A FORMAÇÃO DA CIDADANIA E DEMOCRACIA NOS AMBIENTES ESCOLARES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12752899


Thiago Marques de Albertim1


RESUMO

O artigo, “A FORMAÇÃO DA CIDADANIA E DEMOCRACIA NOS AMBIENTES ESCOLARES”, apresenta o resultado da pesquisa bibliográfica sobre a importância da democracia e cidadania nos ambientes escolares. Assim, este estudo tem como objetivo ressaltar a importância de um ambiente democrático e que prepare os alunos para o trabalho e vida em comunidade. Para tanto, é necessário que o professor encontre metodologias ativas que estejam fora da escola, além de propiciar que os alunos experimentem em sala de aula a liberdade e autogerenciamento de suas atividades e nas relações interpessoais. Dessa forma, para se ensinar sobre cidadania e democracia, tanto os profissionais de ensino como toda a comunidade escolar devem servir como exemplo, começando na própria unidade escolar com uma gestão democrática, a qual permite que os pais possam exercer a cidadania e ver os resultados de sua participação. Além disso, deve-se priorizar os conhecimentos prévios que servirão como âncora para que os alunos possam assimilar com facilidade não só conceitos, mas boas práticas que ocorrem fora da escola. Neste artigo, ainda serão definidos os conceitos básicos de cidadania e democracia, além da importância de uma comunidade democrática, com bases em uma prática pedagógica mediadora, a qual o professor irá mediar o conhecimento e a prática na estimulação de novas descobertas.

Palavras-chave: Cidadania; Democracia; Escola; Professor.

1. INTRODUÇÃO 

O presente trabalho traz no seu bojo reflexões baseadas nas práticas vivenciados durante o ambiente das atividades docentes práticas, cuja finalidade consiste especificamente compreender os métodos, metodologias, práticas de ensino e aprendizagem, bem como a percepção do corpo discente quanto a aplicação dos diversos recursos disponíveis ao professor no âmbito escolar. 

Dessa forma, este livro foi baseado em diversas pesquisas bibliográficas, com o uso de literaturas específicas para melhor direcionar o professor e o futuro professor a se inserir no universo do aluno. Ressalta-se que além das bibliografias usadas, também foram colocados vivências práticas vividas em sala de aula, a fim de que o leitor possa compreender a realidade de uma escola.

Dessa forma, constata-se que este artigo é essencial para formação educacional, sendo garantido por lei. Logo, percebesse que a prática pedagógica é importante e se faz parte do dia a dia do profissional de educação, bem como necessário para preparar profissionais capacitados para atuar de forma eficaz na prática docente, tendo como base um referencial teórico, para que o futuro profissional esteja alinhado com os futuros acontecimentos em sala de aula.

Por fim, este trabalho tem o propósito de preparar os futuros profissionais para uma futura realidade, bem como levá-lo a refletir sobre as necessidades que aparecerão, além da importância de trazer conceitos sobre cidadania e democracia em planejamentos de aula. Assim, esse artigo, além de preparo, serve para testar a vocação do chamado ao magistério, pois é nos escritos de teóricos, pesquisadores e colegas professores que se poderá conseguir embasamento teórico para formar alunos para serem cidadãos capazes de lidar não só com o mundo do trabalho, mas com toda a transformação que a sociedade sofre.

2. A CONCEPÇÃO CIDADANIA E DEMOCRACIA DENTRO DA ESCOLA

Partindo do princípio que a Filosofia analisa a perspectiva ética e moral, abordar as questões sobre cidadania e democracia é essencial para que todos os alunos de diferentes etapas da educação básica, pois é uma forma de ampliar suas perspectivas de vida e de mundo.

O papel da educação e da filosofia, esta última enquanto ciência, é a de questionar, tecer reflexões sobre o mundo ao nosso redor e isso enquadra-se no que se espera dentro da escola. Logo, o ambiente escolar traz proposições que permitam aos alunos reflexões, entendimento sobre o si e sobre o mundo, oportunizando a construção de uma sociedade melhor, efetivando seu papel de cidadão, garantindo a liberdade necessária para ser exercida numa democracia (PAIVA, 2008).  

