REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202412050738
Antonildo Oliveira Rodrigues1
Mílvio da Silva Ribeiro2
RESUMO
Este artigo analisa a formação de professores nos anos iniciais do Ensino Fundamental, destacando os desafios enfrentados por esses profissionais na educação básica. Apesar do elevado número de professores formados anualmente, a educação no Brasil continua a enfrentar problemas significativos, principalmente relacionados à qualificação dos docentes. A pesquisa aponta que a perpetuação de um modelo educacional tradicional, que prioriza métodos pedagógicos ultrapassados e pouco inovadores, limita a formação de profissionais capazes de promover uma educação mais criativa e reflexiva. Esse modelo muitas vezes não prepara os professores para lidar com as novas demandas e contextos educacionais emergentes, resultando em práticas de ensino que não atendem plenamente às necessidades dos alunos. Para melhorar a qualidade da educação, é essencial investir em uma formação contínua e transformadora de educadores, que os preparem para serem agentes de mudança eficazes. Programas de desenvolvimento profissional devem ser mais do que atualizações técnicas; devem fomentar a reflexão crítica e a adaptação às novas metodologias e abordagens pedagógicas. Assim, a formação continuada se torna fundamental para capacitar os professores a enfrentar os desafios contemporâneos e contribuir para uma educação mais eficaz e inovadora.
Palavras-chave: Desenvolvimento, capacitação, metodologia, avaliação, treinamento, formação.
ABSTRACT
This article examines the training of teachers in the early years of Elementary Education, highlighting the challenges faced by these professionals in basic education. Despite the high number of teachers graduating annually, education in Brazil continues to face significant issues, primarily related to teacher qualification. The research indicates that the perpetuation of a traditional educational model, which prioritizes outdated and minimally innovative pedagogical methods, limits the development of professionals capable of promoting more creative and reflective education. This model often does not prepare teachers to handle new demands and emerging educational contexts, resulting in teaching practices that do not fully meet students’ needs. To improve education quality, it is essential to invest in continuous and transformative teacher training that prepares educators to be effective change agents. Professional development programs should be more than technical updates; they should foster critical reflection and adaptation to new methodologies and pedagogical approaches. Thus, ongoing professional development becomes crucial for empowering teachers to face contemporary challenges and contribute to more effective and innovative education.
Keywords: Development, training, methodology, evaluation, training, training.
Resumen
Este artículo analiza la formación de docentes en los primeros años de la Educación Primaria, destacando los desafíos que enfrentan estos profesionales en la educación básica. A pesar del elevado número de profesores graduados anualmente, la educación en Brasil sigue enfrentando problemas significativos, principalmente relacionados con la cualificación de los docentes. La investigación indica que la perpetuación de un modelo educativo tradicional, que prioriza métodos pedagógicos obsoletos y poco innovadores, limita la formación de profesionales capaces de promover una educación más creativa y reflexiva. Este modelo a menudo no prepara a los profesores para enfrentar las nuevas demandas y contextos educativos emergentes, lo que resulta en prácticas de enseñanza que no satisfacen plenamente las necesidades de los estudiantes. Para mejorar la calidad de la educación, es esencial invertir en una formación continua y transformadora de los educadores, que los prepare para ser agentes de cambio efectivos. Los programas de desarrollo profesional deben ser más que actualizaciones técnicas; deben fomentar la reflexión crítica y la adaptación a nuevas metodologías y enfoques pedagógicos. De este modo, la formación continua se convierte en fundamental para capacitar a los docentes a enfrentar los desafíos contemporáneos y contribuir a una educación más eficaz e innovadora.
Palabras clave: Desarrollo, formación, metodología, evaluación, formación, formación.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo busca apresentar um panorama abrangente sobre a formação dos professores nos anos iniciais do Ensino Fundamental, destacando como esses profissionais enfrentam as adversidades do meio educacional nos tempos atuais. O foco é nos educadores da educação básica, formados por Cursos Normal Médio e/ou Superior, bem como em Cursos de Pedagogia. Este estudo retoma a discussão com um olhar reflexivo e inquietante, mais pedagógico, considerando a formação atual desses educadores, especialmente à luz das transformações significativas que a educação tem atravessado nos últimos três anos.
