A IMPLEMENTAÇÃO DE RODAS DE LEITURA COMO ESTRATÉGIA PARA ESTIMULAR O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM E O FORTALECIMENTO DO VÍNCULO AFETIVO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202507141735


Linda Ester Pimentel Ramos Mendes1
Cláudia Alves da Silva Santos2
Marinalva Porto de Oliveira Guimarães3


RESUMO

Este artigo aborda a implementação de rodas de leitura como estratégia pedagógica na educação infantil. Destaca-se como essa prática contribui para o desenvolvimento da linguagem oral, compreensão auditiva e fortalecimento dos vínculos afetivos entre crianças e educadores. A pesquisa enfatiza a importância de atividades que valorizam a interação, comunicação e afetividade como elementos fundamentais na construção das aprendizagens iniciais. Além disso, são discutidas estratégias didáticas que favorecem a criação de um ambiente leitor acolhedor e participativo, destacando a relevância do planejamento pedagógico, da mediação sensível do educador e do envolvimento das famílias. A leitura é compreendida como um processo social e emocional, cuja prática, quando sistematizada e conduzida de forma empática, potencializa o desenvolvimento integral das crianças e transforma a relação com o conhecimento desde os primeiros anos escolares.

Palavras–chave: Leitura. Linguagem Oral. Compreensão Auditiva.

1- INTRODUÇÃO

A leitura exerce uma função relevante no desenvolvimento da criança pequena, especialmente quando inserida de forma sistemática e intencional nas práticas pedagógicas da educação infantil. Esse processo não se limita à aprendizagem de códigos linguísticos, mas envolve o despertar da imaginação, o estímulo à criatividade, o desenvolvimento emocional e a construção de vínculos sociais. Nesse cenário, as rodas de leitura assumem uma função estratégica e transformadora ao favorecerem o contato com a literatura de forma lúdica, compartilhada e afetiva.

Ao serem organizadas com regularidade, essas rodas possibilitam que as crianças vivenciem experiências leitoras em um ambiente acolhedor, onde o escutar e o ser escutado ganham centralidade. A escuta coletiva e a participação ativa contribuem para o aprimoramento da oralidade, a ampliação do vocabulário e o desenvolvimento da escuta atenta e respeitosa. A mediação do educador, por sua vez, influencia diretamente o envolvimento do grupo, pois por meio de entonações, expressões corporais e estratégias de interação, promove-se um clima de encantamento e interesse pela narrativa.

Mais do que uma atividade didática, a roda de leitura configura-se como um espaço relacional, onde o afeto, a escuta sensível e o olhar individualizado estabelecem conexões profundas entre adultos e crianças. Essa proximidade emocional, construída durante a leitura, contribui para a formação de vínculos significativos que repercutem positivamente no bem-estar, na autoestima e na motivação para aprender. Ao mesmo tempo, os livros funcionam como mediadores simbólicos, permitindo que as crianças se reconheçam nas histórias, compreendam melhor suas emoções e construam sentidos sobre o mundo que as cerca.

Dessa forma, as rodas de leitura tornam-se mais do que uma estratégia metodológica, pois representam uma oportunidade potente de desenvolver a linguagem e de fortalecer vínculos afetivos na primeira infância. Sua implementação requer planejamento, sensibilidade e escuta atenta, além do reconhecimento da leitura como um direito e como uma experiência essencial à constituição do sujeito. 

Assim, este artigo propõe analisar a prática das rodas de leitura na educação infantil como instrumento formativo e afetivo, destacando seus efeitos no desenvolvimento da linguagem e na promoção de relações mais humanas no espaço escolar.

2- DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

A roda de leitura representa um espaço privilegiado para a promoção do desenvolvimento linguístico durante a infância. Ao participar de atividades que envolvem narração, escuta e diálogo, a criança vivencia experiências que favorecem a internalização de estruturas linguísticas, a ampliação do vocabulário e a organização do pensamento por meio da linguagem. Para Capovilla (2020) o contato frequente com a leitura de histórias estimula a curiosidade verbal, despertando o interesse pelo som das palavras, pela estrutura das frases e pela expressividade da linguagem oral.