Nogueira (2015, p.1) afirma que “os dois institutos visam, em geral, a consolidação da dignidade humana que corrobora a uma sociedade igualitária e isonômica.”, ou seja, a cidadania e democracia estão intrinsecamente ligadas. Logo, nada mais justo e coerente que tratar desses temas durante as aulas de Filosofia e fazer com os alunos entendam como cada uma delas funciona na prática.

Ainda que esses temas sejam bem antigos e consolidados no que se refere a sua existência e essência, muito ainda se debate sobre ambos. Vivemos de fato numa democracia? Qual o tipo de democracia que exercemos? A cidadania está sendo plenamente exercida e respeitada? Todas essas questões giram em torno da nossa vida cotidiana e estão presentes na escola, na sala de aula, em casa, nos corredores do colégio, nos grupos de amigos que temos e presenciamos. 

Além disso, é relevante perceber que há conflitos de ideias sobre democracia e cidadania. Quando se apresentam, os termos são tidos como conceitos universais, esquecendo-se do processo histórico de construção do pensamento democrático e do pensamento cidadão. Diferenciam-se das tendências pedagógicas e filosóficas. A par disso, o conflito se instala principalmente quando se busca teorizar tais conceitos. Utilizar-se dos princípios de uma democracia social, sob práticas democráticas cidadãs liberais, significa desconhecimento do processo civilizatório sobre cidadania. Os encaixes entre elas não se complementam, podendo tornar-se caminhos paralelos. Por isso, há a necessidade de que as práticas sociais e educativas se complementam e se articulem, a fim de ser viável dinamizar a dialogicidade dos processos social e escolar (ORTH; MEDEIROS; PEREIRA, 2011, p. 133).

Na escola, através da Filosofia podemos pôr em prática os questionamentos, as reflexões e possíveis respostas para cada uma delas. É uma forma de ensinar os alunos a se posicionarem no mundo, a entenderem o que se passa ao seu redor e da base para o amadurecimento de diversas questões que eles podem ainda não conseguir tratar abertamente. 

Segundo (SILVA, 2011, p.16) a escola possui um fator super importante de formar seres capazes de lidar com uma sociedade cada vez mais em transformação, ou seja, capaz de lidar com a participação nessas mudanças, pois é através da escolha da maioria que haverá novas regulamentações que beneficiarão ou prejudicaram a coletividade, por isso é necessário que a escola seja capaz de criar seres pensantes e participativos.

Sendo o homem um ser político, a escola não pode se isentar de abordar essas questões. Isso faz parte da função social que ela desempenha, e com isso, contribuir com a sociedade e aparar as possíveis arestas nas contradições que forem surgindo, sempre na base do diálogo. 

3. O USO DA LINGUAGEM DO PROFESSOR COMO INSTRUMENTO IMPORTANTE DA FORMAÇÃO HUMANA.

A fala é um instrumento essencial na construção do conhecimento, na troca de ideias e na passagem de conteúdo. O discurso usado de forma clara, sem deixar dúvidas naquilo que se pretende ensinar e uso de uma linguagem acessível faz parte dos pilares da formação de um indivíduo. 

Quando falamos de formação humana também falamos sobre o processo de emancipação do homem e isso só pode ocorrer através do conhecimento. Como todos sabem, conhecimento é poder e a comunicação é a chave para que muitos se tornem empoderados e conscientes do seu papel e de como podem contribuir para uma sociedade mais igualitária. 

Gonçalves e Saint Clair (2008) nos traz que:

Há um compromisso fundamental entre a filosofia e a comunicação, tão fundamental que torna mesmo desnecessário que se justifiquem os trabalhos que operam na interface entre os dois campos. Se pensarmos na configuração platônica da filosofia, configuração inaugural, fica claro que a aposta filosófica é a da instauração de uma comunicação outra contra a violência comunicativa do choque das opiniões, da doxa. A forma diálogo é indicativa mesma dessa amarração entre o filosofar e o comunicar. Uma questão de regimes de comunicação, deste modo. (GONÇALVES; SAINT CLAIR, 2008, p.17). 

Isto é, o diálogo é indispensável, uma vez que estamos formando indivíduos que atuarão na sociedade, convivendo com quem pensa semelhante ou não, abrindo possibilidade de canais de comunicação que só serão efetivos com a troca, com a permissão de que o outro compreenda o que um diz e a partir de então, consolidou-se a interação. 