Apesar do alto número de professores formados anualmente, a realidade educacional no Brasil permanece preocupante. Esta situação nos leva a refletir sobre os motivos dessa problemática persistente, mesmo com a abundância de profissionais na área. Um dos principais desafios identificados é a qualificação insuficiente dos professores, tema que continua a ser debatido intensamente. A questão central que emerge é: por que ainda não conseguimos formar profissionais competentes, criativos e reflexivos?
A resposta pode residir na estrutura da educação tradicional, que muitas vezes não se preocupa em formar indivíduos para a vida, mas sim em perpetuar métodos antiquados. A necessidade de uma ação contínua de formação, que prepare educadores para serem agentes de transformação, é imperativa. Sem essa mudança de paradigma, continuaremos a formar profissionais que não atendem plenamente às demandas da educação moderna.
A opção por essa temática é para retratarmos como vem transcorrendo a formação dos profissionais da educação e como os mesmos vêm atuando, objetivando primordialmente identificarmos que tipos de profissionais estão sendo formados para atuar em nossas escolas e em contrapartida conscientizá-los da importância da formação continuada para a atuação docente.
A realidade da educação brasileira é contraditória, pois alunos saem do Ensino Fundamental, semianalfabetas e dentre os vários motivos, está a precária e lamentável formação de seus professores.
Conforme dados publicados por Borges (2013), em 2011, o número de educadores sem curso superior (530.029) representava um quarto do total. Apesar disso, as diferenças regionais ainda persistem. Grande parte dos docentes com formação precária atua no Nordeste. Quase metade dos educadores com apenas o diploma de ensino médio regula – 50 mil dos 115 mil do País – leciona nas salas de aula nordestinas. Sendo que a Bahia é um dos Estados com mais problemas de formação dos docentes. Dos 157 mil professores, 1.150 têm apenas o ensino fundamental (13,8% de todos que estão nessa condição); 19 mil cursaram apenas o ensino médio regular e ,8 mil não passaram do curso normal (magistério). Apenas a metade cursou uma faculdade.
Assim, buscamos esclarecer alguns pontos centrais que norteiam a formação do professor do Ensino Fundamental, salientando que a formação docente nem sempre é primazia nas políticas públicas brasileira e sendo esse mais um dos motivos contribuintes para que o índice de aprendizagem infantil ser tão baixa, acarretando assim a defasagem no ensino público de qualidade.
Segundo Rodrigues (2013), no Brasil, 92% das crianças e adolescentes de 4 a 17 anos frequentam escolas, ou seja, outros 3,6 milhões estão sem estudar. Apenas no Sudeste há 1,2 milhão de pessoas nessa faixa etária que não vão às aulas. São Paulo, o Estado mais rico da Federação, tem o maior número absoluto de crianças e adolescentes não atendidos, 575 mil.
Partindo desses dados, constata-se que a educação não vem contemplando o que está implícito na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB Lei N° 9.394, de 20 de dezembro de 1996:
Art. 4° O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma, a) pré-escola; b) ensino fundamental; c) ensino médio.
Conforme o Ministério da Educação, em se tratando da formação e a prática docente:
É preciso garantir que todos os do magistério detenham qualificação mínima indispensável para o exercício de si funções. De outro, assegurar que esse requisito formal est pleno de conteúdo, isto é, que a formação inicial des. profissionais seja de qualidade, condição indispensável para garantir a excelência da Educação Básica no País (Bras, p. 161, 2006).
Os cursos de formação de professores dos anos iniciais, como Normal Médio e Pedagogia em especial, buscam preparar os futuros educadores para atuar nas diversas situação decorrentes do ambiente escolar, todavia esses cursos não conseguem prover todos os desafios impostos por uma sociedade que se encontra em constantes transformações.
Vale ressaltar que é indispensável a formação continuada do educador, seja no campo da produção do conhecimento, seja no campo da avaliação dos embasamentos, ou do agir situações diversas. As deficiências pedagógicas e curriculares inerentes ao processo formação desses profissionais da educação devem-se muitas vezes a falta de políticas públicas eficientes voltadas para essa categoria. Políticas capazes de contemplar toda dinâmica educacional vinculada com seus fundamentos teóricos e práticos.
