A GINÁSTICA LABORAL NA PREVENÇÃO E MELHORIA DOS DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO

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Rafael Pinheiro Da Silva;

Autores:
Rafael Pinheiro da Silva1; Luiza Ingrid Cavalcante de Araújo2; Marines Almeida Fernandes3; Nicole Coimbra Simonetti de Souza4; Beni Ramon Lima de Oliveira 5; Raquel Fernanda Nascimento Cabral6; Denílson da Silva Veras7.

Artigo apresentado pelos discentes Rafael Pinheiro da Silva, Beni Ramon Lima de Oliveira, Luiza Ingrid Cavalcante de Araújo, Marines Almeida Fernandes, Nicole Coimbra Simonetti de Souza e Raquel Fernanda Nascimento Cabral como exigência parcial para obtenção do grau de bacharel em fisioterapia sob orientação do professor Dr. Denílson da Silva Veras.


DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a Deus, que me presenteia todos os dias com a energia da vida, que me dá forças e coragem para atingir os meus objetivos. Dedico também a minha mãe, pelo exemplo de coragem e simplicidade em suas metas, e com muito carinho me ensinou o caminho da justiça.


RESUMO

Objetivo: Analisar a atuação da ginástica laboral na prevenção e melhoria dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Métodos: Foram feitas buscas nas bases de dados LILACS (Literatura Latinoamericana e do Caribe em Ciências da Saúde), SciELO (Biblioteca Científica Eletrônica em Linha) e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) para publicações relevantes a partir de 2006 até setembro de 2021 utilizando os descritores “doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho” e “ginástica laboral”. Resultados: Os resultados corroboraram com a literatura, foram incluídos 11 estudos e os relatos encontrados sugeriram ter ocorrido benefícios gerados pelo programa, principalmente em relação diminuição de algias. Conclusão: a evidência mostra que a intervenção fisioterapêutica em ambientes ocupacionais permite minimizar os impactos negativos das funções realizadas pelos indivíduos através de sessões de GL.

Palavras chaves: Doenças Osteomusculares Relacionadas Ao Trabalho; Ginástica Laboral.

ABSTRACT

Objective: To analyze the role of labor gymnastics in the prevention and improvement of work-related musculoskeletal disorders. Methods: LILACS (Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences), SciELO (Online Electronic Scientific Library) and BVS (Virtual Health Library) databases were searched for relevant publications from 2006 to September 2021 using the descriptors “workrelated musculoskeletal diseases” and “labor gymnastics”. Results: The results corroborate the literature, 11 studies were included and the reports found suggested that there were benefits generated by the program, mainly in relation to pain reduction. Conclusion: the evidence shows that physical therapy intervention in occupational environments allows to minimize the negative impacts of functions performed by individuals through GL sessions.

Keywords: Work-Related Musculoskeletal Diseases; Labor Gymnastics.

1 INTRODUÇÃO

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) explica que as doenças relacionadas ao trabalho são aquelas que ocorrem como resultado de uma exposição a fatores de risco implícitos a uma atividade profissional. Elas são classificadas como epidemias ocultas, e representam perdas financeiras para as empresas e trabalhadores, bem como, para o desenvolvimento econômico dos países, já que há uma perda de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Além disso tais disfunções causam 2,02 milhões de mortes por ano (DOSEA, OLIVEIRA & LIMA, 2016).

No Brasil a lista de doenças profissionais é composta por uma relação de agentes patogênicos ou de risco, a que estão expostos os trabalhadores em certas atividades, isso facilita comprovação do nexo causal. No entanto, ao adentrarmos no universo das doenças relacionadas ao trabalho existe uma problemática complexa, pois o nexo causal nem sempre está bem definido e acometem vários grupos de trabalhadores (LEITE, SILVA & MERIGHI, 2007).

Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) se destacam dentre as doenças que possuem forte associação com o trabalho, eles agrupam diversas doenças, em diferentes segmentos corporais, e estão diretamente ligados com o movimento no trabalho, tendo em comum a expressão da dor, com intensidades variadas. É importante destacar que fatores psicossociais associados ao ambiente de trabalho podem contribuir no desenvolvimento dos DORT, especialmente no trabalho monótono, controlado por pressões de produtividade, e quase sem apoio social. Os trabalhos que exigiam uma variedade de movimentos por longos ciclos, foram substituídos por máquinas em linhas de produção, com ciclos mais curtos, no entanto com um grau maior de tarefas e com esforços repetitivos e monótonos (DOSEA, OLIVEIRA & LIMA, 2016).

Dados da União Europeia apontam que 53% do total de doenças ocupacionais registradas são distúrbios musculoesqueléticos e em 50% das situações levam a faltas no trabalho por período superior a três dias. Nos Estados Unidos, tais distúrbios são responsáveis por 29% do total de doenças e acidentes que levam ao afastamento do trabalho. No Brasil, existe uma indisponibilidade de dados minuciosos, entretanto há estudos que possibilitam visualizar uma estimativa aproximada da gravidade do quadro. A Previdência Social registrou as doenças osteomusculares como o grupo de maior incidência na concessão de benefícios do tipo auxílio-doença (ASSUNÇÃO & ABREU 2017).

Os DORT retratam evidencias importantes das condições de trabalho impostas a muitos trabalhadores de diversas ocupações atualmente. Tais distúrbios são multicausais, que surgem a partir de um conjunto de fatores da situação de trabalho, atingindo aspectos psicológicos, biológicos e sociais (DALE & DIAS, 2018). O Ministério da Saúde e o Ministério da Previdência Social consideram a seguinte lista para o reconhecimento de doenças relacionadas ao trabalho passíveis de serem reconhecidas como DORT: Sinovites e tenossinovites, Dedo em gatilho, Tenossinovite do estilóide radial (Tenossinovite de De Quervain); Outras sinovites e tenossinovites; Sinovites e tenossinovites não especificadas; Síndrome cervicobraquial; Dorsalgia; cervicalgia; Ciática; Lumbago com ciática; Transtornos dos tecidos moles concernentes ao uso, o uso excessivo e a pressão, de origem ocupacional; Outros transtornos dos tecidos moles que tem relação com o uso, o uso excessivo e a pressão; Transtorno não especificado dos tecidos moles relacionados com o uso, o uso excessivo e a pressão; Sinovite crepitante crônica da mão e do punho; Bursite da mão; Bursite do olecrano; Outras bursites do cotovelo; Fibromatose da fáscia palmar (contratura ou moléstia de Dupuytren); Lesões do ombro; Capsulite adesiva do ombro (ombro congelado, periartrite do ombro); Síndrome do manguito rotador ou síndrome do supra-espinhoso; Tendinite biciptal; Tendinite calcificante do ombro; Bursite do ombro; Outras lesões do ombro; Lesões do ombro não-especificadas; Outras entesopatias; Epicondilite medial; Epicondilite lateral (cotovelo de tenista), Outros transtornos especificados dos tecidos moles que não possuem classificação em outra parte (inclui mialgia) (LIVRAMENTO, FRANCO & LIVRAMENTO, 2010).

A ergonomia tem desenvolvido um papel essencial na prevenção dessas afecções, permitindo a avaliação das condições e ambientes de trabalho, propondo e implementando soluções técnicas (relacionadas a mudanças nos equipamentos e ambientes físicos) e administrativas (relacionadas à programação de pausas e rodízios e mudanças na organização e conteúdo das atividades), assim reduzindo a frequência das doenças, os custos financeiros com indenizações e o sofrimento dos trabalhadores. Além disso, programas de ginástica laboral têm sido implementados com grande regularidade nas empresas como um método de prevenção dos DORT (MACIEL et al., 2005).