As interações promovidas nas rodas de leitura favorecem o desenvolvimento da escuta ativa, habilidade essencial para o processo comunicativo. Nesse contexto, a criança aprende a respeitar o turno de fala, a interpretar diferentes entonações e a responder de maneira coerente às falas do outro. O desenvolvimento dessas competências contribui para a construção da autonomia verbal e para a formação de sujeitos capazes de se expressar com clareza em diferentes situações sociais. Pois: 

O desenvolvimento da linguagem é um processo interativo que envolve a exposição da criança à linguagem oral em contextos significativos, favorecendo a aquisição progressiva de vocabulário, estruturas sintáticas e habilidades comunicativas (Barbosa, 2021, p. 67).

O enriquecimento do vocabulário ocorre de forma gradual e espontânea durante a escuta de histórias. O educador, ao realizar a leitura em voz alta, introduz termos e expressões que muitas vezes não fazem parte do cotidiano infantil, possibilitando a ampliação do repertório linguístico. Essa exposição constante a novas palavras favorece a compreensão e o uso apropriado da linguagem em contextos diversos, promovendo a progressiva sofisticação da fala infantil.

Além do desenvolvimento da linguagem oral, as rodas de leitura também preparam as crianças para o letramento futuro. Segundo Maia (2015) o contato com a estrutura dos textos, com a disposição gráfica das páginas e com a direção da leitura contribui para a formação de hipóteses sobre a escrita, mesmo antes do domínio do código alfabético. A familiarização com livros e com práticas sociais de leitura reforça o interesse pela linguagem escrita e fortalece os processos iniciais da alfabetização.

Durante as rodas de leitura, a linguagem torna-se veículo de pensamento e emoção. As crianças, ao ouvirem histórias e comentarem sobre elas, desenvolvem a capacidade de organizar ideias, de argumentar e de expressar sentimentos. Esse exercício constante da linguagem contribui para a construção de narrativas próprias, estimulando a criatividade, a memória e a capacidade de sequenciar acontecimentos de forma lógica.

A mediação do educador tem papel essencial no processo de desenvolvimento linguístico. Por meio de estratégias como perguntas instigadoras, reformulações de fala, valorização das produções infantis e incentivo à participação, o educador potencializa o uso da linguagem e cria um ambiente estimulante para o diálogo. Essas intervenções qualificam a experiência linguística das crianças e fortalecem a construção de competências comunicativas desde os primeiros anos de vida escolar (Maia, 2015).

Ademais, as rodas de leitura promovem a integração entre linguagem e imaginação. Ao se envolverem com os personagens, cenários e enredos das histórias, as crianças ativam processos simbólicos fundamentais para a construção do pensamento abstrato e da linguagem narrativa. Essa articulação entre fantasia e realidade fortalece a capacidade de criação e favorece o desenvolvimento de uma linguagem mais elaborada e expressiva. Pois:

O desenvolvimento da linguagem não ocorre de forma isolada, mas se constrói gradualmente através das interações sociais que a criança estabelece com adultos e com outras crianças. É no contexto das trocas comunicativas, especialmente em ambientes ricos em estímulos verbais e afetivos, que a linguagem se organiza, adquire significado e torna-se ferramenta fundamental para a construção do pensamento, para a expressão dos sentimentos e para a mediação com o mundo (Pereira, 2022, p. 103).

A presença constante da leitura em grupo favorece também a percepção da linguagem como instrumento de interação social. As crianças compreendem que por meio da fala é possível compartilhar ideias, construir consensos, resolver conflitos e estabelecer relações afetivas. Essa dimensão social da linguagem amplia a competência comunicativa e contribui para a formação de sujeitos mais participativos e reflexivos.

Portanto, a roda de leitura configura-se como um espaço intencional de desenvolvimento linguístico, onde a criança tem a oportunidade de experimentar a linguagem em suas múltiplas funções: expressiva, comunicativa, simbólica e cognitiva. Para Capovilla (2020) a prática sistemática dessa atividade fortalece as bases da oralidade e favorece o processo de alfabetização, preparando a criança para interações mais complexas ao longo de sua trajetória educacional.

3- FORTALECIMENTO DO VÍNCULO AFETIVO

A roda de leitura, ao criar um ambiente de acolhimento e escuta, favorece o fortalecimento do vínculo afetivo entre educadores e crianças. Esse momento compartilhado de escuta e imaginação coletiva estabelece uma conexão emocional que ultrapassa a simples atividade pedagógica. A presença constante do educador como figura de referência durante essas práticas transmite segurança, afeto e reconhecimento, essenciais para o bem-estar emocional da criança (Bezerra, 2020).