De acordo com Borges (2013), os números divulgados no Censo Escolar 2012 mostram que 22% dos 2.101.408 professores brasileiros – 459 mil – não chegaram à universidade. Desse total, 8.339 terminaram apenas o ensino fundamental, 115.456 concluíram o ensino médio regular e 335.418, o magistério. Entre os 1,6 milhão diplomados, 223.777 não cursaram licenciatura, modalidade que prepara professores. É na educação infantil que trabalha grande parte dos professores sem formação superior. Dos 443,4 mil professores dessa etapa, 36,4% não se graduaram. De acordo com a LDB é permitido que um professor que concluiu apenas o magistério lecione nessa fase, mas 10% dos docentes sequer têm essa formação mínima.
Outra questão que conturba a docência é a responsabilidade que a família e a sociedade “depositam” sobre a prática do professor; questões de responsabilidade familiar estão sendo transferidas para escola, o que revoga em discrepância no ambiente educacional.
A questão da formação docente é realmente algo bastante inquietante e que precisa urgentemente ser repensada, porque são cada vez menos os que se interessam pela profissão, o que levou o “Ministério da Educação preparar um programa de incentivo para que os jovens do ensino médio possam seguir carreira acadêmica na área de ciências ou se tornar professor de educação básica, principalmente nas áreas de matemática, química, física e biologia. Segundo o MEC, o programa terá como meta atender 100 mil estudantes do ensino médio, além de 10 mil alunos de graduação em cursos de licenciatura” (G1, 2013).
De acordo com o Plano Nacional de Educação – PNE, citado pelo Ministério da Educação:
A melhoria da qualidade do ensino, que é um dos objetivos centrais do Plano Nacional de Educação, somente poderá ser alcançada se for promovida, ao mesmo tempo, a valorização do magistério. Sem esta, ficam baldados quaisquer esforços para alcançar as metas estabelecidas em cada um dos níveis e modalidades do ensino. Essa valorização só pode ser obtida por meio de uma política global de magistério, a qual implica, simultaneamente:*formação profissional inicial; *condições de trabalho, salário e carreira; *formação continuada (Brasil, p. 136, 2006).
Esta citação destaca a interdependência entre a qualidade do ensino e a valorização dos profissionais da educação. A formação inicial sólida é fundamental para garantir que os professores entrem na carreira com uma base robusta de conhecimentos e habilidades. Além disso, as condições de trabalho, incluindo salários justos e perspectivas de carreira, são essenciais para manter esses profissionais motivados e comprometidos com sua missão educacional. A formação continuada, por sua vez, assegura que os professores possam se atualizar e adaptar suas práticas pedagógicas às novas demandas e desafios educacionais.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para obtenção das informações contidas no respectivo artigo, utilizamos subsídios literários disponíveis nos diferentes meios midiáticos, tais como: livros, revistas, jornais, artigos, experiências de caso advindas de estágios obrigatórios, dentre outros sendo realizados estudos reflexivos sobre a temática abordada.
2.1 professor e sua prática pedagógica
A transição de uma formação individual para uma formação em equipe é um processo complexo e difícil de ser concretizado. Existe uma diferença significativa entre possuir conhecimento e saber como transmiti-lo. Muitos educadores não estão adequadamente preparados para conduzir o conhecimento aos alunos (Pacheco, 2007).
É a partir da socialização entre o grupo que fluirá o conhecimento e uma aprendizagem verdadeiramente significativa. A opção pelo diálogo entre as equipes seja no âmbito escolar ou social, nem sempre se faz presente, e esse fator vem impedindo-os de progredirem para um caminho de melhoria.
Nesse sentido, a LDBEN, citada por Oliveira et al. (2008, p. 6),
procura assegurar a formação inicial e continuada dos profissionais da educação. Entretanto, elevar a formação de todos os profissionais ao nível superior, conforme regulamenta a lei, não é garantia de uma formação completa que resulte em qualidade na docência. É necessário que o professor desenvolva competências articuladas às capacidades, às habilidades e aos saberes que orientam a sua prática pedagógica.
