REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11238920
Silva, B. S. A.1
RESUMO
O conceito de eficiência energética no Brasil já é antigo e vem sendo discutido e aplicado há um bom tempo. No entanto, foram nos últimos anos que esse tema ganhou notoriedade. A energia é necessária em todos os aspectos da vida, ela está presente nos mínimos detalhes. O uso dessa energia de forma eficiente é fundamental para o desenvolvimento e a competição entre os países garantindo o desenvolvimento sustentável. Este artigo identificará a importância da aplicação da eficiência energética em um pequeno comércio, visando benefícios econômicos ao comerciante.
Palavras-Chave: Eficiência, Energia, Economia, Máquinas.
I. INTRODUÇÃO
A energia tem sido um elemento importante para o desenvolvimento humano e o crescimento econômico. O fornecimento de energia suficiente e acessível é necessário para aumentar o bem-estar humano e os padrões de vida.
A energia desempenha um papel crucial no progresso econômico, uma vez que serve como um componente essencial em praticamente todos os procedimentos de produção. À medida que a economia cresce e se desenvolve a demanda por energia aumenta proporcionalmente. Portanto, é fundamental garantir que essa necessidade seja aprimorada e suprida de maneira eficiente e econômica [1].
É de extrema importância fazer a utilização de todo o potencial de fontes renováveis disponíveis no país, visando às questões socioeconômicas, aspectos tecnológicos e sustentabilidade, além da geração de empregos e renda para a população. Baseando-se nestes dados o Governo Brasileiro, mirando reduzir o consumo da energia elétrica, vem tomando algumas iniciativas, como a criação, por exemplo, do PROCEL (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) que tem como objetivo orientar a população brasileira a utilizar de forma inteligente a energia elétrica [2].
A eficiência energética é, hoje, uma questão crucial para a humanidade. As fontes atuais de energia e padrões de uso são insustentáveis, isso se deve ao consumo cada vez maior de combustíveis fósseis, ocasionando em um enorme dano ao meio ambiente, com riscos precedentes à mudança do clima e esgotamento das reservas de petróleo [3].
Não é uma mensagem pessimista, pois logo adiante acrescenta que uma “revolução energética” é possível e desejável. Enfatizando-se uma eficiência energética muito maior e ganhando-se confiança nas energias renováveis, todos os problemas relativos aos atuais padrões de uso de energia e suas tendências podem ser mitigados.
II. ANTECEDÊNTES E CONTEXTO
O tema conservação de energia e eficiência energética começou a ser discutido seriamente na década 1970, com a primeira crise do petróleo, quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) tomou o controle do sistema de preços. Com o aumento do preço do petróleo e com a existência do cartel formado pela OPEP, em 1983, houve mudanças significativas na economia mundial [4]. Os países importadores, principalmente os subdesenvolvidos foram afetados significativamente por esse novo cenário. Os países de todo o mundo se depararam com a necessidade de mudar a maneira de utilização da energia que produziam. Dentre muitas ações, grande parte dos países desenvolvidos energodependentes incentivaram as empresas a tomarem medidas de eficientização de energia. As ações se deram principalmente na melhoria das instalações, equipamentos e auditorias energéticas [5].
Desde essa época, houve um aumento no consumo de petróleo e carvão, foram criados vários programas nucleares que resultassem em energia elétrica. Nesta época, foi criado o programa Proálcool e também houve um grande incentivo para que as usinas hidrelétricas fossem expandidas. No Brasil, alguns órgãos operam no ramo de conservação e eficiência energética. A maioria e os mais atuantes destes esses programas estão diretamente ligados ao governo, em alguns casos raros, estão relacionados de forma direta aos consumidores, são alguns desses programas: PROCEL, CONPET e PBE [6]. Após a crise de energia em 2001, começou a ser vigorada no Brasil a primeira lei referente ao assunto, designada lei n 10295, regulamentada pelo decreto nº 4059/01, estabelecendo a criação de níveis máximos de consumo de energia, ou mínimos de eficiência energética, para máquinas, aparelhos e edificações, além de identificar a necessidade de indicadores técnicos e de uma regulamentação específica que estabeleçam a obrigatoriedade dos níveis de eficiência do país [7].