A associação Brasileira de Ginástica Laboral conceitua a GL como sendo um programa de exercícios que possui uma curta duração, entre 5 e 15 minutos, que é executada no ambiente de trabalho tendo como principais objetivos a diminuição e/ou a compensação da carga gerada pelo trabalho nas estruturas musculoesqueléticas; a melhoria da percepção corporal e da postura, contribuindo assim para a redução dos índices de acidente de trabalho e afastamentos; e a promoção da educação em saúde e estilo de vida ativo (ABGL, 2012).

A importância da prevenção de doenças osteomusculares vai além de aspectos físicos, pois tais doenças podem refletir na saúde mental do funcionário e desencadear transtornos mentais. Os cofres públicos e privados estimam que os prejuízos causados pelos afastamentos dos funcionários por causa de atestados médicos chegam a R$ 12,5 bilhões anuais para as empresas e em mais de R$ 20 bilhões anuais para os contribuintes (LAUX et al., 2016).

O tratamento e a reabilitação de pacientes com DORT exigem uma abordagem multidisciplinar, porém a fisioterapia é na maioria das vezes, o primeiro e único procedimento terapêutico acessível e pode ser uma etapa de longa duração no tratamento desses trabalhadores (MENDES & LANCMAN, 2010).

O presente estudo tem por objetivo reforçar pesquisas já existentes em relação a temática escolhida, pois chama a atenção para um problema muito comum no mundo do trabalho que são os Distúrbios Osteomusculares. Apesar de existirem outros projetos que visam a qualidade de vida, a pesquisa delimitou-se a analisar a ginástica laboral como forma de prevenção e melhoria das DORT.

2 METODOLOGIA

O estudo trata-se de uma revisão sistemática com o objetivo de analisar o conjunto de publicações referentes a ginástica laboral e as doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho. Os artigos foram selecionados nas Bases de Dados LILACS (Literatura Latinoamericana e do Caribe em Ciências da Saúde), SciELO (Biblioteca Científica Eletrônica em Linha) e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), utilizando os descritores “doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho” e “ginástica laboral”. Os critérios de inclusão estabelecidos foram artigos publicados entre 2006 e 2021 em português e inglês e pesquisas encontradas na íntegra nas bases de dados selecionadas. Os critérios de exclusão focaram-se nos estudos de artigos que apresentaram informações ambíguas, difusas ou distorções de dados, bem como aqueles que fugiram da proposta do tema abordado e artigos de revisão sistemática. Também foram excluídas pesquisas em idiomas diferentes do português e do inglês e publicadas fora do período indicado.