Durante a leitura, o tom de voz, a expressão facial e a entonação adotada pelo educador desempenham uma função importante na criação de um ambiente afetivo positivo. Esses elementos comunicativos não verbais sinalizam atenção e cuidado, fazendo com que a criança se sinta valorizada e ouvida. A repetição dessas experiências fortalece laços de confiança e contribui para a formação de um relacionamento estável, respeitoso e empático entre adultos e crianças. Vale ressaltar que: 

A construção do vínculo afetivo entre educadores e crianças é um processo contínuo, que se estabelece no cotidiano por meio de interações sensíveis, escuta atenta e acolhimento emocional. Esse vínculo fortalece a segurança afetiva da criança, promovendo um ambiente de confiança que favorece a aprendizagem, a autonomia e a formação da autoestima. A afetividade, quando reconhecida como parte integrante das práticas pedagógicas, transforma o espaço escolar em um lugar de pertencimento e cuidado (Lima, 2021, p. 58).

A afetividade presente nas rodas de leitura torna-se elemento estruturante na formação da identidade infantil. A criança que participa ativamente desses momentos constrói representações positivas sobre si mesma, desenvolvendo autoestima e segurança para interagir com o mundo. Ao perceber que suas ideias, sentimentos e opiniões são acolhidos durante a leitura, fortalece-se o sentimento de pertencimento e importância no grupo.

A escuta sensível do educador, associada ao convite para que as crianças expressem seus pensamentos, emoções e interpretações, cria um espaço de diálogo que valoriza a individualidade e estimula a empatia. Segundo Sousa (2023) essa dinâmica contribui para o desenvolvimento socioemocional, uma vez que possibilita à criança aprender a se colocar no lugar do outro, reconhecer diferentes sentimentos e respeitar as diversas formas de expressão.

O compartilhamento de histórias também proporciona às crianças oportunidades de identificação com personagens, situações e conflitos narrativos, o que favorece a elaboração de suas próprias vivências emocionais. Por meio das narrativas, a criança acessa conteúdos simbólicos que ajudam a compreender e nomear emoções complexas, desenvolvendo gradualmente habilidades de autorregulação emocional e construção de repertório afetivo.

A roda de leitura, ao promover a convivência em grupo, reforça ainda os laços afetivos entre as próprias crianças. Na visão de Bezerra (2020) o ato de ouvir juntas, rir, se emocionar ou refletir sobre uma história fortalece os vínculos interpessoais e desenvolve a capacidade de partilhar experiências. Esse sentimento coletivo de pertencimento contribui para o clima positivo da turma e para o fortalecimento das relações sociais.

Além disso, o vínculo afetivo estabelecido nesses momentos serve de base segura para a aprendizagem. Quando a criança se sente emocionalmente acolhida, torna-se mais receptiva à exploração do conhecimento, ao enfrentamento de desafios e à superação de dificuldades. O afeto, portanto, potencializa os processos de ensino e aprendizagem, funcionando como mediador entre o sujeito e os conteúdos escolares. Entretanto:

Os vínculos afetivos formam a base sobre a qual se estruturam as experiências de aprendizagem na infância. Quando a criança se sente segura emocionalmente, estabelece relações de confiança com o educador e com os colegas, o que favorece sua autonomia, curiosidade e participação nas atividades. A afetividade não é um adorno do processo educativo, mas um elemento constitutivo das relações que se constroem no espaço escolar (Carvalho, 2020, p. 91).

A constância das rodas de leitura, aliada à escuta ativa e ao respeito mútuo, permite que a afetividade seja cultivada de forma intencional no ambiente escolar. Esse cultivo do vínculo não ocorre de maneira espontânea, mas exige intencionalidade, planejamento e sensibilidade por parte do educador. Ao investir nesses momentos, promove-se não apenas o fortalecimento emocional das crianças, mas também o desenvolvimento de valores fundamentais como solidariedade, respeito, generosidade e cooperação.

Assim, o fortalecimento do vínculo afetivo por meio das rodas de leitura transcende a dimensão da aprendizagem formal, posicionando-se como elemento essencial para o desenvolvimento integral na educação infantil. Segundo Sousa (2023) trata-se de uma prática que reconhece a criança como sujeito de direitos, digno de atenção, escuta e afeto, consolidando a escola como espaço de cuidado, vínculo e humanização.