Devido à percepção da importância do assunto para o Brasil, foi elaborado um Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf) que tem por objetivo fazer com que os recursos sejam melhor aplicados para que os resultados venham com maior velocidade, abrangência e amplitude.
A. Selo PROCEL
O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica foi instituído em dezembro de 1985 através da portaria nº 1.877 dos Ministérios de Minas e Energia e Indústria e Comércio (MME). A fim de promover racionalização na produção e no consumo de energia elétrica o programa tem por objetivo a disseminação de programas de eficiência energética. Coordenado pelo MME e gerido pela Eletrobrás, optou-se pela criação de diversos subprogramas para alcançar o objetivo principal, ações nas áreas de iluminação pública, industrial, saneamento, educação, edificações, prédios públicos, gestão energética municipal, informações, desenvolvimento tecnológico e divulgação, são os subprogramas de maior destaque.
Investimentos na ordem de R$1 bilhão de reais, estes oriundos de orçamentos da própria Eletrobrás e da Reserva Global de Reversão – RGR foram feitos ao longo da existência do programa. Estes investimentos resultaram até o ano de 2008 uma economia de energia de aproximadamente 32,9 TWh, acarretando uma redução de 9.538 MW na demanda de ponta. Também pode ser mensurado que se evitou investimentos de R$22.8 bilhões. O confronto destes dados mostra que economizar energia também é interessante no âmbito econômico.
B. Selo CONPET
O Programa Nacional de Racionalização de Uso de Derivados de Petróleo e Gás Natural foi instituído em 18 de julho de 1991 por Decreto Federal. Este programa inicialmente tinha o objetivo de conscientização e capacitação de pessoas bem como realizar diagnósticos em veículos de carga de passageiros [10]. Nos dias de hoje os objetivos principais são:
- Fornecer apoio técnico para o aumento da eficiência energética no uso final da energia;
- Promover pesquisa e o desenvolvimento tecnológico;
- Reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera;
- Conscientizar os consumidores sobre a importância do uso racional da energia para o desenvolvimento sustentável e melhor qualidade de vida;
- Racionalizar o consumo de derivados de petróleo e do gás natural.
C. Programa Brasileiro de Etiquetagem – PBE
O Programa Brasileiro de Etiquetagem surgiu em 1984 devido a consolidação de um protocolo entre o Ministério da Indústria e Comércio e a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE). O objetivo deste programa é municiar o consumidor de informações a respeito de consumo dos equipamentos eletrodomésticos, pois estas poderiam ter um peso na decisão de compra destes produtos.
Desta forma se prevê uma redução de consumo e assim evita-se um investimento por parte do governo em novas unidades geradoras [11].
III. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM MOTORES
Segundo dados da Eletrobrás, a indústria corresponde a 42% da energia elétrica consumida no Brasil e os motores elétricos correspondem a 70% da energia consumida na indústria. As altas tarifas de energia fazem com que as empresas busquem alternativas para poupar eletricidade, aperfeiçoar processos e reduzir custos. O investimento em Eficiência Energética é a opção que muitas delas encontraram para ter menos gastos e aumentar a competitividade no mercado [12].
O rendimento de um motor elétrico está diretamente ligado as suas perdas, tanto elétricas como mecânicas. É a relação direta entre a potência de entrada e a potência fornecida no eixo do motor elétrico. É importante que um motor tenha um rendimento alto, pois fará com que ele tenha um menor aquecimento e também indicará que ele estará aproveitando melhor a potência da rede elétrica, indicando uma economia nos gastos com energia elétrica.