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3 RESULTADOS

AUTOROBJETIVOPOPULAÇÃO DO ESTUDO E INTERVENÇÃORESULTADOS
Andrade & Couto, 2006Analisar se o desenvolvimento de doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho pode ser reduzido através da intervenção fisioterapêutica.Estudo de caso com 28 funcionários de uma indústria têxtil por meio de uma abordagem Quanti/qualitativa. Esses trabalhadores foram submetidos, primeiramente, a uma avaliação ocupacional e, em seguida, a um período de 4 meses de ginástica laboral duas vezes por semana com duração de 15 a 20 minutos, vivências e palestras.Na reavaliação, quatro meses após, observou-se diminuição do número de funcionários com: cistos sinoviais em região posterior de punho, tendinite do supraespinhoso, síndrome de De Quervain e do túnel do carpo, além da queda em 92% da incidência de atestados médicos relacionados com doenças do trabalho.
Martins & Barreto, 2007Apresentar os resultados obtidos por um grupo de funcionários do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, Campus São Carlos, submetidos à prática da Ginástica Laboral, os resultados obtidos na capacidade, flexibilidade e melhoria da qualidade de vida.Implantação de um programa de GL entre os anos 2002 e 2004 envolvendo 13 funcionários que executam suas funções na posição sentada, utilizando como recurso o computador, mesa, cadeira, papéis, canetas e telefone. A frequência da GL variou entre duas e quatro vezes por semana com 20 minutos de duração.Os resultados indicaram que o programa demonstrou-se efetivo na melhoria da qualidade de vida dos funcionários do IFSC não só devido à melhora de desempenho nos testes de sentar e alcançar (verificado por meio do Teste T student) e flexiteste, mas também pela redução da incidência de dores musculares e/ou posturais durante o trabalho e ao acordar.
Resende et al., 2007Avaliar os efeitos da GL sobre as queixas dos trabalhadores quando a mesma é aplicada por fisioterapeutas ou por monitores (funcionários).A amostra foi composta por 24 funcionários de um teleatendimento, divididos em dois grupos: turno manhã (n=10) e turno tarde (n=14). A prática orientada tinha duração de 15 minutos, 4 vezes semanais, em um período de 4 meses, perfazendo um total de 68 sessões de GL.Foi constatada uma melhora significante na percepção de dor do grupo de funcionários orientados pelo fisioterapeuta (p=0,034), além da melhora da disposição para o trabalho, da interação com os colegas e satisfação com a empresa, diminuição do estresse e do cansaço. Conclusão: O programa de GL pode ser visto como mais uma ferramenta para o beneficio da saúde e bem-estar dos trabalhadores atuando em um nível de prevenção primária.
Diniz et al., 2008Verificar registros de queixas musculares no serviço de saúde da fábrica, e avaliar a força de preensão palmar após a realização da GL, nos auxiliares de produção.A amostra foi constituída por 55 trabalhadores, divididos aleatoriamente em 2 grupos: grupo teste (GT) com n = 28, submetidos a 45 sessões de GL durante 2 meses com uma frequência de 5 vezes por semana por 15 minutos, e um grupo controle (GC), n = 27, não realizando nenhuma intervenção.Verificou-se, uma redução de 26,25% no número de queixas de dores musculares no GT em relação ao GC. Na dinamometria, foi observado um aumento significativo de 4,78 Kgf (p = 0,0042) na mão direita, e 4,84 (p = 0,0077) na mão esquerda após a GL realizada pelo GT, quando comparada com o GC. A GL, quando aplicada de forma adequada, regularmente e associada à ergonomia, pode ser eficaz na prevenção das doenças e dores musculares ocupacionais.
Ferracini & Valente, 2010Avaliar a presença de sintomas musculoesqueléticos e os efeitos de um programa de grupo laboral (GL) em funcionários do setor administrativo do hospital Santa Casa de Misericórdia de São José do Rio Preto.Participaram do estudo 15 funcionários, para os quais foram aplicados dois questionários abordando os aspectos ergonômicos do trabalho e dados pessoais, antes e após o programa. Foram realizadas três sessões semanais de GL, com duração de 10 minutos, totalizando 24 sessões.Identificou-se que o segmento corporal mais utilizado eram os membros superiores, e que, previamente ao programa de ginástica, a dor musculoesquelética estava presente em 73,3% dos entrevistados, mas apenas 46,6% continuaram a apresentar sintoma doloroso após a prática de exercícios durante o trabalho.