Para Freire (2001), para se ter uma educação conscientizadora e transformadora é necessário que os alunos possam participar de forma livre e crítica, a ponto de poder questionar aquilo que se aprende. Assim, o professor será um mediador não só do conhecimento, mas também um mediador entre a realidade vivida fora dos muros da escola com a teoria aplicada, sendo o diálogo importante para a construção da cidadania e democracia.

A forma de expressar-se, de abordar cada conteúdo, é a de tirá-lo do nível abstrato e trazê-lo para o contexto real do aluno, isso é o que permitirá que a produção do conhecimento seja produtiva e participativa. Mais ainda, a socialização das informações através do que o aluno conseguir e puder multiplicar para os seus pares e familiares fora do ambiente escolar (SIQUEIRA; CARDOSO; CÉSAR; 2013). 

Jensen (2008) aponta a importância e influência da comunicação para uma educação rica de construção do saber, a qual que ele chama de hermenêutica, o discurso. Ele aponta que a comunicação é inter, trans e multidisciplinar. Isto é, ela circula e se faz presente de todas as esferas. Assim, é impossível construir uma relação sólida entre aquele que ensina e aquele que aprende sem que haja um canal de comunicação em funcionamento, atuando em suas diversas esferas e aspectos. O diálogo não pode parar e ele deve ser trabalhado dentro da sala de aula, o que servirá de estímulo para um sujeito crítico e transformador da sociedade. 

4. O FRACASSO E SUCESSO ESCOLAR NA CONCEPÇÃO DO ESTADO, DA ESCOLA E DA FAMÍLIA.

Fracasso e sucesso escolar estão sempre andando lado a lado porque envolvem diversas questões que precisam ser analisadas dentro de uma estrutura macro e, posteriormente, numa estrutura micro. Ou seja, precisamos começar refletindo se a escola está apresentando condições de ser inclusiva, atendendo a todos os seus alunos em suas especificidades. 

A escola em si, possui uma estrutura rígida, ainda que se utilize de discursos de inclusão e acolhimento. No entanto, a prática nos diz que o diálogo ainda é truncado, ainda se vive relações hierárquicas de poder socialmente estabelecidos. Haverá aqueles que mandam e aqueles que obedecem. Porém, nem sempre o não obedecer significa que há um fracasso em andamento. 

Dicotomicamente, no ensino da Filosofia se ensina a questionar tudo que há ao redor. No entanto, no cotidiano escolar, onde as relações são essencialmente verticais, o questionamento por parte dos educandos pode se tornar uma inconveniência para os professores, bem como, gerar um problema para os alunos, que ao passar do tempo perderá o estímulo de estudar e, consequentemente, quando não evadem da escola, eles não conseguirão realmente aprender. 

Quando se fala de uma sala horizontalizada, não significa que o professor perde ou perderá sua autoridade perante os alunos, pois não se deve confundir autoridade com o autoritarismo, o que é o erro de muitos professores que não conseguem atrair a atenção dos alunos, devido, principalmente, a conteúdos que não são vislumbrados no dia a dia, uma vez que ensinar está além de somente transmitir conhecimentos, mas sim de oportunizar a construção do saber (FREIRE, 2001; BUENO, 2003a).

Dessa forma e ideologicamente falando, o fracasso escolar dos alunos servirá a uma determinada parcela da população que terá de forma mais fácil quem a sirva, pois precisará sobreviver e pouco vai preocupar-se em tecer questionamentos. Neste caso, o Estado que serve a essa determinada parcela da população, não cumpriu seu papel de criar pessoas críticas e capazes de viver e transformar a sociedade. 

Por outro lado, tem-se que as relações estabelecidas entre escola e família buscam localizar culpados e responsáveis pelos resultados infrutíferos da educação. Errando na forma de agir, pois cabem a esses dois agentes somarem forças para que se combata uma pequena parcela da sociedade que se aproveita de pessoas que não sabem o seu lugar no mundo.  