Envolver o aluno nas atividades de sala de aula vem sendo um desafio constante para muitos professores. Assim entendemos que o processo de aprendizagem é considerado como resultado da ação do aprendiz e se este não acontece expressivamente, verifica-se que a ação pedagógica de fato não aconteceu. Daí cabe ao professor, criar situações de aprendizagem onde o aluno possa participar de maneira interativa e que faça sentido para ele, todo esse processo cognitivo. Nesse contexto, o educador precisa estar preparado para lidar com a diversidade com a qual se depara no contexto educacional. Caso contrário, não cumprirá o seu verdadeiro papel de educar para a cidadania, para enfrentar as adversidades do mundo contemporâneo. Educar vai muito além da transmissão do conhecimento, muda histórias, saberes e até mesmo futuro.
Desejar seguir padrões de ensino remotos, legitimou o futuro de muitos discentes ao fracasso escolar. Essa realidade, infelizmente, ainda se faz presente em diversas escolas do nosso país. Não querer admitir esse lapso é uma questão quase impossível para aqueles que se consideram “donos” da verdade. Compete lembrar que ser professor pedagogo ou de outras áreas do conhecimento, não significa ser detentor de todo o saber.
Evidentemente, somos seres inacabados, em construção, e precisamos estar atentos às transformações decorrentes do processo de civilização do homem.
Não obstante, pode haver aprendizagem partindo das experiências de vida de cada discente, ou seja, partindo do conhecimento prévio de cada um. Engana-se aquele que pensa que só há aprendizagem dentro de uma sala de aula, e apenas nesse ambiente isolado pode desenvolver suas habilidades e competências, sendo que, a cada dia aprendemos algo de novo no ambiente no qual estamos inseridos.
De maneira nenhuma podemos ignorar ou mesmo não dá importância ao saber extraído do convívio onde está inserido, pois cada pessoa nos proporciona um saber diferente dos demais.
A partir do momento que novos horizontes vão se abrindo, vão surgindo novas dúvidas saberes e respostas, e é aí que o aluno está interagindo com o conteúdo, e que algo de bom est: permanecendo. Quando há o mero repasse de informações, não será nada mais, além de algo de novo no ambiente no qual estamos inseridos.
De maneira nenhuma podemos ignorar ou mesmo não dá importância ao saber extraído do convívio onde está inserido, pois cada pessoa nos proporciona um saber diferente dos demais.
A partir do momento que novos horizontes vão se abrindo, vão surgindo novas dúvidas, saberes e respostas, e é aí que o aluno está interagindo com o conteúdo, e que algo de bom está permanecendo. Quando há o mero repasse de informações, não será nada mais, além de algo efêmero.
Quando o ensino é significativo, e o docente desenvolve suas potencialidades, sua prática pedagógica se converte em uma experiência agradável e de extrema relevância para a utilização da didática de sala de aula.
Conforme Melo (2007, p. 21), a formação de professores não é parte da solução, e sim parte do problema de qualidade da educação básica”. No que se refere as competências profissionais e habilidades básicas deve haver total preparação dos que regem os cursos de formação de professores, pois são seus métodos e técnicas que preparam o educador do amanhã.
2.2 Competências e habilidades necessárias para professores dos anos iniciais
Nos parágrafos a seguir, serão abordadas algumas das competências e habilidades essenciais para o professor dos anos iniciais do ensino fundamental. Estas incluem o desenvolvimento de competências socioemocionais para a gestão eficaz da sala de aula, o domínio de metodologias didáticas e pedagógicas para atender às diversas necessidades dos alunos, o entendimento dos conhecimentos teóricos fundamentais como a psicologia do desenvolvimento infantil e as teorias da aprendizagem, além de habilidades práticas e aplicadas no planejamento e organização do currículo e no uso de recursos e tecnologias educacionais. Estas áreas são cruciais para a formação de professores capazes de proporcionar uma educação de qualidade e de promover o desenvolvimento integral de seus alunos.
O desenvolvimento de competências socioemocionais é crucial para a formação de professores dos anos iniciais do ensino fundamental, pois essas habilidades impactam diretamente a qualidade do ambiente de aprendizado. Uma gestão eficaz de sala de aula envolve técnicas e estratégias que criam um ambiente positivo e inclusivo, onde todos os alunos se sentem valorizados e motivados a participar ativamente. Segundo De Oliveira (2019) Os aspectos socioemocionais são cruciais porque ajudam os indivíduos a perseguirem seus objetivos, tomarem decisões conscientes e traçarem metas. Eles também fomentam a resiliência em situações adversas, permitindo que as pessoas desempenhem um papel ativo e central no seu próprio desenvolvimento.
