou muito nos tempos modernos, e eles dão exemplos que hoje são comuns, como famílias com pais separados, ou filhos e cônjuges de uniões múltiplas, de outros casamentos, ou pais do mesmo sexo. Por outro lado, os autores apontam que tais mudanças nos valores familiares nem sempre se correlacionam com sua estabilidade.

Ainda segundo Bock, Furtado e Teixeira (2002, p. 254), “o vínculo, em seus aspectos biológico, social e afetivo é condição para o crescimento e desenvolvimento global da criança. Não há possibilidade de sobrevivência física e psíquica no desamor”. Então, claro, nas relações familiares com ou sem paradigmas, o que importa é que as pessoas sejam tratadas como tal. Este fator é essencial para a formação de qualquer cidadão. Mas também devemos considerar que, além do amor, as crianças precisam de exemplos de seus pais ou responsáveis. Mesmo que não haja uma reflexão imediata e perceptível sobre o seu aprendizado, a formação do caráter, a formação da natureza podem seguir esses exemplos.

A história social da infância e da família, segundo Ariès (2006), assinala o caráter histórico e cultural do modelo de família nuclear, que emergiu como socializadora das crianças apenas a partir do Século XVIII. Dessa forma, a visão contemporânea de família, como algo natural na organização humana, é contrariada. Da mesma forma que a visão de grande parte das escolas que toma tal estrutura familiar como parâmetro de normalidade em nossa sociedade.

No século XVIII, ao marcar a entrada oficial das mulheres no trabalho fabril no cenário global, a Revolução Industrial teve um forte impacto na vida de seus filhos, pois essas mães raramente tinham a oportunidade de se dedicar integralmente aos filhos. No século XIX, no contexto brasileiro, surgiu um movimento de mulheres reivindicando direitos trabalhistas, trabalho igual para homens e mulheres e direito ao voto. Ao abraçar o mundo do trabalho fabril, as mulheres passaram a ter o dobro da jornada de trabalho. A ela cabia cuidar da prole, dos afazeres domésticos e também do trabalho remunerado. A dificuldade de cuidar da prole levou as mulheres a reivindicarem por escolas, creches e pelo direito da maternidade (COSTA; SOUZA, 2019).

Com o início da era moderna, começaram a surgir as primeiras instituições de ensino. Perante esta situação, os pais começaram a preocupar-se com o fato de a criança estar mais perto de casa, e a educação ser mais atenta, enquanto a educação anterior era transferida para outra família, isolando completamente a criança da vida familiar real até que se aproximasse a sua fase adulta. Com a educação escolar, a criança recebia a visita dos pais e passava também as férias em convívio familiar, o que os aproximava mais.

Conforme afirma Ariès (2006, p. 159), “o clima sentimental era agora completamente diferente, e mais próximo do nosso, como se a família moderna tivesse nascido ao mesmo tempo em que a escola, ou ao menos, que o hábito geral de educar as crianças na escola”. Ao contrário do que acontece hoje, o crescimento do número de escolas fez com que os pais se aproximassem mais dos filhos, devido às mesmas estarem mais acessíveis, possibilitando assim, ver os filhos com mais frequência.

O que temos hoje é reflexo dessas mudanças, na nova ideia da educação dos filhos, que antes era feita entre famílias, agora é feita por instituições. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a educação feita por outra família isolava cada vez mais a criança de sua família biológica. A criança aprendia de forma prática, fazia afazeres domésticos enquanto aprendia, praticava coisas comuns do nosso cotidiano, mas sempre acompanhada pelo mestre que era responsável por sua aprendizagem que era voltada para a vida.

A realidade atual fez com que as escolas absorvessem todas as funções que as famílias educadoras exerciam, pois, as funções familiares foram cada vez mais se restringindo. Consequentemente, hoje, tem-se um quadro de crianças entregues à sua própria sorte, pois os pais assumiram outras funções sociais e a escola sozinha não consegue cumprir todo o processo educacional (LIMA et al., 2022).

Ariès (2006) aborda mais uma função da família: a proteção. Longe da família, para quem não está preparado, a sociedade pode ser muito desafiadora. A família deve preparar o indivíduo para viver fora dela, ou seja, a família tem a função de educar para a vida. Nos períodos de instabilidade do poder público, a criança encontra na instituição familiar o seu primeiro refúgio. Entretanto, assim que o Estado oferece condições satisfatórias, a criança se liberta do regime familiar no qual sofreu alterações de ordem política.

Diante do pressuposto de que a família é a base das primeiras aprendizagens de cada indivíduo, entende-se ser preciso valorizá-la e valorizar o que nela se aprende. Apesar disso, entende-se que hoje, não só a família, a escola e outras instituições participam da educação das crianças e jovens, mas a mídia e os meios de comunicação em geral também dão sua contribuição, trazendo para a educação dos nossos tempos uma homogeneidade de culturas e de ideologias.