Sendo um sistema que envolve sociedade, educação, família, ou seja, relações complexas que são dependentes e se retroalimentam, portanto, não se pode apenas culpabilizar o indivíduo que não conquista seu espaço. Usa-se muito a situação de que, quando há sucesso, as instituições funcionam bem, mas quando há fracasso, diz-se que foi algo individual, que faltou habilidade e inteligência. 

A escola homogeneíza a todos desconsiderando suas diferenças e, de modo oculto, privilegia quem possui uma herança familiar vantajosa, à qual se designa como “a mais vantajosa” não porque ela seja mais humana e melhor, mas porque favorece a manutenção do status quo. Nessa perspectiva, o fracasso escolar se torna a norma das classes menos favorecidas. (HIDALGO, 2014, p. 202).

Isto é, a escola que não gera cidadãos críticos e capazes de usar a democracia em prol do coletivo também reforça as diferenças e as limitações daqueles que não conseguem acompanhá-la, gerando inúmeros danos quando o indivíduo não consegue lidar com as limitações e as imposições que chegam até ele, ou melhor, com as transformações constantes da sociedade. 

5. O PAPEL DA MEDIAÇÃO DO PROFESSOR NA RELAÇÃO ENTRE ESCOLA E CURRÍCULO (OBSERVAR O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO).

O Projeto Político Pedagógico, popularmente conhecido como o PPP, para além de um documento com fins meramente burocráticos, é a essência da escola em firmar seu compromisso ético e político com a sociedade. Seu fins precisam estar para além dos muros da escola, precisa trazer vozes da comunidade, precisa acolher e não dificultar.  

Desta forma, o planejamento e a execução das ações e atividades que são desenvolvidas nas escolas não podem ser desvinculadas do papel social que ele precisa atender. A materialização desse projeto também manifesta-se através dos conteúdos que estarão alinhados àquilo que se pretende consolidar na sociedade e na comunidade. Pedagogicamente, falando, as atividades não podem ser desassociadas daquilo que se pretende consolidar socialmente. E essa prática é oriunda desde a universidade, do processo de formação do professor, que aprenderá as formas e metodologias eficazes para que se possa construir saberes dos alunos. 

Neste sentido, no que se refere ao currículo do ensino de Filosofia:

Faz-se ainda muito presente no contexto universitário a ideia salvacionista que prega ser a filosofia a disciplina que estava faltando para ensinar o aluno a ser finalmente mais crítico acerca de si e do mundo ao seu redor capaz de torná-lo um cidadão mais participativo no meio em que vive, de dar a ele um novo sentido de vida e sobre o que é estar na escola e fazer parte de uma sociedade. Não obstante, muitos professores que vivenciam a dinâmica escolar no dia a dia ressaltam a impossibilidade e as limitações desta concepção, uma vez que ele encontra inúmeras resistências em seu percurso, tanto acadêmico, quanto no exercício da profissão, que muitas vezes inviabilizam a prática do novo e adequado. Pois, de certa forma, além do conteúdo ensinado em sala de aula, existem outras estruturas também a serem revisadas, pensadas e consideradas. (MORAES, 2009 p. 1). 

Ou seja, a mediação também torna-se algo comprometido diante de tantas nuances que precisam ser analisadas no currículo, o ensino de Filosofia deve ocorrer nas demais matérias, pois se deve sempre priorizar um ensino interdisciplinar, abarcando desde a educação infantil até o ensino médio. 

Porém, caso os alunos não consigam aprender no primeiro momento, o professor não deve desanimar, mas sim, criar estratégias para que aluno possa assimilar o que esta vem da escola, do PPP, dos professores e do currículo, a fim de que consigam dialogar respeitando a necessidade que o sistema de ensino requer. A respeito disso, Moraes (2009) completa:

Entretanto, é de suma importância que estejamos sempre prontos a buscar novas alternativas, questionamentos e respostas sobre as possibilidades da construção de um currículo mais articulado com a realidade do aluno. Pois assim como o mundo evolui, a educação e o ensino de filosofia devem também acompanhar essas mudanças e evoluções, a fim de se tornar mais presente, mais palpável e mais ‘utilizável’ no dia a dia de quem a aprende e de quem ensina. (MORAES, 2009 p. 7). 