Dessa forma, tanto os professores, quanto os alunos, se tornam protagonistas de suas jornadas de crescimento pessoal e profissional. Para isso, os professores do ensino fundamental precisam ser capazes de estabelecer regras claras e justas, promover a colaboração entre os alunos e resolver conflitos de maneira construtiva. Técnicas como o uso de reforços positivos, a implementação de rotinas diárias estruturadas e a adaptação de abordagens pedagógicas às necessidades individuais dos alunos são fundamentais para manter a ordem e o engajamento.
Além disso, a promoção do engajamento dos alunos requer que os professores desenvolvam a capacidade de entender e responder às emoções e comportamentos dos estudantes. A inteligência emocional é essencial para reconhecer sinais de desmotivação, frustração ou ansiedade, permitindo que o professor intervenha de maneira apropriada. Estratégias como o uso de círculos de diálogo, a prática da escuta ativa e a criação de um ambiente de confiança e respeito mútuo ajudam a fortalecer a conexão entre o professor e os alunos, favorecendo um clima de sala de aula mais harmonioso e produtivo. Com essas competências, os professores não apenas facilitam a aprendizagem acadêmica, mas também contribuem significativamente para o desenvolvimento emocional e social das crianças, preparando-as para enfrentar os desafios futuros.
O domínio de metodologias didáticas e pedagógicas também é essencial para os professores dos anos iniciais do ensino fundamental, pois permite a implementação de estratégias de ensino diversificadas que atendem às necessidades de todos os alunos. As abordagens de ensino ativo, como a aprendizagem baseada em projetos (ABP), envolvem os alunos de maneira prática e colaborativa, incentivando-os a resolver problemas reais e a aplicar seus conhecimentos em contextos significativos. Segundo Rêgo e Garcia (2020),
As tecnologias e metodologias aportam o conteúdo do professor e também criam novos desafios didáticos tendo como combustíveis a criatividade, curiosidade e imaginação, apoiadas em processos intencionais, sistemáticos e de recontextualização capazes de garantir a qualidade da educação. (Rêgo; Garcia, 2020, p. 6)
Por esta razão, o uso de recursos multimídia, como vídeos educativos, jogos interativos e ferramentas digitais, enriquece o processo de ensino-aprendizagem, tornando-o mais dinâmico e atraente. Essas metodologias ajudam a manter os alunos engajados, promovendo uma compreensão mais profunda dos conteúdos e o desenvolvimento de habilidades críticas e criativas.
Vale citar também que a avaliação e o feedback são componentes essenciais de um ensino eficaz, pois permitem monitorar o progresso dos alunos e orientar seu desenvolvimento contínuo. As técnicas de avaliação formativa, como observações em sala de aula, discussões em grupo e autoavaliações, oferecem insights valiosos sobre a aprendizagem dos alunos durante o processo de ensino, possibilitando ajustes imediatos nas estratégias pedagógicas. Já a avaliação somativa, através de provas, trabalhos e projetos, fornece uma visão mais abrangente do desempenho dos alunos ao final de um período de aprendizagem. O feedback construtivo, baseado em avaliações claras e criteriosas, é fundamental para ajudar os alunos a identificar suas forças e áreas de melhoria, incentivando a autorreflexão e a autossuperação. Ao dominar essas metodologias, os professores não apenas promovem o sucesso acadêmico, mas também contribuem para o desenvolvimento integral de seus alunos.
O conhecimento teórico fundamental, como a psicologia do desenvolvimento infantil, é essencial para os professores dos anos iniciais do ensino fundamental, pois proporciona uma compreensão profunda das etapas do desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças. Entender como os alunos progridem em cada uma dessas áreas permite que os professores adaptem suas estratégias de ensino para atender às necessidades específicas de cada fase de desenvolvimento. Por exemplo, reconhecer que crianças em idade pré-escolar estão desenvolvendo habilidades básicas de linguagem e socialização pode levar os professores a criar atividades que promovam a interação e a comunicação. Além disso, a compreensão dos diferentes ritmos de desenvolvimento ajuda os professores a identificar e apoiar alunos que possam estar enfrentando desafios específicos, criando um ambiente de aprendizado mais inclusivo e eficaz.