Por isso, a participação ativa dos pais no processo educacional facilita a prática pedagógica dos professores, destacando a responsabilidade da escola em promover e apoiar uma forte conexão entre família e escola. Ambas as instituições são essenciais para integrar o indivíduo no contexto social, capacitando-o a adquirir conhecimento com autonomia e a adaptar-se às mudanças sociais, tecnológicas e econômicas. Segundo Seagoe (1978), ensinar é criar condições que permitam ao educando modificar seu comportamento de maneira específica.

Tiba (2002) argumenta que se a parceria entre família e escola for estabelecida desde cedo na vida da criança, todos os envolvidos se beneficiarão significativamente. Crianças bem apoiadas melhoram seu desempenho, enquanto aquelas com dificuldades recebem suporte tanto da escola quanto dos pais para superá-las. 

De acordo com Glidden (2018), uma escola comprometida em motivar os alunos a aprender precisa reconhecer a importância da continuidade entre a educação familiar e a escola. Isso envolve buscar formas de engajar a família na promoção de atitudes positivas e educativas em relação aos estudos entre os educandos.

O papel da família na educação dos filhos é fundamental e insubstituível, complementando o trabalho realizado pela escola. Parolin (2007) destaca a importância única da família na formação e aprendizado das crianças e jovens, ressaltando que, por melhor que seja a escola, ela não pode substituir o papel da família. Por outro lado, a escola desempenha um papel igualmente essencial na vida das crianças, proporcionando uma socialização do conhecimento e das relações que o ambiente doméstico não pode oferecer plenamente.

Além disso, muitas famílias não compreendem completamente a função da escola, que vai além do ensino acadêmico. A escola também promove a socialização e a formação humana, buscando formar indivíduos críticos e transformadores. Algumas famílias veem a educação apenas como uma preparação para o mercado de trabalho, sem perceber que a escola também tem a missão de desenvolver a consciência humana. Paro (2000, p. 107) afirma que “é através da educação que o homem tem a possibilidade de se construir historicamente, se diferenciando da mera natureza”.

O fracasso escolar também pode ser compreendido através dessa perspectiva. A dificuldade de aprendizado possui uma história marcada por preconceitos, frequentemente ligados à pobreza, o que resulta na naturalização do baixo desempenho escolar, especialmente entre as classes menos favorecidas. Assim, é essencial que a família e a escola trabalhem juntas, cada uma cumprindo seu papel específico, para garantir uma educação completa e inclusiva para todos os alunos.

A participação ativa dos pais na escola gera benefícios tanto para os pais quanto para a instituição educacional. Isso se reflete em alunos mais engajados não apenas nas tarefas acadêmicas, mas também nas atividades escolares extracurriculares, impulsionados pela presença ativa dos pais. A família desempenha um papel central na formação dos filhos no contexto social, preparando-os para se adaptar a diversos ambientes, independentemente das exigências impostas pela sociedade.

2.1 POSSÍVEIS FATORES QUE DISTANCIAM A FAMÍLIA DA ESCOLA

Para fortalecer este ponto de vista, López (2002, p. 65) esclarece que a responsabilidade da família na educação é fundamental e não pode ser negligenciada, uma vez que a escola não está presente o tempo todo na vida do aluno. Portanto, é crucial que os familiares reservem um tempo diário para oferecer a atenção necessária aos seus filhos, permitindo-lhes compartilhar suas experiências escolares, amizades e preocupações.

Com o crescente conflito na relação família-escola no que diz respeito ao processo de ensino/aprendizagem dos alunos, a distância entre as partes tem sido cada vez mais notada. Os motivos que levam a essa situação são variados e incluem desde a cultura do ambiente escolar até aspectos socioeconômicos familiares. Conforme André e Baborza (2018), é essencial que as escolas revisem continuamente seus projetos pedagógicos para se adaptarem à realidade dos alunos, considerando-os como integrantes de diversos núcleos sociais e agentes transformadores desses ambientes.

Ângela Medici, em “A Escola e a Criança” (1961), explora que todo o desenvolvimento psicológico da criança até então ocorreu através das interações com outras pessoas, principalmente os pais. Desde o início, a criança se identifica e se funde com as pessoas ao seu redor, sendo profundamente influenciada por essas interações.

Valadão e Santos (1997), no estudo “Família e Escola: Visitando seus Discursos”, afirmam que independentemente da estrutura familiar, a família é uma instituição crucial na sociedade. É nela que se espera que ocorra o processo primário de socialização, onde são formados valores fundamentais. Esse sistema de valores será confrontado no processo secundário de socialização, especialmente durante a escolarização e profissionalização, principalmente na adolescência.

Contribuir para que os indivíduos se inter-relacionem é de suma importância, onde a família representa o primeiro contato social da criança e a escola assume um papel fundamental na formação de outras relações. Medici (1961) destaca que, na idade escolar, as relações interpessoais são cruciais para o desenvolvimento do aluno, proporcionando-lhe confiança e força para seus impulsos.