4- ESTRATÉGIAS EFICIENTES PARA A IMPLEMENTAÇÃO

A implementação eficaz das rodas de leitura na educação infantil exige intencionalidade pedagógica, planejamento estruturado e sensibilidade por parte do educador. Uma das estratégias iniciais envolve a seleção criteriosa dos livros. É necessário considerar a faixa etária, os interesses das crianças, a complexidade da linguagem e a presença de elementos visuais que favoreçam a compreensão do enredo. Histórias que abordem valores, sentimentos e situações do cotidiano infantil tendem a gerar maior identificação e envolvimento por parte do grupo (Silva, 2023).

Outro ponto fundamental diz respeito ao ambiente onde a roda de leitura ocorre. Um espaço aconchegante, silencioso e livre de distrações favorece a concentração e a escuta ativa. Almofadas, tapetes, iluminação suave e a disposição em círculo contribuem para criar uma atmosfera de acolhimento e pertencimento, estimulando a participação e o conforto emocional das crianças.

A implementação de práticas pedagógicas significativas exige planejamento, mediação qualificada e sensibilidade para adaptar as estratégias às necessidades do grupo. A escolha dos recursos, o cuidado com o ambiente e a intencionalidade nas interações são elementos centrais para garantir o envolvimento das crianças e a efetividade da ação educativa (Alves, 2021, p. 75).

A rotina e a regularidade das rodas também são determinantes para a consolidação dessa prática. Ao integrar a leitura ao cotidiano escolar, cria-se uma expectativa positiva nas crianças, que passam a perceber esse momento como parte essencial do dia. A previsibilidade, nesse caso, atua como facilitadora da organização emocional e do engajamento.

Conforme Santos (2023) a mediação do educador constitui uma das estratégias mais importantes para a efetividade das rodas de leitura. Sua postura deve aliar sensibilidade afetiva e domínio didático. Cabe a ele conduzir a leitura de maneira expressiva, respeitando os tempos da escuta e incentivando a participação espontânea das crianças. A entonação vocal, as pausas dramáticas e o uso de gestos tornam a narrativa mais envolvente e favorecem a compreensão textual.

Além da leitura propriamente dita, a exploração posterior da história fortalece os aprendizados. De acordo com Silva (2023) estratégias como a recontagem oral, dramatizações, produções artísticas e rodas de conversa sobre os sentimentos dos personagens ampliam as possibilidades de interpretação e expressão. Essas atividades complementares enriquecem a experiência leitora e aprofundam a conexão das crianças com o conteúdo abordado.

A valorização das contribuições infantis durante e após a leitura fortalece a autoestima e estimula o uso da linguagem. Ao acolher perguntas, observações e relatos das crianças, o educador demonstra respeito pelas suas percepções e promove um ambiente favorável ao diálogo. Essa escuta ativa permite que a leitura se torne um espaço de construção coletiva de significados.

A eficácia de uma prática pedagógica não depende unicamente do conteúdo trabalhado, mas da forma como ela é planejada, conduzida e ressignificada no cotidiano. Estratégias bem-sucedidas na educação infantil envolvem escuta ativa, adaptação constante às necessidades do grupo e criação de contextos interativos, nos quais a criança se sinta pertencente e motivada a participar. A organização do tempo, do espaço e dos materiais é parte fundamental desse processo (Mendes, 2020, p. 119).

Outro recurso eficiente envolve a utilização de materiais de apoio, como fantoches, imagens, objetos simbólicos e elementos sonoros. Esses estímulos sensoriais contribuem para a construção de sentidos e tornam a leitura mais lúdica e memorável. A utilização desses elementos deve, no entanto, manter relação com a narrativa e ser empregada de forma equilibrada, para não sobrecarregar a atenção das crianças.

A diversidade de gêneros textuais é outro aspecto importante a ser considerado. A apresentação de contos, parlendas, poemas, cantigas, adivinhas e textos informativos enriquece o repertório literário e amplia o contato com diferentes estruturas linguísticas. Essa diversidade contribui para o desenvolvimento da linguagem e da imaginação, além de estimular o prazer pela leitura (Silva, 2023).

O envolvimento da família no processo também pode ser uma estratégia complementar de grande valor. Enviar livros para casa, promover encontros literários com os responsáveis ou estimular a leitura compartilhada em ambientes familiares favorece a continuidade do trabalho realizado na escola e fortalece os vínculos afetivos por meio da leitura. Pois:

Planejar ações pedagógicas na educação infantil requer mais do que selecionar conteúdos: exige sensibilidade para reconhecer o contexto, flexibilidade para ajustar as intervenções e criatividade para envolver as crianças de maneira significativa. As estratégias mais eficientes são aquelas que respeitam o tempo da infância, promovem a escuta ativa e criam experiências compartilhadas de aprendizagem, sempre ancoradas na afetividade e na mediação consciente do educador” (Ferreira, 2022, p. 88).