Neste sentido, o currículo precisa ser avaliado conforme o que se espera do aluno e com base no que julga-se necessário saber, para que o conhecimento seja posto em prática. Ainda que filosofar seja visto como algo bem distante da nossa realidade cotidiana, como algo abstrato, a vida em sociedade necessita romper com velhas estruturas e promover mudanças significativas para o bem da sociedade, portanto, requer questionamentos diários e incessantes de toda a comunidade.

Para Hurssel (1988) a “construção do conhecimento” não pode ser livre e imprevista de forma que não possamos dialogar com o que ocorre fora dos muros da escola. Ela deve ser planejada de modo que esteja em consonância com a realidade de cada estudante, ou seja, ela deve estar em consonância com os saberes experienciados, testados e provados pela ciência e os saberes globais. 

Assim, o professor deve sempre planejar sua aula de forma a ter um currículo que abranja o disposto na legislação e o que são trazidos pelos alunos, a fim de que possa ser implantada uma educação eficaz.

6. A RELAÇÃO ENTRE OBJETIVOS DO ENSINO E A SELEÇÃO DE CONTEÚDOS SIGNIFICATIVOS NAS CATEGORIAS: CONCEITUAL, PROCEDIMENTAL E ATITUDINAL. 

No Brasil, a BNCC é a norteadora dos conteúdos ou da forma como aplicá-los com base nos objetivos que se busca, o ensino de conteúdos que abordem cidadania e democracia entrelaçam-se com a perspectiva que o documento traz sobre estimular os alunos, incentivá-los, levá-los a reflexão por meio de conteúdos previstos no currículo, mas sem deixar de valorizar suas experiências prévias. 

Lyra (2015) traz que:

Por fim, entre os fatores levados em conta no encaminhamento dado à proposta para o ensino de Filosofia na BNCC, está o fato de que, sendo a Filosofia essencialmente crítica de si mesma, há inúmeras formas de pensá-la e ensiná-la, formas que se materializam em correntes filosóficas e filiações teóricas muito diversificadas, constatação esta, aliás, explícita nos PCNs para Ensino Médio. Quer dizer que mesmo onde há disponibilidade de professores licenciados em Filosofia, a diversidade de formações e filiações acaba levando a múltiplas formas de colocação em prática dos currículos vigentes. (LYRA, 2015). 

Isto é, o pensar filosófico será múltiplo, variado e pode ser implantado de forma que cada professor escolha da melhor forma dentre as categorias previstas na BNCC para que sejam reconhecidas e praticadas, devendo os assuntos relacionados a ética, moral, cidadania, dentre tantas outras estar abarcadas em conteúdos ensinados desde a educação infantil. Quando o professor ensina a empatia, ele está ensinando a pensar além de si, ou seja, está ensinando que devemos pensar no próximo, no coletivo. 

Para Lipman (2002) o ensino da cidadania e da democracia também é possível na educação infantil quando o professor conta histórias, essas histórias geralmente contém parábolas e no final traz uma lição de moral a ser aprendida. Dessa maneira, o pensar sobre o mundo à nossa volta começa desde a educação infantil.

Esse processo de construção de conhecimento que envolve e entrelaça parte burocrática e prática pedagógica e execução de currículo, exige dos professores maturidade e clareza nas impressões que pretendem deixar nos alunos. Por vezes, os objetivos se perdem porque muitos alunos costumam buscar respostas prontas, simples e curtas. Quando na verdade, o pensar filosófico exige uma viagem em prol do aprofundamento das ideias. A superficialidade pode não contemplar os objetivos conceituais, distorcer os procedimentais e não surtir os efeitos atitudinais. 

Assim, tem-se a necessidade de nunca trabalhar fora da realidade, nunca atuar apenas de forma abstrata. Precisa-se entreter os alunos com seus próprios questionamentos, os provocando e incentivando. 

Em tempo, Carneiro e Lindemberg alertou para a seguinte questão:

Se é verdade que a Filosofia, embora não tenha mais o estatuto de uma “disciplina obrigatória, não se extingue do currículo, é verdade também que sua função foi diluída na composição curricular por áreas, em um difícil espaço a ser dividido com as disciplinas de História, Geografia e Sociologia. Novamente, pensando na aplicabilidade da proposta, a atual estrutura da escola não está preparada para uma articulação como essa. (CARNEIRO; LINDEMBERG, 2017.)