O conhecimento das teorias da aprendizagem é igualmente vital para a prática pedagógica. Teorias como o construtivismo, behaviorismo e sócio-interacionismo oferecem diferentes perspectivas sobre como as crianças aprendem e como os professores podem facilitar esse processo. O construtivismo, por exemplo, sugere que os alunos constroem seu próprio conhecimento através de experiências e interações, o que implica a necessidade de atividades de aprendizado ativo e exploratório na sala de aula. O behaviorismo enfatiza o papel do reforço e da prática repetida na aquisição de novas habilidades, enquanto o sócio-interacionismo destaca a importância das interações sociais e culturais no desenvolvimento cognitivo. Ao aplicar essas teorias de maneira integrada, os professores podem criar um ambiente de aprendizagem diversificado e adaptável, que não apenas promove a aquisição de conhecimentos, mas também o desenvolvimento de habilidades críticas e sociais.
Desenvolver habilidades práticas e aplicadas é essencial para os professores dos anos iniciais do ensino fundamental, começando com o planejamento e a organização do currículo. A capacidade de elaborar planos de aula eficazes envolve não apenas a seleção de conteúdos apropriados, mas também a organização dessas informações de maneira coerente e alinhada aos objetivos educacionais. Um bom planejamento deve considerar a progressão dos temas, o tempo necessário para cada atividade e a diversidade das metodologias de ensino, garantindo que todas as áreas do conhecimento sejam abordadas de forma equilibrada. Além disso, o planejamento deve incluir estratégias para avaliar o progresso dos alunos e ajustar as atividades conforme necessário, criando um ambiente de aprendizagem adaptável e responsivo às necessidades dos estudantes.
O uso de recursos e tecnologias educacionais é outra habilidade prática crucial para os professores modernos. A competência no uso de ferramentas digitais, como softwares educativos e plataformas de ensino online, permite que os professores enriqueçam o processo educativo e tornem as aulas mais interativas e envolventes. Recursos multimídia, como vídeos, animações e jogos educativos, podem ser integrados ao currículo para ilustrar conceitos de maneira mais dinâmica e acessível. Além disso, tecnologias educacionais facilitam a personalização do ensino, oferecendo recursos que atendem a diferentes estilos e ritmos de aprendizagem. A familiaridade com essas ferramentas também capacita os professores a preparar seus alunos para um mundo cada vez mais digital, desenvolvendo habilidades tecnológicas que serão fundamentais no futuro acadêmico e profissional dos estudantes.
2.3 Formação Continuada e Desenvolvimento Profissional: uma proposta a se pensar
A formação continuada e o desenvolvimento profissional são essenciais para que os professores dos anos iniciais do ensino fundamental se mantenham atualizados e preparados para enfrentar os desafios educacionais. A necessidade de formação contínua surge da evolução constante do conhecimento e das práticas pedagógicas. Participar de programas de aperfeiçoamento permite que os professores se atualizem sobre as últimas pesquisas em educação, novas metodologias de ensino e mudanças nas diretrizes curriculares, resultando em uma prática educativa mais eficaz e inovadora. De acordo com Imbernón (2004),
[…] qualquer intenção sistemática de melhorar a prática profissional, crenças e conhecimentos profissionais, com o objetivo de aumentar a qualidade docente, de pesquisa e de gestão. Esse conceito inclui o diagnóstico técnico ou não de carências das necessidades atuais e futuras do professor como membro de um grupo profissional e o desenvolvimento de políticas, programas e atividades para a satisfação dessas necessidades profissionais. (Imbernón, 2004, p. 45)
De acordo com Imbernón (2004), a melhoria contínua da prática profissional dos professores deve ser uma intenção sistemática que abrange não apenas o aperfeiçoamento de habilidades, mas também das crenças e conhecimentos profissionais. Esse enfoque visa aumentar a qualidade do ensino, da pesquisa e da gestão educacional, essencial para formar um corpo docente altamente competente e adaptável. A abordagem de Imbernón enfatiza a necessidade de um diagnóstico preciso das carências e necessidades dos professores, considerando tanto aspectos técnicos quanto as demandas futuras. Esse diagnóstico permite uma compreensão profunda das áreas que requerem desenvolvimento, facilitando a criação de estratégias eficazes para a evolução profissional dos educadores.