Candotti, Stroschein & Noll, 2011Verificar o efeito da Ginástica Laboral (GL) sobre a dor nas costas e sobre os hábitos posturais de trabalhadores que ficam por longos períodos na posição sentada.Participaram 30 trabalhadores do setor administrativo, divididos em grupo controle (n=15) e grupo experimental (n=15), sendo este submetido a sessões de GL durante três meses com duração de 15 minutos três vezes por semana.Os resultados demonstraram que a GL proporcionou diminuição da intensidade e frequência da dor referida aos trabalhadores do grupo experimental, e mudança do hábito postural durante o trabalho, melhorando a postura sentada.
Brito & Martins, 2012Verificar a percepção dos trabalhadores sobre a flexibilidade do tronco e quadril, além de demais fatores relacionados a um estilo de vida fisicamente ativo e saudável após a aderência ao Programa de Ginástica Laboral da Universidade Federal da Paraíba.A pesquisa foi qualitativa, com natureza descritiva. Foram oferecidas aulas de Ginástica Laboral durante dois meses, com uma frequência de três vezes por semana. A população abrangeu servidores de alguns setores da reitoria, sendo a amostra composta por 10 trabalhadoresOs resultados corroboraram com a literatura, visto que os relatos sugeriram ter ocorrido benefícios gerados pelo programa, principalmente em relação às dores, disposição, flexibilidade do tronco e do quadril, alimentação saudável e relacionamento interpessoal.
Machado Junior et al., 2012Identificar as queixas musculoesqueléticas de trabalhadores de uma instituição financeira, praticantes e não praticantes de ginástica laboral, por meio do questionário do mapa corporal.Participaram do estudo 16 funcionários, que s foram divididos em dois grupos: praticantes e não praticantes de atividades de ginástica laboral proporcionada pela empresa duas vezes na semana, com duração de 15 minutos.O grupo da ginástica laboral mostrou resultados positivos apenas para a análise da região cervical (p = 0,049), sendo as queixas nesta região mais leves (44,44%; n = 4) quando comparadas às apresentadas pelos indivíduos não praticantes de ginástica laboral. As práticas em ginástica laboral, não foram suficientes para diferenciar a intensidade das queixas musculoesqueléticas na maioria das regiões corporais analisadas, indicando a necessidades de adequação das atividades realizadas visando maior efetividade em termos musculoesqueléticos.
Freitas-Swerts & Robazzi, 2014Avaliar o efeito de um programa de Ginástica Laboral compensatória em trabalhadores, visando a redução do estresse ocupacional e da dor osteomuscular.Pesquisa de delineamento quaseexperimental, com análise quantitativa dos dados, realizada com 30 trabalhadores administrativos de uma instituição pública de ensino superior. A pesquisa ocorreu em três etapas: pré-teste que constou da aplicação dos questionários aos sujeitos; ginástica laboral com frequência de duas vezes semanais, duração de 15 minutos cada, no período de 10 semanas; pós-teste em que os sujeitos responderam novamente aos questionários.Constatou-se presença de estresse ocupacional nos trabalhadores avaliados, entretanto, sem redução estatisticamente significativa dos escores após a ginástica laboral. Contudo, houve redução álgica estatisticamente significativa em pescoço, cervical, costas superiores, médias e inferiores, coxa direita, perna esquerda, tornozelo direito e pés.
Martins, Zicolau & Cury- Boaventura, 2015Investigar o efeito de um programa de ginástica laboral (PGL) na flexibilidade, força e sintomas osteomusculares nos trabalhadores dos setores almoxarifado (GTA) e administrativo (GTAD).Vinte e seis trabalhadores do sexo masculino foram selecionados aleatoriamente: dezesseis GTA e dez GTAD. Aplicamos os questionários de atividade física e de sintomas osteomusculares e avaliamos a flexibilidade e força de preensão manual antes e após seis meses da PGL por 15 minutos entre duas a três vezes por semana.O PGL diminuiu o número de queixas de parestesias e dormência dos membros superiores e no corpo total no GTA. O PGL reduziu o número de queixas de parestesias e dormência dos membros superiores no GTAD. Além disso, o PGL melhorou a flexibilidade da cervical, do tronco e do ombro esquerdo no grupo GTA e a flexibilidade da cervical e ombro e força de preensão no grupo GTAD. O PGL contribuiu para melhoria da flexibilidade e