As observações realizadas pelos autores, traz o alerta para o compromisso social que a educação possui e qual o papel de ensinar sujeitos críticos, devendo o pensar filosófico estar em todas as disciplinas, pois a cidadania é um produto de um processo de participação ativa do sujeito na sociedade, na qual a sala de aula é um espaço teórico e prático para futuras vivências. 

Assim, tem-se que tanto professores e os demais profissionais da educação devem propiciar um ambiente escolar democrático, onde o ensino é horizontal, sendo o aluno não só sujeito passivo, mas também um sujeito ativo, capaz de criar conceitos e pensamentos, a fim de ser um agente transformador da sociedade em que vive, sabendo lidar com as inúmeras transformações que hoje ocorrem na sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A relevância desse artigo se dá na necessidade de preparar futuros profissionais da educação, os quais poderão ter como parâmetro um trabalho ancorado em situações teóricas e, posteriormente observar as ações que se desenvolvem no espaço escolar sem, necessariamente, nos envolvermos emocionalmente, mas consciente de que somos responsáveis por  formar futuros cidadãos. 

Esse processo de sermos mediadores para a construção do saber é de suma importância, pois permite que nos identifiquemos como profissionais e quais posições podemos tomar para que o processo educativo e pedagógico seja garantido, independente dos embates teóricos e pessoais que possam ser travados no espaço de atuação. 

É um trabalho que proporciona um olhar crítico sobre como ensinar a cidadania e democracia e quais formas esses assuntos podem ser melhor implantados nos ambientes escolares. A formação de um ser crítico, capaz de mudar o ambiente no qual ele vive é dever de todos, sendo o professor o agricultor, que planta a semente e a sociedade colherá os frutos. Sabendo que isso depende de cada profissional e o seu compromisso para com o mundo, uma vez que cada um de nós é capaz de mudar o futuro do mundo com nossas ações, sendo, portanto, a educação um laboratório que não é só pesquisa, mas também é capaz de apresentar um remédio para as mazelas vividas pela sociedade . 

Acreditar na educação é crer que é possível criar uma sociedade mais igualitária, além disso, o profissional de educação deve fomentar a cidadania, para que por meio da democracia possamos fazer as escolhas certas. Cidadania e democracia andam juntas, uma vez que conhecendo o seu papel de cidadão, a democracia se torna um meio atuante daquele. Logo, criar estratégias que melhor se adequem as possíveis dificuldades que o cotidiano escolar e a sociedade nos impõe faz parte da dinâmica vivenciada na escola, o laboratório. Isso exige bom senso e exige que saibamos respeitar o próximo, para que possamos colocar em prática a empatia, a solidariedade. 

As limitações impostas para as escolas e para a educação, em geral, devido ao contexto de pandemia e calamidade na saúde pública, permitiu que pensemos sob novos aspectos e prismas como a educação é importante. A necessidade de nos reinventarmos, de sermos criativos, de colocarmos em prática muito daquilo que se vê na literatura pedagógica e o que se espera de um profissional da educação, além da família, foi crucial para o amadurecimento de uma educação pós-moderna, capaz de trazer o aluno para o contexto ativo, onde o professor é verdadeiramente um mediador, que tira dúvidas e contextualizar informações diversas, apontando qual o melhor conteúdo a ser aprendido.

Pensar é sempre estar pronto para provar aquilo que nós ou os outros pensamos acerca de uma preposição. Diante tantas informações e conceitos, o professor ainda é o meio mais confiável de adquirir informações, uma vez que ele está preparado e embasado no contexto científico. Assim, a relação professor e aluno é única, devendo sempre os dois aprenderem entre si, pois o aluno sempre nos ensina como ensinar cada vez melhor.

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1Graduado em Direito pela Faculdade Damas da Instrução Cristã. Graduado em Licenciatura em Pedagogia – Faculdade IBRA. Graduado em Licenciatura em Filosofia – Faculdade IBRA. Graduado em Licenciatura em História – Faculdade IBRA. Graduado em Licenciatura em Letras Português/Inglês – Faculdade IBRA. Graduado em Licenciatura em Pedagogia – UNOPAR (Universidade Norte do Paraná).