Nesse contexto, o desenvolvimento de políticas, programas e atividades específicas para atender a essas necessidades torna-se crucial. Programas de aperfeiçoamento profissional são essenciais para fornecer aos professores as ferramentas e conhecimentos necessários para aprimorar sua prática. Esses programas não apenas abordam as deficiências identificadas, mas também antecipam desafios futuros, preparando os professores para um ambiente educacional em constante mudança. A participação em tais programas promove um ciclo contínuo de aprendizado e crescimento, capacitando os educadores a se manterem atualizados com as melhores práticas e inovações pedagógicas, resultando em uma educação de maior qualidade para os alunos.
Ainda sobre os programas de aperfeiçoamento, como cursos de especialização, oficinas e seminários, oferecem aos professores a oportunidade de expandir seu conhecimento em áreas específicas. Esses programas abordam temas variados, desde novas abordagens de alfabetização até estratégias para inclusão de alunos com necessidades especiais. Muitos desses programas incluem componentes online, tornando-os mais acessíveis e flexíveis para os professores, permitindo que conciliem o desenvolvimento profissional com suas responsabilidades na sala de aula.
Daniel Ribas (2008), ao analisar as competências docentes, diante da, em suas palavras, “entrada massificante de novas tecnologias”, aborda em um parágrafo de seu artigo, o qual aqui será referenciado, sobre as competências necessárias para um professor, diante deste cenário de mudanças de paradigmas e concepções socias de interação e na própria ação do viver, pois, como previsto por ele no início do século XXI, esta introdução tecnológica afetaria também o cenário educativo. Por esta razão, há a necessidade deste incremento de habilidades e competências na prática do professor, e vale lembrar que não somente diante das novas tecnologias, mas esta citação pode ser correlacionada aos novos desafios na educação especial, entre outras diversas mudanças que ocorrem no seio da sociedade, que impactam diretamente todo contexto educacional, por isso vale citar:
O novo profissional da educação universitária deve ser alguém criativo, competente e comprometido com o advento das novas tecnologias. Outrossim, o novo profissional precisa interagir em meio à sociedade do conhecimento; para tanto, é necessário tanto repensar a educação quanto buscar os fundamentos para o uso dessas novas linguagens. Essas novas linguagens causam grande impacto na educação e determinam uma nova cultura na sociedade, novos valores e diferentes necessidades aos educadores, tanto no sistema presencial quanto à distância. (Ribas, 2008, p. 1-2)
A citação de Ribas (2008) ressalta a importância de que o novo profissional da educação universitária seja criativo, competente e comprometido com a incorporação das novas tecnologias. Esse perfil é crucial em um mundo onde a tecnologia está transformando rapidamente todos os aspectos da sociedade, incluindo a educação. A habilidade de utilizar novas ferramentas tecnológicas não só facilita o ensino e a aprendizagem, mas também enriquece a experiência educacional, tornando-a mais interativa e acessível. Além disso, a criatividade e a competência técnica são necessárias para inovar e adaptar as metodologias de ensino às demandas contemporâneas, garantindo que os alunos estejam bem preparados para o futuro.
3 METODOLOGIA
Optamos pelo método indutivo, permitindo a análise de conclusões gerais a partir de observações específicas dos sujeitos envolvidos. O método utilizado neste estudo foi fundamental para orientar os procedimentos e alcançar os objetivos estabelecidos.