Além disso, López (2002) menciona a importância do contato entre família e escola em todas as idades, especialmente nos primeiros anos, para coordenar atividades educativas que promovam a adoção rápida de hábitos desejáveis. Ele ressalta que a escola muitas vezes detecta com mais clareza do que a família questões como ciúmes, atrasos de maturidade e dificuldades sensoriais, necessitando de intervenções imediatas para prevenir complicações futuras.

No contexto da relação família-escola, as dificuldades frequentemente resultam em um “jogo de empurra-empurra” quanto à responsabilidade pelo desempenho insatisfatório dos alunos. Marques (2019) observa que a convocação da família pela escola geralmente é percebida negativamente, contribuindo para insatisfação dos estudantes, que sentem falta de reconhecimento por seus méritos.

Segundo Santos (2012), as famílias têm sido passivas e pouco colaborativas com os professores, que muitas vezes se sentem desamparados sem o apoio de outros setores escolares. A falta de iniciativa dos educadores e o contexto econômico instável impactam negativamente o processo educacional, exigindo maior esforço na ressocialização dos alunos e engajamento das famílias.

Diante dessas reflexões, percebe-se a necessidade urgente de uma melhor coordenação entre família e escola, reconhecendo suas atribuições e funções de maneira integrada. Oliveira (2012) destaca que a participação conjunta na elaboração do plano de ensino pode ser um passo essencial para melhorar o processo educacional, enfatizando a importância de um ambiente escolar não apenas como local de aprendizagem, mas também de atividades que promovam o desenvolvimento emocional dos alunos.

Por fim, é fundamental superar a falta de comunicação eficaz entre família e escola, como apontado por Glidden (2018), que ressalta a necessidade de valores importantes no ensino não serem prejudicados pela falta de diálogo. Essa integração é essencial para construir uma educação de qualidade que prepare os alunos para enfrentar desafios sociais e políticos, contribuindo para uma sociedade mais justa e equitativa.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Ao longo desse trabalho observou-se a relevância e a necessidade da conexão família/escola no desenvolvimento educativo da criança. Percebe-se que tanto a família quanto a escola são pontos de partida que dão a base sólida para o bom desenvolvimento da criança, desta forma, quanto maior o entrosamento entre ambas, melhor será o resultado escolar. Entretanto, é necessário que a presença da família no processo educativo dos filhos seja permanente, pois a vida escolar e a familiar se complementam.

Para o completo desempenho escolar, no objetivo da aprendizagem, é necessário a presença de dois pilares imprescindíveis na vida da criança, família e escola. Para isso é importante que a escola esteja aberta para receber a família, através de reuniões que despertem o interesse desta, garantindo assim sua permanência. A partir do momento que a escola abre seu espaço, cria situações motivadoras, novas oportunidades irão oferecer para que surja uma educação melhor respaldada pela relação família/escola.

Essa parceria deve ser proposta pela escola, pois os professores são conhecidos como “especialistas da educação”. Os pais não conhecem o mecanismo da escola e nem os processos de ensino-aprendizagem desenvolvidos pela instituição, é um saber adquirido através de estudos voltados para os profissionais da educação e, além disso, cada escola vive uma realidade diferente, e do outro lado, cada família também vive uma realidade diferente. Por esse motivo essa aproximação através do diálogo torna-se fundamental para contribuição no alcance do equilíbrio no desempenho escolar da criança.

Assim, verifica-se a importância na escola orientar as famílias, através de uma comunicação eficaz, resguardando-se as diferenças culturais e tempo disponível entre outras peculiaridades domésticas, para que esta possa orientar e acompanhar seus filhos nas tarefas escolares e tarefas de casa..

Logo, vemos aí uma rica oportunidade que a escola tem como proposta, um instrumento social e educativo manter a interação entre família e escola, para encaminhar as atividades de relevância ao ensino dentro das relações pedagógicas numa gestão democrática buscando possibilidades de uma nova cultura de organização e reorganização do tempo e espaço na escola. E assim, considerando a grandeza desses eixos no âmbito educacional para o desempenho do estudante no processo de ensino- aprendizagem.

Diante dessa discussão, cabe salientar que a família é fundamental na educação de seus filhos, e que a escola está presente para garantir aprendizagem e auxiliar no processo de formação de caráter do indivíduo, sendo assim, a escola não está para substituir o papel da família de educar e impor os limites. 

Conclui-se assim, que tanto a escola como a família são referências fundamentais para o desenvolvimento da criança, quanto mais intensa, colaborativa e próxima for esta relação, mais positiva será o desempenho escolar do aluno/filho. É importante termos em mente a relevância da participação dos pais na educação e aprendizagem de seus filhos de modo consciente e permanente.

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