queixas osteomusculares nas regiões corporais com maiores índices de lesões provenientes do trabalho.
Laux et al., 2016Analisar a influência de um programa de ginástica laboral (PGL) na redução da quantidade de atestados de uma empresa de tratamento de resíduos industriais da cidade de Chapecó-SC.A amostra foi composta por 31 sujeitos, Todos os dados foram coletados a partir dos prontuários dos funcionários. O PGL foi desenvolvido duas vezes na semana por 10 minutos durante 12 meses contínuos.Os resultados apontam uma diminuição na quantidade total de atestados (51,52%), por doenças sistêmicas (43,48%) e por doenças osteomusculares (55,56%) no período de desenvolvimento do PGL. Conclui-se portanto, que com a diminuição no número de atestados, houve também melhoria na saúde e qualidade de vida de seus praticantes.

4 DISCUSSÃO

Dentre os 11 estudos selecionados, 3 dividiram a amostra em grupo experimental e grupo controle (Diniz et al., 2008; Candotti, Stroschein & Noll, 2011; Machado Junior et al., 2012), os demais aplicaram a GL em todos os funcionários participantes da pesquisa.

Diniz et al., 2008 foi o estudo com o maior número amostral, 55 participantes, divididos em dois grupos: o grupo teste, contendo 28 sujeitos, submetido a GL e o grupo controle, contendo 27 sujeitos que não realizou a GL. As sessões de GL foram aplicadas antes da jornada de trabalho, por 15 minutos, no período de setembro a outubro de 2003, com uma frequência de 5 vezes semanais, sendo direcionada de acordo com os grupos musculares mais requisitados. A pesquisa analisou o número de registros no serviço de saúde da fábrica, por queixas de dores musculares, através da Escala Analógica Visual da Dor, durante os dois meses de pesquisa. Observou-se uma redução de 26,25% no total das queixas de dores musculares do grupo teste quando comparados ao grupo controle. Um resultado semelhante foi apresentado por Candotti, Stroschein & Noll, 2011 que observaram que para o grupo experimental, composto por 15 trabalhadores, houve diminuição das intensidades mais altas de dor em todos os segmentos (braço, punho-mão, pescoço, costas e perna) enquanto que para o grupo controle, também composto por 15 trabalhadores, a intensidade da dor durante o trabalho permaneceu com poucas alterações em todos os segmentos corporais. Neste estudo o período da GL foi de três meses, porém, somente três vezes na semana realizada no horário de 7h45min às 8h, nas segundas, quartas e sextas-feiras. As sessões consistiram em exercícios de alongamento (estáticos e dinâmicos), de mobilizações articulares, de exercícios de flexibilidade, resistência e relaxamento, com ênfase nos membros superiores e coluna cervical, visando preparar os trabalhadores para as atividades laborais que iriam iniciar. No estudo de Machado Junior et al., 2012 as práticas em ginástica laboral eram realizadas duas vezes na semana com duração de 15 minutos no final do expediente de trabalho com exercícios voltados para alongamentos que priorizam a cadeia posterior, principalmente para a região do pescoço e membros superiores. Os resultados apresentados com relação às queixas musculoesqueléticas dos trabalhadores que enfocam os membros superiores (ombros, braços, cotovelos, antebraço, punhos e mãos) e a região do tronco (cervical, região superior e do meio das costas e lombar), não foram suficientes para diferenciar a intensidade das queixas musculoesqueléticas na maioria das regiões corporais analisadas, porém mostrou resultados positivos apenas para a análise da região cervical no grupo experimental composto por 8 trabalhadores. Já o grupo controle, com 8 trabalhadores também, relatou queixas de maior intensidade na região cervical. Para as outras regiões do tronco (superior, meio e lombar) não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas com relação à intensidade em cada grupo.