A pesquisa adotou uma abordagem bibliográfica, esta possibilitou a análise e síntese de pesquisas e teorias existentes sobre o tema. A pesquisa adota uma natureza qualitativa, buscando compreender profundamente o problema em questão. Os dados coletados foram analisados utilizando técnicas de análise qualitativa, buscando identificar padrões, tendências e insights relevantes sobre a prática pedagógica e a formação continuada dos professores.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Interagir eficazmente na sociedade do conhecimento exige que os educadores repensem a educação de forma abrangente, buscando fundamentos sólidos para lidar com novas linguagens tecnológicas e as crescentes complexidades sociais. Essas mudanças não apenas introduzem novas ferramentas, mas também novas culturas, valores e necessidades que desafiam os educadores a se adaptarem. Os profissionais da educação precisam desenvolver competências digitais, mas também habilidades sociais e culturais, para integrar essas mudanças de forma eficaz em suas práticas pedagógicas. Este processo contínuo de adaptação é crucial para que os educadores possam atender às expectativas de uma sociedade em transformação e preparar seus alunos para enfrentar os desafios de um mundo diversificado e em constante mudança.
O impacto das novas tecnologias no desenvolvimento profissional dos professores é também fundamental. As tecnologias digitais proporcionam acesso a uma vasta gama de recursos educacionais e ferramentas inovadoras. Plataformas de aprendizagem online, webinars e comunidades de prática virtual permitem a colaboração e o compartilhamento de experiências entre professores de diferentes locais. Além disso, a familiaridade com essas tecnologias melhora a capacidade dos professores de integrá-las em suas aulas e de ensinar em ambientes de aprendizagem híbridos ou online, preparando-os para atender às demandas do século XXI.
É fundamental desenvolver políticas públicas voltadas para os futuros professores, onde possam ser formados como intelectuais, para que a partir desta, adquiram uma visão crítica de mundo, sendo capazes de atuarem como protagonistas do “fazer” pedagógico numa sociedade em constantes mudanças
A escola e demais órgãos públicos e educacionais devem optar por programas e projetos que possam contribuir para a formação continuada – principalmente incentivar os educadores desde o processo de formação, garantindo assim, um aproveitamento satisfatório para o provimento da sua ação pedagógica, como também socializando experiências que permitam a troca de conhecimentos.
No entanto, os futuros e atuais profissionais da educação precisam rever o que constitui o fundamento de sua prática e os novos métodos propostos pela educação bem como, meios de conhecer e de relacionar-se com o conhecimento e com os aprendizes. Cabe ao professor fazer o questionamento de como realizar e difundir o conhecimento, contextualizando como elemento imprescindível na sua formação a didática de sala de aula.
O desenvolvimento das pessoas sempre ocorre em um contexto social e histórico determinado, o que influencia diretamente na natureza da construção do processo ensino e aprendizagem.
5 CONCLUSÃO
O professor é mais que um transmissor de conhecimento; ele é um profissional da aprendizagem e um organizador do processo educacional, não uma máquina reprodutiva (Gadotti, 2009, p. 8). O desenvolvimento humano é um processo contínuo de equilibrações sucessivas, e os educadores, como parte desse processo, não podem se limitar a um título ou acreditar que são donos do saber absoluto. A formação é contínua e deve ser um compromisso constante, independentemente do ambiente em que o futuro professor esteja inserido.
É essencial que, ao final de cada etapa desse processo, o docente esteja preparado para continuar a formação de outros, sem contradições entre o que aprendeu e o que ensinará. Compreender a importância de formar seres críticos e ativos na sociedade, e elaborar projetos e planos de aula concretizáveis, favorece a prática docente e a construção do conhecimento.
Neste contexto, enfatiza-se a importância da formação dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental e as dificuldades enfrentadas no cenário educacional atual. Os sistemas de ensino necessitam de profissionais competentes, capazes de atender às necessidades de formação integral dos estudantes. Essa competência se traduz em uma consciência crítica dos educadores, proporcionando aos alunos uma educação engajada, contextualizada na realidade, e preparando-os para a convivência em uma sociedade democrática.
Em suma, é fundamental assegurar políticas eficazes, ativas e coerentes que ofereçam condições essenciais para a valorização da formação continuada dos professores da educação básica, garantindo aos alunos uma aprendizagem de qualidade.
REFERÊNCIAS
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1Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Educação
Instituição: Faculdade Interamericana de Ciências Sociais (FICS)
Endereço: Igarapé-Miri – Pará, Brasil
E-mail: rodriguessome2013@outlook.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0000-0000-0000
2Doutor em Geografia
Instituição: Universidade Federal do Pará (UFPA)
Endereço: Belém – Pará, Brasil
E-mail: milvio.geo@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1118-7152