O registro reflexivo da prática pelo educador possibilita a avaliação e o aprimoramento contínuo das estratégias utilizadas. Anotar as reações das crianças, os comentários mais significativos e os aspectos que demandam adaptação contribui para tornar a prática mais consciente, sensível e responsiva às necessidades do grupo.

Dessa forma, Santos (2023) defende a implementação eficiente das rodas de leitura e exige um conjunto articulado de ações que envolvem planejamento, sensibilidade, criatividade e escuta ativa. Ao integrar essas estratégias, o educador amplia o potencial pedagógico da leitura e promove experiências ricas e transformadoras na infância.

5- CONCLUSÃO

A análise sobre a implementação de rodas de leitura na educação infantil revela que essa prática transcende os objetivos meramente pedagógicos, configurando-se como um instrumento essencial para o desenvolvimento global da criança. As rodas de leitura contribuem significativamente para a ampliação do repertório linguístico, a melhoria das habilidades comunicativas e a construção de um ambiente emocionalmente seguro e acolhedor, onde os vínculos afetivos entre educadores e crianças são fortalecidos de maneira orgânica e contínua.

Ao proporcionar momentos de escuta, troca e expressão, as rodas de leitura favorecem o surgimento de relações mais humanas, empáticas e respeitosas no cotidiano escolar. O ato de compartilhar histórias possibilita a criação de sentidos coletivos, a valorização das experiências infantis e o incentivo ao protagonismo desde os primeiros anos de vida. O ambiente de confiança e afetividade estabelecido durante essas práticas amplia a receptividade das crianças aos processos de aprendizagem e favorece a constituição de sujeitos críticos, sensíveis e participativos.

A efetividade dessa estratégia, no entanto, depende da intencionalidade do educador, do planejamento das ações e do olhar atento às necessidades e singularidades do grupo. A escolha criteriosa dos textos, a escuta ativa, a mediação afetiva e o envolvimento das famílias constituem pilares fundamentais para a consolidação dessa proposta.

Diante disso, reafirma-se a importância de que as rodas de leitura estejam integradas de forma contínua e estruturada ao cotidiano das instituições de educação infantil, sendo compreendidas não como atividades complementares, mas como práticas centrais para a formação plena das crianças. Investir em leitura desde os primeiros anos é, portanto, investir na construção de um projeto educativo sensível, humanizado e comprometido com o desenvolvimento integral e com a valorização da infância em sua totalidade.

REFERÊNCIAS

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BEZERRA, R. O. Desenvolvimento da linguagem oral na Educação Infantil: um olhar sobre as interações verbais no cotidiano escolar. Revista Brasileira de Educação, v. 25, 2020.

CAPOVILLA, F. C. Psicolinguística: o processamento cognitivo da linguagem. São Paulo: Memnon, 2020.

CARVALHO, R. C. Afeto e aprendizagem na infância: construindo relações de confiança na escola. Porto Alegre: Penso, 2020.

FERREIRA, M. A. Planejamento e práticas pedagógicas na educação infantil: caminhos possíveis. São Paulo: Vozes, 2022.

LIMA, R. F. Afetividade na educação infantil: vínculos, escuta e relações. São Paulo: Cortez, 2021.

MAIA, M A. R. (Org.). Psicolinguística, Psicolinguísticas: Uma Introdução. São Paulo: Contexto, 2015.

MENDES, F. O. Educação infantil em foco: planejamento, ambiente e práticas significativas. Curitiba: Intersaberes, 2020.

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SILVA, J. P. Implementação de tecnologias em saúde no Brasil: análise de orientações federais. Ciência e Saúde Coletiva, 2023.

SOUSA, A. P. S. A linguagem como instrumento de mediação no desenvolvimento infantil: uma abordagem histórico-cultural. Revista Psicologia Escolar e Educacional, v. 27, 2023.


1CPF: 752.437.765-72, RG: 055272.9329
2CPF: 613.395.985-15, RG: 06.057.462-30
3CPF: 752.437.845-91, RG: 06.057.413-52