Algumas empresas que fabricam motores elétricos no país possuem programas que incentivam a troca de motores elétricos ineficientes por motores com alto rendimento, a mais importante empresa que fabrica motores elétricos no Brasil, a WEG, criou um programa chamado “Plano de Troca”[13]. Este plano funciona da seguinte forma, a WEG compra motores sucateados ou com baixa eficiência pelo valor de 12% do original, só que ao invés de fazer o pagamento em espécie, os donos dos motores usados ganham créditos na empresa para usarem quando forem efetuar a compra de novos motores.
IV. CONCLUSÃO
A eficiência energética é crucial para as pequenas e médias empresas. A adoção de práticas de eficiência energética aumenta a competitividade e reduz os custos operacionais para as empresas. Estes são vitais num cenário de negócios dinâmico com orçamentos apertados.
Tendo como foco a sustentabilidade, as empresas que dão prioridade à eficiência energética alinham-se com os regulamentos e as tendências do mercado. Isto contribui tanto para a sustentabilidade ambiental como para a resiliência financeira.
As agências regionais de energia, em colaboração com os municípios e as regiões, desempenham um papel importante como agentes de mudança na condução dos esforços de adaptação climática, apoiando as empresas nestes esforços.
O conhecimento resulta na redução dos custos de energia para o desenvolvimento de negócios ou lucro. A maior compreensão do seu sistema energético permite que as empresas se adaptem a mudanças operacionais, custos crescentes ou eventos imprevistos.
REFERÊNCIAS
1 Governo do Brasil. Fontes de energia renováveis representam 83% da matriz elétrica brasileira. Disponível em: <https://www.gov.br/ptbr/noticias/energia-minerais-e-combustiveis/2020/01/fontes-de-energiarenovaveis-representam-83-da-matriz-eletrica-brasileira>.
2 PROCEL INFO. Selo Procel. Disponível em: <http://www.procelinfo.com.br/main.asp?TeamID=%7B88A19AD904C6-43FC-BA2E-99B27EF54632%7D>.
3 RIBEIRO, F. C.; NEVES, R. A.; NOGUEIRA, L. R. Eficiência Energética. Jacareí, São Paulo, 2007.
4 SILVA, D. S. ANÁLISE DO CUSTO E CONSUMO EM ENERGIA ELÉTRICA NA CADEIA PRODUTIVA DE CARNE DE SUÍNOS NO OESTE DO PARANÁ, Cascavel, Paraná, 2018.
5 SILVA, V. C. G. da; PROPOSTA DE MELHORIA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM UM SUPERMERCADO. Pato Branco, 2018.
6 MESSENGER, R.; VENTRE, J. Photovoltaic Systems Engineering. Boca Raton: CRC Press, 2010.
7 CAMACHO, M. A. Modelo para Implantação e Acompanhamento de Programa Corporativo de Gestão de Energia. Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande. 2009.
8 Empresa de Pesquisa (EPE). Matriz Energética e Elétrica. Disponívem em: <https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-eeletrica.>
9 SILVA, V. C. G. da; PROPOSTA DE MELHORIA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM UM SUPERMERCADO. Pato Branco, 2018.
10 ALTOÉ, L.; COSTA, J. M.; FILHO, D. O.; MARTINEZ, F. J. R.; FERRAREZ, A. H.; VIANA, L. de A. Políticas públicas de incentivo a eficiência energética. São Paulo, 2017.
11 JARZYNSKI. Modernização da força motriz e automação do sistema resultaram em economia de 47% no consumo de energia elétrica das centrais de óleo da Usinagem. Disponível em <https://jarzynski.com.br/blog/solucao-weg-reduz-o-consumo-deenergia-na-fabrica-da-embraco/>.
12 WEG. Eficiência Energética. Disponível em: <https://www.weg.net/institutional/BR/pt/solutions/energy-efficiency>.
13 WEG Equipamentos Elétricos S.A. Plano de Troca Weg. Jaraguá do Sul – SC, 2019.
1Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) – Itajubá-MG e-mail: beatrizstefani80@gmail.com