Ferracini & Valente, 2010 avaliaram a presença de sintomas musculoesqueléticos e os efeitos de um programa de grupo laboral (GL) em 15 funcionários do setor administrativo de um hospital. Foram realizadas três sessões semanais de GL, com duração de 10 minutos sendo constituída por exercícios de alongamento, voltados aos grupos musculares mais requisitados na atividade profissional. A dor musculoesquelética estava presente em 73,3% dos entrevistados, mas apenas 46,6% continuaram a apresentar sintoma doloroso após a prática de exercícios durante o trabalho. Corroborando com os achados de Ferracini & Valente, 2010, os estudos de Martins & Barreto, 2007, Resende et al., 2007, Brito & Martins, 2012 e Freitas-Swerts & Robazzi, 2014 tiveram quase os mesmos resultados, sendo que Martins & Barreto, 2007 realizaram a pesquisa por um período mais longo (três anos) envolvendo 13 funcionários e a frequência da GL variou entre duas e quatro vezes por semana com 20 minutos de duração. Resende et al., 2007 compôs a amostra por 24 funcionários de um teleatendimento, com prática de GL que tinha duração de 15 minutos divididos em 5 (cinco) minutos de alongamento corporal, 5 (cinco) minutos de exercícios de fortalecimento muscular e 5 (cinco) minutos de relaxamento, 4 vezes semanais, em um período de 4 meses. Brito & Martins, 2012 realizaram um estudo qualitativo, com natureza descritiva, onde foram oferecidas aulas de Ginástica Laboral durante dois meses, com uma frequência de três vezes por semana, sendo enfatizados exercícios de alongamento, relaxamento, atividades lúdicas, massagens e atendimento individualizado, a amostra composta por 10 trabalhadores. A pesquisa de Freitas-Swerts & Robazzi, 2014 foi realizada com com 30 trabalhadores do setor administrativo e dividida em m três etapas – primeira: préteste que constou da aplicação dos questionários aos sujeitos, segunda: ginástica laboral com frequência de duas vezes semanais, duração de 15 minutos cada, no período de 10 semanas, com aplicação de exercícios posturais, estabilização segmentar e alongamento segmentar e em cadeias musculares, terceira: pós-teste em que os sujeitos responderam novamente aos questionários.

O estudo de caso realizado com 28 funcionários por Andrade & Couto, 2006 mostrou que houve uma diminuição do número de trabalhadores com cistos sinoviais em região posterior de punho, tendinite do supraespinhoso, síndrome de De Quervain e do túnel do carpo, além da queda em 92% da incidência de atestados médicos relacionados com doenças do trabalho. A GL aplicada para esses funcionários pelo período de 4 meses, duas vezes por semana com duração de 15 a 20 minutos, envolvendo exercícios de relaxamento e auto-alongamento muscular. Laux et al., 2016 também concluiu em sua pesquisa que houve redução de atestados médicos após a aplicação da GL em uma empresa de tratamento de resíduos industriais. Sua amostra foi composta por 31 sujeitos, e a GL foi desenvolvida duas vezes na semana por 10 minutos durante 12 meses contínuos.

Martins, Zicolau & Cury- Boaventura, 2015 investigaram o efeito de um programa de ginástica laboral aplicado por seis meses durante 15 minutos entre duas a três vezes por semana, na flexibilidade, força e sintomas osteomusculares nos trabalhadores dos setores almoxarifado e administrativo. Como resultado eles encontraram que o programa diminuiu o número de queixas de parestesias e dormência dos membros superiores e no corpo total nos trabalhadores do almoxarifado e reduziu o número de queixas de parestesias e dormência dos membros superiores dos trabalhadores do setor administrativo.

5 CONCLUSÃO

É possível concluir, através dos resultados apresentados, que a ginástica laboral contribui de maneira significativa para diminuição e prevenção das doenças relacionadas ao trabalho. Porém, é necessário atentar para o modo como essa prática é feita além da duração e frequência de seus participantes. Acredita-se que este estudo contribuiu para a comprovar que a implantação da intervenção fisioterapêutica em ambientes ocupacionais permite minimizar os impactos negativos das funções realizadas pelos indivíduos através de sessões de GL. No entanto, é preciso agregar a essas sessões questões educativas, informação e encorajamento para maior alcance do público alvo. Apesar dos resultados positivos encontrados, faz-se necessário a realização de novos estudos sobre essa temática, investigando outros setores com variadas funções além dos que foram aqui apresentados e averiguando a eficácia da GL em resultados quantitativos.

REFERÊNCIAS

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